Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
Redacção

Redacção

O sector agrícola contribuiu com cerca de 388 mil milhões de Meticais (cerca de seis mil milhões de dólares, ao câmbio actual) para a economia moçambicana no ano agrícola 2022/2023, graças ao crescimento da produção de culturas essenciais, como grãos, leguminosas, vegetais e tubérculos.

 

Ao lançar a campanha 2023/2024 na sexta-feira, no distrito de Vilankulo, província de Inhambane, Filipe Nyusi disse: “na última campanha atingimos um volume global de produção de cerca de 388 mil milhões de meticais, o que representa um crescimento de 14 por cento em comparação com a campanha anterior.

 

A produção de cereais aumentou 17 por cento (3,3 milhões de toneladas, em comparação com 2,8 milhões de toneladas no ano anterior). O milho contribuiu com 2,8 milhões de toneladas, mas os agricultores moçambicanos produziram apenas 256 mil toneladas de arroz. A produção de tubérculos aumentou seis por cento, de 6,9 milhões de toneladas na campanha anterior para 7,3 milhões de toneladas no ano de 2022-2023. A principal cultura de raiz - a mandioca – passou de 6,4 para 6,8 milhões de toneladas.

 

O crescimento da agricultura, disse Nyusi, é resultado do trabalho árduo dos agricultores, que capitalizaram os vários programas para integrar a agricultura familiar nas cadeias de valor produtivo. 

 

“550 mil famílias foram incluídas nos programas de promoção agrícola”, disse Nyusi. Destes, o mais importante foi o programa de desenvolvimento agrícola do governo, Sustenta, que abrangeu 316.000 famílias. Outras 134 mil famílias beneficiaram do programa de promoção do algodão.

 

O crescimento agrícola, acrescentou o Presidente, deveu-se também ao aumento da utilização de fertilizantes, ao financiamento subsidiado e à estabilidade de preços.

 

Para a campanha 2023/2024, prevê-se um crescimento de 5,2 por cento na agricultura, em comparação com os 14 por cento alcançados em 2022/2023. Segundo Nyusi, nesta campanha, a agricultura poderá ser afectada pelo fenómeno El Niño.

 

“Devemos estar preparados para eventualidades decorrentes do fenómeno El Niño, que influencia o clima, provocando fenómenos climáticos adversos”, disse o Chefe de Estado, tendo destacado a ocorrência do fenómeno para as zonas sul e centro de Moçambique. O El Niño é um fenómeno meteorológico que causa escassez de chuva. (Carta)

O candidato da Renamo em Maputo, Venâncio Mondlane, afirmou no sabado que se Conselho Constitucional não der provimento ao recurso do maior partido da oposição contra os resultados eleitorais autárquicos as manifestações vão aumentar, assumindo-se disponível “para tudo”.

 

“Se não refletir a verdade, essas marchas vão-se intensificar. O que viram hoje vai ser três, quatro, cinco, seis, dez vezes pior do que isso. E nessa altura estaremos disponíveis para tudo”, afirmou Mondlane, em declarações durante o protesto pacífico que se voltou a realizar no sabado em Maputo.

 

Este foi o segundo protesto na mesma semana de contestação aos resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e sobre os quais reclamam a vitória na capital nas eleições de 11 de outubro.

 

Na marcha de sabado, que voltou a decorrer sem incidentes depois de em duas anteriores a polícia ter usado gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes e apoiantes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição), milhares de pessoas juntaram-se à caravana de Venâncio Mondlane pelas ruas da capital ao longo de quase quatro horas.

 

Os protestos na rua são apelidados como de “repúdio” à “megafraude” no processo envolvendo as eleições autárquicas de 11 de outubro anunciados pela CNE, que atribuiu a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) em 64 das 65 autarquias do país, e que tem sido fortemente criticado pelos partidos da oposição, sociedade civil e organizações não-governamentais.

 

O cabeça-de-lista da Frelimo a Maputo, Razaque Manhique, foi anunciado pela CNE como vencedor das eleições autárquicas na capital. A autarquia de Maputo sempre foi liderada pela Frelimo, mas Venâncio Mondlane reclamou vitória nestas eleições, com 53% dos votos, com base na contagem paralela que afirmou ter sido feita a partir dos editais e atas originais das assembleias de voto. As mesmas que levou ao Conselho Constitucional no recurso que deu entrada para contestar, na última instância possível, a atribuição da vitória na capital à Frelimo.

 

“Nesse momento estamos à espera apenas da decisão, não tenho nenhum palpite, estamos expectantes. Mas a nossa expectativa é que o Constitucional decida validar e usar os editais originais que a própria Renamo apresentou como prova inequívoca da vitória”, afirmou Mondlane, que desde já avisa que o partido não vai aceitar uma decisão desfavorável ao recurso.

 

“Não fica por aqui porque isso [se o Conselho Constitucional negar provimento ao recurso] vai representar não um problema meramente eleitoral, vai representar que o próprio Estado em si está em crise. E se o Estado está em crise é preciso reformar esse Estado. Significa que os próximos passos não vão ser passos exclusivamente para uma batalha meramente eleitoral, mas vai ser uma batalha para a reforma completa do regime, para a queda do regime, para a queda desse sistema putrificado de Justiça”, atirou.

 

E nessa eventual “batalha”, com Moçambique a realizar eleições gerais em outubro de 2024, incluindo presidenciais e às quais o atual Presidente, Filipe Nyusi, já não pode, constitucionalmente, concorrer, Venâncio Mondlane diz-se disponível para o que o partido entender, incluindo a Presidência da República.

 

“Esse salto, como deve saber, já não depende da minha vontade. Eu faço parte de um partido, de uma situação que me acolheu, que me orienta, que me disciplina e que me dá as diretrizes (…) Tudo isso depende da Renamo. É uma decisão exclusivamente da comissão política da Renamo”, disse.

 

“Da minha parte, estou disponível para todos os grandes desafios em defesa deste povo”, acrescentou.

 

De acordo com a legislação eleitoral moçambicana, os resultados do escrutínio ainda terão de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, máximo órgão judicial eleitoral do país, para o qual candidaturas da Renamo, além de Maputo também de outros municípios, já recorreram.

 

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país no dia 11 de outubro, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.

 

Os resultados apresentados pela CNE indicam uma vitória da Frelimo em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, manteve a Beira. A Renamo, que nas anteriores 53 autarquias liderava em oito, ficou sem qualquer município, apesar de reclamar vitória nas maiores cidades do país.(Lusa)

O Banco de Moçambique aponta o conflito entre o Israel e o grupo armado Hamas, que já dizimou perto de 10 mil vidas e deslocou vários palestinos na Faixa de Gaza, como uma nova vulnerabilidade externa para o país. A instituição prevê que este conflito influencie o agravamento dos preços de combustíveis, no mercado internacional, o que se irá reflectir na economia nacional.

 

Na sua abordagem, o Governador do Banco de Moçambique apontou também factores internos que poderão afectar a economia nacional. Indicou a forte pressão sobre a despesa pública, num contexto de fraca arrecadação de receitas e de limitadas fontes de financiamento externo, facto que está a contribuir para o aumento do risco fiscal. 

 

Falando há dias, durante o 48º Conselho Coordenador da instituição, Zandamela apontou também o aumento da dívida pública como reflexo do crescimento da despesa decorrente sobretudo da implementação da reforma salarial e dos gastos relacionados ao ciclo eleitoral. 

 

A título de exemplo, indicou que o stock da dívida pública interna que, em 2022, se situou em 275 mil milhões de Meticais, aumentou em cerca de 19 por cento nos últimos 10 meses do ano em curso, para 327 mil milhões de Meticais. 

 

“A nível externo, um factor de risco importante está associado à intensificação e potencial alastramento dos conflitos Rússia-Ucrânia e Israel-Hamas, com impactos no agravamento dos preços dos combustíveis e dos bens alimentares no mercado internacional, que poderão ter implicações na evolução dos preços domésticos de bens e serviços”, apontou o Governador do Banco Central, Rogério Zandamela. 

 

Zandamela acrescentou que a postura de políticas de proteccionismo a nível global constitui um outro factor de risco que tem contribuído para exacerbar a segmentação do comércio internacional e, consequentemente, o abrandamento da economia global.

 

“Adicionalmente, prevalecem elevadas incertezas quanto à magnitude dos impactos dos riscos arrolados, amplificadas pela volatilidade nos mercados financeiros, o que tem exigido uma actuação da política monetária cada vez mais prudente”, apontou Zandamela.

 

O conflito Israel-Hamas tem sido motivo de vários protestos em todo o mundo, particularmente em Moçambique, onde  “em resposta ao apelo para acções urgentes com vista a dar o seu contributo para minorar o sofrimento de mais de dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, vítimas de agressão bárbara e desumana do regime de apartheid de Israel, a Fundação Al-Muhsinin deu início a um pedido de ajuda, movimento a que se juntou a Associação (moçambicana) de Amizade e Solidariedade com a Palestina (ASP)”.

 

A esta iniciativa veio juntar-se a Associação Muçulmana de Empresários e Empreendedores Muçulmanos (AMEEN). De acordo com o comunicado da ASP, emitido na semana finda, “esta acção de carácter urgente vai culminar com a deslocação, no dia 10 de Novembro, de três moçambicanos à cidade do Cairo onde, juntamente com a embaixada da Palestina no Egipto, irão adquirir os produtos necessários e proceder à entrega à ONU, naquela cidade, ou encontrar outra via melhor”.

 

A ASP afirma que este movimento não pode nem deve parar no dia 10, pois, as necessidades e o sofrimento do Povo Palestino são inimagináveis. A nota refere que, para além da ASP, várias organizações da sociedade civil moçambicana querem juntar-se a este movimento solidário.

 

“Assumimos o compromisso de, publicamente, e com respeito à transparência e integridade, darmos a conhecer a toda a sociedade moçambicana o valor das contribuições, os bens adquiridos e a sua entrega à ONU. Nesse quadro, apelamos a todos que queiram contribuir que não hesitem em contactar as pessoas que serão indicadas, de modo a não serem vítimas de burlas que, normalmente, surgem nestas ocasiões”, conclui a nota.

 

Terminada esta primeira fase de emergência, a ASP pretende dar continuidade, alargando tanto quanto possível a iniciativa a todas as organizações que a ela se queiram juntar. (Evaristo Chilingue)

Foi apresentado este domingo o livro "Moçambique: Da Colonização à Guerra Colonial, a Intervenção da Igreja Católica". O jornalista Manuel Vilas Boas e Amadeu Araújo, investigador do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, escreveram a quatro mãos sobre o papel o da Igreja Católica no período colonial, em Moçambique. Manuel Vilas Boas explica que o objetivo do livro é "alertar para a realidade do 25 de Abril e das colónias".

"Recordar um tempo importantíssimo para Portugal, como o 25 de Abril e a liberdade que nos trouxe e também a independência das colónias que estavam à nossa guarda. Foram episódios nem sempre favoráveis, sobretudo aos seres humanos, porque durante muito tempo contámos com os escravos que fizemos e inventámos", realça Manuel Vilas Boas.

 

"Sob o ponto de vista religioso escrevemos sobre o tempo que passou, em que os povos se deram braços, culturas e interferências no seu viver. A igreja não esteve ausente. Abriu os olhos à realidade e denunciou massacres, como o de Mukumbura", acrescenta o autor.

"Um dos factos mais curiosos é o do Padre Luís Sá, que um dia entendeu fugir, meter-se no comboio e situar-se como comandante de um grupo de reeducação de crianças da FRELIMO. Esteve por lá dois anos. A vida não correu tão bem como podia parecer, e desiludido e para fugir ao perigo da morte, regressou a Portugal para ser médico neurologista, que trabalha ainda a animar lares e centros de dia", conta Manuel Vilas Boas.

O prefácio é do General António Ramalho Eanes que, sublinha o autor, convida a uma mensagem de "reflexão".

"O General Ramalho Eanes chama à atenção para que não se perca a reflexão sobre o que foi, e as implicações que teve a Guerra Colonial. Sobretudo hoje para as novas gerações que desconhecem quase por absoluto aquilo que aconteceu há meio século", conclui. O livro "Moçambique: Da Colonização à Guerra Colonial, a Intervenção da Igreja Católica", foi apresentado neste domingo, dia 5 de novembro, às 16h00, na biblioteca da Câmara Municipal de Barcelos. (TFS Notícias)

As duas últimas semanas foram marcadas por uma intensa migração de insurgentes para sul, do distrito de Macomia para o distrito de Quissanga, levando as forças de segurança a reforçar a presença no norte de Pemba. Entretanto, a violência insurgente também continuou no norte da província de Cabo Delgado.

 

Cerca de vinte insurgentes atacaram a aldeia de Chinda, em Mocímboa da Praia, a 18 de Outubro, queimando cerca de uma dúzia de casas. Mais de 2.500 pessoas fugiram de Chinda e da vizinha Awasse pela estrada N380, segundo Brito Simango, jornalista da emissora estatal TVM. As Forças de Segurança do Ruanda, posicionadas nas proximidades, intervieram rapidamente e ninguém foi dado como morto. O Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria pelo ataque.

Os insurgentes também raptaram várias pessoas nos distritos de Macomia e Mocímboa da Praia. O EI reivindicou o rapto de um homem no dia 15 de Outubro nos arredores de Chicuemba, a cerca de seis quilómetros de Chinda. O EI informou que o homem era cristão, embora afirme sempre que tem visado exclusivamente os cristãos.

No dia seguinte, três homens foram raptados por insurgentes a norte de Awasse, em Mocímboa da Praia, afirmou uma fonte local. Mais dois foram raptados fora da aldeia de Litandacua, em Macomia, quando regressavam da pesca no Lago Nguri, no dia 20 de Outubro. 

 

Uma fonte informou que vários pescadores que regressaram a Pangane, em Macomia, também desapareceram nas últimas semanas e acredita-se que tenham sido raptados ou recrutados para a insurgência. Pangane foi abandonada a 20 de Setembro, depois dos insurgentes terem raptado cerca de 30 pessoas na área.

 

O movimento dos insurgentes para sul parece ter começado a 19 de Outubro, quando um grupo de combatentes foi visto a passar pelas aldeias de Nambo, Messano e Lumuamua, no posto administrativo de Mucojo, em Macomia, dizendo aos habitantes locais para reconstruírem as suas vidas e que a violência do passado tinha acabado.

 

No dia seguinte, cerca de 40 insurgentes foram vistos novamente na área de Mucojo e anunciaram o seu plano de se dirigirem ao distrito de Metuge. Dois dias depois, outro grande grupo marchou pela zona de Olumbwa, em Mucojo, e disse aos habitantes locais que eles se dirigiam para Mieze, em Metuge, nos arredores de Pemba, onde muitos insurgentes capturados encontram-se presos. Os insurgentes falavam as línguas locais de Kimuani, Emakwa e Kiswahili, segundo a Carta de Moçambique.

 

A 20 de Outubro, fontes locais relataram o primeiro avistamento de insurgentes no distrito de Quissanga desde 25 de Setembro do ano passado, na floresta, nos arredores da aldeia de Cagembe, levando alguns a fugirem para Pemba. Cinco dias depois, os insurgentes foram vistos espalhados pelo norte de Quissanga, nas aldeias de Bilibiza, Nivico, Manica e Linde.

 

Um grupo de cerca de 20 insurgentes foi novamente observado nos arredores de Cagembe nos dias 28 e 29 de Outubro, sugerindo que tinha sido montado um acampamento perto da aldeia. Uma fonte afirmou que transportavam algumas armas brancas e mostravam sinais de fome, enquanto outra disse a Cabo Ligado que os insurgentes tentavam assegurar aos habitantes locais que não deveriam ter medo e deveriam continuar a trabalhar nos campos.

 

As forças de segurança aumentaram o seu nível de alerta e enviaram mais tropas para Quissanga e Metuge em resposta a estes movimentos. Relatos não confirmados afirmam que um barco com aproximadamente 40 insurgentes tentou desembarcar algures a norte de Pemba no dia 25 de Outubro, mas voltou atrás devido ao aumento da presença das forças de segurança na área.(Cabo Ligado, resumo de 19 a 28 de Outubro)

O ministro do Interior, Pascoal Ronda, foi esta semana ao parlamento dizer que, durante as 130 manifestações contra a fraude eleitoral em Nampula, Zambézia, Niassa, Sofala, Tete e cidade de Maputo, houve apenas “uma morte em Cabo Delgado”, referindo-se ao jovem simpatizante da Renamo assassinado pela polícia no dia 12 de Outubro em Chiure. As estatísticas do ministro escondem cerca de seis assassinatos nas cidades de Nampula e Nacala-Porto.

 

Na cidade de Nampula houve quatro mortos. O boletim CIP Eleições localizou familiares de dois deles, que confirmaram os factos. Sabonete Saíde, 27 anos, foi morto por um tiro policial em sua casa. Sabonete era casado e pai de dois filhos, de dois e três anos. A sua mulher está grávida de dois meses, confirmou Atumane Saíde, irmão do assassinado. A foto abaixo é a certidão de óbito formal.

 

 

A outra vítima das balas policiais é um menino de 14 anos chamado Atipo Juma, filho de Juma Macussete Abdala. A criança foi baleada enquanto vendia maheu, uma bebida não alcoólica feita de farinha de milho, na rua. Após ser baleado, Atipo Juma foi transportado para o Hospital Central de Nampula, onde faleceu. Juma Abdala, o pai do menino, foi à uma Esquadra da Polícia para protestar, mas foi informado apenas que ele deveria ir enterrar o filho.

 

Tanto Juma Abdala como a família de Sabonete Saíde não receberam até agora visitas ou apoio do Estado, disseram ao CIP Eleições.

 

Na cidade de Nacala-Porto confirmamos dois jovens assassinados pela polícia. O primeiro é Issa Félix, um jovem comerciante do mercado do Juma, o maior de Nacala. Félix foi morto a tiro por volta das 22 horas do dia 26 de Outubro, quando tentava atravessar a rua com o seu amigo, Issufo Momade Manuel.

 

“Ao anoitecer fomos passear juntos e, assim que chegámos ao mercado de Ontupaia, o meu amigo quis atravessar a rua, quando foi morto a tiro”, disse Manuel. O corpo de Félix permaneceu algum tempo na estrada sem ser retirado, pois outros tinham medo de levar um tiro.

 

No dia seguinte, a polícia matou a tiro um adolescente de 17 anos chamado Braimo Arlindo, vendedor de sacos de plástico em Nacala. Braimo e seu pai estavam escondidos em uma casa depois que a polícia disparou gás lacrimogêneo. A polícia os perseguiu e os encontrou em seu esconderijo. Eles mataram o adolescente a tiros a sangue frio e feriram gravemente seu pai, que sobreviveu. A foto mostra o esconderijo onde foram baleados. 

 

 

Todas essas mortes não fazem parte das estatísticas do ministro e, portanto, do Estado, porque foram vítimas do próprio Estado. (CIP Eleições)

A Quinta Secção do Tribunal Judicial de Nampula mandou soltar, esta quinta-feira (02), sete (7) jovens detidos pela Polícia da República Moçambique, sob alegação de terem protagonizado manifestações violentas na cidade de Nampula, em repúdio aos resultados eleitorais de 11 de Outubro findo.

 

Domingos Hilário, juiz em exercício na Quinta Secção do Tribunal Judicial de Nampula, disse que a acusação do Ministério Público foi julgada improcedente devido à insuficiência de provas.

 

"Os arguidos não foram encontrados em motim, o que significa que não cometeram qualquer acto colectivo contra pessoas ou propriedade, na medida em que foram encontrados cada um sozinho e, nessa qualidade, sem possibilidade de fazer violência colectiva”, declarou.

 

O juiz Domingos Hilário, que julgou o processo número 739/23, afirmou que houve excesso de zelo por parte dos agentes da Polícia da República de Moçambique.

 

Na Segunda Secção do mesmo Tribunal, onde decorria o julgamento de outros 49 réus, o juiz do caso, Serguei Costa, mandou soltar os acusados sob Termo de Identidade e Residência (TIR) e reformular o tipo de crime.

 

A Polícia da República Moçambique em Nampula deteve mais de 100 supostos integrantes da manifestação violenta na cidade de Nampula, alegando que tinham cometido o crime de instigação pública. Refira-se que, durante as manifestações, foram reportados mortes e feridos 14 civis e nove agentes da PRM. (Carta)

O cabeça-de-lista da Renamo, na cidade de Maputo, para as sextas eleições autárquicas, Venâncio Mondlane, diz que ainda confia no Conselho Constitucional (CC) para reversão dos resultados da Cidade de Maputo e de outras autarquias. Falando nesta quinta-feira, em mais uma marcha pacífica, em reivindicação aos resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), Mondlane disse que até agora o CC tem tido uma postura que alimenta alguma esperança.

 

“É verdade que algumas decisões são discutidas sob o ponto de vista técnico, mas eu penso que ainda continuamos a depositar confiança no Conselho Constitucional. Em relação aos resultados eleitorais da cidade de Maputo, não me parece que haja muito para o CC, é apenas uma questão de matemática. Existem editais verdadeiros e originais que estão na posse da Renamo e os órgãos eleitorais não conseguiram apresentá-los e nem a Frelimo não os apresentou mesmo em sede do tribunal. Então, tudo indica que o recurso da Renamo tem tudo para ser aprovado e daí a reversão dos resultados”, explicou.

 

Na sua intervenção, Mondlane destacou que, até este momento, ainda existe o benefício da dúvida em relação ao Conselho Constitucional. No que diz respeito à marcha realizada nesta quinta-feira (02), ele disse que esta continua a ser a estratégia da Renamo não só para pressionar pela verdade eleitoral, mas também para reivindicar a existência de presos políticos em Moçambique.

 

“Nesta terça-feira, foram restituídos à liberdade 32 jovens presos ilegalmente e a própria juíza descreveu que se tratava de liberdade imediata por causa de invalidade do auto de notícia, quer dizer, um certificado de incompetência, de ilegalidade e de princípios anti-democráticos usados pela própria polícia”.

 

Segundo Mondlane, é gravíssimo o que está a acontecer em Moçambique. ″Neste momento, vive-se um cenário não só de falsificação de resultados, mas também uma tentativa de homicídio da democracia e da Constituição da República″. (M.A)

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) enalteceu o impacto que a nova ponte sobre o rio Save terá no desenvolvimento do sector logístico, do comércio interno e regional e o inquestionável contributo para o desenvolvimento sustentável que será catapultado por esta infra-estrutura de importância vital para a ligação entre o Centro e o Sul de Moçambique.

 

Intervindo após a inauguração, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, o vice-presidente da CTA para o sector logístico, Éder Pale, explicou que, devido às condições precárias da Estrada Nacional Nº1, o tempo de viagem de Maputo a Pemba, em Cabo Delgado, subiu em 50% em média, passando de sete para 10 dias.

 

“Isto levou os respectivos custos a aumentarem de 640 mil Meticais o contentor de 40 pés para 850 mil Meticais. Contudo, com estas infra-estruturas, foi atacado um dos nós de estrangulamento para a melhoria do cenário, tanto em tempo de viagem, bem como em custo”, afirmou o empresário. 

 

Em representação da CTA, Pale exortou a todos os utentes a assumirem as suas responsabilidades na boa utilização e conservação da nova ponte, contribuindo não apenas através do pagamento das taxas previstas para assegurar a manutenção e retorno dos investimentos aqui aplicados, mas, também, de forma disciplinada e respeitando os limites de carga e outros procedimentos que garantam a longevidade deste grandioso projecto.

 

As obras de engenharia compreenderam a construção de uma nova ponte e a reabilitação da antiga, com um orçamento avaliado em 5.5 mil milhões de Meticais financiados pelo Estado moçambicano, e foram adjudicadas à empresa chinesa China Road and Bridge Corporation, a mesma que construiu a ponte Maputo-KaTembe, na capital do país.

 

A empreitada iniciou no fim de 2018 com duração prevista de três anos, mas em 2020 não foi entregue devido à escassez de dinheiro, bem como à pandemia da Covid-19 que levou a que, em 2020, alguns técnicos chineses da construtora tivessem ficado retidos no seu país quando se encontravam em gozo de férias.

 

Denominada Ponte 06 de Agosto (acordo de paz e reconciliação nacional assinado em 2019) a nova Ponte obrigou à construção de uma nova via no local, com uma extensão total de 2.400m e largura da plataforma pavimentada de 11.2m.

 

A nova Ponte possui mais de 1.000 metros de comprimento e uma secção transversal de 13.5 metros - compreendendo 9.6 metros de faixa de rodagem e 1.2 metros de passeio de cada lado. Em termos de carga, a nova ponte tem capacidade para suportar 48 toneladas, como antes, e sem restrições do número de viaturas pesadas sobre a mesma, obedecendo aos regulamentos de circulação de veículos.

 

A antiga e suspensa sobre o rio Save, com cerca de 860 metros, foi projectada nos princípios da década de 60 e inaugurada a 16 de Setembro de 1972. Nessa altura a ponte foi concebida para suportar uma carga até 48 toneladas. Com o desgaste natural ao longo do tempo e por ter sofrido o impacto de várias tempestades, a sua capacidade foi se reduzindo. Esta realidade ditou a limitação da carga para 30 toneladas e a travessia de veículos pesados restringida para um de cada vez. (Evaristo Chilingue)

Uma delegação chefiada pelo Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, trabalhou esta quinta-feira (02) no Malawi para retomada dos comboios comerciais entre Moçambique e aquele país vizinho, através do ramal Mutarara – Vila Nova da Fronteira, na linha de Sena.

 

Além disso, Magala também trabalhou com o seu homólogo malawiano, Jacob Hara, para a remoção das fronteiras ferroviárias (ou seja, comboios sem fronteiras) no transporte de mercadorias entre Moçambique e Malawi, tal como o país já o fez com a África do Sul e Eswatini, onde já há ganhos significativos na eficiência no sector.

 

Estava ainda na agenda da reunião bilateral o estabelecimento de fronteiras únicas entre Moçambique e Malawi, o desenvolvimento de portos secos ao longo dos Corredores da Beira e Nacala, a revisão e implementação integral do Corredor de Desenvolvimento da Beira, harmonização dos procedimentos e operações de transporte rodoviário entre os dois países, nomeadamente, licenciamento, fiscalização e taxas rodoviárias, bem como a implementação do Acordo Aéreo entre Moçambique e Malawi, busca e salvamento, entre outras iniciativas de desenvolvimento logístico e de transportes nos dois países.

 

Durante a reunião bilateral, Magala mostrou-se confiante de que os trabalhos levados a cabo por ambos governos marcarão uma nova normalidade na cooperação e colaboração, da qual Moçambique espera resultados concretos para o desenvolvimento das duas economias e a melhoria da vida das comunidades.

 

Na abertura da reunião de um dia, o Ministro dos Transportes e Comunicações explicou que o evento aconteceu no âmbito dos acordos assinados a 07 de Outubro, dia em que foi inaugurado o Porto de Nacala, depois de ampliado e modernizado.

 

Durante esse evento, os Presidentes da República de Moçambique, Malawi e Zâmbia assinaram o Acordo do Corredor de Nacala, uma ocasião para a reafirmação, ao mais alto nível, da vontade dos três Estados em revitalizar o Corredor de Nacala.

 

Na mesma cerimónia, os Ministros do Malawi, Zâmbia e Moçambique responsáveis pelos Transportes, assinaram o Acordo Tripartido sobre Transporte Ferroviário e Rodoviário no Corredor de Desenvolvimento de Nacala. O Acordo assinado em Nacala faz parte da implementação do Projecto de Comércio e Conectividade da África Austral, orçado em 280 milhões de USD e financiado pelo Banco Mundial, com o objectivo de fortalecer as operações do corredor e promover o desenvolvimento regional.

 

“No âmbito deste projecto, será criado um Secretariado do Comité de Gestão Regional do Corredor de Desenvolvimento de Nacala, na província de Tete, em Moçambique, que integrará especialistas dos três países, com a missão de coordenar a implementação de iniciativas que promovam a eficiência dos processos comerciais e conectividade dos Corredores de Nacala e Beira”, explicou Magala.

 

Nesta perspectiva, o governante apontou que a visão é implementar reformas que permitam a transformação de nossos corredores de transporte de ambos países, em corredores económicos, em espaços de desenvolvimento económico, promovendo a industrialização, a agricultura, o comércio, o turismo e outras actividades que possam gerar empregos de qualidade e emprego para os cidadãos e nações.

 

“Como Governo de Moçambique, confirmamos a nossa total disponibilidade para implementar conjuntamente diversas iniciativas que permitam a remoção de todas as barreiras que afectam a mobilidade de pessoas e bens entre os países da região, e o desenvolvimento de espaços económicos integrados que multiplicarão a mobilidade social e oportunidades económicas para todos”, concluiu Magala.

 

Ao Malawi, o Ministro fez-se acompanhar por diversos quadros do MTC, entre eles o Secretário- Permanente, Ambrósio Sitoe, e responsáveis de instituições tuteladas, com destaque do Instituto de Aviação Civil, representado pelo Comandante João Martins de Abreu, a directora de transporte aéreo, Neúsia Machava, entre outros. (E.C)

Pág. 179 de 1421