O grupo que “inferniza” a vida da população, nos distritos da zona centro e norte da província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, continua a ceifar vidas humanas, para além de destruir diverso património público e privado.
Vinte e quatro horas depois de o Governo ter-se reunido na cidade de Pemba, com os administradores e líderes mais influentes dos distritos afectados pelos ataques, com vista a buscar soluções para as atrocidades que se verificam naqueles distritos, o grupo, até aqui ainda não identificado, atacou duas aldeias (Chicuaia Nova e Litingina), do distrito de Nangade, norte daquela província.
De acordo com as nossas fontes, a primeira aldeia alvo dos ataques da quarta-feira foi a de Litingina, que terá sido atacada por volta das 22:00 horas. Do ataque, narra a fonte, resultou um óbito (uma cidadã) e dois feridos, porém, o mesmo durou pouco tempo, devido à “pronta-resposta” das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
De seguida, o grupo escalou a aldeia de Chicuaia Nova, que dista a menos de 1 Km da primeira. Aqui, confirmam as fontes, o grupo matou um idoso e incendiou palhotas, estabelecimentos comerciais locais, electrodomésticos, produtos alimentares e bicicletas.
As fontes garantem ainda que, nesta aldeia, também não aconteceu o pior devido à troca de tiros entre o grupo e as FDS, que despertou atenção dos residentes daquela aldeia, tendo-se refugiado nas matas.
Já no último sábado, 15 de Fevereiro, os insurgentes escalaram o distrito de Meluco, concretamente, a aldeia Nangololo, ao longo da Estrada Nacional nº 380, que liga a EN1 aos distritos da zona centro e norte da província. A aldeia está a menos de 20 Km do cruzamento de ADPP, onde os insurgentes fizeram vítimas humanas há dias.
À “Carta”, testemunhas afirmaram que a incursão iniciou por volta das 3:00 horas da madrugada de sábado. Do assalto, resultou a morte de uma pessoa (por decapitação) e o ferimento grave de outra, para além da destruição de dezenas de palhotas.
Devido à situação, fontes afirmaram que a circulação de viaturas de Macomia-sede à zona da ponte sobre o rio Montepuez ficou interrompida ao longo da manhã, após os condutores verem residências em chamas.
Refira-se que o Relatório do Governo Provincial de Cabo Delgado, apresentado hás dias, revelou que mais de 156 mil pessoas estão afectadas pelos ataques, para além da destruição de 76 escolas e vandalização de quatro centros de saúde. (Carta)
É pela terceira vez que os cabos que alimentam a iluminação que sinaliza a pista de aterragem do Aeroporto Internacional de Nacala (AIN) foram sabotados, desde a inauguração daquele “elefante branco”, em 2014. O dado foi confirmado pelos funcionários da empresa pública Aeroportos de Moçambique (AdM) e agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) afectos àquela cidade portuária, da província de Nampula.
De acordo com as fontes, nos primeiros dois actos de vandalismo, os meliantes terão cortado cabos das luzes de sinalização da pista, numa extensão de 500 a 3.000 metros, “longe” dos radares das duas unidades de segurança ali afectas: da PRM e da segurança privada.
Porém, a terceira foi de vez: quando “meliantes” voltaram a vandalizar os cabos de iluminação daquela infra-estrutura aeroportuária, numa extensão de 200 metros, a AdM conseguiu captar as imagens dos indivíduos envolvidos, tendo-se constatado que se tratava de agentes da PRM afectos àquele aeroporto.
Entretanto, fontes que avançaram o caso à “Carta” dizem que, devido às ligações existentes entre os agentes e os respectivos “chefes”, a nível de Nacala, o processo não vem andando. De acordo com as fontes, a acção visa sabotar a aterragem dos voos nocturnos, habitualmente usada pelos mercenários russos do Grupo Wagner, que desembarcam naquele local à noite, para fugir dos “holofotes”.
À “Carta”, a fonte garantiu que os agentes da Polícia envolvidos na sabotagem devem ter recebido orientações superiores, mas sem avançar os reais motivos. Sublinha que foi graças às camaras instaladas em alguns “pontos estratégicos”, que permitiram a identificação dos “vândalos”, porém, o processo não tem demonstrado avanços.
“Carta” procurou ouvir Emmanuel Chaves, PCA da empresa Aeroportos de Moçambique, porém, todos os esforços redundaram em fracasso. (Carta)
Venha passar a tarde connosco, numa sessão de cinema. Iremos mostrar o filme "South side with you", um filme que narra o romance de Barack e Michelle Obama.
(13 de Fevereiro, às 15Hrs no Centro Cultural Americano)
A economia moçambicana cresceu 2,03% no quatro trimestre de 2019, anunciou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE).
“O Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado apresentou uma variação positiva de 2.03% no IV Trimestre de 2019 comparado ao período homólogo”, lê-se no boletim sobre as contas nacionais.
“O desempenho da atividade económica no quarto trimestre de 2019 é atribuído, em primeiro lugar, ao setor terciário que cresceu em 1.5%, com maior destaque para o ramo de serviços financeiros com um crescimento na ordem de 5.6%”, refere o INE.
O documento indica ainda que o PIB do terceiro trimestre de 2019 foi revisto em alta em 0.02 pontos.
Assim, Moçambique fecha o ano com taxas de crescimento trimestral do PIB no intervalo entre 2% e 2,5%.
Trimestre - Taxa de crescimento do PIB
I - 2,5%
II - 2,3%
III - 2,01%
IV - 2,03%
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)
(Lusa)
Show de Neosuol, Funky, Soulfull, HipHop e Afrojazz em celebração do amor.
(14 de Fevereiro, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)
São, no total, quatro cidadãos de nacionalidade chinesa, provenientes daquele país asiático, que se encontram no território nacional desde o último dia 30 de Janeiro e que se colocaram em quarentena voluntária, numa das estâncias hoteleiras da Cidade de Maputo, no contexto do surto do Coronavírus, que já matou mais de 560 pessoas naquele país.
Durante o seu briefing semanal, o Serviço Nacional de Migração (SENAMI) disse ainda não ter informações sobre a situação imigratória dos quatro chineses, que desembarcaram no país, dois dias depois de o Governo de Moçambique ter suspendido a emissão de vistos de e para China.
Falando à imprensa, na última quinta-feira, o Porta-voz do SENAMI, Celestino Matsinhe, disse que o processo de verificação da legalidade da entrada e permanência de cidadãos estrageiros não se faz à distância e que é necessário que se vá ter com as pessoas, de modo confrontar o passaporte com a pessoa.
“Não podemos avançar se estes cidadãos entraram de forma ilegal ou legal no país. Neste exacto momento, existe uma equipa que está no terreno para fazer a averiguação do processo migratório destes cidadãos: quem são, como entraram. Estando em quarentena, há procedimentos que devem ser seguidos para se ter acesso aos mesmos”, explicou a fonte.
Entretanto, em entrevista à Rádio Moçambique, a Directora de Saúde da Cidade de Maputo, Sheila Lobo, explicou que recebeu a denúncia e, depois de ter visitado a unidade hoteleira, constatou que os quatro indivíduos não apresentam sintomas do Coronavírus e que estão em quarentena como medida de prevenção.
Lobo entende que o medo instalado entre os trabalhadores daquela unidade hoteleira pode estar relacionado com a falta de informação. (Marta Afonso)
E porque é de comunicados lacónicos que se faz a gestão da situação de instabilidade militar de que está abraços o país desde Outubro 2017, esta quarta-feira, veio mais um. “As Forças de Defesa e Segurança estão em prontidão combativa”, assim reagiu a Polícia da República de Moçambique (PRM), quando debruçava-se sobre a ponto de situação nas províncias de Cabo Delgado, Sofala e Manica.
Na nota, a PRM assegura, no quadro da “prontidão combativa”, que se tem desdobrado em várias frentes operativas, em patrulhas ostensivas com um e único objectivo no horizonte: “Prevenir” e “combater” toda e quaisquer investidas dos indivíduos que estão a semear luto, dor, terror e a destruir de infra-estruturas (públicas e privadas) no norte de Cabo Delgado, bem como em Sofala e Manica.
“As Forças de Defesa e Segurança estão em prontidão combativa, desdobrando-se em várias frentes operativas, em patrulhas ostensivas, visado prevenir e combater quaisquer incursões de malfeitores nalguns distritos do norte de Cabo Delgado e os ataques armados perpetrado por Homens da Renamo, nalguns focos das províncias de Sofala e Manica”, diz, esta quarta-feira, a nota de imprensa do Comando Geral da PRM.
No entanto, apesar do discurso audacioso, os “malfeitores”, no terreno, tendem a mostrar cada vez mais o controlo do “teatro operativo” e, consequentemente, atribuindo um certificado de manifesta incapacidade às Forças de Defesa e Segurança (FDS) no que a resposta à altura diz respeito.
Esta terça-feira, por exemplo, homens armados emboscaram e assassinaram a tiro um condutor de uma viatura de caixa aberta na região de amatongas, distrito de Gondola, na província de Manica.
O ataque ocorreu a escassos metros do local, onde está instalada uma posição das FDS. Sobre a autoria do ataque armado, que ocorreu na Entrada Nacional Número Seis (EN6), no trajecto Gondola-Inchope, as autoridades imputam aos homens armados da Renamo, o maior partido da oposição do xadrez político nacional.
Ainda na terça-feira, os insurgentes atacaram as comunidades Nrahra, Mussomero, Namadai, Namiruma e Mahate, no distrito de Quissanga, situado a cerca de 100 quilómetros da cidade de Pemba, onde impiedosamente decapitaram sete cidadãos. Para além decapitar, o bando atacante, munido de armas brancas e fogo, queimou inúmeras palhotas e ainda o Centro de Saúde de Mahate.
Na semana passada, os indivíduos, ao que tudo indica inspirados no radicalismo islâmico extremo e até aqui sem rosto, visaram, igualmente, o distrito de Quissanga, e, uma vez mais, mataram, feriram, pilharam e destruíram diversas infra-estruturas. Os postos administrativos de Bilibiza e Mahate foram o rosto da macabra investida dos insurgentes.
O Bispo de Pema, Dom Luís Fenando Lisboa, citado pela Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), estima que os ataques armados em Cabo Delgado já fizeram mais de 500 mortos.
O Prelado descreve a situação no terreno como sendo de uma verdadeira “tragedia” e que, além dos inúmeros mortos, há também número considerado de deslocados.
Os ataques armados a alvos civis e militares naquela parcela do país têm lugar desde Outubro de 2017. (I.B.)
Os insurgentes atacaram ontem as comunidades de Nraha 2, Mussomero, Namadai, Namiruma e Mahate, em Quissanga. Fontes de “Carta” contaram que, para além de terem queimado palhotas da população e o Centro de Saúde de Mahate, os insurgentes mataram por decapitação 7 cidadãos, que pela manhã se deslocavam às suas machambas.(Carta)
Foram ouvidos quatro tiros na zona do projecto na vila de Macomia, em Cabo Delgado por volta das 18 horas de sábado último.
Isto foi suficiente para a população residente na zona do projecto no bairro Napulubo, ficar bastante agitada. “Foi um momento de medo, desespero e muita aflição. Na nossa aflição, cada um correu para um lado. Alguns já tinham chegado ao mato”, descreveu uma fonte à “Carta”.
O que agravou o medo da população é que no diaanterior (sexta-feira) circularam informações dando conta que os insurgentes foram vistos a atravessar numa região muito próxima da vila de Macomia, vindos da zona de Quissanga, onde recentemente protagonizaram seis ataques contra igual número de aldeias.
Ainda na sexta-feira à noite, circulou nas redes sociais uma mensagem com o seguinte teor: "Atenção por fontes não seguras, mas alerta-se que Macomia será alvo dos ataques na noite de hoje (sexta feira). Quem tiver familiares melhor avisar para ficarem num lugar mais seguro. Não sei onde, mas a probabilidade é maior de Macomia arder hoje. Passe a palavra", fim da mensagem.
Assim, medo, desespero e noites intranquilas caracterizam a vida da população residente na vila de Macomia, sendo que parte se refugiou vindo de Quiterajo, Mucojo e Chai.
De fontes, “Carta” soube que os tiros foram disparados pelos elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) quando foram chamados a intervir num caso de um jovem que agredia uma mãe que acabava de receber sua pensão de combatente da luta de libertação nacional. (Carta)
Para garantir melhores cuidados de saúde em todo país e para perceber quais são os desafios do novo ministro para tal seja alcançado, “Carta” contactou alguns intervenientes da área da saúde que especificaram as áreas-chave que devem ser atacadas com urgência.
Jorge Matine, especialista na área de saúde, entende que o maior desafio e mais urgente, são as reformas na área dos recursos humanos, sobretudo no sistema de careiras para permitir reter o pessoal. O especialista aponta também para a necessidade de se melhorar a eficiência, que passa por gerir melhor os recursos existentes, o que implica lidar com assuntos como a gestão de medicamentos, infraestruturas, compra, transparência e integridade no sector.
Outro grande desafio passa pela descentralização. Em suas palavras: “não se pode continuar a gerir os hospitais como estão sendo geridos. Não é possível ter directores, chefes de serviços clínicos que não é por concurso público interno, porque enquanto não se dar primazia a premiação dos que sabem fazer e têm conhecimento da área, o sector não vai poder fazer aquele salto para melhorar a qualidade de serviços prestados. Entretanto, não se pode continuar com a concentração de recursos a nível central, porque isto está a deixar grande parte do país com serviços de saúde precários”.
Comentando em torno dos problemas que o sector da saúde teve no quinquénio passado, Matine disse que nos últimos anos têm-se vivido uma situação de quase precaridade, visto que está prestes a chegar ao extremo em que o sistema será quase precário, devido à redução substancial de recursos, como por exemplo a liderança. O sector perdeu a relevância política em termos de dizer onde o estado se revê, onde os dirigentes do país têm uma visão sobre como o serviço público deve se organizar.
“A precariedade da saúde se manifesta de forma prática nos recursos disponíveis como dinheiro, a visão do próprio sector que tem que ver com a forma como estão organizadas as coisas que estão bastante limitadas a nível central”.
Matine explicou ainda que neste novo ciclo de governação deve reconhecer-se que o quinquénio anterior teve recursos para desenvolver, mas não o suficientes para se poder fazer com que muitas áreas avançaram. Foi um período em que mais situações de ruptura de stock se verificaram (a nível de medicamentos). O sistema de saúde sobreviveu com um quadro mínimo de serviços (a nível de meios de diagnostico): faltavam recursos, e os níveis de progresso e recompensações para os funcionários não avançaram muito. Foi um quinquénio onde alguns doadores deixaram de pagar os que não são quadros, a saúde começou a ter problemas de absorver o número de quadros existentes e teve consequências graves na questão de expansão de serviços, e na transferência de competências.
O pesquisador entende ainda que outro grande desafio para o novo ministro é o grande peso das doenças preveníeis, como malária, HIV/Sida, tuberculose que ainda continuam a ter peso no sistema nacional de saúde, o que significa que o MISAU ainda não está a conseguir garantir que, o serviço sirva para aquelas doenças que realmente não são possíveis de prevenir e isto também significa um desvio importante de recursos que são alocados a questões que não precisavam de gastar assim tanto.
“Neste momento existem as novas doenças as não transmissíveis, que começam também a ocupar um espaço muito importante e que tem um impacto muito grande, que são provocadas pelo estilo de vida, por condições naturais e não naturais, feita pelo próprio homem que começam a ter um peso dentro do sistema da saúde e isto significa que ainda não se chegou a um ponto de equilíbrio entre as doenças transmissíveis e não transmissíveis, assim sendo, não vai permitir o sistema ter uma capacidade de reação que permita garantir uma transição epidemiológica importante no futuro breve, mas o novo ministro deve garantir que esta transição epidemiológica seja feita de uma forma racional, responsável e melhor para que não se torne um caos e isso passa por alinhar as prioridades perante os doadores”.
O terceiro e último desafio apontado por Matine, tem que ver com o peso da desnutrição crónica no país que tem sido insustentável. “A desnutrição crónica é muito alta e tem consequências graves no futuro do país em relação às crianças, nas zonas rurais e urbanas. Isto não se resolve sem ter uma liderança política em relação a algumas questões importantes como por exemplo: não se resolve a desnutrição crónica se não for resolvida a questão da insegurança alimentar, o aumento da escolaridade da mulher para capacitá-la a educar da melhor forma as crianças, o fraco acesso a água potável, saneamento do meio e depois o último que tem a ver com nível de serviços, que é a colocação de quadros qualificados”.
Por seu turno, a N’weti, uma organização de comunicação para área da saúde, considera que dos desafios que se colocam a este sector, a descentralização é o maior, visto que, a mesma permitiria que o MISAU, assuma um papel mais preponderante como regulador, bem como o Sistema Nacional de Saúde, nan qualidade de implementador a nível das unidades sanitárias.
Um outro aspecto tem a ver com a coordenação de ajuda. De acordo com a N´weti, “com a crise das dívidas ocultas, a ajuda ficou mais fragmentada do que já era, visto que os parceiros retiraram o apoio e estão a utilizar os mecanismos verticais para fazer chegar seu financiamento as comunidades e as unidades sanitárias”. (Marta Afonso)