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domingo, 05 novembro 2023 19:10

Conflito Israel-Hamas poderá afectar Moçambique – aponta Banco Central

O Banco de Moçambique aponta o conflito entre o Israel e o grupo armado Hamas, que já dizimou perto de 10 mil vidas e deslocou vários palestinos na Faixa de Gaza, como uma nova vulnerabilidade externa para o país. A instituição prevê que este conflito influencie o agravamento dos preços de combustíveis, no mercado internacional, o que se irá reflectir na economia nacional.

 

Na sua abordagem, o Governador do Banco de Moçambique apontou também factores internos que poderão afectar a economia nacional. Indicou a forte pressão sobre a despesa pública, num contexto de fraca arrecadação de receitas e de limitadas fontes de financiamento externo, facto que está a contribuir para o aumento do risco fiscal. 

 

Falando há dias, durante o 48º Conselho Coordenador da instituição, Zandamela apontou também o aumento da dívida pública como reflexo do crescimento da despesa decorrente sobretudo da implementação da reforma salarial e dos gastos relacionados ao ciclo eleitoral. 

 

A título de exemplo, indicou que o stock da dívida pública interna que, em 2022, se situou em 275 mil milhões de Meticais, aumentou em cerca de 19 por cento nos últimos 10 meses do ano em curso, para 327 mil milhões de Meticais. 

 

“A nível externo, um factor de risco importante está associado à intensificação e potencial alastramento dos conflitos Rússia-Ucrânia e Israel-Hamas, com impactos no agravamento dos preços dos combustíveis e dos bens alimentares no mercado internacional, que poderão ter implicações na evolução dos preços domésticos de bens e serviços”, apontou o Governador do Banco Central, Rogério Zandamela. 

 

Zandamela acrescentou que a postura de políticas de proteccionismo a nível global constitui um outro factor de risco que tem contribuído para exacerbar a segmentação do comércio internacional e, consequentemente, o abrandamento da economia global.

 

“Adicionalmente, prevalecem elevadas incertezas quanto à magnitude dos impactos dos riscos arrolados, amplificadas pela volatilidade nos mercados financeiros, o que tem exigido uma actuação da política monetária cada vez mais prudente”, apontou Zandamela.

 

O conflito Israel-Hamas tem sido motivo de vários protestos em todo o mundo, particularmente em Moçambique, onde  “em resposta ao apelo para acções urgentes com vista a dar o seu contributo para minorar o sofrimento de mais de dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, vítimas de agressão bárbara e desumana do regime de apartheid de Israel, a Fundação Al-Muhsinin deu início a um pedido de ajuda, movimento a que se juntou a Associação (moçambicana) de Amizade e Solidariedade com a Palestina (ASP)”.

 

A esta iniciativa veio juntar-se a Associação Muçulmana de Empresários e Empreendedores Muçulmanos (AMEEN). De acordo com o comunicado da ASP, emitido na semana finda, “esta acção de carácter urgente vai culminar com a deslocação, no dia 10 de Novembro, de três moçambicanos à cidade do Cairo onde, juntamente com a embaixada da Palestina no Egipto, irão adquirir os produtos necessários e proceder à entrega à ONU, naquela cidade, ou encontrar outra via melhor”.

 

A ASP afirma que este movimento não pode nem deve parar no dia 10, pois, as necessidades e o sofrimento do Povo Palestino são inimagináveis. A nota refere que, para além da ASP, várias organizações da sociedade civil moçambicana querem juntar-se a este movimento solidário.

 

“Assumimos o compromisso de, publicamente, e com respeito à transparência e integridade, darmos a conhecer a toda a sociedade moçambicana o valor das contribuições, os bens adquiridos e a sua entrega à ONU. Nesse quadro, apelamos a todos que queiram contribuir que não hesitem em contactar as pessoas que serão indicadas, de modo a não serem vítimas de burlas que, normalmente, surgem nestas ocasiões”, conclui a nota.

 

Terminada esta primeira fase de emergência, a ASP pretende dar continuidade, alargando tanto quanto possível a iniciativa a todas as organizações que a ela se queiram juntar. (Evaristo Chilingue)

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