Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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A Caetano Moçambique acaba de se juntar à Federação Moçambicana de Futebol (FMF), com o objectivo de prestar a sua contribuição no contínuo reforço da capacidade institucional da entidade máxima responsável pela gestão do futebol moçambicano.

 

Para a materialização deste desiderato, as duas instituições assinaram, esta segunda-feira, nas instalações da FMF, em Maputo, um memorando de entendimento sob o lema: Ajudamos o Futebol a Mover-se. Através deste memorando, a Caetano Moçambique cedeu à Federação Moçambicana de Futebol uma viatura do tipo pick-up, 4x4, Dupla Cabine, de marca Peugeot, modelo Landtrek, a qual irá garantir a mobilidade dos processos administrativos na FMF e promover o engrandecimento do futebol nacional.

 

O acordo foi rubricado pelo Presidente do Conselho de Administração da Caetano Moçambique, Paulo Oliveira, e pelo Presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Feizal Sidat.

 

Na sua intervenção, Paulo Oliveira enalteceu os feitos da FMF, ao mesmo tempo que congratulou a agremiação pela organização rumo à participação da selecção nacional no CAN que decorre na Costa do Marfim.

 

“A Caetano é pela massificação do desporto em Moçambique, uma actividade aglutinadora e sem fronteiras. Acreditamos que o futebol é o desporto das massas, uma modalidade que traz alegria a todos os moçambicanos. É pensando nesta alegria de todos que damos a nossa contribuição e reafirmamos o nosso compromisso no apoio ao desenvolvimento do desporto em Moçambique”, destacou o Presidente do Conselho de Administração da Caetano Moçambique sobre a contribuição da instituição que representa para a elevação do desporto no país.

 

Por seu turno, o Presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Feizal Sidat, agradeceu o gesto da Caetano Moçambique no apoio à modalidade ‘mãe’ do desporto. “Com a união de todos, podemos fazer crescer cada vez mais o futebol nacional e levarmos a nossa selecção a brilhar em campeonatos internacionais, por isso, quero agradecer à Caetano Moçambique, na pessoa de Paulo Oliveira, por esta impactante iniciativa para a elevação do nosso desporto”.

 

Refira-se que a Caetano Moçambique tem patrocinado diferentes modalidades desportivas, com destaque para o futebol, rugby, vela, boxe, patinagem em linha e desporto motorizado.

Os meios de propaganda do Estado Islâmico divulgaram na sexta-feira (02) o relatório dos ataques terroristas durante a semana passada na província de Cabo Delgado, em que reivindicam a morte de oito elementos das Forças de Defesa e Segurança no distrito de Metuge.

 

No mesmo distrito, o Estado Islâmico diz ter destruído quatro veículos e capturado diverso armamento das Forças de Defesa e Segurança. O EI reivindica ainda a decapitação de um civil na aldeia Litamanda, no distrito de Macomia. 

 

Refira-se que o Presidente Filipe Nyusi anotou, durante a cerimónia do 3 de Fevereiro, dia dos heróis moçambicanos, que as Forças de Defesa e Segurança, com apoio dos ruandeses e da SAMIM, estão a intensificar a destruição dos esconderijos terroristas. (Carta)

A Vila de Mecufi, em Cabo Delgado, cerca de 50 quilómetros da cidade de Pemba, viveu desde a noite de sábado até ao fim deste domingo momentos de pânico, depois de uma informação dando conta de que os terroristas estariam a caminho da sede distrital, na sequência da ocupação da aldeia Nampwlimuity.

 

Além do pânico, a situação provocou o deslocamento de muitas famílias da sede de Mecufi e das aldeias circunvizinhas, à cidade de Pemba, um cenário que foi aproveitado por alguns motoristas para a especulação do preço de transporte semi-colectivo de passageiros, vulgo "chapa-cem".

 

Fontes relataram à "Carta" que se trata do mesmo grupo de terroristas que na semana passada emboscou as Forças de Defesa e Segurança no vizinho distrito de Metuge. No contacto com a população, o grupo explicou que a sua intenção era atravessar o rio Megaruma em direcção ao distrito de Chiúre, por isso, durante a sua estadia em Nampwlimuity, não protagonizou nenhum acto de violência.

 

"Na verdade, há pânico aqui na vila. As pessoas estão a sair em direcção à cidade de Pemba. Eles não chegaram à vila, mas avisaram que estão a caminho. Quando chegaram em Nampwlimuity, não violentaram ninguém. Disseram que iam a Chiúre e pediram que fossem acompanhados até ao rio Megaruma", contou Adolfo Manuel a partir da aldeia Sassalane.

 

De acordo com a fonte, "eles ficaram todo o sábado, das 07h00 às 20h00, mataram um cabrito e comeram e depois, à noite, atravessaram o rio Megaruma até à aldeia Soma já no distrito de Chiúre".

 

Outras fontes descreveram que, devido à presença terrorista, foram reforçadas as medidas de segurança na sede do distrito de Mecufi, com o aumento do efectivo das FDS, mas tal não impediu que a população abandonasse as suas aldeias em direcção à cidade de Pemba.

 

Por outro lado, aproveitando-se do medo e do pânico da população, os operadores do transporte semi-colectivo de passageiros, vulgo "chapa-cem", passaram a cobrar entre 300 a 500 meticais a mesma distância que na semana passada cobravam apenas 120 meticais. (Carta)

A paralisação da produção da Açucareira da Maragra, na província de Maputo, não está a afectar o abastecimento do mercado nacional, pois, há stock suficiente para as necessidades internas e de exportação, assegurou há dias o Director-executivo da Associação de Produtores de Açúcar de Moçambique, Orlando da Conceição.

 

“Não vai faltar açúcar no mercado. Existe produto mais do que suficiente para abastecer o mercado”, explicou ao “Notícias”. Da Conceição argumentou que, apesar de a Açucareira da Maragra ser importante, outros produtores como as fábricas de Xinavane e Mafambisse, continuam a abastecer o mercado.

 

A fonte enfatizou que, nos últimos dez anos, a média de produção tem sido de cerca de 350 mil toneladas anuais, num contexto em que o país absorve apenas metade desta quantidade e algumas vezes nem isso se consome.

 

O gestor acrescentou que outro ponto tranquilizador está relacionado com o facto de, além de se garantir a disponibilidade interna, haver produção suficiente para a exportação, principalmente para os Estados Unidos da América e a Europa. No mesmo quadro, o Director-executivo da Associação dos Produtores disse que o mercado aguarda a retoma das actividades da açucareira da Maragra. Assinalou que decorrem acções que incidem no repovoamento dos canaviais, numa operação que envolve os agricultores.

 

As chuvas que caíram em Fevereiro de 2023 causaram danos aos canaviais e equipamentos e devastaram os campos de produção da Açucareira da Maragra, levando a um prejuízo de 3.6 mil milhões de Meticais. Nos campos de produção de cana perderam-se 470 mil toneladas desta que é a principal matéria-prima para a produção do açúcar, o que representa 1.6 mil milhões de Meticais. Também existem vários equipamentos avariados, avaliados em cerca de 30 milhões de USD.

 

As perdas afectaram gravemente a sustentabilidade da empresa e, como consequência, viu-se obrigada a reduzir o número de trabalhadores dos cerca de 500 que estavam vinculados à açucareira para cerca de 140. Avaliações feitas na altura davam conta de que para a empresa se reerguer seria necessário um período de pelo menos um a dois anos, podendo beneficiar de um investimento. (Carta)

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Os encarregados de educação da Escola Comunitária Graça Machel e alguns membros da Associação dos Empresários e Amigos da Ponta do Ouro (ADAPO) unem esforços em busca de fundos para melhorar as condições daquele estabelecimento de ensino encerrado pelo Governo por falta de condições. Pretende-se com a iniciativa pôr em prática todas as recomendações deixadas pela Inspecção, para que depois da vistoria possa ser reaberta.

 

Do levantamento feito, são necessários cerca de dois milhões de meticais para aquisição de diverso material para todas as intervenções necessárias.

 

Depois da visita à escola pela comunidade e pelos membros da associação, na última quinta-feira, o grupo constatou que são necessárias 150 carteiras, para substituir parte das existentes, consideradas impróprias para o uso naquela instituição.

 

Nesta primeira fase, para que a escola seja reaberta em tempo útil, serão adquiridas também novas sanitas, material para apetrechar a biblioteca e o laboratório, melhorado o campo e removida a tijoleira de cinco salas e nos corredores.

 

Segundo a porta-voz do grupo, Isaura Dimbane, já está a ser preparado um plano de acção e o respectivo calendário para atender a todas as insuficiências detectadas pelas inspecções das estruturas da educação.

 

“Agora, o Governo conseguiu acalmar a comunidade porque mandou os seus filhos para uma escola bem próxima, mas há uma vontade colectiva para ajudar o proprietário da escola com tudo o que for necessário para que possam ver os alunos bem acomodados o mais breve possível”, explicou.

 

“Os pais e encarregados de educação deixaram-nos com uma recomendação de fazer o levantamento de tudo quanto é necessário e informar quanto é que cada um deve contribuir para que a Escola Comunitária Graça Machel seja reaberta. Prometeram não abandonar o proprietário da escola porque os ajudou bastante quando seus filhos precisavam de uma Escola Secundária por perto”.

 

Neste contexto, os pais e encarregados de educação pedem aos interessados e pessoas de boa vontade a se juntarem ao Conselho de Escola para organizar e colectar os fundos necessários, sendo 650 mil mts para compra de 150 carteiras, 38 mil meticais para louça sanitária e 200 mil para apetrechamento da biblioteca e laboratório, não obstante parte do material e outros bens terem sido já foi adquiridos pelo proprietário.

 

Refira-se que, neste momento, todos os alunos que se encontravam a estudar na Escola Comunitária Graça Machel foram transferidos para a Escola Primária da Ponta do Ouro que no ano passado já contava com uma comunidade estudantil estimada em 1.300 alunos. Com a recepção de mais de 700 alunos, o número de horas de aulas vai ser encurtado em cerca de 30 por cento, o que poderá afectar a qualidade de ensino. (M.A)

Começam a estar “alinhadas” as bases da Renamo, em Nacala-Porto, província de Nampula, com a direcção máxima do maior partido da oposição, depois de as partes terem estado desavindas devido à repetição da votação municipal, a 10 de Dezembro último, naquela autarquia.

 

Na última semana, o Presidente do Conselho Municipal de Nacala-Porto, Raul Novinte, disse aos jornalistas que a sua equipa irá entregar as pastas à Frelimo, em virtude de os membros do seu partido, no Conselho Constitucional, terem chancelado os resultados eleitorais de 11 de Outubro e 10 de Dezembro, que confirmaram a derrota da Renamo em 61 autarquias, das 65 que estavam em disputa. Novinte, lembre-se, havia prometido não entregar as chaves da Edilidade, caso a Frelimo fosse declarada vencedora do escrutínio.

 

“Nós estamos a preparar a entrega do poder, só paramos por causa da greve dos trabalhadores [que teve lugar na semana finda]. A entrega de chaves era uma questão política, anunciada durante a campanha eleitoral e antes da decisão do Conselho Constitucional. Com a decisão do Conselho Constitucional, não resta nada, senão preparar a entrega do poder ao elenco que vai assumir. Portanto, ainda não chegamos ao ponto de criarmos clivagens, o que peço a todos os nacalenses é que respeitem a constituição e aquilo que o Conselho Constitucional decidiu”, defendeu Novinte.

 

Falando aos jornalistas, momentos depois de um encontro com o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, e o cabeça-de-lista da Frelimo, Faruk Nuro, Novinte disse não estar satisfeito, porém, assegurou que irá respeitar a vontade expressa pelo Conselho Constitucional de ver a Frelimo a liderar aquele município.

 

“Não estou satisfeito porque as eleições não foram transparentes, foi o rasgar da constituição”, disse Novinte, classificando a transição como histórica. “É um momento histórico, porque está a haver uma transição pacífica. Não temos outra coisa a fazer, senão cumprirmos com as orientações nacionais, uma vez que o Conselho Constitucional já chancelou”.

 

Lembre-se que a direcção máxima da Renamo e as bases de Nacala-Porto estiveram desavindas devido à repetição da votação, em apenas 18 Mesas de Voto naquela parcela do país. Enquanto a direcção máxima da Renamo defendia a participação do partido no escrutínio, em Nacala-Porto, as bases negavam seguir esta orientação.

 

Como resultado das desavenças com a liderança máxima do partido, a Renamo, em Nacala-Porto, boicotou a eleição do dia 10 de Dezembro e desmobilizou 71,35% dos eleitores. Na altura, Raul Novinte explicou que a desmobilização de 9.199 eleitores mostrava que o povo é que manda quem pode governar.

 

“Isto foi uma demonstração de que a Renamo ganhou em Nacala-Porto. Pode ser arrancada, sim, como a Frelimo sempre quis, como a Frelimo sempre preparou, mas a democracia em Nacala prevalece e o povo sabe quem elegeu, que é o Raul Novinte”, defendeu o cabeça-de-lista da Renamo, 24 horas após a repetição do escrutínio ganho pela Frelimo.

 

Com a entrega do poder garantida, Novinte deixa a responsabilidade de acalmar o coração dos nacalensesnas mãos da direcção da Renamo. “O partido é que deve sensibilizar os seus membros a se conformar, na medida em que os seus membros, no Conselho Constitucional e na Comissão Nacional de Eleições, assinaram os resultados. Não pode o partido, a nível nacional, se dar por derrotado e não quiser formalizar aqui localmente”, atirou.

 

Refira-se que os novos edis, proclamados pelo Conselho Constitucional, tomam posse esta quarta-feira, 07 de Fevereiro, nas 65 autarquias do país. Lembre-se que a Frelimo vai governar em 60 municípios (mais 15 que no actual mandato), a Renamo em quatro (menos três) e o Movimento Democrático de Moçambique em uma autarquia, a mesma que governa desde 2019 (a rebelde cidade da Beira). (Carta)  

Dois vietnamitas, ambos de 31 anos de idade, foram detidos em flagrante, na sexta-feira (02.02), no Aeroporto Internacional de Maputo, na posse de 19 cornos de rinoceronte, 18 garras e quatro unhas de leão. Eles foram detidos pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) quando se preparavam para embarcar rumo ao seu país de origem, com a mercadoria escondida em três malas de viagem.

 

Nos últimos anos, as autoridades moçambicanas em colaboração com outros países têm vindo a reforçar medidas para estancar o tráfico de produtos da vida selvagem. Esta conjugação de esforços resultou na detenção, na semana passada, na África do Sul, do moçambicano Alves Chongo, considerado um dos chefões do tráfico de cornos de rinocerontes e outros produtos faunísticos.

 

Alves Chongo, ou simplesmente “Thu Bobo”, é um dos temíveis traficantes de produtos faunísticos há mais de cinco décadas. Ele é natural de Chókwè, na província de Gaza e “super famoso no Segundo Bairro” pelo tipo de negócios em que se encontra envolvido. Thu Bobo vive na África do Sul há mais de 40 anos, gerindo grupos de bandidos, entre eles, assaltantes de viaturas e traficantes de produtos faunísticos.

 

O homem já esteve preso por várias vezes na África do Sul, onde tinha a protecção da sua antiga esposa, por sinal uma antiga ministra do governo sul-africano durante os mandatos de Nelson Mandela e Thabo Mbeki.

 

Conforme escreve a página Moçambique Bio, Thu Bobo foi preso na posse de cornos de rinoceronte e uma arma de fogo de calibre 375 roubada no Parque de Kabega no ano passado, correndo o risco de ser condenado entre 10 a 16 anos de prisão efectiva, devido ao transporte, posse ou caça de espécies de animais proibidas. Quando um cidadão é encontrado a transportar, traficar, ou mesmo a caçar espécies proibidas na África do Sul, as penas variam de 10 a 16 anos de prisão. (Carta)

O parque de camiões de minérios vindos da África do Sul, localizado em Pessene, distrito da Moamba, Província de Maputo, já está a surtir os efeitos para os quais foi construído pelo MPDC (Porto de Maputo), em parceria com o Governo daquela província, nomeadamente, de reduzir o congestionamento na Estrada Nacional Número Quatro (EN4). Quem o diz são os utentes da via, que liga Maputo e a África do Sul.

 

Erguido pela concessionária do Porto de Maputo, Maputo Port Development Company (MPDC), no âmbito da medida tomada pelo Governo, em Março do ano passado, de interditar a circulação de camiões de minérios, das 06h00 às 08h00 da manhã e das 16h00 às 18h00, no período da tarde, o parque, que está ao longo da EN4, já está operacional desde 1 de Dezembro de 2023. E em poucas semanas, seus efeitos positivos já se sentem, com um alívio marcante no congestionamento da via.

 

No local, “Carta” recebeu explicações dos gestores do Porto de Maputo sobre o funcionamento da infra-estrutura. O Gestor Sénior de Operações no Porto de Maputo, Ricardo Almeida, explicou que, para garantir a eficiência das operações do parque, o MPDC alocou uma equipa, que trabalha 24 horas por dia, composta por seus técnicos, polícia de trânsito, agentes de carga que representam os clientes, bem como serviço de catering.

 

Além disso, o MPDC definiu um plano de gestão, para a entrada e saída gradual dos camiões para que não inundem a EN4 e outras entradas, nas horas definidas e não só. Segundo o nosso interlocutor, o gestor do parque não deixa todos os camiões saírem ao mesmo tempo. O parque (com capacidade de abrigar cerca de 300 camiões) liberta os camiões em números de 10 a 15 e deixa também um período de 10 a 15 minutos. “Isto garante que o congestionamento que se evita no intervalo das 06h00 às 08h00, por exemplo, não passe para as 09h00 ou 10h00”, explicou Almeida.

 

No âmbito desse plano, a nossa fonte explicou ainda que, para além dos períodos de interdição, nos últimos dias, todos os camiões passam pelo parque de Pessene, onde ao entrar fazem a pré-verificação dos documentos (triagem e correcção de desvios) para que, ao chegar no porto de Maputo ou Matola, não demorem despachar a carga. Depois da verificação (que leva entre cinco a oito minutos) os camiões seguem para o estacionamento em filas e em ordem de chegada. Quer dizer, o primeiro a entrar, é o primeiro a sair às 08h00, de manhã e às 18h00, no fim do dia.

 

“O parque ajuda também em casos de acidentes na EN4. Nesse tipo de situações, dá-se ordem para os camiões permanecerem no parque para evitar o bloqueio da via, enquanto a polícia descongestiona a zona de acidente. O parque retém igualmente camiões em caso de congestionamento na via, até que a situação seja regularizada. Isso tem vantagem, pois, além da segurança na via, reduz o tempo de trânsito dos camiões”, explicou o Gestor Sénior de Operações no Porto de Maputo. 

 

Segundo Almeida, apesar da interrupção nas referidas horas, o Porto de Maputo por exemplo continua a receber pouco mais de 1000 camiões por dia, o mesmo número que antes. Incluindo o Porto da Matola, o MPDC assegura que 1500 são atendidos todos os dias, o que perfaz 30 a 40 mil camiões por mês. “A interdição não afectou o número diário de camiões recebidos nos portos, pelo contrário ajudou-nos a melhorar a gestão com a verificação prévia”, assegurou a fonte. 

 

Durante a visita ao parque, o jornal ouviu alguns motoristas sobre as vantagens do recinto para a classe. Todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que, o parque reduz consideravelmente o tempo de viagem e congestionamento na EN4 para além de ser um lugar seguro para parquear os camiões, enquanto aguardam pela luz verde depois das horas proibidas.

 

Um dos entrevistados foi Domingos Vilanculos, camionista na Transportes Lalgy. Para ele, a infra-estrutura é bem-vinda, pois reduz o tráfego na estrada. “Antes da construção do parque, a esta altura estaríamos na estrada onde corríamos vários riscos, como acidentes, entre outros. Sobre se esta interdição afecta o nosso trabalho, é claro, porque o desejo de qualquer camionista não é parar. Mas penso que se estivéssemos na estrada também estaríamos parados por causa do congestionamento”, relatou Vilanculos.

 

No mesmo diapasão falou Thomas Nyembe, da empresa sul-africana Reinhardt. “Desde que o parque foi aberto, tenho notado pouco congestionamento na estrada. Além disso, a passagem por aqui permite regularizar uma e outra situação, o que facilita o trabalho na hora de entrega do produto no porto. Inicialmente não entendia os benefícios, porque levaria um tempo para sair, mas agora percebo. É um local seguro”, afirmou Nyembe.

 

Para além dos camionistas, os utentes da EN4 em geral dizem experimentar melhores dias com a interdição dos camiões de minérios nas primeiras horas e no fim do dia. No terminal de transportes de Malhampsene, ao longo da estrada, interpelamos o automobilista Alfredo Cumbe, que nos assegurou que realmente tem verificada "uma redução do congestionamento nos últimos dias. Em pouco tempo consegue sair de Malhampsene, o que antes não acontecia por causa da longa fila de carros”.

 

No mesmo terminal, também abordamos o transportador público de passageiros, Albano Machava, que faz a rota Malhampsene-Boane. Contou-nos que, antes, para sair do terminal para a zona da “Ceres” levava entre 30 a 45 minutos, mas agora leva apenas 15 minutos. (Evaristo Chilingue)

 

Por Marcelo Mosse

Na actual batalha judicial à volta do caso da denúncia caluniosa sobre soja geneticamente modificada (e não sobre feijão bóer como tem sido propalado), entre o Grupo ETG e o Grupo Royal Limitada (RGL), em que a firma moçambicana exige da indiana uma compensação de 60 milhões de USD, pois considera que funcionários daquela multinacional causaram-lhe prejuízos equivalentes na Índia (através dessa denúncia, posteriormente desmentida judicialmente), a comunicação social tem sido induzida a publicar “fake news".

 

Jornais e agências de prestígio mundial, como o Financial Times, a Bloomberg, a Reuters e a Lusa, normalmente vigilantes contra narrativas falsas, caíram levianamente na fita. Não era de somenos: a narrativa da vitimização de um player global das commodities, o ETG, diante de uma empresa moçambicana em conluio com autoridades corruptas locais. Coisa que encaixa como uma luva na santificação do investidor estrangeiro e demonização do governo africano.

 

Um levantamento feito por “Carta de Moçambique” registou uma forte presença mediática em todo o mundo de narrativas favoráveis ao Grupo ETG, geralmente pintado como vítima de um alegado cartel moçambicano com centro no Royal Grupo Lda. Depreende-se que, com sua pujança económica, o ETG consegue passar facilmente na mídia mundial todas as suas narrativas, mas muitas das vezes isso não acontece sem deturpação da verdade. 

 

O último episódio foi há pouco mais de duas semanas (dias 17 e 18 de Janeiro), quando 250 contentores embarcados pelo Grupo Royal no navio UBENA da CMA iriam partir para a Índia carregados de feijão holoco. Três providências cautelares interpostas pelo Grupo ETG em tribunais de Nampula fizeram com que, ao invés da mercadoria partir para a Índia, um processo de averiguação minuciosa tivesse lugar para se comprovar a suspeita do ETG: a de que o Grupo Royal estava a exportar seu feijão bóer e outras mercadorias arrestadas pela Justiça em Dezembro e confiados ao RGL como seu fiel depositário.

 

Na sexta feira, 17 de Janeiro, 15 contentores do RGL foram descarregados e verificados minuciosamente por entidades judiciárias, portuárias, marítimas e alfandegárias (incluindo os representantes legais do ETG e do RGL), mas o resultado foi completamente nulo. Ou seja, não foi encontrado nenhum indício da mercadoria arrestada.

 

Mas, ao longo desse dia, o noticiário favorável ao ETG marcou as parangonas. Jornais e agências de craveira mundial foram induzidos ao “fake news”. A agência portuguesa Lusa, que investe muito contra o “fake news”, intitulava “Moçambique: Tribunal cancela saída e trânsito de feijão bóer apreendido ao ETG por concorrente”. 

 

Seu artigo, em inglês, (https://clubofmozambique.com/news/mozambique-etg-to-stop-export-of-seized-pigeon-peas-252555) noticiava, erradamente, que o Tribunal Marítimo da Província de Nampula cancelou a saída de contentores que transportavam feijão bóer e outros produtos apreendidos ao conglomerado ETG em Moçambique, que um concorrente pretendia exportar, segundo uma decisão a que a Lusa teve hoje acesso. Nada mais que “fake news”. Não houve nenhuma tentativa de exportação de feijão bóer arrestado por parte do Grupo Royal, nem o Tribunal fez tal informação. 

 

“O texto acrescentava: Em causa está um litígio que se arrasta há meses e que já levou o ETG, que solicitou a intervenção do Presidente da República, a interpor uma providência cautelar, num processo judicial sobre a apropriação da sua carga, no porto de Nacala, pelo concorrente Royal Group Limitada (RGL)”. Não houve apropriação da carga do ETG, mas apenas um arresto judicial.

 

Na sua edição de 17 de Janeiro, o Financial Times caiu na mesma ladainha mentirosa. No artigo intitulado “Trading firm tries to halt $60mn shipment of seized pigeon peas”, o jornal cor de salmão escrevia: “o Grupo ETG estava a correr para suspender o envio de até 60 milhões de dólares em feijão bóer e outros alimentos de Moçambique para Índia, depois de acusar as autoridades de ajudar uma firma local a confiscar ilegalmente os seus activos”. Mas, como ficou provado em duas inspecções judiciais, foi nomeada uma amostra de 15 contentores do RGL e 23 contentores da Green Mauritânia. 

 

Um dia antes, a prestigiada agência de informação financeira “Bloomberg” também era claramente empurrada para a incorreção. Na sua edição 16 de Janeiro, a agência escrevia que o grupo ETG, um comerciante de commodities agrícolas que é parcialmente detido pela Mitsui & Co., disse que teve quase 61 milhões de dólares dos seus produtos apreendidos em Moçambique após uma disputa legal com um concorrente nacional. 

 

O Royal Group Lda., um comerciante que opera na cidade portuária de Nacala, país do sudeste africano, começou a apreender as cargas do ETG em Nacala no mês passado, de acordo com um comunicado do ETG.” Mitsui-Backed ETG Has $61 Million of Cargo Seized in Mozambique - Bloomberg

 

Quem também não escapou à narrativa do ETG que, essencialmente, espalhava para o mundo a imagem aterrorizante de um Moçambique sem lei e ordem, foi a prestigiada agência noticiosa americana Reuters. Com o título “Mozambique court rules for ETG commodities in pigeon peas battle”, a agência sediada em Nova Iorque escrevia, a 19 de Janeiro: “um tribunal moçambicano decidiu que um carregamento de feijão bóer pertencente ao corretor global de mercadorias Export Trading Group (ETG) não pode ser exportado para a Índia (...). O ETG recorreu aos tribunais para impedir o Royal Group Limitada, com sede em Moçambique, de exportar milhares de toneladas de feijão bóer, avaliadas em 61 milhões de dólares, que alegou terem sido apreendidas ilegalmente nos armazéns do ETG” (Mozambique court rules for ETG commodities in pigeon peas battle).

 

Como algumas das plataformas noticiosas usadas pelo ETG para espalhar o “fake news” são agências que distribuem comercialmente seu noticiário para todo o mundo, várias foram as publicações que acabaram vendendo aos seus leitores gato por lebre, entre os quais estão alguns sites estrangeiros de pouca relevância cujos nomes nem faz sentido mencionar.

 

A estratégia da narrativa do Grupo ETG continuou nos dias seguintes (a Lusa tem caído facilmente no enredo), polvilhando a grande mídia internacional de mentiras, enganando leitores e mercadores sobre o que verdadeiramente se passa em Moçambique relativamente à saga do feijão boer.

O Governo moçambicano pretende “repatriar” a partir de 2030, para uso doméstico, a eletricidade que exporta da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) para África do Sul desde 1979, conforme documento a que a Lusa teve hoje acesso.

 

A posição está expressa na Estratégia para Transição Energética em Moçambique até 2050, aprovada pelo Governo e em que se assume esse objetivo para 2030: “A principal prioridade hídrica de curto prazo é a repatriamento da eletricidade da HCB, atualmente exportada para a África do Sul (8-10 TWh) [TeraWatt-hora], bem como a adição de 2 GW [GigaWatt] de nova capacidade hidroelétrica nacional até 2031”.

 

No documento ecorda-se igualmente que a central hidroelétrica de Cahora Bassa é a “mais importante de Moçambique”, com uma capacidade total instalada de 2.075 MW (Megawatt), sendo detida maioritariamente pelo Estado moçambicano.

 

“Desde o início das operações em 1979, a HCB exportou a maior parte da sua produção de eletricidade para a estatal sul-africana Eskom, com uma parte menor fornecida à Eletricidade de Moçambique (EDM). A eletricidade da HCB é barata e limpa”, lê-se no documento.

 

Da produção total, apenas 300 MW de "energia firme" e 380 MW de "energia variável" são fornecidas pela HCB à elétrica estatal moçambicana.

 

“Em 2030 o Contrato de Aquisição de Energia entre a HCB e a Eskom chegará ao fim e decisões importantes terão de ser tomadas relativamente à comercialização e destino final de energia limpa da HCB”, acrescenta-se.

 

Nos arredores de Maputo, sul do país, funciona a fábrica de alumínio da Mozal, sul-africana e alimentada pela eletricidade precisamente fornecida pela Eskom – contrato de fornecimento que por sua vez termina em 2026 -, devido às dificuldades de cobertura da rede elétrica moçambicana, sendo aquela uma das maiores consumidoras de eletricidade do país, com necessidades de 900 MW.

 

Já o aumento da capacidade da produção hidroelétrica, segundo o documento, será garantido pela nova hidroelétrica de Mphanda Nkuwa e pela construção da estação norte da HCB, localidade na província de Tete, centro de Moçambique.

 

“Os recursos hidroelétricos únicos de Moçambique formarão a espinha dorsal estratégica para a produção de energia de baixo carbono e as ambições de industrialização verde do país, que é uma prioridade nacional”, assumiu o Governo.

 

No documento antevê-se mesmo que “ao longo da próxima década, cerca de 3,5GW de nova capacidade hidroelétrica estarão disponíveis” para o uso doméstico em Moçambique, desde logo pelo “termo, em 2029, do acordo de exportação existente” da HCB com a África do Sul, mas também pela entrada em funcionamento, em 2031, do novo projeto hidroelétrico de Mphanda Nkuwa, de 1,5GW.

 

“Estes fatores constituem uma oportunidade única para gerar energia limpa e estável para o desenvolvimento económico e a industrialização verde”, assume-se ainda no documento com a estratégia energética moçambicana.

 

Por outro lado, refere-se que, no período de 2030 a 2040, “serão acrescentados mais 9GW de nova capacidade hidroelétrica”, incluindo os aproveitamentos em Lupata, Boroma, Chemba e “outros locais a identificar”, dos quais até 3GW “poderão ser reservados para exportação”, em função “do crescimento da procura nacional de energia, que terá prioridade”.

 

“Após 2040, Moçambique irá adicionar nova capacidade hidroelétrica”, principalmente “para uso doméstico” em “projetos a identificar” e “explorando assim todo o potencial hidroelétrico do país, que será reavaliado através de novos estudos”.

 

O Ministério dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique anunciou a 27 de novembro investimentos de 80 mil milhões de dólares (73 mil milhões de euros) na Estratégia de Transição Energética, a implementar até 2050.

 

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou em 03 de dezembro, na cimeira do clima, que a nova Estratégia de Transição Energética vai colocar o país na “vanguarda da inovação climática”.

 

“Esta iniciativa não apenas coloca Moçambique na vanguarda da inovação climática, como também o posiciona como um destino de investimento atrativo sustentável”, disse o chefe de Estado, após intervir num dos painéis da cimeira da ONU sobre o clima (COP28), que decorreu no Dubai.(Lusa)

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