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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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O auditor das contas públicas, o Tribunal Administrativo (TA), divulgou, recentemente, o seu Parecer sobre a Conta Geral do Estado (CGE) de 2018. Na sua análise sobre o sector da Indústria Extractiva, pontifica o facto de continuar a existir contratos mineiros celebrados entre o Governo e as concessionárias das áreas de exploração de minerais sólidos sem o visto do Tribunal Administrativo (TA).

 

Ao todo, tal como refere o parecer do TA sobre a CGE 2018, dois contratos foram, pelo menos até ao fecho do exercício económico de 2018, celebrados sem terem sido submetidos à fiscalização prévia do Tribunal Administrativo. Concretamente, trata-se dos celebrados com Highland African Mining Company, Lda. (Concessão Mineira n.º 724C) e a JSPL Mozambique Minerais, Lda., (Concessão Mineira n.º 3605C).

 

A não submissão à fiscalização prévia configura uma infracção financeira nos termos da “alínea b) do n.º 1 do artigo 98 da Lei n.º 14/2014, de 14 de Agosto, alterada e republicada pela Lei n.º 8/2015, de 6 de Outubro, atinente à organização, funcionamento e processo da Secção de Contas Públicas do Tribunal Administrativo”, refere o documento.

 

Sobre os dois contratos, o Governo, de acordo com o parecer do TA, assegurou, à data da auditoria, que havia dado início a uma série de diligências, tendo em vista a obtenção da documentação necessária, de modo a submeter para o visto do TA, estabelecendo, na ocasião, 31 de Dezembro do exercício económico findo, no caso o de 2019.

 

Tal como preceitua a lei 14/2014, de 14 de Agosto, alterada e republicada pela Lei n.º 8/2015, de 6 de Outubro, precisamente no n.º 1 do artigo 78, “a falta do visto torna os contratos inexequíveis e insusceptíveis de quaisquer efeitos financeiros”.

 

O contrato com a JSPL Mozambique Minerais e Lda. foi celebrado a 07 de Fevereiro de 2011 e tem a duração de 25 anos. Já o da Highland African Mining Company, Lda., cuja operação mineira é a tantalite, o parecer do TA sobre a CGE 2018 não faz referência à data da assinatura e muito menos a duração do referido. Apenas se debruça sobre falta do visto do Tribunal Administrativo.

 

Até 31 de Dezembro de 2018, o parecer do auditor das contas públicas faz menção à existência de um total de 16 contratos mineiros celebrados entre o Governo e as Concessionárias. São eles, com a Vale Moçambique – Concessão Mineira n.º 867C; Kenmane Moma Mining, Lda. – Concessão Mineira 735C; Riversdale Moçambique, Lda. – Concessão Mineira n.º 3365C; Rio Tinto Zambeze, Lda. – Concessão Mineira nº 4695C; Minas de Moatize, Lda. – Concessão Mineira n.º 4695C; ETA Star Moçambique, Lda. – Concessão Mineira n.º 5814C; Minas de Rovúbuè, Lda. – Concessão Mineira n.º 4064C; ENRC, Lda. – Concessão Mineira n.º 6127C; Kingho (Moçambique) Investment – Concessão Mineira n.º 6998C (Revogado em 2019); Consórcio Anhui Foreign Economic (Grupo) CO. Lda. e Yunnan Xinli Nonferrous Metals; Sol Mineração Lda. – Concessão Mineira n.º 7054C; Midwest Africa, Lda. – Concessão Mineira n.º 5086C; Twigg Exploration e Mining, Lda.; e Capitol Resours, Lda. – Concessão Mineira n.º 7055C. (I.B.)

quarta-feira, 19 fevereiro 2020 09:52

Teatro Infantil / Karinganas

Peca de circo-teatro da companhia de artes Makwerhu. Interpretação: Jeff Maria, Danito Mbaze, Cris Langas, Jhon Thomas e Orlas Intimane.

 

(22 de Fevereiro, às 10:30 Min na Fundação Fernando Leite Couto)

Se dúvidas houve de que a participação do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) em algumas sociedades teima em não produzir resultados palpáveis, o Parecer do Tribunal Administrativo sobre a Conta Geral do Estado de 2018 dissipa eventuais equívocos.

 

Até ao fecho do exercício económico de 2018, o IGEPE, que detinha participação parcial em oito Sociedades Anónimas (SA), recebeu dividendos de apenas uma, no caso a Cervejas de Moçambique (CDM), no valor de 27.768.000,00 Mts.

 

Segundo o auditor das contas públicas, o valor encaixado pelo IGEPE, no penúltimo exercício económico do primeiro mandato de Filipe Nyusi, é correspondente a sua participação de 1,8 por cento no capital social desta sociedade, que, até ao ano em referência, era de 224.178.000,00 mts.

 

No ano em alusão, o IGEPE, nas oito SA's, detinha participações de 168.046.000,00 Mts, o correspondente a 8,4% do capital social avaliado em 1.989.258.000,00 Mts.

 

“Das oito Sociedades Anónimas participadas parcialmente pelo IGEPE, de apenas uma, a Cervejas de Moçambique (CDM), o IGEPE recebeu dividendos, no valor de 27.768 mil Meticais, correspondentes à sua participação de 1,8%, no capital social desta sociedade”, refere o parecer do Tribunal Administrativo (TA), referente ao exercício económico de 2018.

 

A Auto-Gás, SA (22,0%); Carteira Móvel, SA (30,0%); Coca-Cola Sabco (Moçambique) (5,0%), SA; GAPI - Sociedade para Apoio a Pequenos Projectos de Investimentos, SA (10,3%); Mozaico do Índico, SA (49,0%); Emeritus Resseguros, SA (Ex-MOZRE, SA) (20,0%); e Teledata de Moçambique, Lda (5,0%) são as restantes empresas participadas pelo IGEPE e que não produziram nenhum centavo, de acordo com o documento.

 

A alínea a) do n.º 2 do artigo 229, da Constituição da República estabelece: “compete ao Tribunal Administrativo emitir o Relatório e o Parecer sobre a Conta Geral do Estado, a qual deve ser apresentada, pelo Governo, à Assembleia da República e ao Tribunal Administrativo, até 31 de Maio do ano seguinte àquele a que a mesma respeite, conforme dispõe o n.º 1 do artigo 50 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE)”. (I.B.)

As autoridades moçambicanas alertaram hoje para a propagação de notícias falsas sobre o novo coronavírus no país, reiterando que o país continua livre sa doença e que os serviços de saúde estão a divulgar a situação diariamente. “Qualquer informação sobre a evolução do coronavírus no país será reportada pontualmente através dos habituais canais de comunicação”, lê-se hoje num comunicado do Hospital Central de Maputo (HCM).  Aquela unidade veio a público desmentir um documento falsificado com o timbre de uma direção provincial e propagado nas redes sociais sendo o qual haveria um caso de contágio no HCM. “O HCM não confirma este facto e desmente a ocorrência de casos da doença na unidade hospitalar, informando ainda que até à data não foi diagnosticado nenhum caso em Moçambique”, detalha.

 

 O esclarecimento surge depois de há dez dias as autoridades de saúde terem lançado um esclarecimento sobre o confinamento voluntário de quatro cidadãos chineses num hotel de Maputo, explicando que nenhum estava infetado, nem estavam sob quarentena obrigatória. Em Moçambique, a triagem de passageiros provenientes da China, independentemente da sua nacionalidade, começou no dia 22 de janeiro. De acordo com dados do Ministério da Saúde, até domingo já tinham sido rastreados 468 passageiros que foram aconselhados a permanecer em casa, de forma voluntária, para seguimento diário, por profissionais de saúde. Dos 468, um total de 310 já completaram os 14 dias de seguimento, sem o registo de sintomas. O número de mortos devido ao novo coronavírus (Covid-19) na China continental subiu hoje para 1.868, ao mesmo tempo que foram registados 1.886 novos casos de infeção, num total de 72.436 infetados. Além de 1.868 mortos na China continental, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.

 

Embora cerca de 30 países tenham casos diagnosticados com Covid-19, a China regista perto de 99% do total global de infetados. (Lusa)

As restrições no fornecimento de água, na Região do Grande Maputo, poderão ter seu fim hoje, quarta-feira, de acordo com a vice-ministra das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Cecília Chamutota, quando falava à imprensa, depois da visita às obras de reposição da conduta, em curso em Campoane.

 

Lembre-se que vários bairros da cidade de Maputo, Matola e vila de Boane encontram-se sem água, há mais de uma semana, por conta da queda da conduta que transporta o líquido precioso para estes pontos do país.

 

A colocação da estrutura metálica, que suporta a tubagem, foi concluída na passada segunda-feira e o ensaio foi realizado esta terça-feira. Enquanto isso, a comissão de inquérito, criada para apurar as razões da queda da ponte, ainda continua no terreno à busca da verdade sobre o “incidente” que deixou milhares de famílias sem o líquido precioso. (Carta)

Os investidores vêm com o Presidente da Cuba Miguel Díaz-Canel

Acompanhada pelo Presidente do Cuba, Miguel Díaz-Canel, uma delegação de empresários daquele país do Caribe vem ao país, em Março próximo, para um fórum de negócio, anunciou ontem, em Maputo, o Embaixador da Cuba em Moçambique, Pavel Hernández, durante um encontro que manteve com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

 

Numa altura em que as relações económicas entre Cuba e Moçambique são menores, avaliadas em cerca de um milhão de USD, Hernández realçou que o objectivo do fórum visa aprimorar a cooperação nesse sector.

 

“As relações político-diplomáticas com Moçambique avançaram muito, desde o início da cooperação, há 45 anos, mas na área comercial ou relações entre empresas, atingimos muito pouco até hoje e pensamos que é um momento para elevar”, afirmou o Embaixador.

 

Segundo Hernández, o foco da delegação empresarial cubana irá estender-se ao sector farmacêutico, turismo, mas principalmente a venda de um dos produtos bastante renomados daquele país, o charuto cubano.

 

Do nosso país, o representante de Cuba, em Moçambique, destacou a importação de madeira e produtos alimentares, com maior referência para a batata.

 

Hernández não precisou a data da vinda do Presidente Miguel Díaz-Canel, alegadamente por estar ainda a definir-se. Embora em 1977, o falecido Comandante Fidel Castro tenha visitado a cidade da Beira, o Embaixador cubano realçou que a visita de Díaz-Canel será a primeira com carácter de Estado.

 

“Para nós é um momento histórico e importante. Seria a primeira de um presidente de Cuba a Moçambique e a Maputo, em particular, com carácter de visita de Estado. Mas queremos introduzir com muita força o tema das relações económico-comerciais”, concluiu Hernández. (Evaristo Chilingue)

Ana Coanae, PCA do IGEPE

Numa altura em que grande parte das empresas estatais “não esperam continuar no futuro”, por apresentar contas no vermelho, outras em processo de reestruturação, o Governo moçambicano, através do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), anunciou ontem estar à busca de uma entidade especializada, para a prestação de serviços de contabilidade para a consolidação de contas do Sector Empresarial do Estado (SEE).

 

Manuais consultados por “Carta” explicam que a consolidação de contas é um processo que consiste em agregar as contas de uma empresa-mãe com as suas subsidiárias, de modo que as contas representem a situação financeira e os resultados das operações do grupo como se de uma única entidade se tratasse, pretendendo apresentar apenas os resultados das operações que as empresas do grupo tiverem com terceiros.

 

Em anúncio de pedido de manifestação de interesse, a que o jornal teve acesso, consta que o trabalho da consultora a ser contratada deverá assentar em cinco fases: definição do período de consolidação do IGEPE; revisão de sub-consolidação de todas as empresas que estão dentro do perímetro de assistência no processo de consolidação; elaboração do modelo de consolidação ao nível do IGEPE, tratamento contabilístico dos diferentes tipos de participações financeiras; desenho e concepção de software para efeitos de consolidação de contas; e elaboração de manual para a consolidação de contas a ser usado por todas as empresas do SEE e pelo IGEPE e consolidar as contas do SEE.

 

“Neste sentido, o IGEPE convida pessoas colectivas elegíveis nacionais a manifestar o seu interesse na provisão deste serviço. Os concorrentes interessados deverão apresentar propostas indicando que estão habilitados a executar estes serviços, mostrando com evidências claras e objectivas que já efectuaram trabalhos similares”, lê-se no anúncio.

 

Da fonte que temos vindo a citar, consta ainda que a manifestação de interesse deve ser escrita em português, detalhando de forma clara e sucinta, a experiência, competência, metodologia e qualificações do concorrente para executar a consultoria. O concurso está aberto até ao próximo dia 06 de Março de 2020. (Evaristo Chilingue)

Os ataques militares que se verificam em nove distritos da província de Cabo Delgado, norte do país, continuam a merecer maior preocupação e indignação, de quase todas as partes do mundo. Depois de a União Africana ter tomado, oficialmente, o conhecimento das atrocidades que se verificam naquele ponto do país – tendo prometido ajuda com equipamento e formação para resolver o problema de forma holística – agora é a vez dos Estados Unidos da América (EUA), da Federação Russa e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) manifestarem a sua disponibilidade em apoiar o nosso país no combate àquele fenómeno.

 

Falando a jornalistas, há dias, após reunir-se com a Presidente da Assembleia da República, o Embaixador Russo, em Moçambique, Alexander Surikov, afirmou que o seu país sempre esteve ao lado de Moçambique e que “mesmo agora, oferecemos ajuda humanitária por causa dos ciclones que ocorreram, em 2019, nas regiões centro e norte”.

 

Porém, apesar de Moscovo e Maputo nunca terem assumido a “parceria”, o facto é que o país tem recebido o apoio russo, desde Agosto do ano passado, quando o Grupo Wagner (uma organização paramilitar de origem russa) começou a operar nas “matas” de Cabo Delgado, em apoio ao Exército moçambicano, que se tem mostrado incapaz de travar a situação. O país recebeu também, em Setembro de 2019, material bélico russo.

 

À sua saída do parlamento moçambicano, Surikov voltou a “fintar” os jornalistas, em relação a estas questões, tendo sublinhado apenas ser de “vital importância” que se evite a perda de mais vidas humanas. Disse ainda que o combate aos insurgentes requer uma acção conjunta e flexível e que o governo de Vladimir Putin está disponível para apoiar Moçambique em tudo que for necessário.

 

Por sua vez, o novo Adido Militar da Embaixada dos EUA, Fergal James O’Reilly, apresentado na última sexta-feira, 14 de Fevereiro, garantiu que Washington “está mais do que aberto” a cooperar com Moçambique, no combate aos ataques armados, em Cabo Delgado, uma vez o seu país ter experiência no combate ao terrorismo.

 

“Estamos mais do que abertos a ajudar, de qualquer forma que pudermos, a derrotar este problema que vocês têm. Cabe às autoridades moçambicanas decidirem se precisam de ajuda na luta contra a violência no norte e os EUA irão analisar sobre o tipo de assistência a prestar”, disse Fergal James O’Reilly, sublinhando que os EUA têm uma boa compreensão sobre este fenómeno.

 

Já Francisco Camelo, Capitão do Mar e Guerra e Director do Centro de Análise Estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CAE-CPLP), em entrevista à Deutsche Welle-África, na passada sexta-feira, disse que a CPLP não descarta o apoio militar ao nosso país para combater a insurgência.

 

Camelo explicou que os países do bloco lusófono têm um protocolo de cooperação com treinamentos de emprego da força, formação e intercâmbio militar, porém, sublinha que havendo um eventual emprego coordenado de contenção dos insurgentes, em Cabo Delgado, e outras zonas de conflito, ainda há etapas a serem cumpridas – como o adestramento das forças armadas dos Estados-membros – seguindo protocolos da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

“Se esse processo [de cumprimento de etapas] for célere, eu não descarto essa possibilidade [de apoio militar], mas nós iremos actuar dentro do protocolo de cooperação da CPLP e sob égide da ONU”, disse a fonte à DW-África.

 

Entretanto, para o sociólogo Elísio Macamo, também em entrevista à DW-África, o silêncio das autoridades é sepulcral e não diz bem do respeito que o Governo tem pela sociedade moçambicana e pelos próprios eleitores. Para Macamo, isto revela uma “irresponsabilidade e indiferença assustadoras”.

 

Conhecido pelas suas posições pró-Governo, o sociólogo defende: “o Governo não informa ninguém. Não parece ter a preocupação de informar a sociedade sobre o que está a acontecer, em Cabo Delgado, o que me parece irresponsável porque dá muito espaço para que se especule e a partir daí surjam várias notícias que, possivelmente, sejam falsas”.

 

Enquanto isso, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, pede aos parceiros de cooperação para que concretizem os apoios que têm prometido para pôr fim à violência armada, que se verifica no centro do país e na província de Cabo Delgado, pois, muitos países têm mostrado a disponibilidade para ajudar Moçambique, mas uma vontade que não tem sido materializada.

 

“Quando perguntamos sobre como querem apoiar, não dizem nada, não há coisas concretas. Entretanto, os ataques podem alastrar-se para outros países da África Austral porque os que ocorrem, em Cabo Delgado, contam com o envolvimento de estrangeiros”, afirmou Nyusi.

 

Refira-se que, nos últimos dias, os ataques que se assistem na província de Cabo Delgado têm-se intensificado, tendo já se atacado localidades que distam a cerca de 120 Km da cidade de Pemba, a sua capital provincial. Ainda na semana finda, houve relatos de uma acção similar no distrito de Mecula, na província do Niassa, mas sem óbitos civis e sem danos patrimoniais. (Omardine Omar)

Estava previsto que o Paços do Conselho Municipal da Cidade de Maputo fosse pequeno para receber cidadãos anónimos que iriam àquele local para prestar a sua última homenagem a Marcelino dos Santos, herói nacional, falecido no passado dia 11 de Fevereiro, em Maputo, vítima de doença. Mas, debalde.

 

O primeiro dia, dos dois reservados ao Funeral de Estado de Marcelino dos Santos, foi marcado pela “ausência massiva” do povo, aquele por quem lutou durante a sua juventude. Nem a mobilização de alunos das Escolas Secundárias da Cidade de Maputo, das crianças da Organização Continuadores de Moçambique, das “mamanas” da OMM (braço feminino do partido Frelimo) e dos antigos combatentes foi suficiente para preencher o local escolhido pela Comissão Interministerial para Grandes Eventos Nacionais e Internacionais para a realização do velório de um dos veteranos da luta de libertação nacional.

 

O relógio marcava 10 horas e 30 minutos, quando a viatura transportando o corpo de Kalungano, como era conhecido no mundo literário, chegou ao Paços do Conselho Municipal para o início do “adeus” ao membro-fundador da Frente de Libertação de Moçambique, movimento que, oficialmente, lutou pela independência do país.

 

Coube à família de Marcelino dos Santos liderar o grupo que se prontificou a render a sua homenagem a um dos “melhores” filhos da nação moçambicana. Seguiram-se algumas figuras políticas, como o ex-Edil da capital do país, David Simango; o Primeiro-Secretário da Frelimo da Cidade de Maputo, Razaque Manhique; o Administrador de Marracuene, Amade Shafee Sidat; e alunos das Escolas Secundárias da Cidade de Maputo e alguns membros da OMM e ACLLN (Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional).

 

O movimento “desusado” de pessoas durou cerca de duas horas e meia (entre as 10:30 horas e as 13:00 horas), sendo que no período da tarde o Paços do Conselho Municipal quase ficou “às moscas”. Até às 18:00 horas, altura em que “Carta” esteve no local, quase ninguém foi visto a entrar naquele local, onde o corpo esteve disponível ao público até às 20:00 horas.

 

Ângelo Muchanga, de 28 anos de idade, conversou com “Carta” e conta que se deslocou àquele local para, de perto, prestar a sua última homenagem a um senhor que sempre teve o desejo de conhecer.

 

“Só ouvia falar de Marcelino dos Santos, mas nunca o tinha visto pessoalmente. Infelizmente, a única oportunidade de conhecê-lo foi hoje, depois da sua morte”, disse Muchanga, visivelmente emocionado.

 

Já Alice Lidolodolo diz ter crescido muito próximo de “Kalungano”, no Bairro do Bagamoyo, arredores da cidade de Maputo, pelo que se sente agradecida por este ter sido proclamado herói nacional ainda em vida.

 

“Levarei sempre comigo os grandes ensinamentos deste que foi um grande homem. Quando os nossos pais estavam na guerra, Marcelino dos Santos foi a pessoa que mais nos transmitiu grandes ensinamentos, como por exemplo a valorização do nacionalismo”, disse a fonte.

 

Por seu turno, Jorge Augusto, um dos presentes na cerimónia, afirmou que Marcelino dos Santos era uma figura extremamente importante na nação moçambicana, razão pela qual “deve ser honrado e dignificado”.

 

Já para Casimiro Mavie, é “extremamente difícil” descrever a figura de Marcelino dos Santos, pelos seus feitos durante a luta de libertação de Moçambique, assim como na área desportiva, onde deu muito apoio à campeã olímpica dos 800 metros, em Sydney, na Austrália.

 

“Marcelino vai viver nos nossos corações para o resto da vida. Seu legado deve ser transmitido para as próximas gerações. Eu vim a este lugar para prestar o último adeus a este grande homem, para não ver apenas nas redes sociais”, sublinhou.

 

 

“Eu e muitos com quem convivo perguntamo-nos até hoje porque é que Marcelino dos Santos não se tornou Presidente da República, depois da morte do Samora Machel, se era considerado a segunda figura mais importante do país, depois do saudoso Presidente Samora Machel?”, questiona Ricardina Maússe, para quem Marcelino dos Santos foi um homem que “trabalhou muito para Moçambique”.

 

Por sua vez, o Administrador do distrito de Marracuene, Shafee Sidat, entende que a morte de Marcelino dos Santos é sinónimo da perda de páginas da história moçambicana, que se vão apagando.

 

“Se os moçambicanos não relerem a história deste grande homem e não aprenderem com seus ensinamentos, ficará um legado mau. A história deste grande homem deve ser transmitida a outras gerações. Não deve ficar apenas na memória de alguns, para que existam novos jovens e bem-educados. Na minha mente sempre terei o Marcelino dos Santos como um homem honesto, frontal, visto que ele nunca tolerou injustiças, seja na área do desporto, cultura, o que deixava as pessoas muito confortáveis”, defendeu Shafee Sidat.

 

Refira-se que as exéquias fúnebres de Marcelino dos Santos realizam-se hoje, na capital do país, sendo que o velório do Estado decorre, esta manhã, no Paços do Conselho Municipal de Maputo, sob direcção do Presidente da República, Filipe Nyusi. Já o período da tarde está reservado para a deposição do corpo na cripta reservada aos heróis moçambicanos. (Marta Afonso e Carta)

Há duas semanas foi dado como morto, uma vez que terá enviado uma mensagem à filha, no passado dia 08 de Fevereiro, afirmando: “estou a ser raptado e serei morto”. Mas, não aconteceu. Ribeiro Mouzinho, Administrador de Segurança no Hospital Central da Beira (HCB), por sinal, um dos implicados no caso do desaparecimento estranho de nove milhões de Meticais e que esteve detido, em Dezembro de 2019, com os outros cinco funcionários da instituição, foi dado como desaparecido, mas apareceu quatro dias depois.

 

Segundo os familiares, ouvidos pela “Carta”, Ribeiro Mouzinho terá aparecido no dia 12 de Fevereiro em circunstâncias estranhas com sinais de demência. Ribeiro Mouzinho, que está há um ano para passar à reforma, é responsável pelas chaves do HCB e de tudo que saia da instituição. Esteve detido e, segundo contam as fontes, o mesmo jurou de pés juntos que “era inocente e que não sabia o que aconteceu no aludido dia desaparecimento do fundo”.

 

As fontes revelaram que o mesmo demonstra sinais de demência, porque tudo que fala prova que sofreu alguma “lavagem cerebral agressiva”. As fontes adiantaram que Ribeiro Mouzinho é um homem íntegro e que pela situação de vida demonstra que não se terá beneficiado do valor, mas que conhecia os contornos do “furto”, uma vez que os outros cinco implicados vivem uma “vida faustosa” e “construindo mansões”, uma situação que não se verifica com Ribeiro Mouzinho.

 

De acordo com as fontes, Ribeiro Mouzinho apresentou sinais de ter sido drogado e maltratado e que já não consegue contar o que aconteceu no dia do seu rapto, uma situação vista pelas fontes como “queima de arquivo”, uma vez que é um dos indiciados que poderia explicar como o valor sumiu do HCB, tomando em conta que dinheiro não saiu em partes, mas sim de uma única vez.

 

Relativamente ao sumiço de Ribeiro Mouzinho, “Carta” ouviu o Porta-voz do HCB, Bonifácio Cebola, tendo confirmado que Mouzinho desapareceu, quando regressava de uma viagem na província de Tete, tendo, na ocasião, enviado uma mensagem para a filha dizendo que estava a ser seguido por algumas pessoas.

 

À nossa reportagem, Bonifácio Cebola disse que o caso encontra-se com as autoridades de justiça, neste o caso, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) de Sofala e que a instituição ainda não tinha nenhuma informação sobre os contornos do processo.

 

Cebola sublinhou que Mouzinho ainda não se havia apresentado à instituição. “Carta” procurou saber se a instituição terá feito alguma diligência ou se aproximado à família para saber do seu paradeiro, mas o porta-voz não deu nenhuma explicação.

 

Daniel Macuácua, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), na província de Sofala, em contacto com a nossa reportagem, disse que a instituição não tinha nenhum sinal ou registo da ocorrência do caso, mas que iriam procurar percebe-lo. (Omardine Omar)