Já não bastasse a crise sem precedentes, na sequência do endividamento oculto e da guerra “ilegal” de Filipe Nyusi em Cabo Delgado, engendrada para permitir a acumulação ilícita de capital de uma pequena elite adstrita à área castrense do Estado, aumentando exponencialmente as despesas com a Defesa e equipando o aparato repressivo da Polícia (com hospitais sem compressas e escolas sem carteiras, foram comprar helicópteros para a PRM e a base militar está cheia de novos aviões e hélices militares);
Já não bastasse o procurement opaco dessas aquisições, que deviam ser pelo menos auditadas, mas isso não é feito;
Já não bastasse a pobreza vigente, urbana e rural, as empresas definhando, a moratória no pagamento das dívidas das empresas - uma batata quente para o novo Governo;
Já não bastasse a taxa de câmbio restritiva e uma política monetária que encarece a moeda;
Já não bastasse tudo isso e muito mais que não me vem à memória imediata…
E para tentar comprar simpatias e protecção dentro da Frelimo e no próximo consulado, este regime insistiu num martelanço eleitoral que extravasou os limites do verosímil;
E já não bastasse isso tudo e outros episódios inerentes do afã repressivo e autocrata do nyussismo, é libertado seu instinto sanguinário, para atrasar ainda mais o país e o processo da sucessão - coarctando a já reduzida legitimidade do vencedor provisoriamente proclamado.
E depois vem a Standard & Poors baixando nosso rating de endividamento.
Pedi a uma fonte de opinião, economista isento, um alinhavar dos efeitos desta medida. Em súmula, vêm aí dias mais difíceis para os moçambicanos.
Eis o que ele me escreveu:
Quando a S&P (ou qualquer outra agência de rating como a Moody’s ou a Fitch) baixa o rating de crédito de um país, isso geralmente reflecte uma maior percepção de risco associado à capacidade do país de pagar suas dívidas.
As consequências para a economia podem ser significativas e incluem:
- Aumento dos custos de financiamento: o país provavelmente enfrentará custos mais altos para tomar empréstimos, tanto no mercado interno quanto no internacional. Isso ocorre porque os investidores exigem taxas de juros mais altas para compensar o risco adicional.
- Diminuição de investimento estrangeiro: a confiança dos investidores pode diminuir, levando a uma redução no fluxo de capital estrangeiro, essencial para o crescimento económico e financiamento de projectos.
- Impacto na moeda local: a desvalorização do rating pode gerar uma queda na confiança na moeda do país, resultando em desvalorização cambial, o que encarece as importações e pode agravar a inflação.
- Aumento da dívida pública: como o governo terá de pagar juros mais altos sobre a dívida, isso pode levar ao aumento da dívida pública ao longo do tempo, tornando a sua gestão ainda mais difícil.
- Repercussão nos mercados financeiros: as empresas privadas que se financiam no estrangeiro, também podem ser afectadas, pois a diminuição do rating soberano muitas vezes influencia o rating das empresas nacionais, aumentando os seus custos de financiamento.
- Políticas de austeridade: o governo pode ser forçado a adoptar políticas de maior austeridade para controlar o deficit e a dívida, o que pode desacelerar o crescimento económico e aumentar o desemprego.
Esses efeitos podem agravar-se dependendo da gravidade das condições macroeconómicas do país, mas também da estabilidade política e social.
Dez anos depois, este Presidente vai deixar o país em piores condições, mais graves que quando ele tomou as rédeas. E seu papel nas “dívidas ocultas” deve ser bem reavaliado, sobretudo as razões por que o FMI suspendeu o país logo que descobriu o calote. A história que se escreve precisa de ser revisitada. Um dia, farei esse exercício de clarificação. (MM)