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quarta-feira, 07 agosto 2024 07:59

E o caminho de ferro Maputo - Rovuma?

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A empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) tem brindado, nos últimos tempos, os moçambicanos e sobretudo a nossa economia com projectos de enorme envergadura, estruturantes, verdadeiramente alavancantes. Projectos que tornam a nossa economia um pouco mais forte na região. Até causa alguma inveja. Lembro-me da forma como o presidente zimbabweano Mnangagwa humilhou publicamente seus ministros em Machipanda em plena cerimónia da reinauguração da linha Beira - Machipanda, após a sua profunda reabilitação. “Então vocês não conseguem fazer isto [fortificação das linhas férreas]? Venham aqui [em Moçambique] aprender” - qualquerizou ele os seus homens. Isto mostra quão profundo tem sido o trabalho que se tem realizado.

 

Não vou enumerar todos, mas destacar uns três a quatro grandes projectos que aumentam consideravelmente o músculo do nosso Moçambique. Um, é a reabilitação da linha Beira - Machipanda, referida en passant acima, entre 2019 e 2023, dotando-a de uma grande habilidade de escoamento de mercadorias, mais e melhor segurança e maior velocidade dos comboios. Com o trabalho realizado, no montante global de USD 200 milhões, a capacidade de transporte aumentou até 300 milhões de toneladas por ano, além da circulação de passageiros que se vai consolidando. O segundo, é a ampliação e modernização do Porto de Nacala, em Nampula, que permitiu a atracação de navios de grande calado e o aumento de manuseio de carga contentorizada de 100 para 252 mil toneladas por ano. Estas investidas em Nacala foram cruciais para fortalecer Moçambique na África Austral, ficou mais capaz, mais fiável e mais eficiente. Já o terceiro, é a duplicação da linha Maputo - Ressano Garcia. Agora tem a capacidade de manusear até 27 milhões de toneladas por ano; o terminal de passageiros triplicou de 25 para 75 mil passageiros por dia.

 

Muitos e grandiosos parabéns à nossa empresa, Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique.

 

Mas há mais: corre um vídeo nas redes sociais em que o CFM anuncia a construção de novo e sumptuoso terminal, através da requalificação da estação central. Vai nascer um silo automóvel para 400 viaturas, como o do Mercado Central da capital; um centro comercial e um terminal intermodal em que se vai fazer a ligação comboio, autocarro e táxis. E, para coroar, um novo edifício-sede. A ideia, de acordo com o timoneiro, é que, até 2035, a zona da estação central tenha nova configuração!

 

Podíamos igualmente mencionar o projecto de ampliação e modernização do terminal de combustíveis na Beira; ou a aquisição de diverso material de circulação como locomotivas, vagões para mineiros, vagões tanques para combustíveis e plataformas para cargas contentorizadas… está a haver trabalho. Djima-se a valer ali, como diríamos nos copos.

 

Mas é justamente aqui onde bato a minha cabeça e abro mais os olhos. Cadê a expansão? Em toda esta grandiosa dinâmica, reputamos, extremamente competente, não ouvimos uma mençãozinha àquilo que todos os moçambicanos anseiam há vários anos e que todos os documentos estruturantes sobre o desenvolvimento do nosso país fazem referência: linha férrea ligando as extremidades do país - Maputo e Rovuma! Tipo EDM que sonha iluminar todo o país até 2030… A atabalhoada Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2025-2035, aprovada às correrias há dias, faz referência à linha férrea ligando o país; os manifestos dos partidos faze também referência! Entrementes, a nossa querida empresa não faz! Fala de construir silo de parqueamento, centro comercial e uma nova sede! Interessante. Parece que para os nossos compatriotas a linha não é para ontem.

 

A Tanzania construiu e inaugurou há pouco uma moderna linha férrea de 541 quilômetros ligando Dar-es-Salaam (capital comercial) a Dodoma (capital administrativa) e está-a expandindo em direcção a Mwanza, no Lago Vitória… para não mencionamos os outros sonhos dos tanzanianos para com a região onde se encontra...

 

Está bem visível o esforço, ímpeto, correria da empresa CFM, ao que aplaudimos, jubilamos, regozijamo-nos, agradecemos, kavatamos… batemos minkulungwanes, etcetera e tal; mas, como todo o mundo tem dito, o grandioso impulso à economia de Moçambique, a nossa pátria amada, passa necessariamente pela expansão do caminho de ferro por Moçambique adentro e de Maputo a Rovuma.

 

CFM, please, pedimos mais!

 

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