Um grupo de jovens, munidos de paus e outros instrumentos, invadiu ontem a Escola Secundária Quisse Mavota, em Maputo, e impediu a realização dos exames. Naquele estabelecimento de ensino, os alunos sentiram-se intimidados e deixaram de fazer os exames e abandonaram as salas de aula em debandada.
Um vídeo amador enviado à nossa redacção mostra outro grupo de alunos de diferentes escolas da cidade de Maputo a abandonar ou a invadir outras instituições de ensino para impedir os colegas de continuarem com os exames.
De sala em sala, mas sem destruir nenhum bem, os alunos entravam em grupo, rasgavam os enunciados e obrigavam os outros a saírem das salas. Na lista das escolas invadidas pelos alunos ao longo da Avenida de Moçambique, logo nas primeiras horas desta quarta-feira, constam as Escolas Secundárias Unidade 30 e a Heróis Moçambicanos.
Em conversa com alguns alunos que residem nas proximidades da Escola Secundária Heróis Moçambicanos, eles contaram que este movimento está relacionado com a falta de pagamento das horas extraordinárias dos professores. Por essa razão, eles não podiam ficar alheios às preocupações dos professores e permitir que alguns alunos realizassem as provas enquanto outros foram impedidos.
Outro vídeo mostra alunos de uma escola pública que invadiram uma escola privada no bairro de Khongolote, província de Maputo, para impedir a realização dos exames, aproveitando a oportunidade para "tomar um banho na piscina".
Já no período da tarde, em algumas escolas da cidade de Maputo onde os exames estavam a decorrer normalmente, alunos que residem em bairros mais distantes não conseguiram chegar às escolas devido à falta de transporte, e outros tiveram de sair de casa às 5h00 para chegar a tempo de realizar as provas.
Consta ainda que, devido ao boicote, na província de Maputo, a Escola Secundária Eng. Filipe Jacinto Nyusi mais uma vez não realizou os exames de Física e Biologia que tinham sido agendados para ontem.
Referir que os tumultos em escolas secundárias foram registados também no distrito de Chibuto, em Gaza, e em Cumbana, distrito de Jangamo, na província de Inhambane. Nestes pontos, a Polícia até lançou gás lacrimogénio contra os alunos e professores. (M.A.)