Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
Redacção

Redacção

As autoridades moçambicanas e ruandesas vão passar a trocar informação sobre combate ao branqueamento de capitais e lavagem de dinheiro, conforme entendimento entre instituições de inteligência financeira dos dois países, disse à Lusa fonte do Governo de Moçambique.

 

Em causa está um memorando de entendimento rubricado na sexta-feira, em Kasane, Botsuana, entre o Centro de Inteligência Financeira (FIC) do Ruanda e o Gabinete de Informação Financeira de Moçambique (GIFIM), à margem das reuniões do Grupo de Luta Contra a Lavagem de Dinheiro da África Oriental e Austral (ESAAMLG), em Kasane, Botsuana.

 

“As autoridades cooperarão entre si, trocando informações ou inteligência financeira (...), espontaneamente ou mediante solicitação, o que poderá auxiliar na investigação de pessoa(s) suspeita(s) de terem se envolvido em lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo, financiamento da proliferação de armas de destruição maciça ou atividades criminosas conexas”, justifica o texto do memorando de entendimento.

 

O acordo, assinado pela diretora-geral do FIC, Jeanne Pauline Gashumba, e pelo diretor-geral do GIFIM, Aurélio Matavele Júnior, assume ainda o objetivo de “desenvolver, expandir e melhorar o quadro de cooperação” entre ambas as autoridades “e criar uma relação mutuamente benéfica”.

 

“As autoridades cooperarão para trocar, reunir, desenvolver e analisar informações em sua posse relativas a transações financeiras suspeitas de estarem relacionadas com o branqueamento de capitais e crimes subjacentes associados, financiamento do terrorismo e financiamento da proliferação de armas de destruição maciça ou crimes relacionados”, acrescenta o acordo.

 

A vice-ministra da Economia e Finanças de Moçambique apontou na sexta-feira as avaliações de risco sobre financiamento ao terrorismo realizadas pelo Governo e alterações legislativas como “provas do empenho” do país para sair da “lista cinzenta” internacional do GAFI.

 

“Moçambique está comprometido em cooperar com todas as nações, em especial com o ESAAMLG, e bilateralmente na prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo segundo as recomendações do GAFI [Grupo de Ação Financeira Internacional]”, declarou Carla Louveira, falando à comunicação social, à margem das reuniões de peritos do grupo africano, em Kasane.

 

Segundo a governante, a realização de avaliações de risco no setor das “atividades e profissões não financeiras designadas”, a aprovação das leis de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e a revisão da Lei de Combate ao Terrorismo e Proliferação de Armas de Destruição em Massa “são provas do empenho” do país, que já solicitou a reclassificação de mais 15 recomendações feitas pelo GAFI para sair da “lista cinzenta” internacional.

 

A reunião de Kasane visa discutir e aprovar o relatório de avaliação mútua e avaliar os progressos realizados pelos Estados-membros da ESAAMLG na implementação das 40 recomendações do GAFI, das quais Moçambique espera que “sejam aprovadas e publicadas” desde já as nove reavaliadas.

 

O Governo de Moçambique solicitou ainda nesta reunião a primeira avaliação à reclassificação de mais 15 recomendações, como resultado da recente aprovação pelo parlamento de legislação de combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, tentando resolver “as remanescentes deficiências identificadas na avaliação de 2019”.

 

Entre abril e outubro do próximo ano, Moçambique terá ainda de apresentar "evidências" de que a nova legislação está a ser aplicada pelo país.

 

A Assembleia da República de Moçambique aprovou em agosto, por consenso, alterações legais que reforçam a prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao terrorismo, incluindo sanções financeiras específicas.(Lusa)

As receitas de exploração de recursos minerais por mega-projectos caíram consideravelmente no primeiro semestre de 2023, numa altura em que o preço do carvão mineral extraído pela Vulcan em Tete quedou drasticamente no mercado internacional, passando de 374 USD por tonelada em média, no primeiro semestre de 2022, para o preço médio de 175 USD por tonelada, no primeiro semestre de 2023.

 

Por influência da queda do preço do carvão mineral, as receitas ao Estado provenientes de exploração de recursos minerais pelos grandes projectos caíram 28.7%, tendo o valor canalizado saído de 4.8 mil milhões de Meticais no primeiro semestre de 2022 para 3.4 mil milhões de Meticais de Janeiro a Junho de 2023.

 

Contudo, de acordo com dados constantes no Balanço do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado referentes ao primeiro semestre de 2023, a receita total dos mega-projectos cresceu consideravelmente, tendo-se situado em 16.5 mil milhões de Meticais, contra 11.8 mil milhões de Meticais registados no primeiro semestre de 2022. O valor representa um crescimento de 40.4%.

 

Divulgado há dias, pelo Ministério da Economia e Finanças, o Balanço do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado detalha que, da receita fiscal total de mega-projectos canalizada ao Estado, destaque vai para a contribuição do sector de produção de energia que cresceu 140% em 2021. A receita do referido subsector cresceu de 3.1 mil milhões de Meticais, no primeiro semestre de 2022 para 7.4 mil milhões de Meticais em 2023.

 

Depois do sector de energia, destacou-se a exploração de petróleo, cuja contribuição fiscal cresceu de 3.3 mil milhões de Meticais em 2022, para pouco mais de 5 mil milhões de Meticais no primeiro semestre de 2023.

 

A contribuição dos “outros mega-projectos” caiu 6%, tendo saído de 619.9 milhões de Meticais, no primeiro semestre de 2022, para 580.9 milhões de Meticais em 2023.

 

A nossa fonte refere que a receita total registada pelo Estado no primeiro semestre de 2023 foi de 146.7 mil milhões de Meticais, contra 138.8 mil milhões de Meticais registados no primeiro semestre de 2022. Dessa receita total, o peso da contribuição dos mega-projectos é de 8.8% em 2022 e 11.3% em 2023. (Evaristo Chilingue)

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, lançou quarta-feira a primeira pedra para pavimentação da estrada de 96 quilómetros na província de Nampula, entre a cidade costeira de Angoche e a vila de Nametil.

Esta faz parte da estrada que acabará por ligar a capital provincial, a cidade de Nampula, a Angoche. Nyusi considerou esta estrada (N104) fundamental para a integração regional e africana. O projecto é uma extensão do Lote I do projecto “Promover Transportes”, financiado pela União Europeia, que inclui a reabilitação e manutenção de estradas rurais nas províncias de Nampula e Zambézia.

As obras da estrada Angoche-Nametil estão orçadas em 48 milhões de euros e terão a duração de 26 meses. Inclui áreas de responsabilidade social como a construção de escolas e fontes de abastecimento de água em locais já identificados ao longo do percurso.

A empreitada prevê dois anos de manutenção de cerca de 395 quilómetros de estradas de terra que serão servidas por dois acampamentos em Mucuali e Chalaua, ambos no distrito costeiro de Moma.

“Esta é uma visão mais ampla que expressa o nosso compromisso em ligar o país desde o Rovuma ao Maputo (os rios que marcam as fronteiras norte e sul do país) e também com a integração regional e continental”, disse o presidente.

Nyusi disse que a pavimentação deste troço da N104 permitirá escoar a produção agrícola, bem como valorizar e dinamizar o grande potencial turístico da zona, que inclui outros distritos costeiros como Moma, Larde e Liúpo.
 

“A pavimentação desta estrada marca a concretização de um sonho de várias gerações, não só em Angoche, mas em toda a região sul da província de Nampula, e completa a concretização da visão mais ampla do governo. Vamos fazer uma ligação segura e mais rápida entre a capital provincial, Nametil e Angoche, mesmo em carros pequenos”, disse Nyusi.

Perante centenas de pessoas que lotaram o campo de futebol municipal, Nyusi destacou que Angoche é um importante centro de desenvolvimento, mas está a ser negligenciado devido ao mau estado das vias de comunicação.
Duarte Graça, delegado empresarial da União Europeia, disse partilhar a visão de Moçambique de que as infra-estruturas rodoviárias são fundamentais para promover a conectividade e a mobilidade segura.


«A conectividade está no centro do desenvolvimento socioeconómico sustentável e inclusivo e é o conceito-chave do pacote de investimento «Global Gateway» da UE, lançado em 2021, que visa criar ligações inteligentes, sustentáveis e seguras em todo o mundo nos setores digital, energético e dos transportes. áreas e fortalecer os sistemas de saúde e educação em todo o mundo", observou ele. “Promover Transportes” é um programa de desenvolvimento rural com foco nas províncias da Zambézia e Nampula, com um orçamento total de 358 milhões de euros e que abrange energia, agronegócio, nutrição, biodiversidade, comércio e transportes. (AIM)

O Governo sul africano  anunciou na quarta-feira uma parceria público-privada para a reformulação e modernização dos seis postos fronteiriços terrestres mais movimentados do país, incluindo o de Lebombo, que permite a travessia com Moçambique por Ressano Garcia. O Ministro sul africano dos Assuntos Internos, Aaron Motsoaledi, confirmou que um pedido foi emitido no dia 3 de Setembro, solicitando ao sector privado que apresentasse suas propostas para o projecto.

 

Ele disse que o projecto de modernização visa reforçar a integração económica regional, melhorar a arrecadação de receitas e travar a migração ilegal, entre outros factores. Motsoaledi dirigia-se aos meios de comunicação social em Pretória. “Os seis portos de entrada marcados são Posto Fronteiriço de Beitbridge entre SA e Zimbabué, Posto Fronteiriço de Lebombo entre Moçambique e SA, Ponte Maseru entre Lesoto e SA, Ficksburg entre Lesoto e África do Sul, Kopfotein entre SA e Botswana e Oshoek entre SA e Eswatini. ”

 

“O redesenvolvimento dos postos resultará na circulação transfronteiriça eficiente de pessoas, bens e serviços, na melhoria da administração das pessoas que entram e saem da república”, acrescenta o ministro.

 

O exemplo de Beitbridge

 

Este anúncio segue-se à crescente eficiência comprovada das fronteiras sul africanas e a esta constatação fenomenal: O posto de Beitbridge passou do pior para o melhor posto fronteiriço em África, depois que foi privatizado. Onde os camiões costumavam fazer fila de quilómetros em ambos os lados da fronteira com o Zimbabué, agora são libertados em duas a três horas.

 

A fronteira de Beitbridge entre a África do Sul e o Zimbabué foi há pouco tempo insultada como um lugar de sofrimento, com filas de camionistas e viajantes que se estendiam por quilómetros de cada lado à espera de atravessar.

 

As temperaturas do verão podiam chegar a 40ºC e, em 2020, a Road Freight Association informou que quatro motoristas de camiões morreram na sua espera para cruzar a fronteira. A causa das suas mortes não é clara, embora a falta de acesso a alimentos e água pareça ter tido algo a ver com isso, embora isto tenha sido negado pelo Departamento de Assuntos Internos, que é responsável pela operação das fronteiras.

 

Mas tais eventos são agora coisa do passado. Onde anteriormente os camiões levavam em média um a dois dias para passar a fronteira, agora isso pode ser feito em três a quatro horas, após a modernização e modernização das instalações no lado do Zimbabué.

 

O lado sul-africano está agora prestes a passar por uma atualização semelhante, o que deverá acelerar ainda mais os tempos de trânsito.

 

A importância de Beitbridge para o comércio da África Austral é enorme, com mais de 500 camiões e mais de 14 000 viajantes que atravessam diariamente. É uma tábua de salvação vital para os exportadores do Zimbabué, da Zâmbia, do Malawi e de Lubumbashi, na República Democrática do Congo, que têm de atravessar duas a três passagens de fronteira para chegar aos portos marítimos de Durban ou Maputo.

 

É uma viagem de uma a duas semanas, dependendo do ponto de partida, e tem sido fonte de frustração indescritível entre operadores comerciais e empresas de logística.

 

Pontos de estrangulamento removidos

 

O sonho de um comércio regional próspero, lubrificado por travessias fronteiriças suaves, definhou na passagem fronteiriça de Beitbridge, levando os operadores logísticos a procurar alternativas menos dolorosas, como a passagem de Groblersbrug entre a África do Sul e o Botswana.

 

Esses dias podem ser coisa do passado. A renovada fronteira de Beitbridge foi aberta há um ano e eliminou os pontos de estrangulamento que lhe valeram a reputação de ser a pior passagem de fronteira em África.

 

“Agora é, de longe, o melhor de África”, afirma Rudolf Fourie, presidente do grupo de construção Raubex, listado na JSE, que em 2020 recebeu o projecto de parceria público-privada (PPP) de 172 milhões de dólares (R3,3 mil milhões) para expandir , modernizar e melhorar as instalações fronteiriças do lado do Zimbabué.

 

Foi concluído dentro do prazo e do orçamento, apesar das interrupções da Covid, e contribuiu substancialmente para as receitas e lucros da Raubex no exercício financeiro de 2023.

 

E nós, Moçambique, o que fazemos?

 

Eis a pergunta que se impõe. Com a perspectiva de reforma da fronteira de Ressano Garcia do lado da Africa do Sul, é esperado que Moçambique também siga exemplo, e que o Governo não fique aprisionado no tempo. Moçambique deve avançar já no mesmo caminho, para reduzir o excesso de burocracia, facilitando o fluxo do comércio internacioal”, disse uma fonte de “Carta”, que opera no sector da Logistica”. (Carta, com Moneyweb)

Os Mababus, como são conhecidos os terroristas, escalaram no passado dia 04 de Setembro a aldeia Pangane, onde chamboquearam três jovens, um por venda de cigarros, outro por consumo e o terceiro por ter sido encontrado em estado de embriaguez.

 

Alguns relatos sugerem que foi um grupo de cerca de cem terroristas que escalou a aldeia, onde manteve um encontro com a população, no qual pediu a manutenção de boas relações. O grupo comprou à força diversos produtos alimentares para reforçar a sua logística.

 

Segundo fontes, os "mababus" permaneceram na aldeia Pangane durante pelo menos cinco horas e disseram que não tinham ordens para matar civis. Durante a incursão, iam lançando mensagem de paz, sugerindo que mais pessoas deveriam regressar às suas casas, mas advertiram que estão prontos a responder a quaisquer provocações das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Há quase duas semanas que os "mababus" não eram vistos na sede da localidade Pangane, posto administrativo de Mucojo, quando as FDS intensificaram as operações contra as suas bases no litoral do distrito de Macomia, no fim de Agosto. (Carta)

Um grupo composto por quatro indivíduos ainda a monte baleou, na última quarta-feira, um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM), no povoado de Guerissa-sede, distrito de Dere, província da Zambézia. O membro da PRM foi baleado quando estava em perseguição dos malfeitores, depois destes terem protagonizado vários assaltos.

 

O porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia, Sidner Lonzo, explicou à imprensa que o grupo também protagonizou assaltos no distrito de Morrumbala, sendo que o mais recente teve como vítima um comerciante, no povoado Nhamitambo.

 

Lonzo garantiu que a corporação está empenhada em neutralizar o grupo dos malfeitores com vista à sua responsabilização pela morte do agente da Polícia. (Carta)

O Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, defende que o país deve criar mecanismos para poupar as receitas provenientes da exploração dos recursos naturais para não depender da ajuda externa para colmatar défices na colecta de impostos, males que afectam anualmente o Orçamento do Estado. Zandamela defendeu esta asserção, durante a aula inaugural do programa de doutoramento em Estudos de Desenvolvimento na Universidade Politécnica, sobre o tema “Os Desafios da Política Monetária num Contexto de Gestão de Crises”.

 

Durante o seu discurso, o Governador do Banco Central disse, a título de exemplo, que entre os anos 1977 e 2000, período em que o país foi afectado pela guerra civil e diversas calamidades naturais, o défice público (arrecadação de receitas) chegou a atingir cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e, no mesmo período, o défice da conta corrente (exportações versus importações), em percentagem do PIB, atingiu 23%.

 

Para o orador, que é Doutor em Economia pela Universidade John Hopkins, desde 1987, estes níveis de défice são críticos e insustentáveis, tendo em conta que a meta ao nível da região da SADC para os dois indicadores é de 3% do PIB, no máximo. Acrescentou que este contexto macroeconómico é agravado pelos vários choques sucessivos que tornaram ainda mais desafiante a gestão da política monetária. Dos mais recentes, destacou os ciclones IDAI e Kenneth em 2019, a Covid-19, a guerra na Ucrânia e o ciclone Freddy.  

 

Para responder a estes desafios, o orador disse que o país tem contado com apoios externos, que são essencialmente a poupança de outros países, traduzida na forma de créditos e donativos. Entretanto, para ele, o financiamento do défice orçamental com recursos alheios não assegura necessariamente um desenvolvimento equilibrado e sustentável.

 

“Primeiro, porque os empréstimos, mesmo quando não estão sujeitos ao pagamento de juros, contribuem para o aumento do endividamento público. Segundo, os donativos não são permanentes, pois dependem das condições económicas dos países doadores e essa dependência traduz-se em incertezas no nosso Orçamento do Estado e, em última instância, na agenda de desenvolvimento do País. Terceiro, quando os recursos obtidos por empréstimos são maioritariamente aplicados em despesas de consumo ao invés de despesas de investimento, o défice tem a particularidade de gerar uma espiral de endividamento, porque não contribui para o aumento da capacidade produtiva, gerando-se, deste modo, uma armadilha ou um ciclo vicioso”, explicou Zandamela.

 

Por consequência da dependência da ajuda externa em forma de dívida, o Governador do Banco Central lembrou que, desde a década de 1980, o endividamento público se mantém, em média, acima de 80% do PIB, excepto nos períodos em que o país beneficiou de alívios da dívida no âmbito da Iniciativa de Alívio da Dívida para os Países Pobres Altamente Endividados em 1999 e da Iniciativa Multilateral de Alívio da Dívida, em 2005.

 

Resumiu afirmando que a política monetária adoptada pelo Banco de Moçambique está a ser implementada num contexto em que o país acumulou elevada dívida e ao mesmo tempo não poupou o suficiente para amortecer o impacto de choques, que são cada vez mais frequentes e intensos. O orador precisou que a capacidade de poupança interna tem estado ao redor dos 10% do PIB em média, de 2000 a 2022, perante um rácio de investimento total de cerca de 30% do PIB.

 

Perante estas características macroeconómicas, Zandamela disse ser desafiante implementar a política monetária, pois, numa situação normal, em que o país tem amortecedores ou poupanças suficientes para fazer face a um choque, como por exemplo cheias que destroem extensas culturas, o peso sobre a política monetária seria menor.

 

“A política monetária não tem capacidade para resolver todos os desafios, sendo por isso importante a acção de outras políticas e instituições; e é fundamental criarmos amortecedores, nomeadamente, poupança, para responder a futuras crises, que estamos quase certos de que ocorrerão, só não sabemos quando e em que magnitude”, defendeu o Governador do Banco Central.

 

Perante reitores, académicos e doutorandos, Zandamela sublinhou que a lição, talvez “a mais importante para melhor enfrentarmos as futuras crises, é que precisamos poupar”.

 

O orador apontou as receitas esperadas da exploração do gás natural na Bacia do Rovuma e de outros minérios, como uma oportunidade soberana que o país tem de acumular poupanças para fazer face à ocorrência de choques na economia e contribuir para estabilizar o Orçamento do Estado. Isto pode ser feito com a criação de um Fundo Soberano com regras fiscais bem definidas e uma estrutura de governação transparente e funcional.

 

“Neste contexto, reforço a tese de que a criação do Fundo Soberano constitui uma oportunidade ímpar de mudarmos o actual paradigma do país caracterizado por défices gémeos e dependência externa, para uma postura de poupança e disciplina financeira”, concluiu Zandamela. (Evaristo Chilingue)

Em 16 de Agosto deste ano, o canal anti-ISIS publicou o que alegou ser uma circular interna do ISIS discutindo medidas tomadas para lidar com 'mulheres escravas' que sofrem de HIV⁄SIDA "na província do estado islámico de Moçambique". O documento foi emitido pelo Gabinete Al-Karrar, que faz parte da Direcção-Geral das Províncias do Estado Islâmico (ISIS), no servidor Rocket Chat operado pela Al-Qaeda, "O canal para expor os adoradores de Al-Baghdadi e Al-Hashemi".

 

O documento, que data de 9 de Janeiro do ano passado, foi reconhecido por um canal pró-ISIS Telegram e indica que os combatentes do ISIS em Moçambique estão a contrair HIV/SIDA das suas esposas e escravas.

 

Do Gabinete de Al-Karrar ao Governador de Moçambique

 

Dirigindo-se ao Wali ("Governador") da Província do Estado Islâmico de Moçambique, o documento em árabe apresenta respostas da liderança do ISIS a questões religiosas enviadas pelo wali e enviadas originalmente à liderança do ISIS em língua não árabe.

 

Diz: "Para: o honorável Xeque Al-Fadil, Wali do Estado de Moçambique, que Allah Todo-Poderoso o proteja.

 

Assunto: Respostas.

 

Que a paz, as bênçãos e a misericórdia de Allah estejam com você.

 

Louvamos a Allah, além de Quem não há Deus, e pedimos a Ele Todo-Poderoso que você esteja bem, saudável e satisfeito com Ele, Glória a Ele.

 

Tentamos traduzir as suas perguntas para árabe e escrevemos a tradução aqui para que você não entenda mal e, se cometermos um erro, [por favor] nos esclareça.

 

A primeira pergunta: 'Qual é a decisão sobre javalis e há alguma diferença entre ela e [a decisão sobre] suínos domésticos?" lê-se na primeira parte da primeira página. O resto da página foi desfocado digitalmente para ocultar a resposta à pergunta.

Prevalência do HIV/SIDA entre os membros do ISIS

 

Outra página da circular indica que alguns combatentes do ISIS em Moçambique e as suas esposas contraíram o Síndroma da Imunodeficiência Adquirida (SIDA). O documento indica ainda que o grupo em Moçambique está a escravizar mulheres e a entregá-las aos combatentes como recompensa.

 

Discutindo sobre as medidas tomadas pela Província de Moçambique para lidar com os casos de SIDA entre os seus combatentes e residentes no território que controla, o documento diz: "Realizamos testes [médicos] às pessoas e descobrimos que algumas têm SIDA. O tribunal [do ISIS] decidiu que se o vírus for detectado num dos cônjuges, então deverá ser detectado no outro. Assim, o tribunal decidiu separar os cônjuges por um período de três meses antes de fazer novamente o teste. Se o [novo] teste der um resultado positivo para um dos cônjuges, o casamento é invalidado. No entanto, a mulher ainda deve observar o período de espera de três meses [que segue o divórcio de acordo com as leis islâmicas]. Depois disso, ela pode casar-se novamente com outra pessoa que tenha contraído a doença."

 

O wali salientou na sua pergunta que a decisão acima ainda não foi implementada e que está à espera de uma resposta da liderança do ISIS.

 

Abordando sobre escravas que sofrem de HIV/SIDA, ele disse: “Da mesma forma, estamos aguardando os exames [médicos] para as escravas, portanto ainda não os dividimos entre os irmãos”.

 

Todos deveriam fazer testes de HIV

 

Na sua resposta, a liderança do ISIS explicou: “Parece, e Allah sabe melhor, que esta doença chegou até você através das mulheres que vocês escravizam, por isso é necessário examiná-las antes de dividi-las entre os irmãos. Também deve aplicar-se aos irmãos e irmãs imigrantes, se você puder fazê-lo, e a divisão das escravas deve ser adiada até que você tenha certeza absoluta de que elas estão livres dessas doenças."

 

“Escravas com HIV/SIDA deveriam ser oferecidas como resgate ou mortas se se recusarem a converter-se como muçulmanas”.

 

A resposta explica ainda que as mulheres escravizadas deveriam ser convidadas a converter-se ao Islão e, se recusarem, “deveriam ser mortas”.

 

“Aquelas que se converterem ao Islão e forem confirmadas livres da doença podem ser oferecidas [aos membros do ISIS].”

 

Afirmou também que as escravas que contraíram o SIDA e concordaram em converter-se ao Islão podem ser libertas em troca de um resgate. Quanto às escravas que têm a doença, que se recusam a converter-se ao Islão, e nenhum resgate é pago por elas, a directiva da liderança do ISIS diz que “devem ser mortas”.

 

Observou que todas as mulheres não virgens deveriam fazer testes antes de serem entregues como escravas aos membros do ISIS.

 

“Quanto às virgens, a questão é diferente e não há nada de errado em casá-las e possuí-las”, afirmou.

 

A última página do documento mostra o selo da Direcção-Geral das Províncias do escritório Al-Karrar. (MEMRI Jihad)

Pelo menos 20 pessoas perderam a vida e outras três contraíram ferimentos na tarde desta quinta-feira (07), na sequência de um acidente de viação ocorrido na Estrada Nacional número sete (EN7), no distrito de Báruè, na província de Manica, centro de Moçambique. O sinistro foi do tipo choque entre viaturas, envolvendo um veículo de transporte de passageiros e um camião de longo curso.

 

A viatura de passageiros circulava no sentido Catandica, sede do distrito de Báruè, com destino à vila de Guro. O administrador do distrito de Báruè, David Franque, que confirmou o sucedido, explicou que o acidente foi causado por fraca visibilidade, devido a queimadas descontroladas nas bermas da Estrada Nacional número sete.

 

No embate, a viatura capotou, tendo causado a morte imediata de 20 pessoas e o ferimento de outras três. “O camião estava estacionado e, devido à fumaça provocada pelas chamas, o motorista da viatura de passageiros perdeu o controlo do veículo que foi contra o camião, tendo de seguida capotado. No local encontramos 20 vítimas mortais e os corpos foram transportados para a morgue do Hospital Distrital de Catandica”, contou David Franque, no breve contacto telefónico com a AIM.

 

“O veículo de passageiros pegou fogo e parte dos passageiros morreram carbonizados. Tentamos socorrer os passageiros, mas foi quase em vão porque as chamas eram intensas. Foi um choque frontal. Apenas três pessoas é que saíram com vida e estão a ser assistidas no Hospital Distrital de Catandica”, disse Franque.

 

“Neste momento, decorre o trabalho de identificação e comunicação aos familiares das vítimas. Nosso apelo é que os automobilistas sejam mais cuidadosos quando se fazem à estrada. As pessoas também não devem fazer queimadas descontroladas na via pública sem obedecer às regras, porque podem colocar em perigo a vida dos utentes da via”, adiantou.

 

Este é o segundo acidente na província de Manica, este ano, com o registo de elevado número de mortos. O primeiro ocorreu na vila distrital de Gondola, onde nove pessoas perderam a vida e outras 15 contraíram ferimentos na sequência do despiste de um camião de carga próximo a um mercado. As vítimas foram, na sua maioria, jovens mototaxistas e vendedores de milho, ao longo da Estrada Nacional número seis (EN6). (AIM)

quarta-feira, 06 setembro 2023 10:09

Festival/Homenagem a Calane da Silva

É uma performance multidisciplinar em homenagem a um dos mais incansáveis dinamizadores culturais de Moçambique: Calane da Silva. Jornalista, ensaísta, professor, poeta, escritor e “agitador cultural” como gostava de designar-se, Calane da Silva teve uma vida intensa, sempre com linhas que, apesar de cruzadas entre profissões, foram sempre dar a um só corpo: Cultura. Por isso, fazemos deste espectáculo esse corpo complexo e miscigenado: Poesia, Música, Teatro, porque tudo o que fez em vida foi formar vários retratos dos outros em si.

 

(14 de Setembro, às 17h00 no Centro Cultural Brasil – Moçambique)

Pág. 214 de 1421