O país registou uma diminuição de 60% no número de pacientes atendidos nas unidades sanitárias, no âmbito das manifestações convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, em repúdio contra a fraude eleitoral.
Os dados foram apresentados esta terça-feira (19) pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, na sua comunicação à Nação sobre o balanço das consequências das manifestações que vêm ocorrendo por todo o país, após o anúncio dos resultados das eleições de 09 de Outubro, considerados fraudulentos.
Nyusi destacou que os danos da violência, no contexto das manifestações, afectaram principalmente os mais vulneráveis socialmente, ou seja, os trabalhadores desprotegidos, que são os que mais sofrem neste tipo de contexto.
“A primeira e talvez a mais grave consequência dessa onda de violência manifestou-se na área da saúde, onde se registou uma redução de 60% no número de pacientes atendidos nos serviços de urgência de pediatria e de adultos, respectivamente”, destacou o Presidente.
Mais adiante, o Presidente da República anunciou ainda uma redução de 54% no número de doações de sangue, num período em que se aproxima a quadra festiva.
Por outro lado, disse Nyusi, foram ainda encerrados mais de 60 postos de vacinação e adiadas 54 brigadas móveis, o que resultou na perda ou adiamento da vacinação de mais de 6.500 crianças. Notou-se também uma redução de mais de 60% no número de profissionais de saúde nas unidades sanitárias.
Os números partilhados por Filipe Nyusi mostram que, nos últimos dias, ocorreram mais de 200 manifestações, marcadas pela vandalização de bens públicos e privados, roubo, saque em estabelecimentos comerciais, queima de pneus, bloqueio das vias públicas, entre outros.
Essas manifestações resultaram ainda em 807 cidadãos feridos, dos quais 66 eram membros da Polícia da República de Moçambique (PRM), e 19 pessoas mortas, cinco das quais eram membros da PRM. (M.A.)
O Hospital Central de Maputo (HCM), concretamente no Serviço de Neonatologia, regista o nascimento de uma média de 95 bebés prematuros por dia, o que corresponde a 53,6 por cento (uma cifra de 1.150 bebés ao longo do presente ano).
A informação foi partilhada esta segunda-feira (18), pelo director clínico daquela unidade sanitária, António Cossa, que aponta a desinformação como uma das principais causas da prematuridade em Moçambique.
Neste âmbito, aponta que a prematuridade tem sido uma das principais causas de morte no serviço de Neonatologia, onde os prematuros extremos (aqueles que nascem antes das 28 semanas) são apontados como líderes das estatísticas, com uma taxa equivalente a 85 por cento, seguida dos que nascem entre as 54 e 36 semanas, com 16 por cento.
Falando no âmbito do dia Mundial da Prematuridade que se assinalou a 17 de Novembro, a directora da Neonatologia disse que a gravidez precoce em adolescentes, hipertensão e diabetes não controladas, HIV, infecção urinária não tratada, anemia e malária são indicados como principais factores da prematuridade, além de ser responsáveis pelas mortes.
Entretanto, a fonte esclareceu que a prematuridade pode também ter repercussão na fase infantil e adulta, isto porque há chances de os bebés nascidos precocemente apresentarem sequelas, problemas neurológicos e outras doenças.
Porém, para fazer face à situação, o HCM pretende ampliar os seus serviços com a construção de uma unidade de Neonatologia.
“Estamos numa fase muito avançada do projecto de edificação e implantação do novo bloco de neonatologia que terá melhores condições, em comparação com o actual”, frisou o director-geral do HCM, Mouzinho Saide. (AIM)
Eleições 2024: Reduziu para 60% o número de pacientes atendidos nas unidades sanitárias
O país registou uma diminuição de 60% no número de pacientes atendidos nas unidades sanitárias, no âmbito das manifestações convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, em repúdio contra a fraude eleitoral.
Os dados foram apresentados esta terça-feira (19) pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, na sua comunicação à Nação sobre o balanço das consequências das manifestações que vêm ocorrendo por todo o país, após o anúncio dos resultados das eleições de 09 de Outubro, considerados fraudulentos.
Nyusi destacou que os danos da violência, no contexto das manifestações, afectaram principalmente os mais vulneráveis socialmente, ou seja, os trabalhadores desprotegidos, que são os que mais sofrem neste tipo de contexto.
“A primeira e talvez a mais grave consequência dessa onda de violência manifestou-se na área da saúde, onde se registou uma redução de 60% no número de pacientes atendidos nos serviços de urgência de pediatria e de adultos, respectivamente”, destacou o Presidente.
Mais adiante, o Presidente da República anunciou ainda uma redução de 54% no número de doações de sangue, num período em que se aproxima a quadra festiva.
Por outro lado, disse Nyusi, foram ainda encerrados mais de 60 postos de vacinação e adiadas 54 brigadas móveis, o que resultou na perda ou adiamento da vacinação de mais de 6.500 crianças. Notou-se também uma redução de mais de 60% no número de profissionais de saúde nas unidades sanitárias.
Os números partilhados por Filipe Nyusi mostram que, nos últimos dias, ocorreram mais de 200 manifestações, marcadas pela vandalização de bens públicos e privados, roubo, saque em estabelecimentos comerciais, queima de pneus, bloqueio das vias públicas, entre outros.
Essas manifestações resultaram ainda em 807 cidadãos feridos, dos quais 66 eram membros da Polícia da República de Moçambique (PRM), e 19 pessoas mortas, cinco das quais eram membros da PRM. (M.A.)
O candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane anunciou, na tarde desta terça-feira, um luto nacional de três dias em homenagem às vítimas mortais das manifestações populares, apelidadas de “mártires do panelaço”, assassinadas pela Polícia durante os 14 dias de protestos, convocados pelo político em reivindicação aos resultados eleitorais de 09 de Outubro, que dão vitória à Frelimo e ao seu candidato Daniel Chapo com mais de 73% dos votos.
Em mais uma transmissão em directo feita hoje, na sua página oficial do Facebook, Venâncio Mondlane defende que toma esta medida por saber que a mesma jamais será tomada pelo Presidente da República que, na sua óptica, não se preocupa com o povo, mas sim com o partido que preside (Frelimo) e o candidato daquela formação política. “O Presidente da República não veio abraçar o povo, as famílias que perderam os seus filhos, os partidos que foram roubados votos. Apenas abraçou o seu partido”, disse o candidato.
Segundo Venâncio Mondlane, os três dias de luto nacional serão observados em todo país, a partir das 00h00 desta quarta-feira. O político explica que cada cidadão que se identifica com a causa deverá vestir de preto ou colocar um laço preto em homenagem aos “mártires do panelaço”. Refira-se que pelo menos 50 pessoas foram assassinadas pela Polícia desde o início das manifestações, a 21 de Outubro.
Venâncio Mondlane disse ainda que o luto nacional deverá ser vivido nos quintais e nas ruas próximas às residências dos manifestantes, como forma de separar estes dos “vândalos”, que semeiam terror nas estradas das cidades de Maputo e Matola e dos distritos de Boane e Marracuene. O “panelaço” diário das 21h00, disse Mondlane, deverá continuar dentro dos quarteirões, mas sem longas caminhadas, de modo a se controlar os “infiltrados”.
Mondlane afirma ainda que durante os três dias de luto nacional, os condutores que se identificam com a causa deverão paralisar as suas viaturas ao meio-dia e accionar as suas buzinas por um período de 15 minutos. Os manifestantes, por sua vez, deverão levantar os seus cartazes, à mesma hora, nas rotundas, cruzamentos e entroncamentos.
O político garantiu que as manifestações não irão parar até à reposição da verdade eleitoral. Criticou o facto de a sociedade “subalternizar” as mortes causadas pela Polícia por causa da vandalização de viaturas e saqueamento de bens, protagonizados, no seu entender, por “infiltrados” com propósito de “desviar as atenções do essencial das manifestações”.
Refira-se que o luto nacional de três dias enquadra-se na segunda fase da quarta e última etapa das manifestações populares convocada por Venâncio Mondlane e deverá encerrar na sexta-feira.
Com esta fase, totalizar-se-ão 17 dias de manifestações, de um conjunto de “25 dias de terror”, prometidos pelo candidato em homenagem ao advogado Elvino Dias, crivado com 25 balas no passado dia 18 de Outubro por indivíduos até aqui desconhecidos. (Carta)
As manifestações populares contra os resultados das eleições gerais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane começaram no mês de Outubro, pouco depois do anúncio dos resultados gerais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), considerados fraudulentos. Desde então, já são contabilizados mais de 100 feridos a tiros pela Polícia da República de Moçambique (PRM), só em Maputo.
No último domingo, "Carta" visitou vários jovens que se encontram internados na maior unidade sanitária do país, o Hospital Central de Maputo (HCM), e que foram vítimas das atrocidades cometidas pela Polícia, no âmbito das manifestações que ocorrem por todo o país, para entender as razões de suas lutas.
Num primeiro momento, as voltas que a nossa reportagem deu na ortopedia do HCM fizeram soar vozes de jovens que, de longe, pareciam estar numa roda de conversa, de tanto que gritavam entre eles. Quando entramos no quarto escolhido para agrupar os jovens "vítimas das manifestações", encontramos logo na entrada Vasco Daniel, de 36 anos de idade, pai de dois filhos, trabalhador por conta própria (biscateiro) e sonhador.
Daniel foi alvejado com um tiro na perna durante as manifestações do dia 7 de Novembro, quando se encontrava marchando pacificamente com outros jovens. No lugar de dialogar com os manifestantes, a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) lançou gás e começou a disparar balas verdadeiras para matar indiscriminadamente, em nome do Estado.
“Este país precisa de melhorar, ninguém me vai parar. Vivemos na miséria há mais de 40 anos. Neste país não há emprego, somos obrigados a viver de ‘biscate’ para sustentar as nossas famílias. Eu estou mal agora, mas quando sair daqui, vou continuar com a minha luta. O que eu comecei tenho de concluir. Mesmo no estado em que me encontro, não vou parar de lutar. Mesmo com muletas, eu vou sair para me manifestar até que a verdade eleitoral seja restabelecida e que o meu presidente Venâncio Mondlane tome o seu lugar para a melhoria da situação do país”, clamou o nosso interlocutor.
“Não vou desistir da minha luta, não posso desistir. Não posso construir uma casa e deixá-la pela metade. Tenho de concluir e entrar para dormir em paz com a saída da Frelimo do poder. Portanto, a luta que iniciei vai até ao fim”, disse.
Neste momento em que seus “biscates” estão parados, por estar internado no Hospital Central de Maputo, consegue comprar comida para seus filhos graças ao apoio que tem recebido de pessoas de boa-fé, que quase todos os dias depositam um valor na sua conta M-pesa.
Conversamos também com Raimundo Alexandre, de pouco mais de 35 anos, pai de um filho e que trabalha por conta própria, pois, até ao momento não consegue emprego. Frustrado com a situação em que vive há muito tempo, saiu às ruas para ver se as coisas mudam.
“Fui baleado nas manifestações do dia 24 de Outubro, em Maxaquene, a lutar pelo bem-estar dos meus irmãos, dos meus filhos e da minha família. Eu estava no meio das manifestações a defender os meus direitos e não estava a vandalizar nenhum bem, quando a Unidade de Intervenção Rápida, a dita Polícia da Frelimo, chegou e começou a balear-nos com intenção de matar”.
“Quando eu sair desta cama do hospital, volto às ruas para defender aquilo que são os meus direitos. Eu e muitos de nós votamos em Venâncio Mondlane, mas o governo de Nyusi quer roubar o nosso direito de voto. Há muito tempo que a minha vida foi alienada. Toda a riqueza deste país tem donos. Eu quero defender a honra deste país, não tive a chance de estudar porque, muito cedo, me tornei pai e tive de procurar sustento para o meu filho. Nunca tive acesso ao emprego, por isso tive de me reinventar”, frisou Alexandre.
Sem se identificar, outro jovem internado no hospital disse que a luta que os jovens estão a travar é devido à frustração que carregam por conta de várias injustiças perpetradas pelo governo. “Grande parte de nós, os jovens que saímos para marchar na Vladimir Lenine, não trabalhamos. Não tivemos oportunidades de estudar. Por vezes, dormimos duas a três noites sem comer, mas lutamos para pôr um pouco no prato dos nossos filhos. Nós engolimos muito e hoje dizemos ‘basta’. Não queremos que essa desgraça, que hoje vivemos, se perpetue por outras gerações”, frisou.
“Eu saí à rua em busca de um futuro melhor para os meus filhos e para os moçambicanos. Não luto por mim, mas sim pelo povo que vive injustiçado dia após dia. Sei que, neste momento, meus filhos podem estar sem o que comer. Mas tenho orgulho de ter dado o meu corpo às balas para libertar este país das mãos destes ladrões. Sairei às ruas quantas vezes forem necessárias para não permitir que a FRELIMO continue a governar este país e as nossas vidas e a nos fazer viver debaixo de tanta miséria. Tenho meus sonhos e meus anseios e quero um país melhor e digno para os meus filhos”, concluiu.
Denilson Alves, outro sobrevivente das manifestações, que levou um tiro no braço no dia 7 de Novembro, diz que a sua luta vai continuar até que a verdade eleitoral seja reposta pelo Conselho Constitucional.
“Não é à toa que milhares de jovens saem às ruas para contestar. São milhares de jovens que gritam nas ruas pelo bem desta nação. São vários anos a sermos escravizados por este governo. Para mim, valeu a pena toda esta luta. Quando eu sair da cama deste hospital, vou continuar a lutar porque nós PODEMOS viver uma vida melhor neste país. Para que haja mudanças, é necessário que alguns de nós enfrentem o perigo por uma causa justa. Neste país, vivemos situações muito injustas e hoje eu só quero um Moçambique digno e justo para os meus filhos e netos. Quando tudo passar, vou dizer em viva voz: valeu a pena”.
Em conversa com Afonso Muchanga, de 18 anos de idade, estudante da 11ª classe, e um dos sobreviventes do fatídico acidente da “Texlon”, ocorrido na noite do último sábado, que ceifou a vida de outros sete jovens, ele contou que o seu sonho é viver num país melhor, onde todos os seus irmãos tenham uma educação de qualidade e melhores condições de vida.
“Eu saí à rua com os meus amigos para fazermos a greve do ‘panelaço’. Estávamos na zona quando decidimos nos aproximar da estrada para nos juntarmos a outro grupo da área, mas ficamos parados no passeio, tocando as nossas panelas. Quando dei por mim, já estava estatelado no chão e sangrando muito”, afirmou.
“Não vi sequer como aquele carro veio, porque foi tudo tão rápido. Ele deixou a estrada e veio para cima de nós, que estávamos no passeio. Se eu pudesse voltar atrás, teria dado ouvidos à minha mãe, que sempre disse para eu não sair de casa durante essas manifestações. Hoje estou aqui, nesta cama, e não sei o que vai ser da minha perna quando eu sair daqui. Hoje sou chamado de vândalo, mas eu estava apenas fazendo uma manifestação pacífica. Mas estou muito arrependido”, lamentou Muchanga, com um olhar sereno e olhos quase a lacrimejar.
À "Carta” também falou Fábio Cipriano Alberto, de 22 anos de idade, residente no bairro Luís Cabral. Conta que deu entrada no HCM no último sábado (16), vítima de cinco tiros nas duas pernas, quando tentava fugir da polícia que decidiu fazer “uma caça às bruxas” dentro do bairro.
“Eu estava na zona com outros vizinhos a fazermos a manifestação das panelas quando, de repente, nos apercebemos que homens da UIR decidiram entrar no bairro à procura de jovens que estavam a participar das manifestações. Meus vizinhos correram para uma direcção que eu julguei ser a errada, mas afinal de contas caí na minha própria emboscada”, conta.
“Deparei-me com um agente que me deu cinco tiros nas duas pernas e mesmo em meio a tanta dor, tive de simular a minha própria morte. E, para o agente ter a certeza de que eu morri, pisou-me a cara, do lado do olho e disse ‘este já nos deixou’ e foi embora. Eles só te deixam quando têm a certeza de que tu já morreste. Por isso, a UIR sempre atira para matar civis. Mas estou orgulhoso de mim, apesar de estar hoje aqui deitado nesta cama do hospital em meio a muita dor”, continuou.
Já Aldo Moisés, um jovem militar que também conversou com a nossa reportagem, contou que foi vítima de uma bala perdida no bairro Luís Cabral quando acompanhava os seus amigos que o foram visitar.
“Não entendo essa forma de actuação da UIR. Muitos jovens que estão na rua estão cansados das injustiças deste país. Um país rico em recursos minerais, mas que tem donos; um país que tem tudo para proporcionar as melhores escolas para os nossos filhos, mas não se importam. O sector da saúde do nosso país é deplorável. É disto que os jovens estão cansados. Por isso, saem à rua para lançar um grito de socorro. (Marta Afonso)
Pelo menos cinco pessoas morreram e outras 37 ficaram feridas em 51 manifestações registadas nos últimos cinco dias de contestação dos resultados eleitorais em Moçambique, anunciou ontem a polícia moçambicana.
As cinco mortes ocorreram por atropelamentos noturnos nos aglomerados onde “indivíduos colocavam barricadas na via pública e efetuavam cobranças ilícitas para os automobilistas poderem circular”, disse Orlando Modumane, porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), durante uma conferência de imprensa em Maputo.
Dos 37 feridos, segundo o responsável, 20 pessoas, entre as quais cinco agentes da PRM, ficaram feridas durante as manifestações e outras 17 foram feridas também em acidentes de viação noturnos ocorridos em aglomerados.
Orlando Modumane classificou as 51 manifestações de “violentas e tumultuosas”, referindo que pelo menos 24 estabelecimentos comerciais foram pilhados, sete viaturas, seis casas e 10 barracas incendiadas, além de várias instituições do Estado, entre escolas e subunidades da polícia, vandalizadas durante os protestos.
“As ações de vandalização, saque e pilhagem estendem-se às zonas mineiras do país, onde os autores queimam os acampamentos e as máquinas de trabalho”, acrescentou o porta-voz, que contabilizou 136 detidos e 46 processos-crime instaurados em todo o país.
A polícia avançou que houve um reforço do contingente na via pública, afirmando que em “nenhum momento” foram registadas manifestações pacíficas, mas sim violentas e que têm sido conduzidas por “indivíduos de conduta criminosa, sob efeitos de álcool e outras substâncias psicotrópicas que provocam anarquia e caos nos centros urbanos”.
“O que nós queremos garantir é que a Polícia da República de Moçambique age sempre de forma proporcional ao que estiver a ocorrer no terreno. Portanto, algumas situações lamentáveis que podem ocorrer são em função, infelizmente, de algumas condutas de indivíduos criminosos, sublinhe-se isso, que se infiltram nas manifestações e acabam criando um total terror”, acrescentou ainda Modumane.
O porta-voz apelou para que as pessoas não adiram às manifestações violentas. As manifestações têm sido convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), dado como vencedor, com 70,67 % dos votos, segundo resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, o qual não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo no passado dia 07, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar os manifestantes. Venâncio Mondlane anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral. (Lusa)
A localidade de Nanjua, no Posto Administrativo de Mesa, distrito de Ancuabe, em Cabo Delgado, viveu, neste domingo, um dos momentos mais agitados da sua história após notícias de que mais de 30 homens, supostamente terroristas, haviam sido capturados pelos Naparamas, uma milícia local.
A situação, que paralisou o trânsito por várias horas na estrada Pemba-Montepuez, sobretudo no troço entre as aldeias Nanjua e Nacololo, mobilizou muitas pessoas, entre adultos e crianças, que encheram a principal rua de Nanjua, enquanto os capturados eram conduzidos ao posto policial local.
À "Carta", várias fontes, que presenciaram o episódio, afirmaram que, após os interrogatórios, os capturados explicaram que eram membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) que estavam em patrulha na região em cumprimento de um plano de contra-inteligência, devido à movimentação de terroristas no distrito de Ancuabe, mas sem conhecimento dos Naparamas.
"Após algum tempo, soubemos que eram militares [estavam também a trabalhar na zona] e não tinham informado as forças locais, neste caso, os Naparamas, por uma questão de estratégia de trabalho. No entanto, as pessoas pensaram que eram terroristas, apesar do fardamento militar que usavam", afirmou uma testemunha.
Outra fonte apontou a falta de informação como o principal factor que gerou a suspeita de que não se tratava de militares. "Estavam vestidos com uniforme militar, das nossas forças (FADM), mas hoje em dia nada se pode confiar, porque várias vezes os “shababs” foram vistos com fardamento militar. O que também contribuiu, talvez, foi a falta de comunicação, pois não avisaram nem os seus colegas que estavam a trabalhar nesta zona."
No entanto, os militares foram libertos e seguiram o seu caminho, enquanto os Naparamas continuaram o seu trabalho de patrulha na área. No mesmo domingo, os terroristas atacaram a localidade de Nacuale, mas "Carta" não dispõe ainda de detalhes, embora se saiba que houve mortes e destruição de bens da população. (Carta)