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sexta-feira, 06 dezembro 2024 07:57

Eleições 2024: Atividade empresarial com maior queda mensal em três anos

O índice PMI de atividade empresarial em Moçambique sofreu em novembro a queda mensal mais acentuada em quase três anos, devido à tensão pós-eleitoral no país, segundo o Standard Bank, que conduz o inquérito.

 

“O PMI Moçambique assinalou um declínio na economia do setor privado em novembro, à medida que a produção e as carteiras de encomendas foram amplamente reduzidas devido aos protestos e às greves. O declínio levou as empresas a realizarem novos cortes no número de funcionários e nas aquisições. Em simultâneo, o otimismo em relação à atividade empresarial futura regrediu”, lê-se no estudo, divulgado hoje.

 

Acrescenta que na sequência das manifestações e paralisações de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, “as cadeias de abastecimento também foram afetadas”, tendo os dados do inquérito “indicado um aumento consistente dos prazos de entrega dos meios de produção”.

 

Em novembro, o principal indicador do PMI caiu dos 50 pontos “pela primeira vez em sete meses”, baixando do valor de 50,2, em outubro, para 48,4. “A atividade empresarial geral diminuiu ao ritmo mais elevado desde janeiro de 2022. O declínio foi amplamente associado pelos inquiridos aos protestos e às greves que se seguiram às eleições gerais, resultando tanto numa redução da capacidade como numa menor procura pelos clientes. De igual modo, os dados do inquérito mais recente revelaram um forte declínio nos volumes de novos negócios”, refere-se ainda no estudo, apontando a construção como o setor com “o declínio mais acentuado”.

 

“O declínio geral pôs fim a uma sequência de crescimento das novas encomendas que se prolongava há nove meses. Mediante a deterioração das condições das empresas, uma das medidas que estas tomaram para controlar os custos foi a redução da sua capacidade empresarial ao longo do mês de novembro. Embora de forma ligeira, foram eliminados postos de trabalho ao ritmo mais rápido desde março de 2021. Isto contribuiu para a primeira diminuição dos custos com salários em mais de três anos”, acrescenta-se.

 

“É de salientar que os riscos de declínio do crescimento económico aumentaram, tendo em consideração a perspetiva de um prolongamento da tensão pós-eleitoral, as pressões fiscais persistentes e os crescentes desequilíbrios entre a procura e a oferta de divisas. Mantemos as nossas previsões de um crescimento mais brando do PIB em 2025 de 3,3%, em termos homólogos, e de um aumento da inflação para 5,8%, em termos homólogos, no final de 2025”, comenta o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, citado no estudo.

 

Indicadores do PMI acima de 50 pontos apontam para uma melhoria nas condições das empresas em relação ao mês anterior, ao passo que indicadores abaixo desse valor mostram uma deterioração. O Purchasing Managers Index (PMI) publicado mensalmente pelo Standard Bank resulta das respostas de diretores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do setor privado.

 

Pelo menos 12 pessoas morreram e outras 34 foram baleadas na nova fase de manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais iniciada na quarta-feira, indicou ontem a Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide. O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana.

 

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições de Moçambique (CNE), em 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.

 

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional. (Lusa)

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