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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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Corpos sem vida foram encontrados no último sábado, na Estrada Mocímboa da Praia-Mueda, nas proximidades da aldeia Awasse, distrito de Mocímboa da Praia. Os corpos, cujo número não foi especificado pelas fontes, foram encontrados por transportadores semi-colectivos, que transportam pessoas e bens naquele troço.

 

Segundo as fontes, os corpos provavelmente terão sido resultado da “chacina” levada a cabo pelos insurgentes no dia 11 de Maio. Segundo contam, os carros só começaram a circular naquela via no passado sábado.

 

Segundo contam, entre os corpos encontrados, havia alguns de pessoas trajadas com uniforme das Forças de Defesa e Segurança (FDS), o que significa que os insurgentes terão abatido alguns militares durante as suas incursões.

 

Já em Miangalewa, distrito de Muidumbe, há relatos de que os insurgentes ainda não se retiraram, desde que tomaram o controlo daquela aldeia, no passado sábado. À “Carta”, fontes garantiram que a situação piorou naquela aldeia, pois, as pessoas não conseguem sair dos seus esconderijos, pelo que as necessidades aumentaram. (Carta)

A Procuradora-Geral da República (PGR), Beatriz Buchili, apresenta, esta manhã, na Assembleia da República (AR), o seu informe sobre o estado geral da justiça e legalidade no país. A informação é referente ao período de Janeiro a Dezembro de 2019.

 

Em concreto, este é o primeiro informe de Beatriz Buchili, desde que foi reconduzida ao cargo pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no ano passado. A estada de Buchili, no mais alto e importante órgão legislativo do país, estender-se-á até amanhã (quinta-feira).

 

A informação anual do Procurador-Geral da República aborda matérias relacionadas com a organização interna; o controlo de legalidade e direitos humanos; os índices de criminalidade, medidas de prevenção e seu combate; os aspectos relevantes das funções do Ministério Público, no âmbito da administração da justiça, com salvaguarda do segredo de justiça e as reformas necessárias para uma maior eficácia da acção da justiça e as perspectivas para melhor desenvolvimento do Ministério Público.

 

Entretanto, a guardiã da legalidade vai à chamada “Casa do Povo” numa altura em que o país vive um momento atípico, derivado dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19. Pandemia à parte, a questão dos ataques armados, que têm estado a acorrer na nortenha província de Cabo Delgado, continuam a dominar a agenda nacional.

 

É, sem dúvidas, um tema do qual os moçambicanos aguardam explicações da PGR, visto que, desde Outubro de 2017, indivíduos, cujas reais motivações, até ao momento, são desconhecidas pelo grande público, com recurso a armas brancas e de fogo, têm estado a atacar alvos civis e militares naquela província da região norte. Durante as incursões, os terroristas, tal como passou a designar o Executivo, para além de pilhar e destruir infra-estruturas públicas e privadas, têm tirado a vida de civis e militares.

 

Esta terça-feira, os ataques em Cabo Delgado foram tema na Reunião da Troika de Política, Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que decorreu em Harare, Zimbabwe.

 

Cabo Delgado não é o único ponto do país que conhece, há algum tempo, insegurança quase que generalizada. A região centro vive, desde ano passado, com alguns focos de instabilidade. Homens armados, que a Polícia da República de Moçambique diz pertencerem ao braço armado da Renamo (auto-proclamada Junta Militar), têm protagonizado ataques a viaturas de transporte de passageiros e às unidades policiais.

 

A PGR desencadeou, lembre-se, um processo investigativo, no qual foram ouvidos proeminentes quadros do maior partido da oposição do xadrez político nacional, que, após as respectivas audições, juraram “de pés juntos”, perante os microfones dos jornalistas, não serem os logísticos daquela que é celebremente baptizada como a auto-proclamada Junta Militar da Renamo.

 

O caso do antigo Ministro das Finanças dos dois mandatos de Armando Guebuza, Manuel Chang, ora detido na África do Sul, a pedido da justiça americana, em conexão com o escândalo das chamadas “dívidas ocultas”, é outro tema sobre o qual os moçambicanos certamente quererão obter mais esclarecimentos.

 

A PGR luta, sabe-se, desesperadamente, desde 2018, para evitar a extradição de Manuel Chang para os Estados Unidos da América, onde arrisca ser condenado a uma pena pesada pelo seu envolvimento na mega fraude com dimensão intercontinental.

 

Este ano, o MP comunicou, em nota, a desistência dos recursos submetidos nos tribunais sul-africanos para permitir que o Ministro da Justiça (Ronald Lamola) daquele país possa tomar a competente decisão sobre assunto, determinando, por conseguinte, o destino que deverá seguir o antigo ministro das Finanças. Maputo ou Washington DC são os prováveis destinos de Manuel Chang.

 

Entretanto, inúmeras são as vozes que têm exigido que a PGR revele os números reais envolvidos na operação tendente ao resgate do antigo ministro das Finanças, figurando a interacção com os deputados uma oportunidade soberana para eliminação de quaisquer zonas de penumbra.

 

Sobre os sequestros e os assassinatos também se esperam esclarecimentos da Procuradora Geral da República. O sindicato do crime, tal como nos outros anos, voltou, em 2019, a desafiar as instituições legalmente instituídas. Os empresários de origem asiática continuam sendo os alvos preferenciais da gang criminosa, de quem se diz ter total controlo do Estado.

 

Nos primeiros cinco meses do corrente ano, por exemplo, foram registados um total de sete casos de sequestro. O mais recente é datado do passado dia 15 de Maio último, em que foi raptado o empresário Liacat Moreira (de 60 anos), na cidade de Beira, província de Sofala.

 

No passado dia 05 de Maio, foi raptado Yassin Anwar, empresário da área de hotelaria e comércio. Anwar foi raptado ao princípio da noite na cidade de Chimoio, província de Manica. Em finais do passado mês de Abril, na cidade da Matola, província de Maputo, foi raptado o filantropo Rizwan Adatia, mentor e dono da Rizwan Adatia Foundation.

 

No passado mês de Março, um menor de 12 anos, filho de um empresário da firma Armazéns África foi sequestrado por indivíduos, até aqui não identificados, arredores na baixa da cidade de Maputo. Em Fevereiro, indivíduos desconhecidos raptaram, na garagem da sua residência, o empresário Manish Cantilal, sócio de uma das mais badaladas casas de restauração da praça, o El Patron.

 

Ainda no mês em alusão, o empresário Ossufo Satar, de 44 anos, foi raptado por desconhecidos à saída do seu estabelecimento comercial na cidade de Chimoio. No passado mês de Janeiro, indivíduos não identificados raptaram o empresário Faizel Patel, na cidade da Beira. Até ao momento, não são conhecidos os desenvolvimentos sobre os casos retromencionados.

 

Os actos e práticas corruptas, e que na maioria dos casos envolvem servidores públicos, é outro ponto de que se espera uma abordagem realística de Beatriz Buchili. (Ilódio Bata)

Há fragilidades no sistema de rastreio e monitoria dos casos de suspeitos de Covid-19 no país. A constatação é do Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), em relatório tornado público, na manhã desta segunda-feira, em Maputo. O estudo compreende a segunda fase da implementação das medidas do Estado de Emergência no âmbito da prevenção e combate da Covid-19.

 

De acordo com o IMD, as autoridades sanitárias têm-se mostrado incapazes de fazer o rastreio e a monitoria dos casos suspeitos, precisamente porque mesmo depois de colhidas as amostras para os respectivos testes, estes continuam a circular com um total à-vontade.

 

Denis Matsolo, Colaborador do IMD e apresentador do relatório de monitoria, apontou, a título de exemplo, o caso de um jovem de 29 anos de idade, da província de Inhambane, que depois de colectada a amostra, continuou a manter contacto com outras pessoas (incluindo crianças) e frequentava locais públicos. No grupo dos que também escaparam ao controlo das autoridades sanitárias, isto depois de recolhidas as amostras, estão, anotou Matsolo, um cidadão português que não observou a quarentena obrigatória e uma criança de sete meses na cidade da Beira, província de Sofala.

 

De seguida, Matsolo avançou que as autoridades sanitárias relaxaram no que ao nível de fiscalização diz respeito, sendo, desde já, imperioso o aprimoramento do sistema de monitória e rastreio dos casos suspeitos e da imposição da quarentena obrigatória, o que reduziria a possibilidade de contágio.

 

O estudo revela ainda que, apesar de se estar a cumprir eficazmente a directiva da suspensão das aulas, a todos os níveis, sem prejuízo da oportunidade da decisão, não estão criadas as condições estruturais para que os alunos possam continuar a ter aulas a partir das suas respectivas residências. Refere o IMD que parte considerável dos alunos não tem acesso à televisão, rádio, plataformas online, bem como a 200 a 600 Mts para pagar as famosas “fichas” de aprendizagem.

 

A controversa questão das propinas nas instituições de ensino (públicas e privadas) não escapou à consideração. Entende o estudo que o Governo deve, com a urgência que o assunto exige, intervir de modo a não comprometer o processo de ensino e aprendizagem.

 

O outro sector crítico, de acordo com a retromencionada organização, é o dos transportes. Apesar do uso massificado das máscaras e respeito pelo distanciamento interpessoal nas filas, no interior e fora dos transportes, a deficiência e fraca capacidade de prestação do serviço (corrida para as carrinhas de caixa aberta – My Love) está a tornar ineficazes as medidas adoptadas.

 

Os aglomerados chegaram, refere o relatório, até aos cemitérios, pontificando o de Lhanguene, na cidade de Maputo, muito por força do fraco preparo dos funcionários para a implantação das medidas.

 

O estudo do IMD refere, igualmente, que medidas combinadas de sensibilização, a melhoria do mapeamento e monitoria de pessoas suspeitas, o respeito pela obrigatoriedade da quarentena e o reforço da capacidade das instituições para melhor fiscalização figuram como sendo as melhores alternativas ao nível 4, chamado confinamento total.

 

O relatório intermédio da segunda fase de monitoria do Estado de Emergência tomou como amostra 1.568 pessoas que responderam ao inquérito, sendo que 39% são mulheres e 61% são homens.

 

Entretanto, na tarde ontem, durante o habitual balanço relativo à evolução da pandemia no país, a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, foi questionada por jornalistas a respeito do rastreio e monitoria dos casos suspeitos de Covid-19. Sobre o assunto, Marlene disse, sem rodeios, que era um verdadeiro “desafio total”.

 

Rosa Marlene começou por assumir que as autoridades de saúde não têm capacidade para andar de casa em casa para controlar se os suspeitos estão de facto a cumprir escrupulosamente as instruções/recomendações dadas.

 

Tudo que têm feito, no âmbito da monitoria dos casos suspeitos, são chamadas telefónicas aos suspeitos para saber se estão ou não a cumprir com a quarentena obrigatória. Adiante, Marlene disse que a questão do cumprimento das recomendações emanadas pelas autoridades da saúde (sobretudo a quarentena obrigatória) é responsabilidade de cada cidadão.

 

“É um desafio total. Não temos capacidade de andar de casa em casa. Nós ligamos para cada um. É responsabilidade de cada um ficar em casa. É mesmo uma questão de responsabilidade individual. Nós ligamos para saber se está em casa e se ele diz que está em casa, nós assumimos que de facto está em casa. É responsabilidade individual, sobretudo para aquele que está em quarentena”, disse Rosa Marlene.

 

Durante a actualização da evolução da pandemia, Rosa Marlene disse que foram registados mais oito casos de Covid-19, tendo elevado de 137 para 145 o número total de casos positivos. (I.B.)

O número de infectados pelo novo coronavírus na República de Moçambique não pára de subir e, nos últimos dias, tem subido de forma geométrica. Esta segunda-feira, as autoridades da saúde informaram que o país já conta com 145 casos positivos de Covid-19, depois de no último domingo ter registado 137 casos. Até última sexta-feira, Moçambique contava com 119 casos positivos, o que significa que, de sexta para segunda-feira, houve aumento de 26 casos, uma média de 8.6 casos de infecção por dia.

 

De domingo para segunda-feira, as autoridades da saúde testaram 265 casos suspeitos, sendo que oito deram resultado positivo. Segundo a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, os oito novos casos são de nacionalidade moçambicana e sete deles apresentam sintomatologia leve e outro não apresenta nenhum sintoma.

 

Dos novos casos, as autoridades da saúde revelaram a entrada do distrito de Marracuene no mapa das infecções, a nível da província de Maputo. Segundo disse Marlene, em mais uma conferência de imprensa de actualização de dados sobre a doença no país, trata-se de um indivíduo do sexo masculino, recém-regressado da vizinha África do Sul e terá sido testado no Centro de Trânsito da Localidade de Salamanga, distrito de Matutuine, província de Maputo.

 

Os outros sete casos foram detectados nas cidades de Maputo e na província de Cabo Delgado. Na cidade de Maputo, foram registados seis casos, sendo três indivíduos do sexo masculino e outros três indivíduos do sexo feminino. O oitavo caso foi registado no distrito de Palma, província de Cabo Delgado. Entretanto, todos os pacientes se encontram isolados nas suas residências.

 

Com os novos casos, a distribuição geográfica da Covid-19 é a seguinte: 85 na província de Cabo Delgado (27 já recuperados); 36 na cidade de Maputo (14 já recuperados); 12 na província de Maputo (cinco já recuperados); oito em Sofala; dois em Inhambane; um em Tete; e um em Manica.

 

Referir que, de domingo para segunda-feira, o nosso país registou mais dois recuperados, todos do Acampamento da Total, na Península de Afungi, distrito de Palma, província de Cabo Delgado, tendo subido para 46 o número total de recuperados no território nacional. (Marta Afonso)

O Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) pretende aliviar o impacto negativo provocado pela pandemia Covid-19 nas Pequenas e Médias Empresas (PME), disponibilizando um fundo de 600 milhões de Mts.

 

Com o evoluir da crise pandémica no país, mais de 1.175 empresas fecharam, retirando emprego, o principal activo do INSS, a mais de 12.160 pessoas, principalmente do sector de hotelaria e restauração.

 

A contínua suspensão de empresas e, por consequência, despendimento massivo de trabalhadores tem levado os empresários a advertir o INSS a ser mais activo, pois, o seu tesouro essencial está em risco, o que poderá afectar a própria instituição.

 

Em reacção aos apelos do sector privado, o Primeiro-Ministro anunciou, na última sexta-feira (15), que o Governo vai disponibilizar uma linha de financiamento de 600 milhões de Mts, proveniente do Fundo do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), a ser concedida às empresas, através da banca comercial.

 

Mesmo sem precisar a data da disponibilização do fundo, bem como as modalidades específicas para obter o financiamento, Carlos Agostinho do Rosário explicou que o financiamento estende-se às PME da área do turismo e outras, igualmente afectadas pelas medidas administrativas do Estado de Emergência.

 

“Este é o esforço possível que o Governo pode fazer, neste momento, tendo em conta a capacidade da nossa economia e que continuamos a trabalhar com as limitações que o nível três do Estado de Emergência nos impõe”, afirmou do Rosário.

 

Dirigindo-se ao povo, a partir da Assembleia da República, o Primeiro-Ministro disse acreditar que a referida medida e demais contribuições mitiguem os impactos do novo coronavírus no sector empresarial para que este continue a operar, assegurando a manutenção da produção, prestação de serviços, bem como os postos de trabalho. (Evaristo Chilingue)

O Governo moçambicano está a analisar 21 propostas técnicas e financeiras para a construção da linha de transporte de energia entre Temane e Maputo, no sul de Moçambique, anunciou fonte do Ministério dos Recursos Minerais e Energia. A linha de 563 quilómetros é considerada uma obra estrutural para o país, partindo da Central Térmica de Temane, em Inhambane, sul do país, para incluir três subestações em três províncias (Inhambane, Gaza e Maputo) até chegar à capital do país.

 

Das 21 propostas submetidas, nove concorrem para o troço Chibuto-Gaza, o mais extenso, e outras 12 apresentam-se à construção do troço Chibuto-Maputo. O empreendimento insere-se nos objetivos do Governo de impulsionar a industrialização e garantir acesso universal a eletricidade até final de 2030.

 

Os acordos de financiamento para construção da linha Temane-Maputo, no valor 530 milhões de dólares (477 milhões de euros), foram assinados no final de agosto de 2019, prevendo-se que a obra arranque este ano para estar pronta em 2023.

 

O projeto é financiado com uma doação de 30 milhões de dólares da Noruega para capital social do empreendimento, e dívida a contrair junto do Banco Mundial (comparticipação de 52,7%), Banco Islâmico de Desenvolvimento (20,3%), Banco Africano de Desenvolvimento (5,3%), Fundo da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional (6,6%) e Banco de Desenvolvimento da África Austral (9,4%). Estima-se que pouco menos de 30% das pessoas tenham acesso à rede elétrica em Moçambique, país que, segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), deverá chegar este ano a 30 milhões de habitantes. (Lusa)

A Associação das Indústrias de Caju (AICAJÚ) estima que o processamento da castanha este ano não chegue às 35.000 toneladas, o que representa uma quebra acima de 30%, quando comparado com as cerca de 52.000 toneladas processadas no ano passado.

 

Em comunicado de imprensa, a que “Carta” teve acesso esta segunda-feira (18), a AICAJÚ afirma que o país tem, neste momento, menos de 10 fábricas de processamento-primário a operar, sendo que algumas delas irão parar o processamento a meio deste ano (aventa-se o mês de Agosto) por falta da matéria-prima.

 

“Para a AICAJÚ, esta quebra reflecte o impacto de uma tendência de comercialização negativa dos últimos anos, uma vez que a indústria nacional tem vindo a processar cada vez menos castanha, desde 2017. Recorde-se que, em 2018, foram processadas, em Moçambique, cerca de 60.000 toneladas de castanha”, refere a nota.

 

De acordo com a Associação, as quebras do processamento da castanha de caju justificam-se, por um lado, pelo contexto, particularmente adverso, em que os industriais nacionais estão a operar com a crescente concorrência agressiva e protegida por parte de “players” internacionais – como são os casos da Índia e Vietnam – e pela não-actualização das medidas de resposta domésticas a este novo paradigma.

 

Por outro lado, acrescenta a nota, este ano, a campanha de caju fica também marcada pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus que tem estado a resultar numa quebra significativa do sector. “O preço da amêndoa do caju caiu mais de 15%, desde o início da crise, e 25% quando comparada com o preço do ano passado”, sublinha a fonte.

 

Todavia, a AICAJÚ diz-se confiante no trabalho que o Governo está a desenvolver e acredita que, através da concertação entre Estado, sector privado e os produtores seja possível, em tempo útil, implementar medidas de defesa do sector, que permitam uma campanha de 2020 justa para todos os intervenientes.

 

Por outro lado, a AICAJÚ considera fundamental a continuidade da promoção de mecanismos de capacitação e apoio aos produtores para o desenvolvimento dos cajueiros, sob risco de a produção sofrer, igualmente, um acentuado decréscimo, impactando consequentemente na renda das mais de 1,4 milhão de famílias dependentes desta cultura agrícola.

 

“A AICAJÚ está, igualmente, confiante que, através de um diálogo aberto, seja possível garantir a viabilidade de uma indústria de bandeira em Moçambique que já foi referência internacional”, conclui a fonte (Carta)

Há quase uma década entrava em cena, em Moçambique, uma forma de crime organizado jamais visto. Era a onda de raptos e sequestros, tendo como principais alvos cidadãos de origem asiática. Uma investigação da “Carta” constatou que a “resistência” pelo uso das novas técnicas de investigação criminal tem permitido que os sequestradores continuem a fazer o que “bem lhes apetece”, ameaçando as famílias das vítimas e levando valores monetários que nunca mais são recuperados.

 

Um especialista internacional em segurança e investigação criminal forense disse à “Carta” que os sequestradores têm recorrido ao WhatsApp para se comunicar com as famílias das vítimas, porém, conectado à rede Wi-Fi e não à internet das companhias de telefonia móvel, o que dificulta o seu rastreio pelas autoridades.

 

Segundo a fonte, em países como Estados Unidos da América (EUA), Alemanha, França e África do Sul tem sido possível rastrear este tipo de comunicação, através de tecnologia específica para o efeito. A tecnologia, conta a fonte, já foi apresentada às autoridades moçambicanas, mas nunca se mostraram abertas em adquirir o equipamento.

 

À “Carta”, fonte do Ministério do Interior contou que a indústria do sequestro começou como um ajuste de contas entre empresários que acederam ao mundo de negócios, através da prática de agiotagem, mas acabou atraindo alguns.

 

Cronologia de alguns sequestros desde Junho de 2011

 

-26 de Junho de 2011: rapto de um dos proprietários dos Armazéns Atlântico. Escapou do cativeiro antes de ser pago o resgate de cerca de 1 milhão de USD;

 

-1 de Dezembro de 2011: raptado um dos proprietários da Ferragem SOMOFER, quando fazia exercício físico no Circuito de Manutenção António Ripinga, em Maputo;

 

-5 de Dezembro de 2011: raptada uma mulher. Pagou cerca de 800 mil euros para o seu regaste;

 

-28 de Janeiro de 2012: raptada segunda mulher;

 

-11 de Fevereiro de 2012: tentativa de rapto do dono da Auto Hilux;

 

-26 de Fevereiro de 2012: rapto de um cidadão português, na Praia do Bilene, a 150 Km de Maputo (caso não registado pelas autoridades consulares);

 

-30 de Abril de 2012: tentativa de rapto de duas mulheres;

 

-19 de Maio de 2012: raptado o proprietário da Incopal e dos Armazéns Machava, na Matola;

 

-27 de Junho de 2012: raptado um empresário que esteve em cativeiro cerca de um mês;

 

-Outubro de 2013: raptado Ahmad Abudul Rachid, de 13 anos, na cidade da Beira;

 

-Novembro de 2014: raptado Momade Bashir Sulemane, proprietário do Grupo MBS;

 

-Junho de 2016: raptado Américo Sebastião, em Marínguè, província de Sofala;

 

-Março de 2017: raptado Moktar Assif na cidade da Beira;

 

-Abril de 2019: raptado Carlos Camurdine, em Maputo;

 

-28 de Novembro de 2019: raptado Shelton Lalgy, filho do empresário do ramo dos transportes Junnaid Lalgy. Rapto ocorreu na cidade da Matola, província de Maputo;

 

-06 de Dezembro de 2019: raptado filho do empresário Hanif Chacha, na cidade da Beira;

 

-13 de Janeiro de 2020: raptado Faizel Patel, no bairro da Ponta Gêa, cidade da Beira;

 

Lembrar que, de Janeiro até agora, sete empresários foram raptados no país, em concreto nas cidades de Maputo, Matola, Chimoio e Beira. Todos ainda não foram esclarecidos pelas autoridades. (Omardine Omar)

Homens armados destruíram na terça-feira instalações de uma missão de monges beneditinos em Auasse, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, levando à fuga de quatro religiosos tanzanianos para o seu país, disse o bispo de Pemba, capital da província. Luiz Fernando Lisboa disse que na sequência do ataque, no distrito de Mocímboa da Praia, os quatro monges beneditinos foram obrigados a ficar escondidos durante dois dias no mato, tendo conseguido fugir até um convento da congregação, na Tanzânia.

 

Luiz Fernando Lisboa assinalou que o ataque é mais uma prova do agravamento da insegurança na província de Cabo Delgado. "Fizeram ataques em três distritos, em simultâneo. Isso aprofunda a crise", referiu Lisboa. Os homens armados deitaram fogo à residência dos beneditinos, destruíram aquilo que os monges estavam a construir na região, roubaram diverso equipamento e uma viatura, acrescentou.

 

"Embora a presença das forças [militares seja mais visível], a situação não está controlada", declarou o bispo. Luiz Fernando Lisboa adiantou que nas ações da última semana, não houve vítimas a lamentar.O bispo de Pemba sublinhou que o ataque de terça-feira em Auasse terá sido o mais significativo contra uma estrutura da Igreja Católica, depois dos incidentes na igreja de Nangololo durante a Semana Santa.

 

A insegurança em Cabo Delgado está a deteriorar-se e assiste-se a uma fuga em massa das populações, acrescentou Luiz Fernando Lisboa. "Há fome, porque muitas famílias, que estão a acolher também deslocados, já são muito pobres. Este é um problema muito sério", destacou.

 

O bispo de Pemba considera que Moçambique precisa de ajuda internacional para travar a violência em Cabo Delgado, porque as Forças de Defesa e Segurança sozinhas não estão a ser capazes de deter a ação dos grupos armados. "Quem pode ajudar, tem de oferecer essa ajuda", refere Luiz Fernando Lisboa.

 

Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos para a extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já provocaram a morte de, pelo menos, 550 pessoas em dois anos e meio. As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afetados pela violência armada na província.​​​​​​​(Lusa)

Poucas horas antes de saber que o caso de corrupção centrado no Fundo de Pensões dos mineiros moçambicanos na África do Sul vai a julgamento depois de o Tribunal Superior de Recurso ter validado a acusação instaurada por uma secção Tribunal Judicial de Maputo, Helena Taipo (antiga ministra, governadora de província e embaixadora; ela é considerada a “mastermind” da fraude em questão) apanhara uma valente dor de cabeça. Seu filho Dudass Taipo, um jovem na casa dos 20 anos, membro privilegiado do “jet set” nacional, foi detido na quarta-feira passada, em Maputo, num caso de alegada burla.

 

A detenção de Dudass pelo SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal) foi ordenada depois de uma queixa do empresário beirense Ismail Ismail, do Grupo Uzeir, um conglomerado comercial da capital do Chiveve.  “Carta” sabe que em causa está um cheque de 14 milhões de Meticais, passado por Ismail a favor de Daduss, a título de empréstimo. O prazo de devolução do dinheiro venceu, sem que Dudass honrasse o que tinha sido apalavrado.

 

Ontem, tentamos em vão ouvir fonte familiar de Helena Taipo, a qual prometeu dar detalhes sobre a ocorrência. Também não conseguimos alcançar Ismail Uzeir, apesar de insistentes ligações.

 

“Carta” sabe que Dudass foi levado no passado sábado para a Beira, o que levanta uma questão central: a detenção foi decretada dentro de um processo de instrução criminal normal ou foi um expediente do SERNIC, pedido de Ismail, para intimidar Dudass e forçá-lo a honrar seu compromisso?  Tudo indica que, ao ser levado para a Beira, onde o caso foi instaurado, Ismail espera que Taipo indique uma garantia concreta e uma nova data para devolver o valor. (M.M.)