Os bancos comerciais e o comércio encerraram actividades esta segunda-feira (13) devido à nova onda de manifestações, convocadas no sábado passado para segunda, terça e quarta-feira desta semana, dias que coincidem com a tomada de posse de deputados e do novo Presidente da República. O destaque vai para os principais bancos, nomeadamente, o Millennium bim, o Banco Comercial e de Investimento (BCI) e o Moza Banco.
Entretanto, alguns bancos não estiveram encerrados em todo o país, senão nas cidades de Maputo e Matola por serem locais com maior risco de ocorrência de vandalização. “Informamos aos nossos estimados clientes e ao público em geral que hoje, dia 13 de Janeiro, os nossos balcões estarão abertos em todo o país, excepto em Maputo e Matola, onde todos os nossos balcões estarão encerrados”, avisou o BIM.
Com o encerramento de balcões, os bancos aconselharam os utentes a recorrer a canais digitais para efectuar os movimentos. Para além dos balcões de bancos, o comércio também foi afectado nas cidades de Maputo e Matola devido ao risco de vandalização de lojas e saque de bens. Num dia chuvoso, a área metropolitana do Grande Maputo foi também caracterizada por falta de transporte público, o que levou centenas de cidadãos a percorrer longas distâncias para chegar aos seus destinos.
A convocação de manifestações foi feita no sábado pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, após uma tentativa de assassinato contra a sua equipa, durante uma deslocação que tinha como destino o mercado Xipamanine.
Falando numa transmissão ao vivo na sua página do Facebook, Mondlane relatou como homens vestidos a civil e sem identificação abriram fogo contra a sua equipa e material de apoio. “Começaram a atirar diante do meu pessoal de imagem. Atiraram para o camião que trazia o som, para o equipamento informático, e tomaram celulares e computadores”, explicou Mondlane, que também exibiu cápsulas de balas disparadas durante o ataque, dizendo “olhem para isto. São cápsulas verdadeiras, destinadas a tirar vidas”.
Segundo Mondlane, não houve mandato judicial, nem fundamento legal senão vontade dos indivíduos armados em atirar para matar inocentes, e recordou o assassinato de três jovens pela polícia na quinta-feira passada (09), dia em que regressou a Moçambique. O candidato presidencial disse que não houve nenhum distúrbio ou vandalismo por parte dos jovens, o que torna injustificável a acção policial. (Carta)
Moçambique corre um risco crescente de incumprimento (inadimplência) da sua dívida, já que as tensões políticas sobre as disputadas em torno das eleições do ano passado aumentaram com o retorno do líder da oposição, Venâncio Mondlane, a Maputo esta quinta-feira (09).
A economia do país foi devastada por meses de protestos mortais que levaram ao encerramento de indústrias críticas, incluindo uma mina de grafite no norte de Moçambique operada pela empresa australiana Syrah Resources que conta com a Tesla de Elon Musk entre os seus clientes.
David Omojomolo, economista da África na Capital Economics, disse à “Semafor Africa” que havia um risco crescente de inadimplência, pois os investidores reagiram negativamente à incerteza política. “Esperávamos uma desaceleração ou contracção do crescimento económico no quarto trimestre de 2024 se as condições actuais persistirem ou contracção adicional nos próximos meses”, disse.
A situação também pode afectar projectos-chave de gás, que estão a ser contados para atrair investimento estrangeiro directo, incluindo um projecto de gás natural liquefeito de 20 biliões de dólares pela TotalEnergies.
A Capital Economics alertou numa nota recente que o país “quase certamente estará caminhando para um calote soberano” se os planos forem descartados. O projecto, no norte do país, já enfrentou atrasos devido a preocupações de segurança devido à insurgência na região.
Ao chegar ao aeroporto de Maputo após mais de dois meses de exílio, Mondlane disse que estava pronto para participar das negociações sobre os resultados contestados de Outubro. “Estou aqui em carne e osso para dizer que se vocês quiserem negociar... estou aqui”, disse Mondlane aos repórteres. (Semafor Africa)
As empresas do sector privado relataram uma maior deterioração das suas condições no último mês de 2024, tendo a produção e as carteiras de encomendas sido de novo afectadas negativamente por protestos e greves. A procura pelos clientes diminuiu ao ritmo mais elevado em quatro anos e meio, causando reduções adicionais nas aquisições, nos stocks e nos efectivos. A informação consta do relatório do inquérito mensal o Purchasing Managers’ Index (PMI) feito pelo Standard Bank Moçambique.
O PMI caiu para 46,4 pontos em Dezembro, em relação ao registo de 48,4 pontos em Novembro, diminuindo pelo quarto mês consecutivo e atingindo o nível mais baixo desde Agosto de 2020. Os registos do PMI abaixo do valor de referência de 50 sugerem uma contracção mensal consecutiva na actividade económica.
Comentando sobre os resultados do inquérito, o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, disse que os protestos pós-eleitorais que se têm verificado desde 21 de Outubro têm vindo a reprimir a actividade económica, com o PMI de Dezembro a reflectir contracções mensais consecutivas na produção, nas novas encomendas, nos prazos de entrega dos fornecedores e nos stocks de aquisições em resultado de uma redução da procura agregada e interrupções nas cadeias de abastecimento.
Por consequência desse ambiente de negócios desfavorável, Mussá disse que o Standard Bank baixou as suas estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para 2024, para 2,5% em termos homólogos e as previsões de crescimento para 2025 para 3% em termos homólogos.
“Em 2023, o crescimento do PIB foi de 5,4% em termos homólogos. Isto implica que o crescimento do PIB passa a ser negativo, pelo menos no quarto trimestre de 2024 e no primeiro trimestre de 2025. Eventos ligados às alterações climáticas também podem ter um impacto negativo no crescimento. O ciclone tropical Chido, que atingiu partes do norte de Moçambique, já causou mortes, deslocamentos e danos em infra-estruturas”, acrescentou Mussá.
Contudo, em nome do Standard Bank Moçambique, a fonte diz que mantêm as previsões de inflação de fim do ano para 2025 de 5,8% em termos homólogos, não obstante os riscos para a inflação aumentaram devido a uma maior inflação dos alimentos, bem como a pressões fiscais e cambiais enraizadas.
“As perspectivas agravaram-se acentuadamente devido à tensão pós-eleitoral, ao recuo do crescimento do PIB, à subida da inflação, a pressões fiscais, desequilíbrios entre a procura e a oferta de divisas, episódios recorrentes de insegurança em Cabo Delgado e, consequentemente, atrasos constantes nos investimentos nos projectos de gás natural liquefeito”, concluiu o Economista-chefe do Standard Bank.
O PMI do Standard Bank Moçambique é compilado a partir das respostas aos questionários enviados aos directores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado. O painel é estratificado por sector específico e dimensão das empresas em termos de número de colaboradores, com base nas contribuições para o PIB. Os sectores abrangidos pelo inquérito incluem a agricultura, a mineração, o sector manufatureiro, a construção, o comércio por grosso, o comércio a retalho e os serviços. Os dados foram recolhidos pela primeira vez em Março de 2015. (Carta)
A cada ano que passa a população moçambicana cresce. O censo populacional de 2017 contabilizou 27 milhões de moçambicanos, dos quais 13.3 milhões eram homens e 14.5 milhões eram mulheres. Do total, 33.4% viviam nas cidades e 66.6% (a maioria) nas zonas rurais. Entretanto, até ao fim de 2025 corrente, seremos 34 milhões de moçambicanos. Os dados são projectados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com a autoridade, do número total de moçambicanos previstos, até ao fim do corrente ano, pouco mais de 16.5 milhões serão homens e pouco mais de 17.5 milhões serão mulheres, uma diferença de um milhão de pessoas. Projecções do INE indicam ainda que, dos 34 milhões de moçambicanos, 11.9 milhões estarão nas zonas urbanas e quase o dobro destes, 22 milhões de cidadãos, estará nas zonas rurais.
Dados da autoridade estatística mostram ainda que, até ao fim do corrente ano, 14 milhões de moçambicanos estarão na faixa etária entre 0 a 14 anos de idade; 16 milhões na faixa dos 15 a 49 anos de idade e 18 milhões na faixa de 15 a 59 anos de idade.
O INE diz que a taxa de crescimento populacional é de 2,5%, a esperança de vida ao nascer de 56,5 anos, a taxa bruta de mortalidade de 11,5%, a taxa bruta de natalidade (em cada mil pessoas) de 36,5 pessoas, a taxa de mortalidade infantil (em cada mil) de 62,8 crianças e a taxa de fecundidade (filhos por cada mulher) de 4,8 filhos. (E. Chilingue)