Pelo menos seis manifestantes foram feridos, esta quarta-feira, em Pemba, por balas disparadas pela Polícia, durante os novos protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que exige, entre outros pontos, a reposição da verdade eleitoral.
A manifestação na cidade de Pemba teve dois momentos. O primeiro, pela manhã, quando os manifestantes, na sua maioria jovens e adolescentes, saíram da sede do PODEMOS, no bairro Natite, passaram pelo Mercado Central e pela Avenida 25 de Setembro, cantando e exigindo justiça eleitoral. Durante a caminhada, estavam acompanhados por agentes da Polícia.
No período da tarde, o número de manifestantes aumentou, desafiando o efectivo policial. A principal avenida da cidade, a Avenida 25 de Setembro, foi bloqueada e foram também queimados pneus.
Os manifestantes colocaram pedras e contentores de lixo, especialmente nas zonas conhecidas como Galp, Viveiro Municipal, Embondeiro e no Mercado de Alto-Gingone, próximo ao Aeroporto Internacional de Pemba.
A circulação de pessoas e bens foi igualmente bloqueada na estrada que liga a avenida Emulação Socialista à sede do partido Renamo, bem como na estrada que dá acesso à estátua de Samuel Kankomba e à Avenida da Marginal. Nesses locais, além de lançar gás lacrimogéneo, a Polícia disparou balas reais para dispersar os manifestantes, que pareciam desafiar cada vez mais a força policial no terreno.
"Carta" apurou que uma viatura da PRM foi parcialmente danificada e alguns manifestantes ficaram feridos, além do roubo de bens por alguns indivíduos. Os feridos estão a receber cuidados médicos no Hospital Provincial.
Enquanto um grupo de manifestantes protestava ao longo da Avenida 25 de Setembro, outro entrava nos bairros para vandalizar as sedes do partido Frelimo, concretamente, nos bairros de Natite e Cariacó.
Em conversa com “Carta”, um dos manifestantes disse que a sua participação na manifestação tinha motivações políticas: “Estamos a exigir que deem à Venâncio Mondlane, o poder de governar, ele ganhou as eleições, não há como”.
A mesma ideia foi partilhada por outro adolescente também presente na manifestação: “Não queremos criar confusão, mas a Frelimo deve dar o poder a Venâncio Mondlane, ele foi eleito pelo povo, então queremos ver como ele vai governar”, insistiu.
Outros entrevistados consideraram que o nível de participação e a prática de actos de violência na manifestação desta quarta-feira foram surpreendentes, se comparados com as fases anteriores. Devido ao aumento dos actos de violência, o transporte público deixou de circular e os principais mercados da cidade foram encerrados, a partir do meio-dia desta quarta-feira (04).
Fora da capital provincial, o movimento de protesto também foi registado na cidade de Montepuez, mais ao sul da província. A manifestação aconteceu debaixo da chuva, mas sem registo de actos de violência. Muitos manifestantes, que circulavam em motorizadas, passaram por diferentes artérias, tocando “vuvuzelas” e apitos, exaltando o partido Podemos e o seu candidato presidencial Venâncio Mondlane. (Carta)