A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado alega que as manifestações de quarta e sexta-feira, em Pemba, foram lideradas por indivíduos infiltrados e não propriamente por membros do PODEMOS e apoiantes do Venâncio Mondlane. A PRM justifica a sua posição recorrendo ao facto de as manifestações terem sido muito violentas.
O porta-voz da corporação em Cabo Delgado, Aniceto Magome, anotou que maior parte, se não todos os manifestantes que estiveram na linha de frente das manifestações em Pemba, eram provenientes de outros pontos do país, como é o caso da vizinha província de Nampula.
"Assumimos que esta conduta não é de membros ou simpatizantes do PODEMOS, tendo em conta que nós temos uma boa cooperação com aquela formação política desde o início das manifestações. Contudo, a situação foi diferente, com os manifestantes colocando barricadas e queimando pneus. Aparentemente, indivíduos à revelia do partido PODEMOS fizeram-se à rua sem um itinerário previamente definido, com uma grande margem de violência, situação que obrigou a intervenção das autoridades", disse Aniceto Magome, confirmando que além da cidade de Pemba, as manifestações também tiveram lugar na cidade de Montepuez e no distrito de Metuge.
Singano Assane, Coordenador do Podemos em Cabo Delgado, também se distanciou dos manifestantes e acredita que a vandalização não concretizada feita por membros daquela formação política. "Estamos a notar uma infiltração aqui em Cabo Delgado porque temos terroristas aqui na província e do jeito como se manifestaram faz-nos crer que são pessoas que vieram de outras províncias e de outros lugares que não podemos revelar", explicou.
No caso do distrito de Metuge, os manifestantes puseram barricadas e pneus na estrada Pemba/ cruzamento de Salaúe (Silva Macua), impedindo a circulação de pessoas e viaturas. Devido à situação, muitos carros que saíram de Cabo Delgado, Nampula e de outros pontos não chegaram a Pemba e os que saíram desta cidade tiveram que recuar em Impiri.
Lembre que além da destruição da estátua do proeminente antigo combatente Alberto Joaquim Chipande e das sedes administrativas municipais de Paquitequete, Alto Gingone, Mahate, foram igualmente vandalizadas as sedes dos comités das zonas de Natite e Cariacó. (Carta)
O activista social e coordenador da Plataforma de Monitoria Eleitoral DECIDE, Wilker Dias, denunciou, este domingo, uma tentativa de assassinato por envenenamento, ocorrida na última sexta-feira, em Maputo. O facto, cujos rumores vinham circulando nas redes sociais, foi confirmado pelo próprio activista, em vídeo publicado na sua página do Facebook.
Segundo Wilker Dias, que há dias apresentou, à PGR, uma queixa contra o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, e o Ministro do Interior, Pascoal Ronda, responsabilizando-os pela violência policial nas manifestações populares, o veneno (denominado arsénico, um composto branco extremamente tóxico e venenoso) foi colocado na sua água mineral.
“O sucedido [tentativa de assassinato] ocorreu na sexta-feira última. Depois de ter ingerido água mineral, comecei a passar mal e valeu a intervenção de três jovens, que prestaram os primeiros socorros e fizeram com que conseguisse recuperar e até tirar um pouco daquilo que já havia ingerido”, contou.
Wilker Dias afirma que o veneno foi detectado no hospital, para onde foi evacuado após a ocorrência. “Tive assistência hospitalar, onde detectaram vestígios em quantidades consideráveis de arsénico, que é uma espécie de toxina que, colocada na água, pode causar danos até à morte”.
O activista não especificou o local onde o envenenamento ocorreu e nem o hospital onde foi atendido. No entanto, informações não confirmadas indicam que Wilker Dias sofreu a referida tentativa de assassinato numa estância hoteleira de Maputo. “Carta” não conseguiu falar com o activista.
“Estou bem, a luta continua e vamos, sim, continuar a defender os direitos humanos. Como dizem, tenho sete vidas, já foram duas e tenho cinco. Ainda tenho forças para continuar a lutar. Vamos a isso, irmãos”, defendeu, no vídeo de pouco mais de 1 minuto e 45 segundos.
Refira-se que Wilker Dias é um dos activistas que tem estado na linha da frente na defesa dos direitos humanos, no âmbito das manifestações populares convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. Aliás, para além do envenenamento de Wilker Dias, a Plataforma de Monitoria Eleitoral DECIDE denunciou também a tentativa de sequestro do seu Oficial de Comunicação, ocorrido no sábado, na cidade da Beira.
Dados compilados pela Plataforma DECIDE, que em Outubro último interrompeu a sessão da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos para alertar sobre atropelos aos direitos humanos em Moçambique no contexto eleitoral e protestar contra o assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, apontam para a morte de pelo menos 90 pessoas desde o início das manifestações, a 21 de Outubro. (Carta)
A estrada nacional número um (EN1) está bloqueada há 24 horas, em Bobole, posto administrativo do distrito de Marracuene, na província de Maputo, Sul de Moçambique. O bloqueio, perpetrado por jovens manifestantes, enquadra-se na “Fase 4x4’’ de manifestações populares e desobediência civil convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, fase esta caracterizada por impedimento de circulação de viaturas nas vias públicas das 8 horas às 15:30 horas durante 8 dias, desde quarta-feira última.
Ora, o bloqueio perdura há 24 horas porque os jovens amotinados condicionam a abertura da via a uma transmissão ao vivo pela internet na qual Venâncio Mondlane faça prova de vida, na sequência do anúncio feito por este político, ontem em uma postagem na rede social Facebook, de que fora alvo de uma tentativa de assassinato.
No local, o cenário está caótico com centenas de viaturas sem passagem para o norte e o sul do país. Para impedir a passagem de viaturas, os manifestantes colocaram uma pá escavadora e um camião cisterna numa ponteca próxima ao posto de combustível de Bobole.
O bloqueio só permite a passagem de uma pessoa de cada vez, mediante exaltação de Venâncio Mondlane.
A fila de viaturas começa na fábrica Heineken e vai até mercado de Bobole no sentido norte-sul, quase 4 quilómetros.
Depois da ponteca em direcção a Maputo o cenário é idêntico. Uma fila de viaturas até ao posto policial de Nhonguanhane.
No terreno, a única autoridade do Estado presente é a Polícia de Transito, através de alguns agentes em número inferior a 5, que estão a aconselhar os automobilistas a se manterem imobilizados. Pelas 8:30 horas de hoje, chegaram ao local dois BTRs das FADM, os quais observam o cenário na esperança de que a sua presença seja um factor de dissuasão a qualquer acto violento, posicionados do lado sul da ponteca.
Neste momento, não é possível prever quando é que a via será desbloqueada. (Carta, em actualização)
A crise pós-eleitoral que se vive no país desde 21 de Outubro, caracterizada por manifestações, convocadas pelo candidato Venâncio Mondlane, em protesto aos resultados das eleições de 09 de Outubro, chegou à província de Gaza, o chamado “bastião” da Frelimo.
Desde quarta-feira passada, no arranque da denominada “Fase 4X4”, que as cidades de Xai-Xai (capital provincial), Chókwè e Chibuto e o Posto Administrativo de Chidenguele, no distrito de Mandlakazi, registam casos de bloqueio de estradas e de vandalização, visando, curiosamente, as sedes do partido Frelimo.
Na quarta-feira, por exemplo, manifestantes marcharam pelas ruas da baixa da Cidade de Xai-Xai durante o dia e, no final da tarde, tentaram incendiar a sede provincial da Frelimo, acto frustrado pela pronta intervenção das autoridades.
Ontem, quinta-feira, as manifestações populares atingiram as cidades de Chókwè e Chibuto, onde houve registo de tumultos e vandalização de diversas infra-estruturas públicas e privadas. Em Chibuto, os manifestantes vandalizaram e saquearam um supermercado e abriram uma cadeia distrital, de onde evadiram dezenas de reclusos. Duas pessoas foram mortas pela Polícia.
Já, em Chókwè, foram queimadas duas sedes da Frelimo (uma distrital e outra da cidade) e uma infra-estrutura do FIPAG, segundo dados avançados esta manhã pela TV SUCESSO. Igualmente, foi incendiada a sede da Frelimo, no distrito de Chongoene.
Em Chidenguele, manifestantes bloquearam, quarta e quinta-feira, a Estrada Nacional Nº 1, num acto que se prolongou por várias horas. Em Xai-Xai, ontem ouviu-se disparos da Polícia durante a noite inteira, tendo cessado depois da meia-noite.
Refira-se que a província de Gaza é considerada o bastião da Frelimo, com o partido no poder a ganhar, ciclicamente, todos mandatos na Assembleia da República. Aliás, em Gaza, ser membro da oposição sempre foi sinónimo de inimigo, havendo centenas de casos em que cidadãos foram expulsos ou assassinados por serem membros da oposição. (Carta)
O índice PMI de atividade empresarial em Moçambique sofreu em novembro a queda mensal mais acentuada em quase três anos, devido à tensão pós-eleitoral no país, segundo o Standard Bank, que conduz o inquérito.
“O PMI Moçambique assinalou um declínio na economia do setor privado em novembro, à medida que a produção e as carteiras de encomendas foram amplamente reduzidas devido aos protestos e às greves. O declínio levou as empresas a realizarem novos cortes no número de funcionários e nas aquisições. Em simultâneo, o otimismo em relação à atividade empresarial futura regrediu”, lê-se no estudo, divulgado hoje.
Acrescenta que na sequência das manifestações e paralisações de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, “as cadeias de abastecimento também foram afetadas”, tendo os dados do inquérito “indicado um aumento consistente dos prazos de entrega dos meios de produção”.
Em novembro, o principal indicador do PMI caiu dos 50 pontos “pela primeira vez em sete meses”, baixando do valor de 50,2, em outubro, para 48,4. “A atividade empresarial geral diminuiu ao ritmo mais elevado desde janeiro de 2022. O declínio foi amplamente associado pelos inquiridos aos protestos e às greves que se seguiram às eleições gerais, resultando tanto numa redução da capacidade como numa menor procura pelos clientes. De igual modo, os dados do inquérito mais recente revelaram um forte declínio nos volumes de novos negócios”, refere-se ainda no estudo, apontando a construção como o setor com “o declínio mais acentuado”.
“O declínio geral pôs fim a uma sequência de crescimento das novas encomendas que se prolongava há nove meses. Mediante a deterioração das condições das empresas, uma das medidas que estas tomaram para controlar os custos foi a redução da sua capacidade empresarial ao longo do mês de novembro. Embora de forma ligeira, foram eliminados postos de trabalho ao ritmo mais rápido desde março de 2021. Isto contribuiu para a primeira diminuição dos custos com salários em mais de três anos”, acrescenta-se.
“É de salientar que os riscos de declínio do crescimento económico aumentaram, tendo em consideração a perspetiva de um prolongamento da tensão pós-eleitoral, as pressões fiscais persistentes e os crescentes desequilíbrios entre a procura e a oferta de divisas. Mantemos as nossas previsões de um crescimento mais brando do PIB em 2025 de 3,3%, em termos homólogos, e de um aumento da inflação para 5,8%, em termos homólogos, no final de 2025”, comenta o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, citado no estudo.
Indicadores do PMI acima de 50 pontos apontam para uma melhoria nas condições das empresas em relação ao mês anterior, ao passo que indicadores abaixo desse valor mostram uma deterioração. O Purchasing Managers Index (PMI) publicado mensalmente pelo Standard Bank resulta das respostas de diretores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do setor privado.
Pelo menos 12 pessoas morreram e outras 34 foram baleadas na nova fase de manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais iniciada na quarta-feira, indicou ontem a Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide. O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições de Moçambique (CNE), em 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional. (Lusa)
A Polícia da República de Moçambique (PRM) baleou mortalmente, esta quinta-feira (05), sete pessoas na localidade de Namina, no distrito de Mecubúri, província de Nampula, no decurso das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em repúdio contra os resultados eleitorais.
A província de Nampula, à semelhança de outras regiões do país, foi esta quinta-feira epicentro de manifestações que culminaram com a invasão do campo da Kenmare, a interrupção da estrada Ribáuè/Cidade de Nampula e queima de sedes da Frelimo.
O segundo dia das manifestações, dos oito programados pelo candidato presidencial apoiado pelo partido Podemos, Venâncio Mondlane, foi marcado por actos de vandalismo e invasão ao campo da empresa que explora areias pesadas na mina, localizada na localidade de Topuito, no distrito de Larde, em Nampula.
Para além de actos de vandalismo, "Carta" apurou que foi bloqueada a circulação nas vias de acesso à empresa Kenmare, incluindo a destruição de vários bens da empresa e a interrupção completa das actividades.
Os trabalhadores foram evacuados de emergência e alguns sequer conseguiram desembarcar na aeronave da empresa, depois de a população ter tomado controlo da pista privada da empresa. Os manifestantes destruíram um posto policial ainda em construção e interromperam o processo de exames na escola secundária de Topuito.
Já pela manhã, o trânsito no troço que liga a cidade de Nampula ao distrito de Ribáuè foi interrompido, comprometendo a circulação de viaturas ao longo da rodovia. Foram horas de longas filas de veículos, tudo porque um grupo de manifestantes colocou barricadas e queimou pneus e outros materiais em Namigonha. Na mesma localidade, um número ainda não especificado de viaturas e a sede do partido Frelimo foram incendiados.
No distrito de Muecate, a sede do partido Frelimo também foi destruída e os alunos da escola secundária local foram forçados a abandonar a realização dos exames. Mas os danos não pararam por aí. Outros manifestantes no distrito de Larde queimaram as instalações do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE). (Carta)
Estão longe do fim, os protestos populares em curso no país em repúdio aos resultados das eleições de 09 de Outubro último. Depois do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reclama vitória nas eleições presidenciais, agora é a vez do Presidente do Município de Quelimane e candidato a Governador da Zambézia, Manuel De Araújo, reivindicar a vitória eleitoral, nas eleições provinciais de 09 de Outubro.
Em uma carta dirigida hoje a diversas entidades, entre elas, as Forças de Defesa e Segurança e as lideranças comunitárias e religiosas, Manuel De Araújo defende que a população da Zambézia elegeu a Renamo e o seu cabeça-de-lista para dirigirem a segunda província mais populosa do país.
Na missiva de duas páginas, o político, que dirige a autarquia de Quelimane desde 2011, defende que a escolha dos eleitores da Zambézia não é nova, pois, “em eleições sucessivas, este povo manifestou inequivocamente a sua confiança na Renamo como o verdadeiro representante das suas aspirações e sonhos”.
“Desta feita, mais uma vez, a Zambézia escolheu a Renamo para liderar os destinos desta província, e não permitiremos que a vontade soberana do nosso povo seja obliterada por quaisquer artimanhas ou manipulações engendradas por entidades como a CNE, o STAE ou quem quer que seja”, afirma.
Por isso, socorrendo-se dos artigos 51 e do número 1 do artigo 2, ambos da Constituição da República, De Araújo convoca “todos os zambezianos, em cada distrito, localidade e bairro desta vasta e rica província, a erguerem as suas vozes de forma pacífica e ordeira, para exigir a reposição da verdade eleitoral”. No entanto, não avança a data para o início dos protestos.
Para o Edil de Quelimane, esta é uma luta que “transcende partidos políticos”. Na sua óptica, “é uma luta pelo respeito à democracia, pelo futuro dos nossos filhos e pela integridade do nosso país”.
“Não nos levantamos contra a lei, mas sim em sua defesa. Reafirmamos que todos os nossos actos respeitarão escrupulosamente o que a Constituição determina, pois, é na legalidade que a nossa força reside”, sublinha.
“A Zambézia escolheu. A Zambézia sempre escolheu. E não nos curvaremos diante de artifícios destinados a roubar o que nos pertence por direito. Esta luta é de todos nós, pela Zambézia, por Moçambique, pela liberdade”, atira, exortando as lideranças comunitárias e religiosas, os movimentos cívicos, entre outras entidades a se unirem às manifestações.
Refira-se que estas são as primeiras marchas populares a serem convocadas pela Renamo desde a votação de 09 de Outubro, em todo território nacional. Desde 21 de Outubro, o país tem assistido a uma onda de manifestações populares, todas convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reclama vitória para si (nas eleições presidenciais) e para o PODEMOS (nas legislativas), partido que apoia a sua candidatura. (Carta)
Um grupo de jovens, munidos de paus e outros instrumentos, invadiu ontem a Escola Secundária Quisse Mavota, em Maputo, e impediu a realização dos exames. Naquele estabelecimento de ensino, os alunos sentiram-se intimidados e deixaram de fazer os exames e abandonaram as salas de aula em debandada.
Um vídeo amador enviado à nossa redacção mostra outro grupo de alunos de diferentes escolas da cidade de Maputo a abandonar ou a invadir outras instituições de ensino para impedir os colegas de continuarem com os exames.
De sala em sala, mas sem destruir nenhum bem, os alunos entravam em grupo, rasgavam os enunciados e obrigavam os outros a saírem das salas. Na lista das escolas invadidas pelos alunos ao longo da Avenida de Moçambique, logo nas primeiras horas desta quarta-feira, constam as Escolas Secundárias Unidade 30 e a Heróis Moçambicanos.
Em conversa com alguns alunos que residem nas proximidades da Escola Secundária Heróis Moçambicanos, eles contaram que este movimento está relacionado com a falta de pagamento das horas extraordinárias dos professores. Por essa razão, eles não podiam ficar alheios às preocupações dos professores e permitir que alguns alunos realizassem as provas enquanto outros foram impedidos.
Outro vídeo mostra alunos de uma escola pública que invadiram uma escola privada no bairro de Khongolote, província de Maputo, para impedir a realização dos exames, aproveitando a oportunidade para "tomar um banho na piscina".
Já no período da tarde, em algumas escolas da cidade de Maputo onde os exames estavam a decorrer normalmente, alunos que residem em bairros mais distantes não conseguiram chegar às escolas devido à falta de transporte, e outros tiveram de sair de casa às 5h00 para chegar a tempo de realizar as provas.
Consta ainda que, devido ao boicote, na província de Maputo, a Escola Secundária Eng. Filipe Jacinto Nyusi mais uma vez não realizou os exames de Física e Biologia que tinham sido agendados para ontem.
Referir que os tumultos em escolas secundárias foram registados também no distrito de Chibuto, em Gaza, e em Cumbana, distrito de Jangamo, na província de Inhambane. Nestes pontos, a Polícia até lançou gás lacrimogénio contra os alunos e professores. (M.A.)
Pelo menos seis manifestantes foram feridos, esta quarta-feira, em Pemba, por balas disparadas pela Polícia, durante os novos protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que exige, entre outros pontos, a reposição da verdade eleitoral.
A manifestação na cidade de Pemba teve dois momentos. O primeiro, pela manhã, quando os manifestantes, na sua maioria jovens e adolescentes, saíram da sede do PODEMOS, no bairro Natite, passaram pelo Mercado Central e pela Avenida 25 de Setembro, cantando e exigindo justiça eleitoral. Durante a caminhada, estavam acompanhados por agentes da Polícia.
No período da tarde, o número de manifestantes aumentou, desafiando o efectivo policial. A principal avenida da cidade, a Avenida 25 de Setembro, foi bloqueada e foram também queimados pneus.
Os manifestantes colocaram pedras e contentores de lixo, especialmente nas zonas conhecidas como Galp, Viveiro Municipal, Embondeiro e no Mercado de Alto-Gingone, próximo ao Aeroporto Internacional de Pemba.
A circulação de pessoas e bens foi igualmente bloqueada na estrada que liga a avenida Emulação Socialista à sede do partido Renamo, bem como na estrada que dá acesso à estátua de Samuel Kankomba e à Avenida da Marginal. Nesses locais, além de lançar gás lacrimogéneo, a Polícia disparou balas reais para dispersar os manifestantes, que pareciam desafiar cada vez mais a força policial no terreno.
"Carta" apurou que uma viatura da PRM foi parcialmente danificada e alguns manifestantes ficaram feridos, além do roubo de bens por alguns indivíduos. Os feridos estão a receber cuidados médicos no Hospital Provincial.
Enquanto um grupo de manifestantes protestava ao longo da Avenida 25 de Setembro, outro entrava nos bairros para vandalizar as sedes do partido Frelimo, concretamente, nos bairros de Natite e Cariacó.
Em conversa com “Carta”, um dos manifestantes disse que a sua participação na manifestação tinha motivações políticas: “Estamos a exigir que deem à Venâncio Mondlane, o poder de governar, ele ganhou as eleições, não há como”.
A mesma ideia foi partilhada por outro adolescente também presente na manifestação: “Não queremos criar confusão, mas a Frelimo deve dar o poder a Venâncio Mondlane, ele foi eleito pelo povo, então queremos ver como ele vai governar”, insistiu.
Outros entrevistados consideraram que o nível de participação e a prática de actos de violência na manifestação desta quarta-feira foram surpreendentes, se comparados com as fases anteriores. Devido ao aumento dos actos de violência, o transporte público deixou de circular e os principais mercados da cidade foram encerrados, a partir do meio-dia desta quarta-feira (04).
Fora da capital provincial, o movimento de protesto também foi registado na cidade de Montepuez, mais ao sul da província. A manifestação aconteceu debaixo da chuva, mas sem registo de actos de violência. Muitos manifestantes, que circulavam em motorizadas, passaram por diferentes artérias, tocando “vuvuzelas” e apitos, exaltando o partido Podemos e o seu candidato presidencial Venâncio Mondlane. (Carta)
Em vigor desde 2019, a parceria entre a Cervejas de Moçambique (CDM), firma membro da AB InBev, o maior grupo cervejeiro do mundo, e a World Wildlife Fund (WWF), uma organização independente de conservação da natureza que se ocupa da protecção da natureza e da vida humana, está já a produzir resultados encorajadores, conforme constatado em avaliação recente a que o nosso jornal teve acesso.
Tendo como enfoque a definição de uma abordagem multissectorial para a conservação da água, as duas entidades têm estado a envidar esforços no sentido de desenvolver uma base de projectos visando a restauração de ecossistemas em várias bacias hidrográficas prioritárias, integradas na meta de sustentabilidade hídrica da AB InBev para 2025, cujo fulcro é a melhoria mensurável global da disponibilidade e qualidade da água no seio das comunidades onde o maior grupo cervejeiro do mundo opera, e que estejam localizadas em áreas tradicionalmente de escassez em termos de acesso ao chamado líquido precioso.
O trabalho conjunto que a CDM e a WWF estão a desenvolver nestes cinco anos têm como palco a Região de Grande Maputo, mais concretamente os rios Incomáti e Umbeluzi, na região sul de Moçambique.
Captar as diversas nuances do contexto hídrico, identificar riscos e oportunidades para gestão e reunir as partes interessadas para tomar acções colectivas para reduzir a perda de água e aumentar a sua qualidade figuram no rol dos objectivos da colaboração entre a CDM e a WWF, conforme dados a que o nosso jornal teve acesso.
A fonte documental a que já fizemos referência diz que desde o início do projecto diversas espécies invasoras aquáticas e terrestres foram já removidas num raio de 10 quilómetros do Rio Umbeluzi, registando-se melhorias nos parâmetros de qualidade da água (cor, cheiro, matéria orgânica, etc.) como fruto do trabalho colaborativo em curso.
Como resultado directo da mesma parceria, perdas de água devido à evapotranspiração foram reduzidas, sendo igualmente digna de menção a colecta, nesse quadro, de 1.428 metros cúbicos de resíduos que se achavam presentes no Rio Umbeluzi, com particular destaque para plantas invasoras. A disponibilidade de água também aumentou, com espécies invasoras não mais ocupando 640 metros cúbicos por dia.
Moçambique partilha nove das suas 15 principais bacias hidrográficas com os demais países da região austral de África, estando a jusante e, por isso, particularmente vulnerável aos efeitos das cheias. A seca é um dos eventos climatéricos extremos que tem ciclicamente afectado Moçambique, causando, amiúde, bolsas de fome.
A CDM é a maior empresa do ramo cervejeiro em Moçambique, possuindo quatro fábricas, sendo duas na região sul (uma no bairro do jardim, na cidade de Maputo, e outra no distrito de Marracuane, na província de Maputo), uma na cidade da Beira, província de Sofala, no centro do país, e uma outra na cidade de Nampula, capital da província do mesmo nome, na região norte do país.(Carta)