Director: Marcelo Mosse

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Actualizado de Segunda a Sexta

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Economia e Negócios

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Os bancos comerciais e o comércio encerraram actividades esta segunda-feira (13) devido à nova onda de manifestações, convocadas no sábado passado para segunda, terça e quarta-feira desta semana, dias que coincidem com a tomada de posse de deputados e do novo Presidente da República. O destaque vai para os principais bancos, nomeadamente, o Millennium bim, o Banco Comercial e de Investimento (BCI) e o Moza Banco. 

 

Entretanto, alguns bancos não estiveram encerrados em todo o país, senão nas cidades de Maputo e Matola por serem locais com maior risco de ocorrência de vandalização. “Informamos aos nossos estimados clientes e ao público em geral que hoje, dia 13 de Janeiro, os nossos balcões estarão abertos em todo o país, excepto em Maputo e Matola, onde todos os nossos balcões estarão encerrados”, avisou o BIM.

 

Com o encerramento de balcões, os bancos aconselharam os utentes a recorrer a canais digitais para efectuar os movimentos. Para além dos balcões de bancos, o comércio também foi afectado nas cidades de Maputo e Matola devido ao risco de vandalização de lojas e saque de bens. Num dia chuvoso, a área metropolitana do Grande Maputo foi também caracterizada por falta de transporte público, o que levou centenas de cidadãos a percorrer longas distâncias para chegar aos seus destinos.

 

A convocação de manifestações foi feita no sábado pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, após uma tentativa de assassinato contra a sua equipa, durante uma deslocação que tinha como destino o mercado Xipamanine.

 

Falando numa transmissão ao vivo na sua página do Facebook, Mondlane relatou como homens vestidos a civil e sem identificação abriram fogo contra a sua equipa e material de apoio. “Começaram a atirar diante do meu pessoal de imagem. Atiraram para o camião que trazia o som, para o equipamento informático, e tomaram celulares e computadores”, explicou Mondlane, que também exibiu cápsulas de balas disparadas durante o ataque, dizendo “olhem para isto. São cápsulas verdadeiras, destinadas a tirar vidas”.

 

Segundo Mondlane, não houve mandato judicial, nem fundamento legal senão vontade dos indivíduos armados em atirar para matar inocentes, e recordou o assassinato de três jovens pela polícia na quinta-feira passada (09), dia em que regressou a Moçambique. O candidato presidencial disse que não houve nenhum distúrbio ou vandalismo por parte dos jovens, o que torna injustificável a acção policial. (Carta)

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A Associação Industrial de Moçambique (AIMO) diz que a vandalização das indústrias ou fábricas no âmbito da tensão pós-eleitoral compromete investimentos futuros para o sector e, sobretudo, a cadeia de fornecimento de bens essenciais à população e a sobrevivência de milhares de famílias, que dependem dessas indústrias.
 
Parte da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), a AIMO explica que a perda de confiança pelos investidores nacionais e internacionais representa um enorme risco, para o custo de vida dos moçambicanos, o que pode agravar ainda mais a situação de desemprego. A Associação entende ainda que a destruição do património industrial compromete as suas acções no desenvolvimento industrial e o seu compromisso no crescimento económico, para o bem-estar actual e futuro dos moçambicanos.
 
“Os processos de industrialização permitem a criação das melhores condições de vida das populações, tanto através da geração de emprego, como através da urbanização, com a criação das infra-estruturas necessárias para o funcionamento da indústria, como a estrada, a energia eléctrica, a água, as comunicações, o transporte, os centros de formação, os mercados, os hospitais, residências, etc.”, afirma o Presidente da AIMO, Rogério Samo Gudo, citado em comunicado.
 
Na nota, a AIMO expressa a sua total solidariedade às empresas, sejam elas membros ou não, que foram vítimas de actos de vandalismo. Reconhece os impactos profundos da vandalização na continuidade das operações de produção, no bem-estar dos seus colaboradores, bem como no desenvolvimento do tecido industrial. Solidariza-se também com as famílias que viram os seus membros morrer nas manifestações.
 
Contudo, a AIMO não detalha o impacto das manifestações no tecido industrial, nomeadamente, o número das indústrias ou fábricas afectadas, o grau de vandalização e o actual estágio após a destruição. No comunicado não constam também os prejuízos acumulados pela vandalização e saque de bens. Contudo, em contacto com “Carta” o vice-presidente da AIMO, Mubarak Abdulrazak explicou que a Associação continua a recolher as informações em coordenação com a CTA, para posterior publicação.
 
Ainda assim, a Associação reafirma o seu compromisso de trabalhar em conjunto, para encontrar a melhor forma de mitigar os danos sofridos e apoiar na reconstrução das unidades indústrias afectadas. Reitera que o sector industrial é um dos pilares do desenvolvimento sócio-económico do país, e apela para que seja protegido e preservado como instrumento de desenvolvimento e prosperidade nacional.
 
A AIMO apela a todos os moçambicanos, para que se abstenham de actos de violência e optem pelo diálogo e por meios pacíficos para resolver quaisquer divergências. Apela também ao novo Governo à criação do programa de reabilitação e recuperação industrial, como forma de resgatar rapidamente a confiança do empresariado e o restabelecimento dos postos de trabalho, para reduzir a deterioração do tecido social. (Carta)
segunda-feira, 13 janeiro 2025 00:35

Preços disparam em Dezembro e aumentam custo de vida

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Dados recolhidos em Dezembro último, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) quando comparados com os do mês anterior, indicam que o país registou um aumento de preços na ordem de 1,60%, mas em termos homólogos (Dezembro de 2023), a inflação foi de 4,15%, tendo as Cidades de Nampula com 1,95% e de Maputo com 1,82%, registado taxas mais altas. A inflação acumulada situou-se em 4,15% e a média 12 meses em 3,20%. Em termos mensais, a divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas foi a de maior destaque, ao contribuir no total da variação mensal com cerca de 1,16 pontos percentuais (pp) positivos.
 
Analisando a variação mensal por produto, a Autoridade Estatística destacou o aumento dos preços do tomate (21,4%), da cerveja para consumo fora de casa (10,3%), do carapau (7,5%), do pão de trigo (5,0%), do peixe fresco (5,8%), do óleo alimentar (4,2%) e do peixe seco (3,4%). Estes contribuíram no total da variação mensal com cerca de 0,92pp positivos. No entanto, alguns produtos, com destaque para o limão (8,9%), os cobertores e mantas (1,1%), os sapatos para crianças (0,7%) e as saias para crianças (2,9%), contrariaram a tendência de aumento de preços, ao contribuírem com cerca de 0,01pp negativos no total da variação mensal.
 
Segundo o INE, durante o ano de 2024, o país registou um aumento do nível geral de preços na ordem de 4,15%. As divisões de Alimentação e bebidas não alcoólicas e de Restaurantes, hotéis, cafés e similares, foram as de maior destaque, ao contribuírem com cerca de 2,72pp e 0,64pp positivos, respectivamente. Desagregando a variação acumulada por produto, importa destacar o aumento dos preços do peixe seco, do feijão manteiga, de refeições completas em restaurantes, do tomate, do carapau, do peixe fresco e do arroz em grão. Estes comparticiparam com cerca de 1,82pp positivos no total da variação acumulada.
 
Relativamente à variação média 12 meses, a Autoridade Estatística calculou que, em Dezembro findo, o país registou um aumento de preços na ordem de 3,20%, tendo as divisões de educação e de alimentação e bebidas não alcoólicas tido maior destaque ao variarem em cerca de 7,77% e 6,20%, respectivamente.
 
O INE explicou que, em relação à variação mensal e homóloga por centro de recolha de preços desagregando a variação mensal pelos centros de recolha, que servem de referência para a variação de preços no País, nota-se que em Dezembro último todas as Cidades registaram aumento de preços. A Cidade de Nampula, com 1,95%, foi a que registou o maior aumento de preços, seguida da Cidade de Maputo com 1,82%, da Cidade de Xai-Xai com 1,49%, da Província de Inhambane com 1,48%, das Cidades de Chimoio com 1,47%, de Quelimane com 1,40%, da Beira com 1,39% e de Tete com 1,19%.
 
Analisando a variação acumulada, o INE verificou que, durante o ano de 2024, todos os centros registaram um aumento do nível geral de preços. A Cidade de Quelimane registou o maior aumento de preços com cerca de 4,98%, seguida das Cidades de Xai-Xai com 4,42%, da Beira com 4,33%, de Nampula com 4,32%, de Tete e de Chimoio com 4,07% cada, de Maputo com 3,85% e da Província de Inhambane com 3,26%.
 
Relativamente à variação média de 12 meses, a Autoridade constatou que todos os centros registaram um aumento do nível geral de preços. A Cidade de Quelimane registou o maior aumento de preços com cerca de 5,40%, seguida da Cidade de Xai-Xai com 4,33%, da Cidade da Beira com 3,27%, da Cidade de Maputo com 3,09%, da Província de Inhambane com 3,08%, da Cidade de Chimoio com 2,80%, da Cidade de Nampula com 2,52% e da Cidade de Tete com 1,78%. (Carta)

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Moçambique corre um risco crescente de incumprimento (inadimplência) da sua dívida, já que as tensões políticas sobre as disputadas em torno das eleições do ano passado aumentaram com o retorno do líder da oposição, Venâncio Mondlane, a Maputo esta quinta-feira (09).

 

A economia do país foi devastada por meses de protestos mortais que levaram ao encerramento de indústrias críticas, incluindo uma mina de grafite no norte de Moçambique operada pela empresa australiana Syrah Resources que conta com a Tesla de Elon Musk entre os seus clientes.

 

David Omojomolo, economista da África na Capital Economics, disse à “Semafor Africa” que havia um risco crescente de inadimplência, pois os investidores reagiram negativamente à incerteza política. “Esperávamos uma desaceleração ou contracção do crescimento económico no quarto trimestre de 2024 se as condições actuais persistirem ou contracção adicional nos próximos meses”, disse.

 

A situação também pode afectar projectos-chave de gás, que estão a ser contados para atrair investimento estrangeiro directo, incluindo um projecto de gás natural liquefeito de 20 biliões de dólares pela TotalEnergies.

 

A Capital Economics alertou numa nota recente que o país “quase certamente estará caminhando para um calote soberano” se os planos forem descartados. O projecto, no norte do país, já enfrentou atrasos devido a preocupações de segurança devido à insurgência na região.

 

Ao chegar ao aeroporto de Maputo após mais de dois meses de exílio, Mondlane disse que estava pronto para participar das negociações sobre os resultados contestados de Outubro. “Estou aqui em carne e osso para dizer que se vocês quiserem negociar... estou aqui”, disse Mondlane aos repórteres. (Semafor Africa)

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As empresas do sector privado relataram uma maior deterioração das suas condições no último mês de 2024, tendo a produção e as carteiras de encomendas sido de novo afectadas negativamente por protestos e greves. A procura pelos clientes diminuiu ao ritmo mais elevado em quatro anos e meio, causando reduções adicionais nas aquisições, nos stocks e nos efectivos. A informação consta do relatório do inquérito mensal o Purchasing Managers’ Index (PMI) feito pelo Standard Bank Moçambique.

 

O PMI caiu para 46,4 pontos em Dezembro, em relação ao registo de 48,4 pontos em Novembro, diminuindo pelo quarto mês consecutivo e atingindo o nível mais baixo desde Agosto de 2020. Os registos do PMI abaixo do valor de referência de 50 sugerem uma contracção mensal consecutiva na actividade económica.

 

Comentando sobre os resultados do inquérito, o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, disse que os protestos pós-eleitorais que se têm verificado desde 21 de Outubro têm vindo a reprimir a actividade económica, com o PMI de Dezembro a reflectir contracções mensais consecutivas na produção, nas novas encomendas, nos prazos de entrega dos fornecedores e nos stocks de aquisições em resultado de uma redução da procura agregada e interrupções nas cadeias de abastecimento.

 

Por consequência desse ambiente de negócios desfavorável, Mussá disse que o Standard Bank baixou as suas estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para 2024, para 2,5% em termos homólogos e as previsões de crescimento para 2025 para 3% em termos homólogos.

 

“Em 2023, o crescimento do PIB foi de 5,4% em termos homólogos. Isto implica que o crescimento do PIB passa a ser negativo, pelo menos no quarto trimestre de 2024 e no primeiro trimestre de 2025. Eventos ligados às alterações climáticas também podem ter um impacto negativo no crescimento. O ciclone tropical Chido, que atingiu partes do norte de Moçambique, já causou mortes, deslocamentos e danos em infra-estruturas”, acrescentou Mussá.

 

Contudo, em nome do Standard Bank Moçambique, a fonte diz que mantêm as previsões de inflação de fim do ano para 2025 de 5,8% em termos homólogos, não obstante os riscos para a inflação aumentaram devido a uma maior inflação dos alimentos, bem como a pressões fiscais e cambiais enraizadas.

 

“As perspectivas agravaram-se acentuadamente devido à tensão pós-eleitoral, ao recuo do crescimento do PIB, à subida da inflação, a pressões fiscais, desequilíbrios entre a procura e a oferta de divisas, episódios recorrentes de insegurança em Cabo Delgado e, consequentemente, atrasos constantes nos investimentos nos projectos de gás natural liquefeito”, concluiu o Economista-chefe do Standard Bank.

 

O PMI do Standard Bank Moçambique é compilado a partir das respostas aos questionários enviados aos directores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado. O painel é estratificado por sector específico e dimensão das empresas em termos de número de colaboradores, com base nas contribuições para o PIB. Os sectores abrangidos pelo inquérito incluem a agricultura, a mineração, o sector manufatureiro, a construção, o comércio por grosso, o comércio a retalho e os serviços. Os dados foram recolhidos pela primeira vez em Março de 2015. (Carta)

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A cada ano que passa a população moçambicana cresce. O censo populacional de 2017 contabilizou 27 milhões de moçambicanos, dos quais 13.3 milhões eram homens e 14.5 milhões eram mulheres. Do total, 33.4% viviam nas cidades e 66.6% (a maioria) nas zonas rurais. Entretanto, até ao fim de 2025 corrente, seremos 34 milhões de moçambicanos. Os dados são projectados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

 

De acordo com a autoridade, do número total de moçambicanos previstos, até ao fim do corrente ano, pouco mais de 16.5 milhões serão homens e pouco mais de 17.5 milhões serão mulheres, uma diferença de um milhão de pessoas. Projecções do INE indicam ainda que, dos 34 milhões de moçambicanos, 11.9 milhões estarão nas zonas urbanas e quase o dobro destes, 22 milhões de cidadãos, estará nas zonas rurais.

 

Dados da autoridade estatística mostram ainda que, até ao fim do corrente ano, 14 milhões de moçambicanos estarão na faixa etária entre 0 a 14 anos de idade; 16 milhões na faixa dos 15 a 49 anos de idade e 18 milhões na faixa de 15 a 59 anos de idade.

 

O INE diz que a taxa de crescimento populacional é de 2,5%, a esperança de vida ao nascer de 56,5 anos, a taxa bruta de mortalidade de 11,5%, a taxa bruta de natalidade (em cada mil pessoas) de 36,5 pessoas, a taxa de mortalidade infantil (em cada mil) de 62,8 crianças e a taxa de fecundidade (filhos por cada mulher) de 4,8 filhos. (E. Chilingue)

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