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Redacção

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A empresa Montepuez Ruby Mining está a construir desde Agosto do ano passado para começar operações em 2025, num investimento de 100 milhões de dólares norte-americanos a segunda central de processamento de Rubis, no posto administrativo de Namanhumbir, região sul de Cabo Delgado.
 
A infra-estrutura vai permitir que o processamento dos rubis passe das actuais 200 toneladas por hora para 600, contribuindo para o aumento da mão-de-obra e das receitas para o Estado, segundo informou Milcon Chichume, gestor de Relações Públicas na Montepuez Ruby Mining.
 
"Este é o maior investimento do grupo Gemfilds desde sempre. Como empresa queremos garantir que sejamos a mina de rubis mais responsáveis no mundo", declarou Chichume.
 
Segundo a fonte, a visão da empresa é tornar-se das mais responsáveis do mundo, daí que se está a filiar num sistema de verificação internacional denominado IRMA, que permite que os outros actores controlem os vários aspectos, como de carácter ambiental e a relação com as comunidades e o governo, entre outros. (Carta)

O número de processos-crime que, nos últimos anos, entraram nos tribunais regista uma tendência crescente em Moçambique, anunciou ontem, em Maputo, o Presidente do Tribunal Supremo, Adelino Muchanga

 

O magistrado anunciou o facto durante a cerimónia solene da abertura do Ano Judicial 2024, um evento que teve lugar sob o lema “Reforçando o Papel do Judiciário no Combate ao Tráfico de Drogas e que contou com a presença do Chefe de Estado, Filipe Nyusi.

 

Explicou que a relevância do tema, tanto no âmbito nacional quanto internacional, justifica a escolha dada a gravidade da situação.

 

No caso concreto de Moçambique, Muchanga anunciou que o número de processos-crime relacionados com o tráfico ilícito e consumo de drogas aumentou nos últimos anos, tendo passado de 491 processos entrados nos tribunais em 2021 para 659 no ano de 2022, que corresponde a um incremento de 34,2 por cento. Já no ano de 2023, o número de casos atingiu 964, cifra que corresponde a um incremento de 46,2 por cento, comparativamente ao ano de 2022.

 

O Presidente do Tribunal Supremo explica que, por um lado, estes dados evidenciam um aumento no combate ao tráfico e consumo de drogas e, por outro, reflectem a prevalência desta criminalidade no país o que exige um esforço redobrado para eliminar este mal.

 

Sendo um fenómeno antigo, o tráfico de drogas conheceu uma evolução multifacetada. Nos últimos 40 anos, por exemplo, a economia mundial conheceu muitas transformações importantes induzidas pela globalização. O avanço dos transportes e comunicações tornaram mais fáceis os negócios ilícitos e a abertura e expansão de mercados ilegais, colocando em risco a segurança internacional.

 

Referiu que no seu lado obscuro a globalização esconde uma teia intricada de mercados ilícitos, num percurso subterrâneo e labiríntico de transacções que incluem o consumo tráfico e consumo de drogas.

 

Observa-se igualmente o surgimento de redes descentralizadas de grupos criminosos envolvendo um sistema de prestadores de serviço que gerem diferentes partes da cadeia de abastecimento de droga.

 

Por isso, Muchanga adverte que Moçambique não escapa a esta realidade pois é um país apetecível na geostratégia do crime organizado especialmente no tráfico de drogas e contrabando de mercadorias por múltiplas razões que incluem a sua privilegiada localização, a porosidade das suas fronteiras e, naturalmente, o envolvimento de agentes que caiem na teia da corrupção.

 

Tratando-se de uma indústria que, anualmente, movimenta biliões de dólares as teias da corrupção empobrecem a actuação conjunta e concorrem para a prosperidade do negócio do tráfico de drogas.

 

Fazendo um balanço da luta contra o tráfico de drogas, o Presidente do Tribunal Supremo considera que apesar de positivo ainda está longe de ser favorável e satisfatório.

 

”Há espaço para melhorias. O quadro legal poderá ser adequado para a situação prevendo-se o crime de tráfico de drogas como especialmente grave”, disse.

 

O magistrado adverte sobre a necessidade de investir seriamente nas instituições de fiscalização e investigação, proporcionado meios técnicos modernos, incluindo os destinados para a detecção da droga, intercepção e escutas telefónicas para contrabalançar e fazer uso da nossa capacidade tendo em conta os meios sofisticadíssimos por parte dos traficantes de drogas e dos agentes do crime organizado em geral. (AIM)

Pelo menos duas pessoas morreram e outra foi raptada, no distrito de Macomia, norte Moçambique, num novo ataque realizado por extremistas na província de Cabo Delgado, disseram ontem à Lusa fontes locais.

 

O ataque aconteceu por volta das 07:00 (de ontem), na sede do posto administrativo de Chai, região central do distrito de Macomia, avançaram à Lusa fontes da comunidade, que pediram para não ser identificadas.

 

“Isto colheu-nos de surpresa, são pessoas que estavam a trabalhar nas suas machambas (campos agrícolas). Como sabe, ninguém anda distante das aldeias aqui, por medo de novos ataques, mas mesmo assim os terroristas vieram e mataram duas delas e raptaram outra”, disse uma fonte a partir da sede de Macomia.

 

Segundo a fonte, desde dezembro, o posto administrativo de Chai tem sido alvo de sucessivos ataques dos terroristas, uma situação que considera estranha, uma vez que, no local, estão duas posições militares. “Ultimamente, o posto de Chai sofre muitos ataques e invasões dos terroristas”, acrescentou.

 

No princípio do mês de janeiro, os rebeldes atacaram aquele posto administrativo, onde destruíram e saquearam culturas das populações em campos agrícolas. “Eu perdi comida por causa dos terroristas, entraram nas nossas machambas e estragaram as culturas”, lamentou à Lusa outra fonte a partir da sede de Macomia, para onde se refugiu após os ataques.

 

“Irei a Chai só se as autoridades permitirem, caso ao contrário, prefiro morrer de fome aqui, em Macomia”, acrescentou.

 

Localizado na estrada nacional N380, uma das poucas asfaltadas da região, ligando aos distritos do norte de Cabo Delgado, o posto administrativo de Chai tem duas posições militares, nomeadamente a de forças ruandesa e moçambicana.

 

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

 

Após um período de relativa estabilidade, nas últimas semanas, novos ataques e movimentações foram registados em Cabo Delgado, embora localmente as autoridades suspeitem que a movimentação esteja ligada à perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afetados.

 

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED. (Lusa)

No entanto, o proprietário da escola, Elias Sibia, contou à nossa reportagem ter erguido aquele empreendimento em 2015 com o propósito de fazer aviários e criar outros animais. Entretanto, como na altura não havia uma escola secundária nas proximidades, a comunidade e outros representantes do sector da educação contactaram-no e pediram que fizesse ali uma escola comunitária que pudesse ajudar os alunos que ingressam no ensino secundário.

 

Posto isto, o proprietário da escola desdobrou-se em criar condições para que a escola entrasse em funcionamento a partir de 2016. Na ocasião, o sector da educação assinou um memorando de entendimento com o proprietário da escola em que se comprometeu a alocar professores e pessoal administrativo do Estado, incluindo o pagamento de salários.

 

A escola Comunitária Graça Machel entrou em funcionamento em 2016 e, nessa altura, recebeu alvará provisório para funcionar durante um período de um ano e o mesmo acabou sendo prorrogado por quase nove anos. No entanto, em 2022 entrou em funcionamento a Escola Secundária de Zitundo, que dista a 24 quilómetros da vila da Ponta do Ouro e este estabelecimento de ensino teve poucos alunos inscritos no ano passado porque os pais e encarregados de educação alegavam que está distante.

 

Com a crise de transporte à mistura, os pais e encarregados de educação optaram por matricular os seus educandos na Comunitária Graça Machel, não obstante o pagamento de uma taxa mensal de 620 Mts.

 

Elias Sibia, proprietário da Escola Comunitária Graça Machel, lembra: “ao longo dos anos, sempre recebeu visita da Inspecção Distrital de Educação que deixava uma e outra recomendação para que pudesse ter um alvará definitivo. Entretanto, nunca escondemos o desejo de trabalhar e melhorar e, por esta razão, procuramos aumentar algumas salas de aula, construir um campo [...] Tudo conforme as recomendações que fomos recebendo”.

 

Sibia alega que sempre teve vontade de melhorar as condições daquela escola, mas desde a entrada em funcionamento da escola Secundária de Zitundo passou a receber com frequência visitas da Inspecção Provincial de Educação, apresentando novas exigências. “Temos carteiras, mas eles dizem que não querem aquele tipo de carteiras. Eles se esquecem que não temos nenhum parceiro e estamos a trabalhar por conta própria”.

 

Por outro lado, o Chefe do Posto Administrativo de Zitundo, Euclides Zavala, explicou que a comunidade e o proprietário da escola estão equivocados ao pensar que a Escola Comunitária Graça Machel está a ser encerrada por causa da entrada em funcionamento da Escola Secundária de Zitundo.

 

“Nós encerramos a escola para fazer valer a lei. A escola com cunho privado deve dar mínimas condições exigidas pelo Governo. Embora seja nosso desejo que a escola de Zitundo seja frequentada por alunos desta localidade, não foi esta a razão que ditou o encerramento da escola Comunitária Graça Machel. Assim que o proprietário reunir todas as condições exigidas, faremos uma inspecção e vamos autorizar a sua reabertura porque é do nosso interesse que ela funcione”, explicou. (M. Afonso)

O jovem Edson Nhassengo que assassinou à facada a esposa, Celina Nhambi, no último dia 14 de Janeiro, na sua residência na Matola-Rio, província de Maputo, tendo posteriormente atirado o corpo para uma lixeira nas proximidades, foi reconduzido às celas nesta segunda-feira (29). Ele tinha sido restituído à liberdade, mediante Termo de Identidade e Residência e pagamento de uma caução de 100 mil meticais.

 

Quando foi solto, poucos dias depois de se entregar à polícia e ter confessado o crime, soube-se que foi o próprio pai que contactou os órgãos de comunicação social para mostrar a sua indignação pelo facto do filho não ter sido responsabilizado pela justiça pelo crime de homicídio. Nessa altura, várias campanhas foram desencadeadas nas redes sociais e por diferentes organismos da sociedade civil para que a justiça fosse feita.

 

A tia da vítima, Emelina Cossa, reiterou o seu sentimento de gratidão pelo papel exercido pelos órgãos de comunicação social, em particular pela “Carta”, na divulgação deste assunto e acredita que agora a justiça será feita.

 

“A nossa oração para que a justiça fosse feita foi ouvida. A mãe da Celina também se encontra bastante satisfeita. Ela sentia-se desamparada pelo facto de não ter condições financeiras e chorava dia e noite com a soltura do jovem”.

 

Para a tia da vítima, neste momento, a vitória da família reside no facto de saber que o jovem não só recolheu às celas como também perdeu o dinheiro que deu ao tribunal para a sua soltura.

 

“Somos gratos por tudo que está a ser feito neste momento. A gratidão é enorme, embora seja um pouco difícil ter que explicar ao filho da minha sobrinha que a mãe perdeu a vida, assassinada pelo próprio marido. A minha cunhada não tem condições, mas com o pouco que ela conseguir vai sustentar o neto deixado pela Celina Nhambi”, detalhou a tia. (M.A.)

Os terroristas que nos últimos dias estenderam as suas incursões a sul da província de Cabo Delgado protagonizaram mais um ataque na tarde de terça-feira (30), numa região entre as aldeias Titimule no distrito de Mecufi e Naminaue do lado de Metuge, matando pelo menos dois membros da Força Local.

 

Fontes ouvidas a partir da sede do distrito de Metuge explicaram que se tratou de uma emboscada por volta das 16h00 contra membros das FDS que faziam patrulha em quatro viaturas. Acrescentaram que, no ataque, outros membros das forças locais e governamentais contraíram ferimentos graves e ligeiros e se encontram a receber tratamentos na cidade de Pemba.

 

"Deve haver baixas. As FDS caíram numa emboscada. Os terroristas foram os primeiros a ouvir o ruído de carros e emboscaram as forças estatais, isso por volta das 16h00 e houve essas consequências” contou uma das fontes, acrescentando que quatro viaturas foram queimadas no local.

 

Refira-se que o ataque acontece um dia depois de o Presidente Filipe Nyusi, que falava em conferência de imprensa em Roma, na Itália, ter afirmado que os terroristas teriam momentos difíceis nos próximos dias, ao mesmo tempo que aconselhava a se entregarem às autoridades.

 

Numa escala esta quarta-feira (31), na aldeia Impiri, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, apelou à população para continuar a ser resiliente e não abandonar as suas terras, garantindo que os terroristas estavam de passagem fugindo da perseguição das forças moçambicanas no distrito de Macomia. (Carta)

Dados da Sasol indicam que a petroquímica sul-africana duplicou o valor dos impostos pagos ao Estado moçambicano, entre Julho de 2022 e Junho de 2023. De acordo com informações partilhadas com a “Carta”, à margem de um encontro com jornalistas, a Sasol pagou um total de 124.9 milhões de USD (correspondente a oito mil milhões de Meticais) entre Julho de 2022 e Junho de 2023, contra 67.1 milhões de USD (4,3 mil milhões de Meticais) pagos entre Julho de 2021 e Junho de 2022.

 

Isto é, de 2022 para 2023, os impostos pagos pela Sasol, em resultado da exploração do gás natural, em Temane (Inhassoro) e Pande (Govuro), na província de Inhambane, cresceram em mais de 57.7 milhões de USD (3.6 mil milhões de Meticais), o correspondente a 46,25%.

 

Do valor arrecadado entre 2022 e 2023, o destaque vai para o Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC), que ascende a 95,8 milhões de USD, contra 48,4 milhões de USD pagos entre 2021 e 2022. Sublinhar que, em 2022, a Sasol Petroleum Temane (SPT) foi reconhecida pela Autoridade Tributária (AT) como terceiro maior contribuinte do Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC).

 

Igualmente, há registo de uma subida galopante do Imposto sobre Produção de Petróleo pago em espécie (através do gás entregue à ENH-Empresa Nacional de Hidrocarbonetos), que saiu de 6.8 milhões de USD, em 2022, para 12.7 milhões de USD, em 2023.

 

Os dados da Sasol mostram também uma subida considerável das receitas provenientes do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), que saíram de 1.2 milhão de USD entre 2021 e 2022 para 6.2 milhões de USD, entre 2022 e 2023. No entanto, o Imposto sobre Produção de Petróleo pago em dinheiro registou uma descida, de 6.6 milhões de USD, em 2022, para 5.5 milhões de USD, em 2023.

 

Referir, entretanto, que o valor dos 2,75% que é transferido anualmente às comunidades de Pande e Temane é deduzido das receitas do Imposto sobre Produção de Petróleo, pago em dinheiro, e não da globalidade das receitas produzidas pela petroquímica, facto que influencia negativamente nos valores desembolsados pelo Governo. (A.M.)

O Vodacom Moçambique (VM) iniciou nesta semana um processo de transformação no âmbito da qual 200 colaboradores vão deixar a empresa, apurou “Carta de Moçambique”.

 

O processo resulta de pressões externas da indústria e um realinhamento interno da empresa, em curso. 

 

Neste momento, a “VM”, maior operadora de telefonia móvel em Moçambique e importante provedora de serviços financeiros móveis através do M-Pesa, tem 800 trabalhadores no seu quadro e 2000 contratados (lojas, apoio ao cliente, etc).

 

A empresa está neste momento a negociar com os ambrangidos. “Carta” trará mais detalhes sobre o processo nas suas próximas edições.

 

A Vodacom Moçambique estabeleceu-se no país há 20 anos. E ao longo da última década, investiu mais de 30 mil milhões de Meticais em despesas de capital, solidificando sua posição como a principal rede móvel em Moçambique.

 

Desde o início em 2003, a Vodacom tem sido pioneira, introduzindo serviços 3G em 2010, sendo os primeiros a lançar serviços 4G em 2018, para além de ter aberto caminho para a introdução no país do 5G em 2023.

 

Em 2022, a Vodacom empreendeu uma ambiciosa iniciativa de lançamento do cabo submarino 2 África, ligando Nacala – o primeiro cabo submarino a chegar à região norte do país – e Maputo.(Carta)

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu esta quarta-feira (31 de Janeiro) reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, de 17,25% para 16,50%. Numa conferência de imprensa, o Governador do Banco Central, Rogério Zandamela explicou que a decisão é sustentada pela consolidação das perspectivas de manutenção da inflação em um dígito, no médio prazo, num contexto em que a avaliação dos riscos e incertezas associados às projecções da inflação é mais favorável. 

 

Zandamela anunciou estarem criadas as condições para o início de um ciclo de redução gradual da taxa MIMO, com vista à sua normalização, num período de 24 a 36 meses. Quer dizer que o Banco Central prevê uma queda do custo do dinheiro na banca comercial, nos próximos dois ou três anos, facto que irá aliviar as famílias e empresas com empréstimos, ou que pretendam contratar crédito. 

 

Além da taxa MIMO, segundo o Governador do Banco Central, serão abrangidas também as taxas de Facilidade Permanente de Depósitos (FPD), fixada actualmente em 14.25% e a taxa de Facilidade Permanente de Cedência (FPC), fixada em 20.25%. Da redução gradual, Zandamela mostrou reservas quanto à redução das taxas de Reservas Obrigatórias, quer em moeda nacional, bem como em moeda estrangeira, alegadamente porque o sistema financeiro tem dinheiro suficiente para as necessidades da economia. 

 

Todavia, o Governador do Banco Central sublinhou que “o ritmo e a magnitude da redução dos próximos ajustamentos [um dígito ou aproximadamente] irão depender das perspectivas da inflação, bem como da avaliação dos riscos e incertezas subjacentes às projecções do médio prazo”. 

 

Zandamela explicou que a redução gradual prevista da principal taxa de deve-se à manutenção das perspectivas de inflação em um dígito no médio prazo, depois de em Dezembro de 2023, a inflação anual ter-se fixado em 5,3%, devido à redução dos preços de bens alimentares importados, com destaque para os produtos de mercearia. 

 

“Para o médio prazo, consolidam-se as perspectivas de uma inflação em um dígito, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do Metical, a previsão de queda dos preços das mercadorias no mercado internacional e o impacto das medidas tomadas pelo CPMO”, acrescentou, o Governador.

 

Ainda sobre a inflação, o Banco de Moçambique diz que a avaliação dos riscos e incertezas associados é mais favorável, por causa do esforço da consolidação fiscal, a menor severidade dos eventos climáticos extremos e o impacto menos gravoso dos conflitos geopolíticos sobre a cadeia logística e sobre os preços das mercadorias no mercado internacional. 

 

Durante a conferência, Zandamela alertou que se mantém elevada a pressão sobre o endividamento público interno. Disse que, em finais de Janeiro último, o endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 320,6 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 8,3 mil milhões em relação a Dezembro de 2023. (Evaristo Chilingue)

Um enorme conjunto de documentos anteriormente confidenciais relacionados com o caso das “dívidas ocultas” de Moçambique no Tribunal Superior de Londres foi divulgado terça-feira à imprensa e organizações que seguiram o julgamento. Essencialmente, o julgamento analisa se estas garantias soberanas de Moçambique serão anuladas devido a subornos pagos a funcionários do governo e outras irregularidades graves no processo e se a empresa no centro do escândalo, o grupo Privinvest, com sede em Abu Dhabi, deveria pagar mais de três mil milhões de USD em compensação a Moçambique.

 

No dia 23 de Janeiro, o juiz de primeira instância, Robin Knowles, decidiu que dezenas de documentos fossem disponibilizados e pediu que os advogados de Moçambique, Peters & Peters, facilitassem isso. Em particular, o Juiz Knowles registou o pedido da AIM para a divulgação de relatórios de peritos que tinham sido retidos pela Privinvest.

 

Entre os documentos divulgados está o acordo confidencial alcançado extrajudicialmente entre Moçambique, o Credit Suisse e outras oito instituições financeiras em relação ao acordo de facilidade Proindicus – onde o Credit Suisse era o banco líder.

 

O acordo de liquidação, datado de 30 de Setembro de 2023, é claro no seu objectivo, que é extinguir qualquer responsabilidade que Moçambique teria de outra forma em dívida ou danos em troca de libertar as outras partes do acordo de qualquer responsabilidade decorrente das irregularidades reveladas no julgamento.

 

No entanto, menciona especificamente, “para evitar dúvidas” que nada no acordo comprometerá os direitos de Moçambique contra a Privinvest, ou o VTB e o banco português BCP. Também não limita os direitos de Moçambique de “investigar, processar ou de outra forma prosseguir qualquer acção criminal, processo criminal ou processo criminal”.

 

O principal ganho para Moçambique é que, em troca do abandono do processo contra o Credit Suisse, o banco suíço anulou a dívida restante. Durante o julgamento em Londres, o advogado moçambicano Joe Smouha revelou que, como  resultado do acordo, o Credit Suisse concordou em renunciar a toda a dívida pendente, que ascendia a 450 milhões de dólares americanos. Em troca, Moçambique concordou em não solicitar compensação ao banco.

 

Cada uma das outras oito instituições financeiras também concordou em retirar todas as reclamações contra Moçambique e o acordo lista os montantes que receberam, do Governo, em pagamento final, da seguinte forma:

 

Forfaitierungs do Atlântico: US$ 1.000.000

 

Banco Internacional de Moçambique (BIM): US$ 38.188.800

 

Banco Comercial e de Investimentos (BCI): US$ 15.840.000

 

Farallon Capital: US$m15.120.000

 

ICE Canyon: US$ 5.000.000

 

Moza Banco: 20.592.000 $00

 

Banco Unido para África (UBA): US$ 21.840.000

 

VR Global Partners: US$ 12.240.000

 

Os credores internacionais foram pagos em dólares, enquanto os bancos moçambicanos receberam o seu pagamento em moeda local sob a forma de obrigações. Especialistas financeiros disseram à AIM que o acordo foi bom para Moçambique. O Credit Suisse, como banco líder, esteve no centro do escândalo, com os principais membros da sua “equipa de negociação” a receberem subornos em troca da aprovação dos empréstimos.

 

Três dos negociadores do Credit Suisse (Andrew Pearse, Detelina Sibeva e Surjan Singh) confessaram num tribunal de Nova Iorque que tinham aceitado subornos da Privinvest. Portanto, havia poucas perspectivas de o Credit Suisse recuperar qualquer parte da dívida de Moçambique.

 

Em Dezembro, os restantes litigantes apresentaram os seus argumentos finais ao Tribunal e o Juiz Robin Knowles está actualmente a considerar as provas. Espera-se que ele pronuncie sua sentença nos próximos dois meses. É pouco provável que isto seja afectado pela morte, na segunda-feira, do bilionário libanês Iskandar Safa, fundador e proprietário do grupo Privinvest. (AIM)

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