Membros da Casa Militar, a guarda oficial do Presidente da República, confiscaram, na tarde de hoje, o telemóvel da jornalista moçambicana Sheila Wilson, do Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD), uma organização da sociedade civil.
O facto ocorreu quando a jornalista fazia uma transmissão em directo na página oficial do Director do CDD, Adriano Nuvunga, em torno do bloqueio, sem qualquer aviso, da Avenida Julius Nyerere (no troço entre a Praça do Destacamento Feminino e o Hotel Polana), uma das principais avenidas da capital do país.
Conforme documenta o vídeo gravado em directo, ao se aperceber da presença da repórter na Praça do Destacamento Feminino (nas proximidades da Presidência da República), os militares deslocaram-se ao seu encontro e, sem sequer saudá-la, arrancaram o telemóvel das suas mãos. O militar protagonista da façanha, cuja cara foi captada pela câmara frontal, deixou o telemóvel a gravar por longos três minutos, antes de interromper a transmissão.
Refira-se que este é o segundo caso público de violência contra jornalistas, protagonizada por elementos da Guarda de Filipe Jacinto Nyusi. O primeiro teve lugar em Setembro de 2023, no Estádio Nacional do Zimpeto, quando um dos guardas do Presidente da República agrediu o jornalista desportivo Alfredo Júnior, do jornal online LanceMz, por alegadamente ter captado a reacção do Chefe de Estado (à qualificação de Moçambique ao CAN 2023), através do telemóvel.
Da agressão protagonizada pela Guarda do Presidente da República, conhecida pelo seu comportamento intimidatório contra jornalistas, sublinhe-se, Alfredo Júnior perdeu o seu equipamento de trabalho (o telemóvel, estabilizador da câmara e auscultadores), para além de danos morais.
Igualmente, este é o segundo telemóvel a ser arrancado por elementos das FDS (Forças de Defesa e Segurança) das mãos de Sheila Wilson em pouco mais de seis meses. O primeiro telemóvel foi arrancado em Junho último por agentes da Polícia, quando a jornalista fazia uma cobertura em directo na página de Adriano Nuvunga sobre as condições desumanas em que se encontravam os antigos agentes dos serviços secretos moçambicanos.
Os antigos agentes da secreta moçambicana estavam acampados em frente às instalações das Nações Unidas, reivindicando as suas pensões. Para além de perder o telemóvel, Sheila Wilson esteve detida por quase 24 horas, na quarta Esquadra da PRM da Cidade de Maputo. A câmara da STV, por sua vez, foi roubada por desconhecidos diante da Polícia. (Carta)
Moçambique é um dos países onde a perseguição aos cristãos se intensificou desde junho de 2022, registando-se um aumento dos relatos de ataques de jihadistas contra comunidades cristãs, aponta o relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, da Fundação AIS.
O relatório, que hoje será apresentado em Lisboa, no auditório do MUDE (Museu do Design), pelo jurista e docente universitário Jorge Bacelar Gouveia, dá conta de que, neste país lusófono, 2024 “assistiu a um recrudescimento dos ataques do autoproclamado Estado Islâmico (…), na província de Cabo Delgado, no Nordeste do país”.
O Bispo de Pemba, António Juliasse, aponta, citado no relatório, “a pobreza endémica e a falta de educação” como “os motores da insurreição islamista, e não a religião”. No entanto, outra fonte diocesana indica que “desde julho deste ano, parece que o Estado Islâmico assumiu o controlo” dos insurgentes e “a situação é mais sensível do que no ano passado, porque agora os cristãos começam a ser visados e a guerra está a assumir uma dimensão mais religiosa”.
O relatório “Perseguidos e Esquecidos?” analisa os desafios que os cristãos enfrentam em 18 países, onde sofrem problemas que vão desde o assédio à detenção, deslocação forçada ou assassinato e compreende o período entre agosto de 2022 e junho deste ano.
No documento é apontado um aumento da violência e/ou opressão sobre os cristãos na maioria dos 18 países escrutinados, embora se reconheça que, em muitos casos, esses problemas abrangeram apenas regiões específicas e não o total do país.
Assim, registou-se um agravamento na perseguição aos cristãos na Nicarágua, Burquina Fasso, Nigéria, Moçambique, Iraque, Irão, Paquistão, Índia, China, Sudão e Eritreia. Por sua vez, registou-se uma melhoria ligeira no Vietname e a manutenção da situação em Mianmar, Síria, Egito, Turquia, Arábia Saudita e Coreia do Norte.
Como uma das principais conclusões, o relatório da Fundação AIS reconhece que “o epicentro da violência militante islamista deslocou-se do Médio Oriente para África”, onde se registou uma “intensificação da perseguição dos cristãos como inimigos do Estado e/ou da comunidade local”.
Nessas zonas, “os intervenientes estatais e não estatais utilizaram cada vez mais como arma a legislação existente e nova legislação que criminaliza atos considerados desrespeitosos para com a religião do Estado como forma de oprimir os cristãos e outros grupos religiosos minoritários” e assistiu-se a um incremento da “ameaça às crianças cristãs, especialmente as raparigas”.
Entretanto, a Fundação AIS recorda que em 2024, quase 50% do mundo terá participado em eleições, desde logo os Estados Unidos da América, a França ou o Reino Unido, sublinhando que “durante anos, os governos têm sido criticados por, na melhor das hipóteses, se limitarem a falar da necessidade de tomar medidas contra a perseguição dos cristãos e de outras minorias religiosas”.
Neste contexto, também antecipa que “é pouco provável que os governos recentemente (re)eleitos tomem medidas para pôr termo à perseguição, porque têm outras prioridades em termos de assuntos internacionais”.
No entanto, avisa que “ignorar a situação dos cristãos é ignorar os sinais de alarme, pois onde quer que aqueles sejam perseguidos, o direito à liberdade religiosa para todos é posto em causa”. “Onde quer que os cristãos sejam assediados ou presos, detidos ou discriminados, torturados ou assassinados, os governos cometem ou toleram abusos também contra outros”.
A Fundação AIS depende diretamente da Santa Sé e ajuda os Cristãos onde quer que eles se encontrem perseguidos, refugiados ou ameaçados. Foi fundada em 1947, pelo P. Werenfried van Straaten, inspirado na mensagem de Fátima, sendo em Portugal dirigida atualmente por Catarina Martins de Bettencourt.
Ao final da tarde de hoje, após o lançamento do relatório, será iluminado de vermelho a estátua de D. José I, na Praça do Comércio, em Lisboa, e o monumento ao Cristo Rei, em Almada, lembrando as situações de perseguição religiosa, em particular dos cristãos, que se verificam em muitos países. Outros monumentos nacionais, um pouco por todo o país, vão ficar iluminados de vermelho durante esta semana.
O gesto é repetido em mais de 20 países, “para lembrar que a perseguição religiosa não é uma coisa do passado, mas sim uma realidade bem cruel dos dias de hoje”, frisa a Fundação AIS. (Lusa)
Enquanto cidadãos e organizações da sociedade contabilizam o assassinato de pelo menos 50 pessoas pela Polícia da República de Moçambique, no âmbito das manifestações populares convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, o Presidente da República e Chefe do Governo anuncia a morte de apenas 19 pessoas, das quais cinco são membros da Polícia.
Os dados foram anunciados ontem por Filipe Jacinto Nyusi, na sua primeira comunicação à nação em torno dos protestos em curso no país, que completam amanhã 30 dias desde o seu início. Recorde-se que os protestos iniciaram no dia 21 de Outubro, dois dias após o bárbaro e covarde assassinato do advogado Elvino Dias (assessor de Venâncio Mondlane) e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe.
Segundo Filipe Nyusi, as manifestações resultaram no ferimento de 807 pessoas, das quais 66 são membros da Polícia. Não revelou o número de detidos. No total, o Chefe de Estado contabiliza “mais de 200 manifestações violentas” em todo o país desde 21 de Outubro.
No entanto, os números do Presidente da República estão longe da realidade reportada dia-a-dia por diversas organizações da sociedade. Por exemplo, até ao dia 05 de Novembro, o porta-voz da Associação Médica de Moçambique, Napoleão Viola, reportava a morte de 16 pessoas, de um total de 108 vítimas de baleamento policial, no âmbito das manifestações.
Catorze dias depois deste pronunciamento, mais de duas dezenas de assassinatos foram anunciadas, com destaque para o atropelamento de sete jovens na passada sexta-feira, no município da Matola, o assassinato de sete pessoas, em Nampula, e de uma pessoa, em Quelimane, na passada quarta-feira. Aliás, a Plataforma da sociedade civil DECIDE reporta 25 mortes entre os dias 13 e 17 de Novembro.
Numa comunicação de pouco mais de 37 minutos, proferida quatro horas após mais uma transmissão em directo do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que anunciou três dias de luto nacional pelas vítimas mortais das manifestações, o Chefe de Estado limitou-se apenas a lamentar pela perda de vidas humanas e apelou à sociedade a preservar o seu maior valor, “que é a vida”.
Segundo o Chefe de Estado, os confrontos entre a Polícia e os manifestantes deveram-se à falta de observância dos pressupostos de uma manifestação, como a definição do percurso a ser levado pelos protestantes. Não explicou, no entanto, se terá sido por essa razão que a Unidade de Intervenção Rápida impediu a marcha pacífica do dia 21 de Outubro, lançando gás lacrimogéneo contra os manifestantes, o candidato Venâncio Mondlane e jornalistas.
Filipe Nyusi afirma ainda que as “manifestações muito violentas” foram caracterizadas pela vandalização de bens públicos e privados; pelo roubo e saque de estabelecimentos comerciais; pela queima de pneus, bloqueio de vias e actos de sabotagem contra antenas de telefonia móvel.
O também Presidente da Frelimo, organização política que governa Moçambique desde a independência nacional, apelou à Polícia a privilegiar a contenção e evitar uma intervenção violenta. Defende que as Forças de Defesa e Segurança devem continuar a servir o povo e que o uso da força deve ser sempre em situações de “extrema necessidade”.
“Ninguém, em nome de qualquer causa, deve impedir outro cidadão de ir trabalhar para garantir o sustento da sua família, (…) ninguém pode violar as leis municipais que protejam o repouso depois de certas horas da noite”, defendeu, em referência ao “panelaço” que vigorou entre passada sexta e segunda-feira, nas cidades de Maputo e Matola, e que deverá regressar hoje às 21h00.
“A nossa democracia é jovem e está a aprender a caminhar porque as velhas democracias, por si só, ainda não se reencontram na totalidade. Não existem, aqui, professores e nem alunos, todos estamos a aprender. A amarga experiência de guerra de desestabilização e todo o processo de reconciliação nacional ensinou-nos algo que não podemos esquecer”, disse, pedindo aos mais velhos para passar a referida experiência aos mais novos.
Sem avançar os pontos de agenda – num momento em que os resultados das eleições de 09 de Outubro ainda estão em análise pelo Conselho Constitucional – o Chefe de Estado disse convidar os quatro candidatos a Presidente da República para um diálogo, de modo a se ultrapassar os nós de estrangulamento.
No entanto, não deu quaisquer garantias de segurança ao candidato Venâncio Mondlane, que se encontra em parte incerta por temer seu assassinato. Aliás, a PGR abriu um processo criminal contra o político e outro civil, no qual exige o pagamento de 32.3 milhões de Meticais pelos danos causados pelas manifestações. (Carta)
Pelo menos três pessoas morreram e outras 14 ficaram feridas em manifestações pós-eleitorais em dois dias na província de Manica, centro de Moçambique, disse ontem o diretor clínico do Hospital Provincial de Chimoio (HPC), citado pela Lusa.
“Na tarde e na noite de ontem [segunda-feira] recebemos mais quatro doentes (...). Dois deles tinham lesões abdominais muito graves e foram a óbito pouco depois terem dado entrada no hospital”, disse Juvenal Chitovele, em declarações aos jornalistas, explicando que outros dois feridos foram submetidos a cirurgia e estão estáveis.
A terceira vítima mortal registou-se durante as manifestações da noite de domingo, na mesma província. O diretor clínico explicou que o HPC soma um “cumulativo de 14 atendidos, cinco internados, seis altas e um total de três óbitos” na sequência das manifestações pós-eleitorais em Manica, sendo que a maior parte vítimas foi baleada.
De acordo com o CIP Eleições, tudo começou na segunda-feira no mercado 38 Milímetro, na cidade de Chimoio, em Manica, quando membros da Polícia queimaram a banca de Paulino White, amigo pessoal de Venâncio Mondlane e mobilizador de massas em apoio ao PODEMOS e ao próprio candidato Venâncio Mondlane. Os vendedores revoltaram-se contra os polícias e vários manifestantes queimaram pneus e bloquearam vias.
A publicação assegura que suas fontes afirmam que o número de mortos pode vir a subir porque entre os feridos há alguns mais graves, um dos quais é o chefe da Praça dos Trabalhadores, terminal de transporte da rota Chimoio-Macate. Uma jovem, supostamente vendedeira do mesmo mercado, foi baleada na perna. A bala perfurou e partiu a perna.
Sedes da Frelimo incendiadas
Nos distritos de Dondo e Nhamatanda, em Sofala, diversos bens do partido Frelimo e de seus membros foram vandalizados e queimados durante o final de semana. No Posto Administrativo de Mafambisse, em Dondo, um grupo de manifestantes queimou o mercado pioneiro e a sede do partido Frelimo. O primeiro acto aconteceu na madrugada do último sábado. No total foram 25 barracas queimadas.
Ainda na madrugada desta segunda-feira, cinco membros do partido Frelimo foram ameaçados de morte nas suas residências nos bairros de Munhonha e Mussassa, e uma sede do partido Frelimo foi incendiada.
Em Nhamatanda, desconhecidos foram incendiar, na madrugada de sábado, cinco casas e um alpendre (Machessa) onde funcionava a sede da Frelimo do bairro. Na cidade de Xai-Xai, em Gaza, foi queimada a sede do partido Frelimo num dos bairros e no bairro Santa Isabel, em Maputo, também foi incendiada uma sede do partido.
O número de mortos durante as manifestações entre os dias 13 e 18 de Novembro aproxima-se a 30, a maioria das quais manifestantes. Na segunda-feira, foram confirmados três mortos, incluindo um suposto agente da polícia morto por populares em Murrupula, em Nampula.
Os outros dois óbitos foram em Chimoio e Matola. No total já são 28 mortos, entre 13 e 18 de Novembro. As quatro fases já resultaram na morte de mais de 60 pessoas. (Lusa/CIP Eleições)
A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) insta o Conselho Constitucional a acelerar o processo de validação dos resultados eleitorais de 09 de Outubro, de modo a trazer a paz social que se deseja para Moçambique.
Em causa está o escalar da violência nas ruas da Área Metropolitana do Grande Maputo, no âmbito das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, em protesto contra os resultados eleitorais anunciados pelos órgãos eleitorais, que dão vitória à Frelimo e seu candidato Daniel Chapo com mais de 73%.
No entendimento da Ordem dos Advogados, somente os sete juízes daquele órgão podem, com independência e equidistância, “contribuir para a credibilidade do processo eleitoral, enquanto direito fundamental”, por isso, “é imperioso que este órgão jurisdicional tome uma decisão o mais rapidamente possível para serenar e trazer a tão almejada paz social”.
Em comunicado de imprensa divulgado esta segunda-feira, a agremiação expressou a sua preocupação com os actos de cobranças ilícitas protagonizados pelos manifestantes aos condutores em vários pontos da cidade de Maputo e Matola e do distrito de Boane.
“Estas condutas descritas acima, para além de criminosas, colocam em causa o direito às manifestações, por contender com outros direitos de mesma dimensão constitucional. Sempre defendemos que as manifestações pacíficas são a única arma que os cidadãos têm para demonstrar o seu desalento com a política e com as suas dificuldades da vida que enfrentam quotidianamente, devendo o Estado criar condições para que o exercício desse direito se realize num ambiente de segurança e tranquilidade pública”, defende.
Para os Advogados, a saúde, o bem-estar e a segurança da comunidade devem também ser um dos objectivos dos manifestantes, pelo que insta os moçambicanos que saem às ruas para protestar a evitarem e absterem-se da prática dos actos de pilhagem, violência e vingança, pois, “só deste modo se pode defender o direito às manifestações e o seu substracto”.
“A violência que estamos a assistir, com as condutas acima descritas, demonstra claramente que estamos a perder a capacidade de diálogo na sociedade, normalizando a violência e o ódio, constituindo este tipo de actuações um alarme para o instinto da segurança do homem comum em sociedade”, sublinha.
Refira-se que, desde o início das manifestações de rua, as cidades de Maputo e Matola têm assistido a actos de bloqueio de estradas pelos manifestantes, condicionando a passagem de viaturas ao pagamento de “portagens”, actos que ganharam contornos alarmantes na noite da última sexta-feira, durante o protesto da panela. Igualmente, assiste-se ao arremesso de pedras e garrafas contra as viaturas, culminando, em grande maioria, na quebra de vidros. (Carta)
Já foi feito o inventário e a contabilidade dos prejuízos causados pelas manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane e o resultado já está nas mãos do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo para os seus trâmites legais.
A Procuradoria-Geral da República estima em 32.377.276,46 MT os prejuízos causados pelas manifestações, sendo que o valor deverá ser pago pelo candidato Venâncio Mondlane e pelo partido PODEMOS, na pessoa do seu presidente Albino Forquilha. PODEMOS, lembre-se, é o partido que suporta a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane.
O Ministério Público acusa os dois políticos de terem ignorado as advertências e intimações emitidas por aquele órgão e “prosseguiram com as convocatórias e apelos à participação massiva dos cidadãos nos referidos movimentos de protestos, incitando-os à fúria e à paralisação de todas as actividades do país”.
Por isso, a Procuradoria-Geral da República diz não haver dúvidas sobre a responsabilidade civil do candidato Venâncio Mondlane e de Albino Forquilha nos prejuízos causados pelas manifestações, “na qualidade de instigadores, na medida em que, os seus pronunciamentos foram determinantes para a verificação dos resultados ora em crise, mormente, danos sobre o património do Estado”.
“A responsabilidade civil dos autores, instigadores e auxiliares encontra cobertura legal no artigo 490.º do Código Civil, onde se prevê que ‘se forem vários os autores, instigadores ou auxiliares do acto ilícito, todos eles respondem pelos danos que hajam causado’”, refere o comunicado do Ministério Público.
“Importa realçar que a responsabilidade civil funda-se não só no princípio geral da prevenção e repressão de condutas ilícitas, mas essencialmente numa função reparadora, de modo a acautelar os interesses patrimoniais e não patrimoniais dos lesados”, acrescenta.
A acção cível promovida pelo Ministério Público foi entregue ontem ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. A par da acção cível, a Procuradoria-Geral da República diz ter aberto 208 processos criminais, visando a responsabilização dos autores (morais e materiais) e seus cúmplices, pela prática dos crimes de homicídio, ofensas corporais, danos, incitamento a desobediência colectiva, bem como a conjuração ou conspiração para prática de crime contra a segurança do Estado e alteração violenta do Estado de direito.
Refira-se que a acção cível contra Venâncio Mondlane e Albino Forquilha deu entrada ao Tribunal numa altura em que o candidato presidencial prepara-se para a anunciar novas medidas a serem implementadas no âmbito das manifestações populares em curso no país. As medidas serão anunciadas esta terça-feira. (Carta)