Escrever é uma arte que carece de treino frequente da sua técnica. Sabemos que na escrita nem tudo é um mar de rosas. Durante o processo, o escritor não está imune à crise, à angústia de compor a memória imaginada, a emoção de cada personagem, aliada ao discurso, à composição do espaço ficcionado, do tempo. Muitas vezes o escritor precisa de conversar com alguém que desperte em si o insondável e aguce a imaginação. Neste evento, a Psicóloga Dália Matsinhe sairá do consultório para conversar com novos actores e vai partilhar a sua experiência de leitura e avaliação de um dos personagens da obra Crime e Castigo do escritor russo Fedor Dostoiesvski (1821-1881) como quem aponta linhas pelas quais se coseu e se estruturou umas das narrativas mais fascinantes, debruçando-se sobre o processo de escrita de um autor «cujas profundezas explora e revela com singular acuidade, denotando em toda sua obra uma inspiração estranhamente religiosa em que o pecado se reveste da maior importância e é genialmente manuseado na trama dos contrastes psicológicos das suas personagens».
(24 de Setembro, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)
O FEREN – Fundo de Emergência para a Reabilitação e Expansão de Negócios, uma facilidade financeira organizada pela Gapi com o apoio inicial da DANIDA, já iniciou as suas operações de financiamento a algumas empresas, cujas actividades foram total ou parcialmente destruídas pelos ciclones Idai e Kenneth.
No âmbito dos acordos de cooperação institucional entre a GAPI-SI e o FARE, a contratação dos financiamentos do FEREN para apoiar a recuperação do tecido empresarial afectado por aquelas calamidades é efectuada pelo FARE – Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia.
No início desta semana, o director geral do FARE, Augusto Isabel, deslocou-se à região centro do País onde procedeu à entrega dos cheques correspondentes às primeiras quatro candidaturas aprovadas de um total de 24 que já foram consideradas elegíveis.
Em Sofala, os dois primeiros financiamentos foram para as empresas Unipesca, sediada na cidade da Beira, que se dedica à pesca, processamento e comercialização de produtos marinhos e a Agro-Ana, que desenvolve as suas actividades nos distritos de Nhamatanda e Búzì, produzindo e comercializando cana-de-açucar à açucareira de Mafambisse.
“Este acto é o reflexo do esforço de instituições nacionais, em conjunto com parceiros estratégicos multinacionais, com vista a cumprirem a sua missão de apoiarem o surgimento, fortalecimento e desenvolvimento do empresariado nacional, de forma sustentável e responsável”, o director geral do FARE, no acto de entrega dos dois primeiros cheques na província de Sofala e que simbolizam a operacionalização do FEREN.
“Queremos apelar ao uso racional destes recursos, de forma a garantir o retorno desses valores para abranger mais empresas”, asseverou, enfatizando “que o FEREN prioriza actividades que garantam inclusão, empregos, criação de renda e sustentabilidade.
“Este financiamento vai permitir reabilitar uma das quatro embarcações paralizadas, de modo a nos submetermos às inspecções exigidas para exportarmos para a União Europeia. Uma vez aprovada, vamos voltar a operar e garantir a manutenção dos 80 postos de trabalho que se encontram em risco”, regozijou-se Mamade Sulemane, da Unipesca. “Embora este valor seja uma boa contribuição para a reabilitação das nossas instalações e de, pelo menos, mais dois barcos, continuamos afectados pela obrigação de pagar a licença que custa 1.400.000 meticais.”
António Passane, director geral da Agro Ana diz, por seu turno, que “vamos investir o valor no reforço da adubação, para recuperarmos a fertilidade dos solos que estiveram totalmente inundados, de modo a não comprometermos a produtividade das culturas que estamos a lançar. Paralelamente, vamos adquirir ou recuperar alguns equipamentos destruídos, como são as motobombas e atomizadores".
Na província de Manica, a primeira servida pelo FEREN foi a empresa avícola Soaves, sedeada no distrito de Gondola. Com o ciclone, grande parte dos seus pavilhões, incluindo os que operavam nos arredores da Beira, foram destruídos.
Estão em processo de contratação e desembolso mais dez financiamentos, incluindo algumas empresas de Cabo Delgado afectadas pelo Kenneth.
A Linha de Recuperação cobre um montante máximo por operação de 1.500.000 meticais, tem uma taxa de juro anual que varia entre 8% e 10%, um período de diferimento máximo de capital até 180 dias e um período máximo de reembolso até 36 meses. Esta linha tem a particularidade de ter um incentivo que consiste em reembolsar 20% do capital pago aos mutuários que tenham cumprido integralmente o pagamento das suas obrigações e operacionalizado o seu negócio e assegurado empregos.
Já a Linha de Expansão tem como montante máximo por operação de 5.000.000 meticais, a taxa de juro está indexada à MIMO (publicada pelo Banco de Moçambique) que estiver em vigor à data do contrato de financiamento, tem um período de diferimento máximo de capital até 120 dias, sendo o período máximo de reembolso extensivo até 60 meses.
Com base em acordos com vários doadores, a Gapi tem mobilizado recursos para financiar projectos de desenvolvimento do empresariado nacional, assumindo a responsabilidade de gerir esses recursos em conformidade com padrões internacionais nos processos de prestação de contas.
Para a implementação do FEREN, esta instituição financeira de desenvolvimento estabeleceu acordos de parceria com a CTA e a Fundação para a Melhoria do Ambiente de Negócios (FAN).
A Unidade de Gestão do FEREN informou os seus parceiros que a primeira contribuição feita pela DANIDA é de um montante de pouco mais de 52 milhões de meticais, o que é insuficiente para as necessidades de reabilitação e relançamento das empresas já identificadas como elegíveis. Além destas empresas, o FEREN está aberto a novas contribuições de mais parceiros, tendo, entretanto, iniciado a organização de um programa específico focado em empreendimentos de jovens nas regiões afectadas pelas calamidades.(Fds)
Dados do Instituto Nacional de Caju (INCAJU), partilhados semana finda, em Maputo, revelam que as receitas provenientes da exportação da castanha de caju baixaram em mais de 60 por cento, ao se arrecadar 70 milhões de USD na campanha 2018/2019 que na campanha anterior, em que foram arrecadados 114 milhões de USD. As receitas resultam da exportação, na última época, de 24.300 toneladas de castanha de caju contra as 128.648 toneladas exportadas na época 2017/2018.
Entretanto, de acordo com o INCAJU, a produção do caju registou um crescimento assinalável nos últimos cinco anos, passando de 80 mil Toneladas (Ton) na campanha agrícola 2014/15 para 140 mil Ton em 2018/19. De acordo a instituição, na campanha agrícola 2018/19 foram comercializadas 142 mil Toneladas (Ton), contra 129 mil Ton da campanha passada, tendo-se registado uma apreciação da qualidade da castalha, de 45 libras para 47 libras.
A castanha, segundo a fonte, foi transacionada ao Preço de Referência ao Produtor, de 43.64 Mts/kg (0.70 USD/kg), contra 64.26 Mts/kg (1.07 USD/kg) da campanha 2017/18, representando um decréscimo de 32 por cento. Das 142 Ton monitoradas, grande parte foi produzida na província de Nampula (70 mil Ton), e Cabo Delgado (25 mil Ton).
Este facto, de acordo com o INCAJU, coloca Moçambique no nono lugar no mundo, sexto em África com cerca de 140 mil Ton comercializadas nos últimos cinco anos. De acordo ainda com dados do INCAJU, o subsector envolve mais de 1,4 milhão de famílias rurais, é fonte de rendimento e tem potencial para gerar emprego e riqueza.
Em termos de utilização, dados divulgados pelo INCAJU demonstram que, da quantidade monitorada na última campanha, as 17 indústrias instaladas no país absorveram 45 por cento da castanha, 17 por cento exportado em bruto e 31 por cento em outras aplicações, incluindo o processamento artesanal ao longo dos nichos de Nacala (Nampula), Muxúnguè (Sofala), Macia (Gaza) e Cidade de Maputo, que processam e vendem amêndoa ao longo de todo o ano. (Evaristo Chilingue)
Associada à problemática das indemnizações, as comunidades afectadas pelos mega-projectos, em particular pela indústria extractiva, clamam por uma boa gestão financeira e pela não discriminação das mulheres no acto do reassentamento.
Dados do Relatório sobre o Primeiro Congresso Nacional de Comunidades Reassentadas e Afectadas pela indústria extractiva, partilhado recentemente pelo Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANI mostram haver vantagens e desvantagens nos pagamentos em dinheiro e/ou em espécie e na inclusão das mulheres no processo da indemnização.
Segundo o documento, as comunidades partilharam experiências negativas de gasto do valor das indemnizações na aquisição de bens supérfluos e de difícil sustentabilidade, como motorizadas ou mesmo veículos, pelos homens. Afirmaram ainda que os bens adquiridos a partir do dinheiro das indemnizações respondem a desejos de prestígio social dos homens, em detrimento das necessidades reais, geralmente melhor identificadas pelas mulheres.
A título de exemplo, o Relatório cita os casos da província de Tete e do distrito de Palma, na província de Cabo Delgado, onde ao receberem as indemnizações, os homens ficaram tentados a casar mais mulheres, em nome do valor que será recebido, esquecendo-se da primeira mulher e dos filhos.
Foi mencionado ainda que a primeira exigência das famílias deslocadas das zonas de origem é que recebessem, antes da remuneração, machambas para a prática da agricultura. As referidas machambas devem apresentar condições para a prática desta actividade, como boa localização, terra fértil e dimensões suficientes para tornar a mesma sustentável, mas as comunidades relatam que quase em nenhum caso de reassentamento foram observados estes detalhes.
Aliás, os reassentamentos verificados na província de Tete ainda são considerados os piores exemplos, no país, no que tange à garantia de meios de vida sustentáveis às comunidades reassentadas, uma vez que os terrenos, para além de serem pequenos, são impróprios para a agricultura, o que causa bolsas de fome nos distritos carboníferos de Moatize e Marara.
Por isso, o Presidente do SEKELEKANI, Jamisse Taimo, defende que, na ausência de um instrumento oficial que regule uma justa indemnização, as comunidades continuarão vulneráveis, pois, ainda faltam referências para se determinar a justeza dos valores decididos pelo Estado em negociação com o investidor. (Marta Afonso)
Dias quentes e noites frias, passados em minúsculas tendas e lonas num campo de abrigo, guardam luto e miséria que teimam em cobrir milhares de deslocados do ciclone Idai, que continuam a lutar para se “reencontrar” com a vida.
Passaram seis meses desde a tragédia que atravessou as províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia, no centro de Moçambique.
João Brás, 53 anos, sobreviveu à inundação, que se seguiu ao ciclone, e a um acidente vascular cerebral (AVC), depois de perder todos os bens, incluindo a casa dos seus sonhos: uma construção de alvenaria de três quartos, acabada de construir.
Mas José só viveu na casa dos seus sonhos durante nove meses, até ser arrastada pelas correntes.
“Ainda hoje, se pensar naquela casa, morro de desgosto (...) essa casa custou 319 mil meticais [4.700 euros]”, um grande esforço financeiro, disse à Lusa o camponês e hoje líder do bairro de reassentamento em Ndeja, Sofala.
Segundo contou, escapou à morte porque um amigo lhe segurou pelo braço, quando também ia ser arrastado pela corrente das cheias.
A água invadiu a sua aldeia em Lamego, em 16 de Março, dois dias depois de o ciclone Idai entrar no continente e cortar a estrada nacional 6 (EN6), principal corredor rodoviário do centro do país, que liga a cidade da Beira, no oceano Índico ao Zimbábuwe.
As chuvas pareciam não ter fim, os rios criaram lagos e muitas pessoas só tiveram tempo de subir às árvores e à cobertura de casas.
José Brás sobreviveu, primeiro, com outras 50 pessoas em cima de uma casa, até esta desabar devido ao peso suportava.
Dali passou para uma mangueira que tinha resistido aos ventos e assim permaneceu, dois dias, pendurado num ramo juntamente com o filho de cinco anos, enquanto passavam “corpos, galinhas e porcos” arrastados pelas águas.
Meio ano depois do ciclone ainda chegam notícias da descoberta de mais mortos à aldeia de Ndeja, um novo bairro de reassentamento que surgiu numa antiga quinta agrícola colonial, no interior nordeste do distrito de Nhamatanda, 80 quilómetros a oeste da cidade da Beira.
“Os corpos continuam a ser avistados”, contou outro sobrevivente, Dique João.
Mais um cadáver foi encontrado esta semana, por pescadores, que fazem novas descobertas à medida que numerosos charcos que se formaram com a água das cheias começam agora a secar.
Dique João, camponês, de 22 anos, que não tinha nenhuma informação sobre a aproximação do ciclone, sobreviveu uma semana em cima de uma árvore, com a mulher, pais e irmãos.
Recordou que, por duas vezes, perdeu resgates de um helicóptero que também fazia distribuição de alimentos, até que foi encontrado em 22 de Março por uma equipe de buscas, em canoa.
Agora luta para reestruturar a família enquanto constrói uma cabana de tijolos para separar os 12 membros de família, com quem partilha uma única tenda com 20 metros quadrados de área.
Outro sobrevivente, João Madeuda, 24 anos, contou que foi “surpreendido” em 16 de Março com a água que inundou o bairro Jonh Segredo, nas imediações de Lamego, quando se preparava para ver aumentar a própria família - a mulher estava grávida de oito meses.
Hoje, pai de uma menina que nasceu já no bairro de reassentamento, João tornou-se alfaiate, profissão que aprendeu de um amigo.
Usa uma máquina de costura comprada com as suas poupanças e que usa diariamente para sustentar a família.
“Ainda estou em desgraça”, disse à Lusa, apontando o desconforto do novo lar.
Mas lembrou, como muitos, que depois da invasão da água, o objectivo de todos passou a ser o de “refazer a vida” porque os “bens perderam-se”.
Várias agências humanitárias, coordenadas pela Organização Internacional das Migrações (OIM), desenvolvem esforços para devolver dignidade a 2.010 habitantes do novo bairro de reassentamento.
Há quem já dê a vida por normalizada ao ter acesso a roupa, pratos e panelas. Mas a fome e a falta de habitação respeitável é um denominador comum entre os deslocados do ciclone Idai no campo de Ndeja, notou João Brás.
O ciclone Idai, que atingiu o centro de Moçambique em Março, provocou 604 mortos e afectou cerca de 1,5 milhão de pessoas.
A destruição atingiu ainda os países vizinhos do Zimbábue e Maláui. O ciclone Kenneth, que se abateu sobre o norte do país em Abril, matou 45 pessoas e afectou 250.000.
Mais de meio milhão de pessoas ainda vivem em locais destruídos ou danificados, enquanto outros 70.000 permanecem em centros de acomodação de emergência, segundo o mais recente relatório da OIM, de Julho, que alerta para a falta de condições para enfrentar a nova época chuvosa, que começa em Novembro. (Lusa)
A Direcção Executiva do Grupo Banco Mundial aprovou, sexta-feira (17) finda, em Washington (Estados Unidos da América), um total de 57 milhões de USD para o financiamento do Projecto de Interligação Moçambique-Malawi, que consiste na construção de uma linha de transporte de energia de 218 km entre Matambo (província de Tete) e Phombeya (Malawi), ligando as redes eléctricas do Malawi e de Moçambique.
Em comunicado de imprensa, o Banco Mundial explica que, dos 57 milhões de USD, Moçambique receberá 42 milhões de USD equivalentes, como uma doação da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA).
“O Malawi receberá um crédito equivalente a 15 milhões de USD da IDA. Além disso, Moçambique deverá receber uma doação de 24 milhões de USD de um fundo fiduciário do Governo da Noruega administrado pelo Banco Mundial, juntamente com uma doação de 20 milhões de euros do governo da Alemanha”, lê-se na nota.
A ser financiado não só pelo Banco Mundial, o comunicado salienta que, no âmbito do projecto, Malawi receberá ainda 20 milhões de euros adicionais através de uma subvenção da União Europeia (UE). As subvenções da UE e do Governo da Alemanha são administradas pela Kreditanstalt fur Wiederaufbau (KfW).
A nova linha de transporte de energia, cujas obras começam no início do próximo ano e terminam em 2022, ligará Malawi pela primeira vez ao Grupo de Empresas de Electricidade da África Austral (SAPP), o que permitirá a Moçambique exportar energia para o Malawi.
Testemunhada pelo Governo, através do Ministro dos Recursos Minerais e Energia e pelo Embaixador da Alemanha, a assinatura dos acordos de financiamento do projecto ocorreu a 16 de Agosto passado em Maputo pelos referidos credores, com as empresas responsáveis pelo empreendimento, nomeadamente, Electricidade de Moçambique (EDM) e a concessionária de energia eléctrica do Malawi, ESCOM. (Evaristo Chilingue)
É uma situação que, sempre que é abordada, leva as comunidades de Mecubúri e Murrupula a lágrimas e raiva, criando “má disposição” nas instituições governamentais a nível distrital, provincial e central. É que as promessas de uma multinacional de origem norueguesa, denominada Green Resources Moçambique que, em 2011, começou um projecto de plantio de eucaliptos nos distritos de Ribáuè, Mecubúri, Murrupula, Eráti e o recém-criado distrito de Nampula-Rapale, de mudar a vida daquelas comunidades nunca mais passaram do discurso para a realidade.
São 126 mil hectares que as populações daqueles distritos cederam ao projecto de plantio de mais de sete milhões de mudas das variedades “eurograndis e europhila”, importadas do Brasil e Zimbabwe, num investimento estimado em 1.8 bilião de USD e uma produção anual de 52 mil/m³ de madeira e outros derivados florestais.
No entanto, para a materialização do empreendimento, a Green Resources Moçambique negociava a cedência de espaço com as comunidades, em troca de indemnizações que variam entre 300 mil a 600 mil Mts, dependendo das dimensões do espaço. Também prometeu pagar 1 Metical por cada estaca de eucalipto plantada aos que aderissem ao projecto.
Entretanto, segundo contaram-nos as comunidades residentes nos cinco distritos que também integram o Corredor de Nacala, as promessas daquela multinacional nunca passaram do discurso, acusando-a de “burla”. De acordo com as comunidades, a empresa norueguesa não pagou nem a indemnização e, muito menos, o valor referente ao plantio das mudas.
Duas fontes do Governo a nível dos distritos que falaram à nossa reportagem, na condição de anonimato, disseram-nos que a situação já levou a várias reuniões entre as partes, mas nunca houve avanço e sempre que o Governador de Nampula, Victor Borges, o Director Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento de Nampula, Francisco Sambo, e o colectivo dos Serviços Florestais e Agricultura se reúnem com as comunidades visadas e a Direcção da Green Resource Moçambique, nunca chegam a consenso, ficando tudo em promessas.
Em Mecubúri, por exemplo, as comunidades visitadas pela “Carta” dizem não querer saber mais da empresa, porque esta destruiu os seus campos de produção e espaços que tinham projectos de habitação.
Segundo apurámos, várias organizações da sociedade civil, como a Justiça Ambiental, Livaningo, União Nacional dos Camponeses vêm lutando para reverter a situação, desde 2016, mas sem sucesso porque, de acordo com as fontes, Green Resource Moçambique encontra-se a enfrentar uma crise financeira.
A Green Resource Moçambique faz parte do Grupo Green Resource, SA, um grupo criado em 1995, e que é considerada a maior empresa de desenvolvimento florestal em África, possuindo 38 mil hectares de floresta em pé, em Moçambique, Tanzânia e Uganda. No entanto, segundo o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM), em todos os países onde actua, a Green Resource é conhecida como “rainha em falsas promessas”, pelo que as comunidades da província de Nampula não são as únicas a viver a situação.
Face às reclamações das comunidades, “Carta” procurou ouvir a versão dos representantes da empresa, em Moçambique, mas sem sucesso. Vasco Martinho, técnico dos Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE) de Mecubúri, o projecto foi a maior decepção dos governantes locais, tendo “azedado” as relações entre as organizações da sociedade civil, Governo e as comunidades locais. (Omardine Omar)
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (UE) às eleições gerais moçambicanas considerou, sexta-feira última, que a violência armada nalgumas zonas do Centro e Norte do país coloca uma "incógnita" sobre a liberdade do escrutínio nessas regiões.
"Há aqui uma incógnita sobre como vão ser realizadas as eleições nestes distritos e nestas zonas, onde tem havido ataques", disse a chefe-adjunta da missão, Tânia Marques, em declarações à Lusa em Maputo.
Os ataques armados "causam um receio que restringe a liberdade de circulação dos cidadãos e dos eleitores", acrescentou.
Por isso, Tânia Marques explicou que a missão da UE vai esperar para ver qual será a resposta das autoridades e dos órgãos eleitorais no sentido de garantir que o eleitorado das zonas afectadas exerça o direito de voto nas eleições gerais de 15 de Outubro.
Alguns distritos da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, são alvo de ataques de grupos armados desde há dois anos, havendo relatos de violência quase todas as semanas, apesar do silêncio das autoridades.
De acordo com números recolhidos pela Lusa, a onda de violência já terá provocado a morte de, pelo menos, cerca de 200 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das Forças de Defesa e Segurança.
Os ataques ocorrem na região onde se situam as obras para exploração de gás natural nos próximos anos.
O grupo ‘jihadista' Estado Islâmico tem anunciado desde Junho estar associado a alguns destes ataques, mas autoridades e analistas ouvidos pela Lusa têm considerado pouco credível que haja um envolvimento genuíno do grupo terrorista nos ataques, que vá além de algum contacto com movimentos no terreno.
No centro do país, transportes de passageiros e mercadorias têm sido atacados, desde Julho, por homens armados.
Um grupo de guerrilheiros dissidentes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) daquela zona tem ameaçado usar as armas, desde Junho, por discordar do processo de desarmamento, mas não clarificaram se estão por detrás dos ataques.
A 15 de Outubro, 12,9 milhões de eleitores moçambicanos vão escolher o Presidente da República, dez assembleias provinciais e respectivos governadores, bem como 250 deputados da Assembleia da República. (Lusa)
A agência de notação financeira Moody's melhorou hoje o 'rating' de Moçambique em um nível, assumindo que a reestruturação da dívida soberana prossegue, mas alerta que o perfil de crédito mantém-se "muito fraco".
"A Moody's melhorou a opinião de crédito sobre as emissões de dívida em moeda local e em moeda estrangeira, de Caa3 para Caa2 e manteve a Perspectiva de Evolução Estável", lê-se numa nota divulgada hoje, na qual se explica que esta alteração "reflecte a melhoria incremental no perfil de crédito de Moçambique, que é ainda muito fraco, no seguimento da reestruturação da dívida".
A Moody's é assim a primeira agência de 'rating' a mudar a opinião de crédito sobre Moçambique desde que o Governo anunciou, este mês, um acordo com os credores para a reestruturação dos títulos de dívida emitidos em 2016 no valor de 726,5 milhões de dólares, sobre os quais está em incumprimento financeiro ['default'] desde esse ano.
A melhoria no 'rating', que continua numa das piores posições em termos de análise de crédito (com recomendação de não investimento), "avalia o ligeiro alívio financeiro que a reestruturação dos títulos de dívida vai dar ao Governo", que beneficiará também de "menos riscos de litigação".
O acordo, acrescentam, oferece também "melhores perspectivas de Moçambique entrar num programa financeiro do Fundo Monetário Internacional, o que daria ao Governo mais liquidez e políticas favoráveis, do ponto de vista da análise do crédito, e mais eficazes".
O rating Caa2 "ainda indica um alto risco de incumprimento financeiro para os credores privados, dado que a dívida pública vai continuar muito alta, e o acesso a financiamento vai continuar limitado", alertam ainda os analistas da Moody's.
A Perspectiva de Evolução Estável, por seu lado, "reflecte a expectativa da Moody's de que o Governo vai trabalhar para garantir um programa do FMI", que apesar de dever ser um processo moroso, "vai dar mais incentivos ao Governo para pagar os cupões [prestações da dívida] e assume que o acesso do Governo a financiamento, apesar de continuar difícil, não se vai deteriorar ainda mais". (Lusa)
Entre 5 a 10 pessoas morreram e 50 ficaram feridas quando um camião aberto, com 57 apoiantes da Frelimo, despistou-se numa colina perto de Songo, Tete, na tarde de domingo, 22 de setembro. As pessoas estavam amontoadas na traseira do pequeno camião, regressando a casa após um comício com o presidente e o candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi, em Songo. As pessoas estavam a fazer 150 km de regress para Daque, no distrito de Mágoe, Tete.
Songo fica numa zona alta, perto da barragem de Cahora Bassa. A viagem de volta envolve uma colina íngreme com sete curvas, conhecida localmente como Mbonga. Na primeira das sete curvas, o camião saiu da estrada, atirando os passageiros colina abaixo.
As vítimas foram resgatadas pelos bombeiros da Hidroelétrica Cahora Bassa (HCB) e levadas ao Hospital Rural de Songo. Nenhum comentário foi feito até agora por entidades do hospital ou da polícia. Portanto o número de mortos é apenas uma estimativa de sobreviventes e socorristas.(Carta)