Os Estados Unidos da América (EUA) solicitaram, oficialmente, nesta segunda-feira (12), a sua reintegração à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da qual se retiraram durante o mandato de Donald Trump, anunciou a sua directora-geral, Audrey Azoulay, que qualificou a decisão como um "forte voto de confiança".
"Desejo informar (...) que os Estados Unidos têm a honra de propor um plano para o seu retorno à Unesco", escreveu o secretário de Estado adjunto dos EUA para Gestão e Recursos, Richard Verma, em carta enviada a Azoulay, à qual a AFP teve acesso.
"Fico feliz com esse forte voto de confiança", referiu num comunicado a directora-geral da organização, numa reunião com representantes dos Estados-membros, destacando que o anúncio dos EUA representa "um grande dia para a Unesco, para o multilateralismo".
Azoulay informou as intenções de Washington aos 193 países-membros da organização da ONU, que agora devem decidir por maioria numa votação prevista para Julho se aceitam o reingresso.
"O retorno dos Estados Unidos trará um novo impulso necessário", assegurou a representante do Brasil durante a reunião, na mesma linha da maioria das reacções, constatou um jornalista da AFP.
Até mesmo o embaixador da China na Unesco, Yang Jin, anunciou que não se vai opor ao retorno dos Estados Unidos e que seu país está pronto "para trabalhar com todos os Estados-membros, incluindo os Estados Unidos".
A decisão dos Estados Unidos chega num contexto de rivalidade cada vez mais intensa com a China, que deseja transformar a ordem multilateral internacional criada após a Segunda Guerra Mundial, da qual a Unesco faz parte.
Os Estados Unidos sob a administração de Trump anunciaram, em Outubro de 2017, a sua saída da organização pelas suas "persistentes posições anti-israelitas". A saída, acompanhada da de Israel, foi efectivada em Dezembro de 2018.
A administração de Joe Biden considera, no entanto, que isso permitiu que a China tivesse mais influência nas regras relacionadas à Inteligência Artificial (IA). Em 2021, a Unesco elaborou recomendações sobre ética e IA.
"Acho que devemos retornar à Unesco, não para fazer um favor, mas porque as questões que surgem na Unesco são importantes", declarou em Março o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, numa audiência no Senado.
Além disso, a Rússia, China e Irão, países com os quais os Estados Unidos mantêm relações complexas fazem parte da organização, que registou debates tensos desde a invasão russa à Ucrânia, ocorrida em Fevereiro de 2022.
Dívida americana de 619 milhões de dólares
Desde 2011 e a admissão da Palestina na Unesco, os Estados Unidos suspenderam o seu financiamento a esta organização, embora representassem 22 por cento do orçamento total. Contraída entre 2011 e 2018, a dívida americana com a organização agora totaliza US $619 milhões, um valor superior ao orçamento anual estimado da Unesco, de US $534 milhões.
Em carta, Washington informou que solicitou ao Congresso americano a libertação de US$ 150 milhões para o exercício fiscal de 2024, uma contribuição que continuará nos anos seguintes "até a liquidação dos atrasos".
"O novo dinheiro americano fará muito bem à Unesco", afirmou um diplomata da organização, lembrando que a suspensão das contribuições causou "grandes dificuldades".
Ao contrário do que aconteceu com Trump, o diplomata disse que as relações com o governo de Joe Biden são "bastante extraordinárias" e que o presidente e a primeira-dama, Jill Biden, "se envolveram" no retorno.
Os Estados Unidos da América deixaram a Unesco pela primeira vez em 1984, durante a presidência de Ronald Reagan, alegando inutilidade e excessos orçamentais, voltaram em Outubro de 2003 e saíram novamente 15 anos depois. (AFP)
A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras considera que a população vítima dos ataques terroristas está longe de sanar traumas e perdas durante o conflito que dura desde 2017, uma situação agravada pelo prolongamento das incursões, levando à pouca ou nenhuma perspectiva de um futuro estável. A observação consta no relatório anual das actividades da MSF, referente ao ano 2022, publicado recentemente por aquela organização humanitária, no qual aponta que as famílias ainda sofrem de profundas consequências para a saúde mental, stress agudo e ansiedade.
A MSF renova o seu compromisso de continuar a dar assistência às famílias vítimas do terrorismo em Cabo Delgado e refere que em 2022 realizou 112 mil consultas de atendimentos primários no distrito de Macomia, tendo 600 pacientes sido encaminhados para atendimento especializado.
Ainda no mesmo distrito funcionam três clínicas durante 24 horas por semana em Nanga, Muagamula e Xinavane, e 36 mil pacientes receberam tratamento de malária e 10 mil mulheres foram submetidas a cuidados de saúde sexual e reprodutiva.
Já no distrito de Palma, que também no ano passado registou um regresso significativo de famílias deslocadas devido à melhoria da segurança, a MSF realizou 33 mil atendimentos primários, incluindo 8.500 pessoas com malária, para além de 4.500 mulheres que beneficiaram de assistência médica.
No distrito de Mocímboa da Praia, com foco nas comunidades de Quelimane e Diaca, a organização MSF distribuiu 14.700 kits de itens de primeira necessidade e outros 1000 para prevenção de doenças hídricas. No total, foram feitas 22 mil consultas médicas e, destas, 5 mil de pacientes com malária. (Carta)
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), a voz dos empresários privados, mostrou-se esta segunda-feira (12) satisfeita com a decisão tomada na última semana pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF) de estender, através de um Diploma Ministerial, a validade e aplicação da Certidão de Quitação por período de um ano.
“Com a duração de um ano e despersonalização da quitação, tornou-se possível usar o mesmo documento para contratar mais de um trabalhador, assim como se eliminou o obstáculo de validade da quitação. Portanto, isto representa uma flexibilização do processo e vai representar uma redução de tempo e procedimentos para fazer negócios em Moçambique”, afirmou o Presidente da CTA, Agostinho Vuma.
Em conferência de imprensa, Vuma explicou que, antes da aprovação do Diploma Ministerial, a validade da Quitação Fiscal constituía um entrave para o processo de contratação de mão-de-obra estrangeira devido à demora e envolvimento de demasiadas instituições na sua tramitação.
“Durante o percurso, para aquisição de todos os documentos e submissão do processo junto ao serviço de migração, a quitação fiscal perdia a sua validade e o empresário era sujeito a ter de solicitar mais uma quitação, o que tornava o processo ainda mais lento e burocrático”, sublinhou Vuma.
Na ocasião, ele também se pronunciou sobre os preparativos da XVIII Conferência Anual do Sector Privado (CASP 2023) que se realiza de 21 a 23 de Junho corrente na Cidade de Maputo. Sobre a matéria, o Presidente da CTA disse estar tudo a postos para a realização do evento.
“A CASP será um momento para o Sector Privado dialogar com o Governo ao mais alto nível sobre os negócios. Teremos painelistas de alto nível e empresários internacionais, alguns deles bilionários. Temos 10 países confirmados: Brasil, Portugal, Angola, Zimbabwe, África do Sul, Maurícias, entre outros. Levamos uma carteira de Projectos estimada em 1,2 bilião de USD”, acrescentou Vuma.
Além disso, o Presidente da CTA disse que a Conferência conta com a presença de mais de 3 mil participantes presencialmente e nela está prevista a assinatura de acordos de financiamento. A CTA, o Banco Africano de Desenvolvimento e a Embaixada da Itália vão lançar um Fundo de Apoio à Transformação Digital das Pequenas e Médias Empresas. (Evaristo Chilingue)
Os utilizadores da TMT na cidade e província de Maputo queixam-se de falhas no sinal, demora no restabelecimento do sinal após o recarregamento e corte de alguns canais nacionais, restando-lhes assistir apenas à Televisão de Moçambique (TVM) de forma grátis. Os utentes alegam ainda que o sinal da TMT não é robusto visto que este tem estado a cair e a qualidade do mesmo não agrada quem usa estes serviços.
De acordo com os utilizadores, estes problemas começaram a surgir à medida que os serviços foram sendo bastante divulgados.
Reagindo às reclamações, o Presidente do Conselho de Administração (PCA), António Barros, e o Administrador para Área Técnica, Hermenegildo Mula, começaram por explicar à ″Carta″ que a TMT tem 60 emissores espalhados pelo país que garantem a cobertura nacional, mas cada um tem um determinado alcance. A título de exemplo, os dois gestores disseram que a cidade de Maputo tem um emissor, enquanto Maputo-província tem três emissores instalados na vila da Namaacha, na Ponta D’Ouro e em Magude, com objectivo de garantir a captação do sinal pelos usuários.
Com isto, o que acontece é que aquele que se encontra próximo da antena da TMT vai ter o sinal muito forte e os que estão nas proximidades também vão apanhar normalmente, mas à medida que o usuário se afasta daquele ponto de localização do emissor, a força do sinal vai baixando progressivamente, podendo ser um pouco mais fraquinho.
No entanto, para que todos os usuários pudessem receber o sinal conforme os parâmetros definidos, deviam usar a antena da TMT que está dimensionada para este sistema. “O que tem acontecido e que nós temos notado que os clientes que mais reclamam da falha do sinal direccionam a antena de forma errada e quando tal situação acontece nós aconselhamos os clientes a aproximar ao revendedor ou a ligar para linha do cliente 840970000 para receber melhores instruções. A instalação da antena de forma adequada desempenha um papel importante para a recepção do sinal com qualidade”, explicou Mula.
Em relação às queixas sobre o carregamento e demora na reposição do sinal, as fontes contaram que neste aspecto não há uma intervenção humana na gestão deste tipo de recargas porque é tudo electrónico, o programa foi feito desta forma, cada cliente tem uma identidade e está identificado no sistema com o seu decoder.
“O que pode ter acontecido e que pode ser normal é que no momento em que o cliente recarregou pode ter tido uma oscilação ou uma falha de sistema e a recarga levou um tempinho para dar o sinal, aliás, este sistema depois de um tempo costuma fazer um autorefresh, uma espécie de “restart” automático para refrescar a memória à medida que ele recebe dados”.
No que toca à questão da perda de alguns canais nacionais, Mula explicou que neste aspecto aconteceu algo que inclusive eles não sabiam que pudesse acontecer.
“Quando este sistema nasceu, foi dito que devia ser grátis para todos os canais nacionais e nós ficamos satisfeitos com isso, o que ajudaria vários clientes a comprar o descodificador e migrar para o digital, mas, nos últimos meses, principalmente quando se trocou a versão dos descodificadores que usavam cartões, o que está a acontecer é que o sistema da TMT está a fazer um rastreamento de todos os subscritores e desse rastreamento foi rejeitando alguns canais mas não cortou todos, deixou a TVM″.
O que acontece, disse o Administrador Técnico, é que quando os usuários, sobretudo os que usam os decoders antigos, não recarregam e que já usam os serviços durante um bom tempo, o sistema congela pensando que já não estão no activo.
“Quando descobrimos este problema fomos dizendo aos subscritores que o descodificador não é recarregado há mais de um ano, por esta razão isto corta canais nacionais e deixa só a TVM. Neste sentido, nós estamos num processo para perceber se isto só acontece naquela versão antiga de descodificador ou vai acontecer também com os mais recentes porque até agora estamos a receber queixas só dos clientes mais antigos”.
Mula detalhou que o que está a acontecer é que, desde que compraram o descodificador, alguns usuários da TMT nunca recarregaram, ou seja, neste momento, o sistema está a exigir uma prova de vida para os clientes mais antigos e esta prova é feita mediante o recarregamento do seu decoder.
“Este carregamento deve ser feito mesmo que seja uma vez por ano para dar sinal ao sistema de que este cliente continua a ser usuário deste serviço e uma das formas do sistema exigir isso é cortando os outros canais nacionais deixando apenas a TVM, visto que um número conservado na base de dados do sistema tem os seus custos. Assim sendo, o cliente deve dar esse sinal de vida, fazendo o carregamento mesmo que seja uma vez por ano e poderá usufruir de todos os canais nacionais de forma grátis o resto do ano e fazer manutenção do seu espaço”. (Marta Afonso)
Mais de 200 famílias dos quarteirões 68, 69 e 72 do bairro da Machava Socimol, na província de Maputo, consomem água imprópria desde a última época chuvosa, situação causada por algumas fugas existentes no furo da água. As fugas fizeram com que o precioso líquido se misturasse com água de chuvas e de algumas fossas. A situação é crítica visto que o furo foi feito numa área propensa a inundações e com várias latrinas precárias ao redor e, sempre que cai a chuva, a água sai turva nas torneiras.
Segundo o chefe do quarteirão 68, Carlos Afonso Inácio, local onde está implantado o furo, tudo começou quando o fornecedor teve alguns problemas na bomba e mandou os seus funcionários para consertar e estes acabaram deixando uma fuga que permitiu que as águas pluviais se misturassem com a do furo, o que fez com que a água ficasse negra.
Inácio explica que, depois da ocorrência, alguns residentes pediram para que o fornecedor resolvesse o problema e como este sempre prometeu, mas sem cumprir, denunciaram-no à Autoridade Reguladora de Água (AURA) que se fez ao local e recolheu algumas amostras. A AURA alertou o fornecedor para a necessidade urgente de fazer limpeza, bem como a suspensão do fornecimento do precioso líquido à população por se tratar de água imprópria para consumo.
De acordo com o Chefe do quarteirão, o fornecedor acatou, fez a limpeza, rectificou o local onde o furo tinha fugas e pediu a AURA para retirar uma nova amostra. De seguida, a autoridade reguladora visitou uma vez mais o local e constatou que já tinha sido feita a limpeza, mas aconselhou o fornecedor a não retomar o fornecimento porque a mesma não tinha atingido um nível desejado para o consumo. Entretanto, o fornecedor acatou e suspendeu o fornecimento da água por um período de três meses, mas na semana finda, e desafiando a AURA, o fornecedor retomou o abastecimento da água sem autorização da entidade competente, perigando a vida dos consumidores.
“Na semana passada fiquei surpreso quando vi água saindo nas torneiras, contactei o fornecedor e disse que tomou a decisão de reabrir porque a população pediu e porque eles querem começar a emitir facturas. Muitos de nós usamos essa água para casa de banho, lavar a roupa e para consumo. Então optamos por tirar água nos quarteirões vizinhos que usam a água do FIPAG. Tentamos várias vezes pedir ao FIPAG para colocar água para estas famílias que estão a passar mal, mas eles responderam que não podiam porque não tem material para fazer novas ligações e que estavam à espera de um doador que pudesse financiar a aquisição do material”.
Perante este cenário, "Carta" contactou o fornecedor da “água Gawatt”, por sinal um dos maiores fornecedores privados na cidade e província de Maputo para perceber o que estava a acontecer. Em conversa com Damião António, representante da Gawatt na área da Machava, contou-nos que os clientes ficaram privados de água por três meses e começaram a ligar para pedir que voltássemos a fornecer este precioso líquido pelo menos para usarem na casa de banho ou para lavar roupa e loiça. Entretanto, reconhece que a Gawatt retomou o fornecimento da água antes de ter os resultados das amostras retiradas pela AURA.
Para além de fornecer água turva, a Gawatt abastece o preciso líquido através de um furo que usa um sistema de ligação eléctrica que periga a vida da população à volta da infra-estrutura, principalmente da senhora que vive na casa onde o furo está implantado, por sinal deficiente. No entanto, sobre esta questão, Damião António disse à “Carta” que já reportou ao seu patrão para que se troque aquele tipo de ligação e o mesmo prometeu resolver o problema.
Em contacto com um dos representantes da AURA que preferiu não se identificar porque a conversa ocorreu ao telefone (visto que o mesmo se encontra fora da província de Maputo), este garantiu que a Autoridade Reguladora de Água esteve no local várias vezes, retirou amostras antes e depois da limpeza e aconselhou o proprietário a não fornecer água à população por ser imprópria para o consumo.
“Na última visita que fizemos à “água Gawatt” recomendamos o fornecedor a não distribuir água e que continuasse com a limpeza até que a mesma se tornasse potável. Tratamos ainda de enviar esta informação por escrito através de uma carta que os mesmos se recusaram a receber, sendo que neste momento estamos a tratar o assunto junto das instâncias judiciais de forma a disciplinar o regulador e interditá-lo de fornecer água que periga a vida das pessoas.
“Carta” contactou ainda o Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG) para perceber as razões da recusa de fazer novas ligações neste bairro. No primeiro momento, falamos com o porta-voz da instituição que disse que não era a pessoa indicada para responder a esta inquietação, no entanto, recomendou-nos que contactássemos o Assessor de Comunicação da instituição, para que nos pudesse indicar a pessoa para falar a respeito do assunto, mas até ao fecho desta matéria e depois de várias ligações não atendeu a nenhuma e nem retornou. (Carta)
A agência de notação financeira Moody's considera que “o aumento da dívida interna de Moçambique” e um recente “erro de comunicação, destacam os desafios da gestão da dívida”, apesar de manter esperança nos resultados da futura exploração de gás.
“Embora haja muita vontade de Moçambique em cumprir as suas próximas obrigações de dívida, os recentes pagamentos atrasados, o fraco apetite pelo mercado interno de títulos do Estado e o rápido aumento da dívida interna sublinham os persistentes problemas de liquidez”, lê-se numa nota de análise aos investidores, consultada hoje pela Lusa.
Em causa, está o atraso no pagamento de cupões de dívida interna entre fevereiro e março, período de pressão acrescida para os cofres do Estado com o aumento da massa salarial, entre outros fatores, nota a agência.
A Moody’s realça que novo momento de pressão se aproxima, entre setembro e novembro, com o Governo a ter de lidar com o pagamento de cupões e amortizações de dívida interna.
Em maio, chegou a ser veiculada a ideia de se reanalisar o perfil desses desembolsos, refere a agência financeira, “mas o Governo retificou a declaração”, dizendo que tinha sido “um lapso e que não pretende redefinir o perfil daqueles instrumentos”.
A Moody’s vê neste “recente erro de comunicação com os detentores de obrigações nacionais” um sinal de “fraca capacidade de administração” da dívida.
Como resultado, a análise coloca Moçambique no nível ‘Caa’, ou seja, no escalão de instrumentos financeiros de alto risco.
O acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) está a estimular reformas e já tem havido medidas para travar o crescimento da massa salarial, salienta a Moody’s, que fecha a nota de análise em tom positivo graças às expectativas de exploração de gás natural.
“Não obstante estes desafios, as perspetivas positivas refletem o potencial ascendente de médio prazo associado às perspetivas de crescimento no setor de gás natural liquefeito, reformas fiscais e de administração em andamento e acesso a financiamento acessível no âmbito do programa do FMI”, conclui a Moody’s.(Lusa)
A sina de Shernaz Gani, uma empresária de 47 anos, raptada há cerca de 1 mês à entrada dos seus escritórios na avenida Karl Marx, em Maputo, continua nas mãos dos raptores, ante o silêncio profundo do Serviço de Investigação Nacional Criminal (SERNIC).
Shernaze foi raptada poucos dias depois da sua empresa, a Fábrica de Confecções Sabina, ter recebido uma adjudicação para a confecção de fardamento para uma entidade pública. O valor da adjudicação não nos foi revelado, mas era altíssimo, disse uma fonte de “Carta”.
Ela acrescentou que a Polícia obteve, depois do rapto, evidências baseadas em imagens de videovigilância, consideradas “suficientes” para desvendar o caso, mas até hoje nada diz. À família, o SERNIC diz que ainda não tem pistas.
Entretanto, “Carta” soube que os raptores já fizeram a prova de que Shernaze está viva e exigiram à família uma quantia de vários milhões de Meticais. No seio da comunidade maometana, comenta-se que a família Gani não é necessariamente rica e que o negócio de confecções não dá dinheiro, sendo dominado por firmas politicamente bem colocadas como a Mozambique Holdings.
“Eles não têm os milhões que os raptores pedem", disse a fonte, e a recente adjudicação foi a única de vulto em muitos anos. Entretanto, os raptores vão ligando de vez em quando, realçou a fonte. (Carta)
O Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, anunciou hoje a disponibilização imediata de 100 MW de electricidade à África do Sul, país que atravessa um deficit de fornecimento. O anúncio foi feito esta segunda-feira em Pretória depois de um pedido manifestado, no dia 29 de Maio, em Maputo, pelo governo sul-africano.
“O governo moçambicano tem disponíveis - de imediato - 100 MW de energia produzidos através da Central Flutuante de Nacala, devendo ser fechado muito brevemente o acordo comercial que definirá o preço, mecanismos de transporte e início da canalização da energia”, disse Carlos Zacarias.
Por seu turno, Kgosientsho Ramokgoba, Ministro na Presidência para Energia, expressou gratidão afirmando estar “feliz” pela rapidez na resposta do governo de Moçambique. “Esperávamos por 80MW e recebemos hoje a promessa de 100 MW, devendo os técnicos trabalhar para viabilizar as operações”, disse sublinhando que a energia irá reduzir os custos elevados do actual deficit à economia do país.
No encontro Carlos Zacarias anunciou ainda que Moçambique terá disponíveis, dentro de 6 meses, outros 600 MW adicionais de energia gerados à partir da Central Flutuante de Maputo e da Central Termica de Ressano Garcia.
Moçambique, país com uma diversidade na sua matriz energética, está a trabalhar para viabilizar energia através de vários projectos em curso, a destacar o da Central Térmica de Temane (CTT) que vai produzir 450 MW a partir de Janeiro de 2025, com recurso ao gás natural de Pande e Temane, em Inhambane.
Este projecto irá aumentar para 975 MW a capacidade instalada de 2014 a 2024 e, tendo em conta o aumento da demanda em 260 MW, no mesmo período, Moçambique deverá contar com cerca de 700 MW de excedente, após atender às necessidades internas do país.
Está previsto ainda o Projecto Hidroeléctrico de Mpanda Nkuwa a jusante da HCB, devendo gerar 1500 MW de energia a partir de 2030. A África do Sul é o principal comprador da capacidade instalada da Hidroeléctrica de Cahora Bassa num Contrato de Compra de Energia que vai até 2029.
Enquanto em Angola o antigo governador do Banco Nacional, José de Lima Massano, celebra a nomeação para o cargo de Ministro de Estado para a Coordenação Económica, na Nigéria o governador do Banco Central, que teve seu o mandato marcado pela queda livre da moeda local, a naira, com múltiplas taxas de câmbio face ao dólar americano, e por taxas de juro elevadas, que atingiram dois dígitos, chegando aos 22,5% em maio passado, acaba de ser preso.
Os serviços secretos da Nigéria detiveram o governador do Banco Central do país, Godwin Emefiele, depois de ter sido suspenso pelo Presidente nigeriano, Bola Ahmed Tinubu, na sequência de uma investigação.
“O Departamento de Serviços do Estado (DSS, na sigla em inglês) confirma que Godwin Emefiele, o governador suspenso do Banco Central da Nigéria, está agora sob custódia para fins de investigação”, disse hoje o porta-voz do DSS, Peter Afunanya.
No final de sexta-feira, o porta-voz do Gabinete do Secretário do Governo da Nigéria, Willy Bassey, afirmou num comunicado que o Presidente suspendera de funções o governador do Banco Central “com efeito imediato”. “Isto deve-se à investigação em curso no seu gabinete e às reformas planeadas para o sector financeiro”, acrescentou.
Willy Bassey disse que Godwin Emefiele tinha recebido instruções para entregar “imediatamente” os assuntos do seu gabinete ao vice-governador, que actuará como governador do Banco Central até que as investigações e as reformas estejam concluídas.
Godwin Emefiele, 61 anos, foi nomeado governador do Banco Central em 2014, depois de o seu antecessor, Lamido Sanusi, ter sido suspenso pelo então Presidente, Goodluck Jonathan, no final do seu mandato.
O seu mandato como governador do Banco Central da Nigéria foi marcado pela queda livre da moeda local, a naira, com múltiplas taxas de câmbio face ao dólar americano, e por taxas de juro elevadas, que atingiram dois dígitos, chegando aos 22,5% em maio último, segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas.
No último trimestre de 2022, o banco central liderado por Godwin Emefiele introduziu uma política cambial para substituir as antigas notas de naira por novas, o que levou à escassez de dinheiro, afectando as transações comerciais. No mês passado, o gabinete de estatísticas do país afirmou que a escassez de dinheiro tinha abrandado o crescimento económico no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado.
No seu discurso de posse, a 29 de maio, o presidente Bola Ahmed Tinubu criticou a política monetária de Godwin Emefiele, nomeadamente as taxas de câmbio múltiplas e a política cambial.
Em Angola a nomeação de José de Lima Massano, para chefiar a equipe económica do país, está a levantar acesos debates, sobretudo nos sectores que olham para o antigo governador como um dos responsáveis pela deterioração da economia do país.
Recorde, que o Presidente da República de Angola, João Lourenço, disse no acto de posse de Massano como governador do banco central, que o desempenho da economia angolana depende muito da forma como o Banco Nacional de Angola (BNA) cumpre com as obrigações conferidas pela Constituição e Lei. (Confidence News, de Luanda)
A Roménia chamou de volta o seu embaixador no Quénia e se desculpou depois que ele comparou os africanos a macacos. O comentário foi feito por Dragos Tigau durante uma reunião nas instalações da ONU na capital do Quénia, Nairobi, em 26 de Abril.
Segundo a agência de notícias AFP, Tigau disse que "o grupo africano se juntou a nós" quando viu um macaco do lado de fora de uma janela. O comportamento de Tigau foi divulgado pela primeira vez na quinta-feira pelo oficial de relações exteriores do Quénia, Kamau Macharia.
No Twitter, Macharia disse que ficou "horrorizado e enojado" com o incidente e afirmou que foram feitas tentativas para encobrir o comportamento de Tigau. Diplomatas africanos exigiram na sexta-feira (09) um pedido de desculpas público, de acordo com o jornal Standard do Quénia, insistindo que um pedido de desculpas privado não era suficiente.
No sábado (10), a Roménia anunciou que só foi informada do incidente esta semana e iniciou agora "um procedimento para retirar o seu embaixador". "Lamentamos profundamente esta situação e pedimos desculpas a todos aqueles que foram afectados", diz o comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Roménia.
"Qualquer comportamento ou comentário de natureza racista é completamente inaceitável", acrescentou, esperando que isso não afecte os laços com os países africanos. A Roménia envolve-se com nações africanas principalmente por meio de sua adesão à União Europeia, mas tem acordos comerciais bilaterais com vários estados africanos.
O governo queniano não comentou a decisão de retirar Tigau. A mídia romena criticou o seu comportamento e diz que esta não é a primeira vez que o país fica envergonhado por insultos de diplomatas. Em 2014, o embaixador da Roménia na Arménia foi chamado de volta depois de fazer piadas anti-semitas sobre chefes judeus e questionar a moralidade das relações entre pessoas do mesmo sexo.
No ano seguinte, Bucareste desculpou-se depois que convites para uma recepção na sua embaixada em Paris incluíram acidentalmente descrições pouco lisonjeiras de alguns convidados - rotulando-os de "horríveis" e "indesejáveis", entre outras coisas. (The New Times)