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quarta-feira, 23 fevereiro 2022 07:19

Quem será o próximo da lista?

Seguindo a lógica do fabuloso texto poético do destacado poeta alemão Eugen Bertholt Friedrich Brecht (1898 – 1956) intitulado "intertexto", onde reflecte sobre a falta de empatia ao sofrimento do outrem, fico me questionando quem será o próximo da lista? Da lista dos corruptos que nos irão dirigir e mentir sem piedade para o povo. Quem será o próximo da lista que irá anunciar os resultados eleitorais. Da lista das instituições que irão revelar mais rombo. Da lista dos generais viciados em guerra que a paz não lhes interessa. Da lista dos esquadrões da morte e porque não da lista do negócio da moda, a indústria do sequestro.

 

As famílias dos empresários que pertencem às comunidades que mais tem sido vítimas deste mal devem estar assustadas porque não sabem qual é a sua posição na lista dos sequestradores. Estes últimos devem estar a discutir entre eles como pegar a sua próxima presa. A polícia deve estar com a página contendo a lista no word aberta para arrolar a próxima vítima. Todos querem saber quem será o próximo da lista. De tanto o problema ser complexo, os políticos andam com o piripiri no bolso para logo que o próximo da lista ser raptado, poderem se atirar nos olhos e fingirem preocupação com o fenómeno, lançando lágrimas em plenas câmaras televisivas.

 

Quem será a próxima família da lista dos sequestradores que será colocada no desespero durante dias por ter um parente raptado e que terá que pagar um chorudo resgate e, no final do dia, vir o comandante ou porta-voz dizer que houve um sério trabalho de inteligência para poder tirar-lhe do cativeiro. Quem será a próxima vítima da mídia que será transformada num dos maiores sequestradores pela preguiçosa imprensa? Quem será a próxima brigada operativa que realizará uma operação de risco, sem colete de prova de bala e a ser coordenado com uma Directora com sapatos de salto alto e pico fino?

 

Quem será a próxima vítima a ser raptada nas barbas de uma esquadra? Quem será o próximo a ser arrastado na sua frente e gritando por socorro e todos se mantendo indiferentes? Quem será o próximo a ser espancado e o nosso Maximus vir dizer que se trata de um assunto social? Quem será o próximo a ser morto no modo paquistanês e o caso ficar a vegetar no cacifo do Procurador? Quem será o próximo da lista? Pode ser eu ou você! Ninguém se irá interessar, porque o assunto apenas diz respeito a ti e sua família, porque o bom nome do país já não interessa para quem foi confiado a dirigir esta casa!

 

Aqui não é lugar para heróis de causas sociais. Porque estás proibido de te indignares. Estás proibido de exigir qualquer coisa. Aqui um simples homem fardado tem coragem de dizer em frente do povo que a esquadra é dele e não do povo que paga impostos e de lá sai o seu salário. Aqui, se decides armar-te em Martin Luther King Jr. levam-te para as masmorras e te acusam de ter rasgado a farda do oficial dia e passas à lista dos detidos injustamente.

 

A lista já está aberta e é só esperar ser o próximo a ser registado pelas organizações de luta de direitos civis como mais um que passou pela prática do kungu fu dos agentes daquele dia e no final ninguém será responsabilizado. Aqui a lista das empresas que vão receber o dinheiro para construir estradas e pontes que só levaram quatro dias para desmoronar já está feita, aliás, os nomes vencedores andam de maletas do tipo James Bond com altos funcionários do Estado, a questão é só esperar a sua vez para comer e limpar a boca, porque ninguém irá ousar em te levar à barra da justiça, porque quem deveria fazê-lo transforma-se em seu advogado, porque vive daquilo, receber comissões.

 

Aqui, a sua esposa morre na maternidade e passa para a lista de mais uma das várias pessoas que teve o triste fim, de calhar com uma equipa, naquele dia enquanto haviam combinado uma contribuição monetária de mil Meticais para cada um e a sua amada teve o azar de calhar na vez da enfermeira em questão, e na capulana dela tinha apenas 200 meticais. O importante são as estatísticas negativas e não o valor supremo da vida.

 

O dirigente inflaciona o número de pessoas afectadas por um determinado fenómeno com o intuito de produzir listas e facturar com elas, através do apoio das organizações internacionais. As organizações gostam das listas para que o relatório seja robusto e tu como vítima ficas te questionando se serás o próximo? Porque não podemos mudar este cenário? Porque gostamos de viver apenas enumerando pessoas, sem interesse pela vida delas? Será pelo capitalismo selvagem e o hipnotizante cheiro das verdinhas no bolso?

 

Quem inverte esta pirâmide? Talvez eu, porque não você. Quem sabe todos nós, juntos podemos estancar este desejo agudo pelas listas do mal! Vamos dizer NÃO AOS RAPTOS. Não espere que chegue a sua vez para ver o tamanho da barbaridade deste mal que está a destruir vidas! Não deixe que ele seja o próximo da lista!!!

segunda-feira, 21 fevereiro 2022 14:03

Armando Guebuza na "antecâmara de gás"

Armando Guebuza chegou ao recinto da B.O para ser ouvido por um juiz que tinha toda a liberdade para gozar com o antigo presidente. Até certo ponto, parecia fazê-lo,  quando se dirigiu por exemplo ao declarante e perguntou: percebeu a pergunta? E Guebuza respondeu que sim, como respondem os meninos da escola primária. Mas não foi só isso, nunca ninguém imaginou que o ex-presidente podesse levantar-se em respeito, perante um jovem zambeziano com educação irreverente dos beirenses, capaz de pisar um búfalo ferido.

 

Guebuza foi o último a levantar-se quando o juiz entrou na sala de audiências. A princípio parecia relutante em levantar-se, mas logo a sua consciência disse-lhe que o homem que se fazia à sala, na verdade era uma pessoa vulgar, mas investida de poderes invulgares, e Armando Guebuza sabe disso, por isso levantou-se. A contragosto. E só voltou a sentar-se quando Efigénio Baptista deu ordens para tal.

 

Armando Guebuza já não é um homem livre. O aparato de segurança que lhe acompanhou ao recinto da B.O. testemunha isso. Fora de ser uma manifestação de poder, aqueles homens todos que  se amuralham à volta do ex-presidente, traduzem o medo de uma pessoa que parece estar a ficar sem  chão. Guebuza perdeu a confiança de si próprio.

 

Nunca ninguém imaginou Armando Guebuza - por tudo o que nos mostrou ao longo dos anos - num lugar onde não pode fazer perguntas. Guebuza nunca foi interrompido nas suas intervenções de Estado, mas agora, Sheila Marrengula faz isso a um ídolo que dominava o país e as pessoas, sem que ninguém o impedisse. Porém, ele agora pode estar a sentir o efeito de boomerang.

 

Quando desceu do seu luxuoso Land Cruiser, no recinto da B.O. onde decorre o julgamento das “Dívidas ocultas”, mais parecia um condenado levado a execução numa câmara de gás. Todos queriam filmá-lo, todos desejavam ardentemente fotografá-lo, e fizeram-no profusamente como se aquele fosse o último momento de Guebuza. No fundo já não é o mesmo “Guebas”, nunca mais será. As sirenes que tocavam para anunciar a sua passagem, agora estão mudas, só ele é que as ouve no isolamento do exame da sua consciência.

 

Armando Guebuza era um homem obstinado, que passeava o seu porte nos palanques do país e do mundo. Desbravou matagais, isso é verdade. Era um dirigente com verve, mas todo esse edifício que sonhou e de alguma forma realizou, está agora a desabar sobre ele, já não é ele quem manda. Ele está a atravessar o deserto, e alguém já dizia, “enquanto estiveres a atravessar o inferno, não pára de andar”.  É por isso que o ex-presidente continua a dar cartas. Até onde ele puder.

segunda-feira, 21 fevereiro 2022 09:18

Rico por um dia, pobre para sempre!

Corria o ano de 2009 quando, em plena tarde de sol intenso, um explorador de espécies valiosas de madeira radicado nas matas de Mwiriti, no distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, deparou-se com uma variedade especial e rara de pedra preciosa no subsolo. Admirado com o que acabava de ver, o homem continuou cavando como se de pedras de construção se tratasse, mas dado o brilho e a luz das mesmas, os seus companheiros acabaram aconselhando que o mesmo procurasse pessoas especializadas no assunto para saber do que se tratava.

 

Acatada a ideia, o jovem contactou dois cidadãos estrangeiros, que se dedicavam à venda de minérios diversos na vila, sendo que um era senegalês e o outro tanzaniano. Entregou as pedras aos visados – uma semana depois, os mesmos traziam a boa nova, tratava-se de rubis – com um peso e qualidade inestimáveis no mercado internacional das pedras preciosas. Alegre e convencido pelos dois patrões estrangeiros, Célio - o explorador de espécies valiosas de madeira em Mwiriti - começou a escavar a terra juntamente com seus parentes e amigos da zona de Namanhumbir. O negócio seguia de vento e pompa, quando certo dia os dois cidadãos estrangeiros tiveram uma desavença que culminou com o incêndio de uma viatura!

 

Foi através das chamas do incêndio da viatura e dos tiros que se fizeram sentir no local que as autoridades locais tomaram o conhecimento de que afinal naquelas matas donde saíam variedades valiosas de madeira, havia pedras preciosas e super-valiosas que poderiam animar e impulsionar a economia da província e do país. O incidente abriu espaço para que a população local, a polícia, empresários locais, políticos e generais altamente patenteados tivessem "olhos gordos".

 

Mas os nacionais não conheciam realmente qual era o valor daquelas pedras, informação detida pelos estrangeiros que não paravam de chegar em Montepuez. Estes, sim, conheciam todo o circuito e quanto vale no mercado tailandês, de Singapura e outros. Em pouco tempo, a vila municipal estava infestada de bengalis, somalianos, malianos, chineses e entre outros. O nível de vida subiu. O Metical foi substituído pelo Dólar. O crescimento económico já era visível – nesta época começavam as detenções e condenações dos locais e apelidados de garimpeiros ilegais – legalmente!

 

Com tanto dinheiro em circulação, também diferentes gangues começaram a instalar-se no local e fazendo emboscadas caso vazasse a informação de que alguém encontrou os rubis. Na vila, viaturas de alta cilindrada inundavam os quintais de palha e casas de zinco. As moçoilas andavam espalhadas por tudo que era canto em busca de um ndengue sortudo do dia e que num piscar de olho poderia ter quatro milhões em mão e dia seguinte estar em apuros!

 

Tudo porque o chefe máximo da nação na altura acabava de fazer uma viagem para as terras do tio Sam em busca de ajuda. Chegando lá, eis que os gringos, sem papas na língua, dizem para o homem na cara: “sabes que o vosso país tem recursos naturais e minerais superiores aos nossos e que bem explorados podem vos colocar acima de muitas nações. Exemplo disso são os contentores de rubis identificados no mercado asiático que saíram ilegalmente!

 

Apavorado com a informação, o Maximus da Pérola do Índico pegou no voo para o país visado e, chegando lá, encontrou cerca de 34 contentores com o precioso minério. Indignado pela tamanha perda, principalmente pelos sinais de corrupção alfandegária, o homem regressou ao país e no mesmo dia pegou um jato privado para Cabo Delgado.

 

- Em reunião com as autoridades locais sobre o valor económico dos minérios por ali explorados, o Big man quis que as terras fossem atribuídas a si ou seus próximos, mas como doutro lado estava um potente general que detinha a área para exploração da madeira, acabou tratando a licença de exploração dos minérios e, no vuku vuku partidário, acabou se levantando a questão do tribalismo em voga na altura, tendo assim retraído o debate e a exploração do produto tão desejado (…).

 

– Hoje a luta está em Mavago, no Niassa, onde dentro de uma Reserva abriram-se coutadas, tudo porque o diamante vermelho está cheio no subsolo e os donos da terra, ar, água e armas não vêem a hora de começarem a operar. Mas quem responde pela área encontra-se de mãos atadas e a tremer caso faça uma asneira com o business!

 

Neste todo emaranhado, o Tales dos Rubis de Montepuez que teria os privilégios de viver uma vida condigna para sempre foi transformado num indigente e entregue às masmorras da pobreza. Hoje o homem tinha tudo para ser rico, mas acabou sendo atirado para o buraco escuro da fome e da injúria social – nos quadrantes serviria para outros fins sobre a descoberta – talvez até uma vida subsidiada – pelo menos é assim que outras nações fazem, quando prestamos um serviço importante e duradouro.

 

A história do Tales dos Rubis de Montepuez demonstra que podes um dia acordar rico e num zás perderes tudo e te tornares num necessitado eterno. Mas em terras onde se valoriza a descoberta, o tratamento teria sido outro e com uma riqueza eterna. Só que na terra do faz de conta, o importante é ser o primeiro a levantar o muro, agora se burlaste ou usurpaste, isto já ninguém realça, porque o eterno síndrome do fingimento de ter esquecido tudo logo que dormimos e acordamos mina que os filhos da terra também possam usufruir dos frutos que as árvores plantadas no seu quintal produziram!

 

Daí que todos nós um dia fomos ricos, mas a forma como somos tratados faz com que vivamos eternamente pobres! (I)

terça-feira, 15 fevereiro 2022 06:56

A Poeira Assentará

É possível que a 17 de Fevereiro de 2032 (rigorosamente) seja a data da provável notícia que se segue.   

 

É lançado esta tarde o livro “A Poeira Assentará” que se baseia no depoimento de um antigo presidente da Pátria Índica quando da sua audição, na qualidade de declarante, no julgamento do então afamado caso das “Dívidas Ocultas”, nos anos de 2021 e 2022, hoje conhecido como o caso das “Dívidas da Queda”. 

 

O título é parte das declarações finais do citado cuja audição, em sede do julgamento, ele tomara como uma oportunidade para a defesa e reposição do seu bom nome e de sua família que dizia terem sido manchados em praça pública.

 

“Sempre defendi que o tribunal era o melhor local para o assunto ora em julgamento e com esta audição decerto que a poeira assentará”. Com estas palavras o antigo presidente dera por terminado a sua audição, a última de dezenas de declarantes, entre anónimos e notáveis, arrolados e presentes ao julgamento que decorreu numa antiga cadeia de máxima segurança.  

 

Segundo o autor do livro, o conceituado jornalista Diocleciano dos Bons Sinais, o título “A Poeira Assentará” foi propositadamente escolhido por acoplagem a uma outra expressão - Há muita poeira - também proferida pelo antigo estadista muito antes do início do julgamento, em contestação a pronunciamentos que não abonavam a seu favor.

 

A título de esclarecimento importa referir que a alteração da denominação do caso – de “Dívidas Ocultas” para “Dívidas da Queda” - derivou de crispações no seio do Glorioso na sequência do supracitado Julgamento e que afectaram sobremaneira a sua cadência vitoriosa nas últimas eleições.

 

Este livro, cujo título lembra “A História me Absolverá”, uma famosa frase (e também livro) pronunciada por Fidel Castro, o líder histórico cubano, no final do seu julgamento em 1953, poderá ser adquirido nas principais plataformas digitais e livrarias nacionais da Pátria Índica. (Fim da notícia)

 

NB: Voltando à realidade: há dias que iniciaram obras no estacionamento central da Av. Guerra Popular, entre as avenidas 24 de Julho e Ho Chi Min. E porque não existe nenhuma placa no local a identificar o tipo de obra e outra informação pertinente, rezo que seja o início de uma de duas promessas da edilidade da capital: a construção do BRT (Bus Rapid Transit) ou do FUTRAN (Sistema de transporte com veículos suspensos). Vamos aguardar, no mínimo pela placa. 

segunda-feira, 14 fevereiro 2022 13:45

A comunicação que o Governo não faz!

Sempre dizia o saudoso mestre Álvaro Belo-Marques, o Bodoni, para a nossa turma de 1988 na Escola de Jornalismo, que “aquilo que você pode escrever, só você e somente você é que pode escrever, não espere que outro alguém o possa fazer por si”. Expando, aqui e agora, este preceito: aquilo que temos que ser nós a dizer, só nós  e unicamente nós é que podemos dizer, ninguém mais. Não há que ditar a outrem o que nos vai na alma. Guiemo-nos sempre por esta lição.

 

Estamos, a nação inteira, nos últimos meses, a digladiarmo-nos impiedosamente à volta das portagens na “circular” de Maputo e recorrendo a todo o tipo de armas, até tribunais. Irmãos completamente desavindos. O argumento central do Governo é que ele não tem dinheiro para fazer a manutenção das estradas do país e onde vê um pé de meia para ir buscar tal fundo é no bolso dos cidadãos utentes das vias, automobilistas ou passageiros. Para muitos cidadãos, esta medida é uma violência extrema à sua já dificílima condição de vida; trata-se de mais um violento assalto ao bolso dos moçambicanos.

 

Minha leitura é simples. Estamos tão somente num autêntico virar de costas entre cidadāos e o Governo. Num ‘não diálogo’; ninguém está disposto a ouvir ninguém. Os cidadãos já não querem ouvir a razão do Governo e este, também, por seu turno, não se tem comunicado como deve ser, dando clara ideia de que não quer ouvir os cidadãos. Não há nenhum diálogo aqui. Por conseguinte, estamos diante de uma ‘ausência de comunicação’ entre partes da mesma família.

 

Claramente, o Governo tem-se, amiúde, comunicado muito mal com os cidadãos. Às vezes, nem chega a comunicar-se mesmo. Estando nós nesta guerra de manutenção de estradas, vou-me cingir apenas nesta questão para demonstrar esta asserção que faço.

 

É sólido que no Orçamento do Estado há, anualmente, uma verba para a manutenção de estradas em todo o país. As então direcções provinciais de obras públicas (como insistentemente estamos a mudar de nomes, não sei como se chamam agora) e as delegações provinciais da Administração Nacional de Estradas (ANE) recebem anualmente uma dotação orçamental para a manutenção de estradas. Isto é bem líquido. Pouco ou insuficiente, sempre tem lá!

 

Primeira ausência de comunicação por parte do Governo. Nunca foi dito quanto é esse valor. Nunca nos foi dito quanto é que Niassa, Zambézia, Manica, Tete, etc. recebem, ou recebiam para a manutenção das suas estradas. Nunca foi dito quanto é que cada uma das nossas províncias recebe para a manutenção das estradas no seu território de jurisdição. Mas que recebem, recebem!

 

Segunda ausência de comunicação por parte do Governo. Nunca nos foi dado a saber se o valor que se aloca às províncias para a manutenção das estradas é exíguo, insuficiente ou satisfatório; ou se já deixou de existir. Nem uma única palavra. Podia dizer que tudo foi sempre segredo, mas prefiro dizer “esta informação foi sempre omitida; não disponibilizada ao país”.

 

Terceira falha de comunicação do Governo. Nunca em um único dia uma direcção provincial qualquer apareceu a dizer ou a queixar-se sobre suficiência ou insuficiência, ou ainda ausência total, de fundos para a manutenção das estradas na sua área de jurisdição. Nada. Never!

 

Quarta e última falta de comunicação do Governo. Em nenhum ano jamais nos foi dado o balanço de quantos quilômetros e em quais estradas e em que província foi feita manutenção; nunca nos foi dito quanto se alocou às províncias, quanto se fez com o que se alocou, o défice, o que ficou por fazer; nunca nos foi dito que os valores alocados às províncias para a manutenção das estradas são suficientes ou insuficientes; ou existem ou inexistem. Never. Nunca.

 

Agora, como é que nos vêm agora dizer que não há dinheiro para a manutenção das estradas. Pelo que vemos a olho nu - a não manutenção de estradas - calculamos que não haja dinheiro. Mas o Governo nunca nos apareceu a dizer preto no branco. E nós não podemos, nem devemos, adivinhar. Péssima comunicação. O cidadão não tem que calcular nada. Tem que ser informado.

 

Como, então, exigir que os moçambicanos compreendam que as ideias do Governo são genuínas, lícitas, dignas de serem ouvidas e consideradas? Se os nossos governantes, em qualquer que seja a área - melhor dizendo, em todas as áreas -, querem cooperação, colaboração, compreensão, apoio e solidariedade dos cidadãos, colaboradores e parceiros, têm que se comunicar como deve ser. A comunicação é uma arma chave para tudo na vida: para o sucesso, para a compreensão, para a solidariedade, para a colaboração e ou cooperação; mas também para o descalabro, insucesso, desgraça, guerras e destruições. Em suma, para a consecução dos objectivos pretendidos. Ou o objectivo pretendido é esta desunião, disputa, conflito… barulho… é isso? É só escolhermos.

 

Assim como estamos a fazer vai ser difícil criarmos harmonia, solidariedade e a tão almejada unidade entre nós moçambicanos. Lamentável.

 

Mas o Governo ainda vai a tempo de nos trazer estas informações todas que não nos dá.

 

ME Mabunda