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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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Em Julho, o indicador de confiança do sector de produção industrial, electricidade e água sofreu uma ligeira quebra, facto que interrompe a trajectória ascendente que registava desde o mês de Abril do corrente ano, anunciou segunda-feira (02) o Instituto Nacional de Estatística (INE) no boletim mensal sobre “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” em Moçambique.

 

No mês em análise, o nível de confiança dos produtores industriais foi de 93.6, contra 108.5 registado em Junho, 98.6 em Maio e em 94.2 no mês de Abril.

 

De acordo com o relatório do referido inquérito do INE, a interrupção do ciclo de ascensão da confiança neste sector foi influenciada pela queda de todos os componentes do indicador síntese do sector, com maior realce para as perspectivas muito pessimistas da procura que atingiu um novo mínimo da respectiva série cronológica.

 

“Contrariamente ao indicador síntese do sector, os stocks nos armazéns industriais apresentaram-se ligeiramente acima do normal, o que deu azo à diminuição do volume de negócios no mesmo mês de análise, num clima de aumento da perspectiva de preços no mesmo período de análise”, observou o estudo do INE.

 

Em termos de constrangimentos, a fonte refere que cerca de 34 por cento das empresas deste sector teve constrangimentos no período em análise, o que representou uma redução de 5 por cento de empresas com dificuldades no desempenho das suas actividades face ao mês anterior.

 

Para o INE, vários factores continuaram a afectar o sector de produção industrial, de electricidade e água, destacando-se, a concorrência (26 por cento), a falta de acesso ao crédito (20 por cento), a falta de matéria-prima (19 por cento) e os outros factores não especificados (13 por cento), como obstáculos mais importantes.

 

Produzida pelo INE, “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” é uma publicação mensal sobre a conjuntura económica de Moçambique. O inquérito respondido por uma média de 690 empresas, compreendendo uma amostra de 1270 firmas, desde micro até grandes, localizadas em diferentes zonas do país, expressa opinião dos agentes económicos (gestores das empresas) acerca da evolução e perspectiva da sua actividade, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações de actividade. (Evaristo Chilingue)

quarta-feira, 04 setembro 2019 07:18

Clima económico abranda em Julho passado

O Instituto Nacional de Estatística (INE) diz que o Indicador de Clima Económico (ICE) no inquérito sobre “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” abrandou no mês de Julho, ao registar uma ligeira quebra do seu saldo, interrompendo o perfil favorável que vinha registando nos últimos três meses, facto que continuou a dever-se à deterioração da perspectiva de emprego e pela queda das perspectivas da procura no mês de referência.

 

De acordo com o relatório do inquérito enviado esta segunda-feira (02) pelo INE, o ICE situava-se em 99.7 no mês de Junho, mas em Julho passado caiu para 98.2. “A avaliação desfavorável da conjuntura no mês de Julho deveu-se, sectorialmente, à apreciação negativa dos ramos empresariais da produção industrial, transportes e de alojamento incluindo a restauração, o que suplantou as apreciações positivas registadas nos sectores dos outros serviços não financeiros, de comércio e de construção”, explica a autoridade estatística nacional.

 

Segundo o INE, “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” constitui uma publicação mensal sobre a conjuntura económica de Moçambique. O inquérito respondido por uma média de 690 empresas, compreendendo uma amostra de 1270 firmas, desde micro até grandes, localizadas em diferentes zonas do país, expressa opinião dos agentes económicos (gestores das empresas) acerca da evolução e perspectiva da sua actividade, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações de actividade.

 

Em Julho passado, o estudo concluiu ainda que, em média, 28 por cento das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo no mês em análise, o que representou uma diminuição de 6 por cento face ao mês anterior.

 

“Essa redução foi influenciada, principalmente, pela diminuição da frequência relativa de empresas com constrangimentos em todos os sectores”, justifica o INE.

 

No entanto, observou a instituição, os sectores da produção industrial (34 por cento), de alojamento e restauração (32 por cento) e dos serviços de transportes (31 por cento), registam mais de 30 por cento de empresas com dificuldades no seu funcionamento se comparados com o mês anterior. (Evaristo Chilingue)

Circula desde o passado fim-de-semana uma suposta carta do grupo extremista Ahl Sunat Wal Jhamah, com operações terroristas na Somália e Paquistão, convidando a comunidade islâmica baseada em Moçambique a não participar da recepção e muito menos da missa a ser orientada pelo Papa Francisco na próxima sexta-feira (06), no Estado Nacional do Zimpeto.

 

O Papa Francisco aterra no Aeroporto Internacional de Maputo, tal como está previsto no programa da visita, quando forem pontualmente 18 horas e 30 minutos, donde seguirá para a Nunciatura.

 

Esta terça-feira, “Carta” procurou ouvir o Conselho Islâmico de Moçambique (CISLAMO). Na pessoa do Sheik Aminuddin Muhammad, este órgão foi categórico: “O Conselho Islâmico condena e não se revê nos dizeres que vêm vertidos na carta. Nós nos distanciamos deste grupo sem rosto”.

 

Em conversa com o nosso jornal, contrariando a narrativa da suposta missiva dos Ahl Sunat Wal Jhamah, Sheik Aminuddin Muhammad assegurou que a comunidade islâmica vai sim participar da missa a ser orientada pelo Sumo Pontífice. Aliás, fez questão de recordar que um grupo de jovens que professa a religião islâmica estava, desde a primeira hora, envolvido nos ensaios alusivos à visita da mais alta figura da Igreja Católica Apostólica Romana.

 

A suposta carta aponta numa das páginas, isto no que respeita à figura do Papa perante Allah: “o Papa perante Allah é um inimigo decretado, ou seja, o líder da descrença e saibam mais meus queridos irmãos, cada adoração que se presta fora de Allah por qualquer pessoa, o Papa contribui nesse pecado porque ele do momento é quem incentiva as pessoas na adoração do Profeta Issa (Jesus) e o que deve ser feito ao líder máximo dos descrentes?”. Seguidamente aponta “Combateis os líderes da descrença”, cap. 9 vers, 12 (do livro sagrado).

 

Sobre estes dizeres, Aminuddin Muhammad disse que não são e estão longe de serem os preceitos que norteiam o islamismo. Anotou que a religião islâmica respeita as outras religiões e não é apologista da difusão do ódio entre irmãos.

 

Muhammad disse que a carta está inclinada para um trabalho de agitadores preocupados em criar agitação.

 

“A religião Islâmica respeita as outras religiões. É um trabalho de quem tem o objectivo de criar agitação. Apenas isso. Nós não comungamos com estes dizeres. A religião não dá direito de classificar o outro. É tudo interpretação de quem escreve. O Alcorão (livro sagrado para os muçulmanos) não diz isso”, atirou Sheik Aminuddin Muhammad.

 

O grupo prossegue, sobre a forma como os muçulmanos devem olhar para o Santo Padre: “Papa perante muçulmanos verídicos é injusto,… um ofensor de Allah… Renegador da vida após a morte… E este tipo de pessoa não merece nenhuma honra de quem se prostra perante Allah”. (Carta)

Inicia, na noite de hoje, a segunda visita apostólica à República de Moçambique. Quando forem 18:30 horas, hora moçambicana, o Papa Francisco começa uma visita à cidade de Maputo, capital do país, que se irá prolongar até às 12:40 horas da sexta-feira, 06 de Setembro, momento em que o voo da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) irá levá-lo até Antananarivo, capital da República do Madagáscar.

 

A peregrinação do Santo Padre, que começa pelas 8:00 horas, na capital italiana (Roma), quando o avião papal decolar do Aeroporto Internacional daquela cidade e que surge na sequência do convite formulado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, aquando da sua visita ao Vaticano, em Setembro do ano passado, irá condicionar algumas vias da capital do país, por onde o Sumo Pontífice se irá movimentar.

 

De acordo com o itinerário partilhado pela Comissão Interministerial para Grandes Eventos Nacionais e Internacionais, a partir das 17:30 horas desta quarta-feira, as avenidas 19 de Outubro (que liga a EN1 ao Largo da DETA, passando pela Base Aérea), o Largo da DETA, Rua de Sacadura Cabral, Acordos de Lusaka, Guerra Popular, Eduardo Mondlane, Julius Nyerere e Kwame Nkrumah estão bloqueadas para permitir a deslocação do Cortejo do Papa do Terminal Presidencial do Aeroporto Internacional de Maputo até a Nunciatura, onde se irá hospedar. O plano não indica a que horas as vias estarão novamente abertas ao trânsito.

 

O Conselho Municipal da cidade de Maputo ainda não apresentou o plano alternativo para a movimentação de pessoas e bens durante esse período, que coincide com a hora de ponta. Residentes dos bairros suburbanos da cidade de Maputo, utentes dessas vias, sobretudo das Avenidas Acordos de Lusaka e Guerra Popular, poderão ficar afectados.

 

No dia 05 de Setembro, quinta-feira, a Polícia de Trânsito irá bloquear, a partir das 08:30 horas, as avenidas Kwame Nkrumah, Armando Tivane, Mao Tse Tung, Julius Nyerere, Farol e Mártires de Mueda para permitir a saída do Papa da Nunciatura até ao Palácio da Ponta Vermelha, onde será recebido pelo Presidente da República e manter encontro com as autoridades, sociedade civil e corpo diplomático.

 

Terminada a agenda no Palácio Presidencial, o Líder da Igreja Católica irá deslocar-se ao Pavilhão do Maxaquene, onde irá manter um encontro inter-religioso com jovens. Para tal, a partir das 09:45 horas, estarão bloqueadas as Avenidas Mártires de Mueda, Farol, Julius Nyerere, 24 de Julho, Vladimir Lenine e Zedequias Manganhela.

 

Quando forem 11 horas, a Polícia de Trânsito volta à acção para encerrar a Rua Belmiro Muianga, as Avenidas 25 de Setembro, Alcântara Santos, Farol, Julius Nyerere, Kwame Nkrumah para permitir a saída do Papa do Pavilhão do Maxaquene até a Nunciatura, onde vai passar a sua refeição.

 

Concluída a “passeata” do Pavilhão do Maxaquene à Nunciatura, também são interrompidas as restrições de circulação de viaturas, que só voltam às 15 horas, quando forem encerradas as Avenidas Kwame Nkrumah, Kim Il Sung, Mao Tse Tung, Vladimir Lenine, 24 de Julho e Olof Palm para permitir a deslocação do “peregrino” daquela zona nobre da cidade de Maputo até à Catedral da Imaculada Conceição, onde irá manter encontro com os Bispos, Sacerdotes, Religiosos, Consagrados e Seminaristas, Catequistas e Animadores.

 

As 16:15 horas será a vez da Rua da Rádio, Avenidas Patrice Lumumba, Crisanto Castiano Mitema, Amílcar Cabral, Samuel Dabula, Keneth Kaunda, Joaquim Chissano e Milagre Mabote serem bloqueadas para permitir a deslocação do Papa da Sé Catedral para a Casa Mateus 25, onde efectuará uma visita privada. Para regressar à Nunciatura, para o descanso, serão encerradas, a partir das 17 horas, as avenidas Milagre Mabote, Marian Nguambi, Vladimir Lenine, Mao Tse Tung, Julius Nyerere e Kwame Nkrumah.

 

Já no último dia da visita, a Polícia de Trânsito irá encerrar, a partir das 07 horas, as Avenidas Kwame Nkrumah, Julius Nyerere, Keneth Kaunda, Joaquim Chissano, Av. Moçambique e Nelson Mandela para sair da Nunciatura até ao Centro de Saúde de Zimpeto. O bloqueio continua pelas 10 horas, quando o Papa sair daquele Centro de Saúde para o Estádio Nacional do Zimpeto, onde irá orientar a aguardada Missa.

 

A partir das 11 horas, a maior avenida do país (em termos de extensão), também conhecida como EN1, voltará a ser bloqueada para permitir a saída do Papa do Estádio até ao Terminal Presidencial do Aeroporto Internacional de Maputo. Nesse último passeio pela capital moçambicana, o Sumo Pontífice irá percorrer também as avenidas Joaquim Chissano, Acordos de Lusaka, Sacadura Cabral e 19 de Outubro.

 

Não está disponível o plano alternativo para a mobilidade em todas estas vias, sobretudo as avenidas Acordos de Lusaka, no final da tarde de quarta-feira e na Avenida de Moçambique, do bairro do Jardim até ao Estádio Nacional do Zimpeto. Como qualquer Chefe de Estado, o Papa será acompanhado pelo Protocolo de Estado e seguranças do Vaticano que já se encontram na capital do país. (Carta)

Finalmente, as autoridades judiciais moçambicanas passaram a compreender a dimensão dos crimes contra a biodiversidade. É que três dias após a condenação do cidadão chinês pela 6ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da cidade de Maputo, eis que mais dois cidadãos nacionais, residentes em Buyela, num dos povoados do distrito de Mapai, na província de Gaza, foram condenados na última sexta-feira (30 de Agosto) pela 4ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Província de Gaza (TJPG).

 

O colectivo de juízes da 4ª Secção Criminal do TJPG decidiu condenar os dois furtivos a penas que variam entre os 16 a 17 anos de prisão maior e o pagamento de 300 salários mínimos, numa taxa diária de 5 por cento do salário mínimo estabelecido por Lei (4.256 Mts), valor que será canalizado aos cofres do Parque Nacional do Limpopo.

 

O cidadão de nome Tomás Lucas Maluleque, de 33 anos de idade, foi condenado a 17 anos de prisão e 28 meses de multa, numa taxa diária de 5 por cento. O outro, Orlando Arlindo Matuassa, de 26 anos de idade, foi condenado a 16 anos de prisão maior e 28 meses de multa.

 

Segundo o colectivo de juízes da 4ª Secção Criminal do TJPG, cabe a cada um dos réus o pagamento de uma indemnização no valor de 300 salários mínimos, a favor do Parque Nacional do Limpopo, em compensação aos danos causados à biodiversidade.

 

De acordo com a Administração Nacional de Áreas de Conservação (ANAC), para se chegar à condenação dos furtivos, foram necessárias três sessões realizadas nos meses de Maio, Junho e Julho, em que eles eram acusados de prática de crimes de abate de animais protegidos por Lei e de porte ilegal de arma de fogo e munições.

 

Conforme consta na acusação, os factos ocorreram na noite de 01 de Setembro de 2018, quando Tomás Maluleque e Orlando Matuassa entraram no Parque Nacional do Limpopo e mataram dois rinocerontes e extraíram os respectivos cornos, tendo em seguida se colocado em fuga. Entretanto, devido ao som dos disparos, os fiscais do Parque Nacional Kruger, na África do Sul, concretamente na região de Chingimene, próximo ao Parque Nacional do Limpopo, alertaram os homólogos moçambicanos sobre a presença de furtivos.

 

Os fiscais moçambicanos deslocaram-se por volta das 06:00h do dia 01 de Setembro de 2018 ao local, onde viriam a confirmar a existência de duas carcaças de rinocerontes. Entretanto, os dois furtivos já se tinham dirigido à cidade de Chókwè, na tentativa de comercializar os troféus.

 

Graças à partilha de informação entre as autoridades policiais e fiscais do PNL, foi desencadeado um processo de busca e captura dos furtivos, tendo-se dirigido à residência dos visados onde estes foram capturados, apreendidos os quatro cornos de rinoceronte e uma arma de fogo utilizada na sua incursão.

 

Segundo conta a ANAC, os dois foram encaminhados às celas do Comando distrital da Polícia da República de Moçambique em Mapai e, depois de várias tentativas de fuga, foram transferidos para o Estabelecimento Penitenciário Provincial de Xai-Xai (Gaza), onde ficaram a aguardar julgamento.

 

Refira-se que a ANAC alocou o advogado David Ucama para prestar assistência técnico-legal aos processos associados à caça furtiva nas áreas de conservação da biodiversidade, numa altura em que a Agência de Investigação Ambiental (com a sigla em inglês EIA) diz que, nos últimos nove anos, foram traficados mais de 800 cornos de rinocerontes, tendo o país perdido pouco mais de 80 milhões de USD. O Aeroporto Internacional de Maputo tem sido usado como a principal porta de saída. (Omardine Omar)

No passado dia 16 de Agosto, o Departamento de Justiça americano apresentou uma acusação substituta (ou seja, emendada), relativamente ao chamado “indictment” de Janeiro contra os principais arguidos das “dívidas ocultas”, entre os quais estão Manuel Chang, António Carlos Rosário e Teófilo Nhangumele. O documento adiciona principalmente novas alegações destinadas a refutar os argumentos de Jean Boustani, que tem vindo a alegar falta de jurisdição americana para acusá-lo.

 

No documento há dados interessantes. Na acusação inicial, o Governo americano estimava que cerca de 200 milhões de USD (dos 850 milhões de USD da EMATUM) tinham ido parar nas malhas da corrupção. Agora, a nova acusação aponta que o valor real dos activos adquiridos com o empréstimo da Ematum foi de apenas 400 milhões de USD. Ou seja, 450 milhões de USD foram desviados. A nova acusação apresenta valores actualizados para os subornos aos três arguidos moçambicanos (Manuel Chang, António Carlos Rosário e Teófilo Nhangumele) e para os três co-conspiradores moçambicanos, receberam pelo seu papel no calote.

 

De acordo com o documento, Jean Boustani manteve uma lista de distribuição de subornos relacionados com os créditos para a EMATUM e Proindicus, obtida pela investigação, de acordo com a qual Teófilo Nhangumele deveria receber 8,5 milhões de USD, António Carlos do Rosário (15 milhões de USD), Manuel Chang (7 milhões de USD), o co-conspirador 1 (8.5 milhões de USD) e o co-conspirador 2 (3 milhões de USD).

 

A contratação da dívida sindicada de 540 milhões de USD para a MAM também envolveu uma planilha de subornos (esta guardada por Najib Allan, quadro sénior da Privinvest, também acusado). De acordo com o documento, António Carlos Rosário deveria receber 13 milhões de USD, Manuel Chang 5 milhões de USD, o co-conspirador 2 (918.000 USD) e o co-conspirador 3 (1,8 milhões de USD). A nova acusação contém já um sumário dos subornos efectivamente pagos pela Prinvivest aos três arguidos e três co-conspiradores moçambicanos.  Ei-lo: 

 

Manuel Chang (5 milhões de USD), António Carlos do Rosário (12 milhões), Teófilo Nhanhumele ( 8,5 milhões de USD), co-conspirador 1 (8,5 milhões), co-conspirador 1, co-conspirador 2 (9,7 milhões de USD), co-conspirador 3 (2 milhões de USD). (M.M.)

Moçambique tem um pequeno problema de terrorismo, mas a resposta do Governo ameaça torná-lo grande. Hilary Matfess, da Universidade de Yale, e Alexander Noyes, da RAND Corp., afirmam nas seguintes linhas que Moçambique está exagerando no perigo com uma repressão pesada, a qual está inflamando a tensão e fazendo pouco para conter os elementos mais radicais em Cabo Delgado.

 

Eles argumentam que Moçambique corre o risco de seguir o caminho da Nigéria, onde uma resposta do governo contra uma seita radical levou ao aumento no apoio ao grupo que se tornou conhecido por Boko Haram.

 

Eis os argumentos dos autores.

 

Depois que o grupo insurgente islâmico al-Sunnah wa Jamaah (ASWJ) matou sete pessoas no norte de Moçambique em Julho, o Estado Islâmico reivindicou o seu envolvimento, a segunda desde junho. Nas semanas seguintes, os ataques continuaram, com o assassinato de cinco pessoas em 23 de Agosto. As evidências para substanciar vínculos diretos entre o Estado Islâmico e a ASWJ são escassas e a ASWJ não precisa de uma filiação transnacional para ser considerada uma ameaça para estabilidade em Moçambique.

 

O grupo entrou em conflito repetidamente com as forças de segurança moçambicanas desde outubro de 2017 e está ligado a mais de 140 eventos violentos que resultaram em mais de 400 mortes, de acordo com o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED).

 

A ameaça ao país e à região é real, mas a actual abordagem do Governo de Moçambique pode fazer escalar a crise. A experiência doutros países africanos podia ser uma lição instrutiva: uma resposta directa que depende apenas da repressão, só vai piorar as coisas. Moçambique precisa lidar com o crescente desafio à segurança de maneira a resolver o problema, em vez de exacerbá-lo com táticas pesadas, justificadas como “medidas duras contra o terrorismo”.

 

Uma abordagem mais abrangente, que se concentra no desenvolvimento socioeconômico compartilhado e que alavanque parcerias internacionais, seria mais eficaz no combate a grupos extremistas como o ASWJ.

 

Repressão do governo

 

A resposta de Moçambique à onda de ataques da ASWJ foi extremamente pesada e militarizada, com alegações de violações generalizadas dos direitos humanos por parte das forças de segurança. Após o primeiro ataque do grupo em outubro de 2017, o governo fechou mesquitas e deteve até 300 pessoas sem acusá-las. E não desistiu. No final de 2018, o Governo voltou a realizar detenções arbitrárias em larga escala, e a campanha de contra-insurgência como um todo foi caracterizada não apenas por prisões em massa, mas também por tortura e assassinatos extrajudiciais.

 

Além da repressão física, o Governo também respondeu à crise através da supressão e censura dos meios de comunicação. Desde junho de 2018, o governo barrou o acesso dos meios de comunicação social à região; aqueles que tentaram contornar a proibição foram detidos. Em janeiro deste ano, o jornalista Amade Abubacar foi preso por denunciar a violência em Cabo Delgado e foi-lhe negado comida e tratamento médico.

 

Sem surpresa, isso teve um efeito assustador na disposição dos moçambicanos de falar abertamente sobre o conflito. Numa recente viagem a Moçambique, um de nós (Noyes) encontrou uma relutância geral em se discutir a ameaça emergente. A repressão desta natureza provavelmente sairá pela culatra. De facto, deter ou matar líderes religiosos geralmente apenas inflama as tensões e acelera a ameaça.


Lições não aprendidas?

 

Moçambique corre o risco de repetir os erros cometidos noutras partes de África ao responder às insurgências extremistas. Tanto a Nigéria quanto o Quénia responderam a ameaças semelhantes com táticas repressivas, mas isso apenas ampliou as tensões religiosas e étnicas e forneceu forragem para o recrutamento de extremistas.

 

A ascensão do Boko Haram - o grupo mais mortífero da África em 2015 - e a ameaça permanente da al-Shabaab no Quénia mostram como essas abordagens foram contraproducentes a longo prazo. Um ponto de inflexão na história do Boko Haram ocorreu em 2009. Um confronto entre membros da seita e a polícia nigeriana, aumentou e levou a uma resposta dura do Estado. A repressão resultou na morte de mais de 700 pessoas em Maiduguri, capital do Estado de Borno, incluindo o líder da seita Mohammed Yusuf.

 

Quando o grupo ressurgiu sob a liderança de Abubakar Shekau, alguns anos depois, tinha sofrido uma transformação, passando de uma seita dissidente em grande parte não-violenta, com algumas características criminais, para um movimento violento e virulentamente anti-estatal.

 

Um processo semelhante ocorreu no Quénia. Após uma série de ataques da al-Shabaab, o governo do Quénia reprimiu as comunidades somalis e muçulmanas de lá, prendendo milhares. Essa estratégia de punição coletiva saiu pela culatra. Um estudo de 2014 que analisou o recrutamento da al-Shabaab no Quénia descobriu que o “factor mais importante que levou os entrevistados a se juntarem à al-Shabaab, de acordo com 65% dos entrevistados, era a estratégia de contraterrorismo do governo”.

 

Os assassinatos de vários clérigos em Mombaça, no Quénia também aumentou as tensões e queixas. Um relatório recente das Nações Unidas descobriu que esse padrão se estende além da Nigéria e do Quénia, concluindo que aqueles que se juntam a grupos extremistas costumam ter queixas contra o Governo e desconfiam particularmente da Polícia e das Forças Armadas. Essas descobertas sugerem que a abordagem militarizada de Moçambique contra a insurgência provavelmente será contraproducente.

 

Apesar das recentes reivindicações de vínculos com o Estado Islâmico,actualmenteaameaça da ASWJ parece ser doméstica,

com poucasevidências de vínculos directos com grupos extremistas internacionais.

Mas se o Governo continuar a responder de maneira pesada, 

é provável que a ameaça cresça, com efeitos potencialmente devastadores para o país e a região. 

 

(Resumo de um artigo de /publicado originalmente em LawFare.com a 1 de Setembro)

O Governo de Moçambique (através do seu advogado, a Procuradoria Geral da Republica), quer que um tribunal do Reino Unido ordene o banco Credit Suisse Group AG e a construtora de navios Privinvest a compartilharem a responsabilidade de pagar os 727 milhões de USD dos títulos de dívida da Ematum que neste momento a reestruturar com os seus detentores.

 

O Director do departamento de Rádio, Comunicações e Tecnologias na Autoridade Reguladora das Telecomunicações (ARECOM), Dário Tamele, defende a instalação de um satélite para a melhoria das telecomunicações, em Moçambique. A fonte entende que o Satélite garante maior conectividade e acesso aos serviços das Telecomunicações a preços baixos num país extenso e habitado por populações dispersas, sobretudo nas zonas rurais.

 

“Devido às características geográficas do nosso país, o cabo de Fibra Óptica não consegue cobrir todo o território. É que ela tem de atravessar uma montanha, um rio (…) e, para fazer face a isso, nós temos de encontrar tecnologias substitutas para conseguirmos oferecer o direito às telecomunicações àquelas pessoas localizadas em zonas muito remotas. Aí, o Satélite joga um papel muito importante”, disse Tamale.

 

Engenheiro no sector das Telecomunicações, a fonte explica que a vantagem do satélite está na fiabilidade e cobertura nacional, garantindo, em tempo útil, o sinal para diferentes tipos de serviços, desde a radiodifusão, serviços de educação à distância. Para Tamele, a tecnologia pode também suprir o défice de profissionais no sector da saúde, principalmente nas zonas rurais, ao garantir operações assistidas remotamente.

 

“O Satélite pode igualmente melhorar a agricultura mecanizada, pode ser usado em toda a cadeia dos transportes, desde marinhos até terrestres, na segurança. Pode também aprimorar a nossa capacidade de previsão meteorológica”, acrescentou.

 

Sublinhando ainda a vantagem da tecnologia, a fonte lembrou que após recentemente o ciclone Idai destruir a infra-estrutura das telecomunicações na Cidade da Beira, o que resolveu o “apagão” foi o Satélite. “Rapidamente foram colocadas antenas, disponibilizaram-se telefones de comunicação via Satélite para garantir a operacionalidade das equipas de salvamento e apoio das populações afectadas entre outras activadas”, disse.

 

Falando à margem da III Conferência Nacional das Telecomunicações, organizada pela ARECOM entre os dias 28 e 29 de Agosto passado em Maputo, Tamele disse que, dos poucos países em África, o Ruanda, que é relativamente menos extenso que o nosso, já possui Satélite que está a ser útil para implementar políticas de desenvolvimento em vários sectores, como agricultura.

 

A nossa fonte afirmou, porém, que a aquisição de um Satélite Geostacionário é muito caro. No entanto “temos de deixar de estar agarrados à ideia de Fibra Óptica, com o qual só conseguimos cobrir meia dúzia de pessoas, alguns distritos, excluindo aqueles cidadãos que vivem nas localidades e no interior”, observou a fonte.

 

Admitindo a possibilidade de o país não adquirir o engenho a curto prazo, Tamele disse, em contrapartida, que o Governo pode alugar alguns segmentos espaciais, tudo com vista a garantir maior conectividade e acesso, a preços baixos, a serviços de telecomunicações às populações.Dada a importância do Satélite nas Telecomunicações, a fonte disse que o assunto vai ser discutido na Conferência Mundial de Rádio e Comunicações que vai acontecer ainda este ano no Egipto.(Evaristo Chilingue)

Enquanto a maioria dos cidadãos defende que a vinda do Papa Francisco a Moçambique trará paz e reconciliação nacional, o Bispo da Igreja Anglicana, Carlos Matsinhe, defende que a almejada reconciliação da família moçambicana não virá com o Líder da Igreja Católica, mas sim com o povo moçambicano, que tem a obrigação de se reconciliar e fazer a própria paz. Segundo Dom Carlos Matsinhe, o Sumo Pontífice apenas deve ser visto como um “padrinho”, que vem reforçar os feitos do povo moçambicano.

 

“Acredito que a visita do Papa é uma bênção e traz consigo uma mensagem de paz e esperança. Tê-lo numa altura em que estamos a consolidar a paz é mais uma valia, sendo ele um apelo de Deus para que Moçambique se pacifique e se reconcilie. Porém, cabe ao povo moçambicano fazer a paz e reconciliação”, disse o Bispo à “Carta”, falando em torno da visita do Sumo Pontífice ao país, entre os dias 04 e 06 de Setembro próximo.

 

A opinião é também partilhada por um religioso da Igreja Presbiteriana de Moçambique (IPM), uma das maiores igrejas protestantes do país. O religioso entende que a visita não pode ser encarada como a vinda de um santo, pois, “só há um, que é o próprio Deus”. Tal como Matsinhe, este religioso defende que o Papa não trará paz aos moçambicanos, pois, esta deverá ser obra exclusiva dos moçambicanos.

 

O Papa Francisco chega a Maputo na noite da próxima quarta-feira para uma visita de três dias à República de Moçambique, onde para além de dirigir uma missa a ter lugar na manhã de sexta-feira, no Estádio Nacional do Zimpeto, irá manter encontros com o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, e com jovens de diferentes congregações religiosas do país.

 

Tendo em conta que 55 por cento da população cristã moçambicana pertence às igrejas protestantes, a Comissão Interministerial para Grandes Eventos Nacionais e Internacionais garante estar a envolver todas as congregações religiosas para a organização da segunda visita apostólica ao nosso país, depois da do Papa João Paulo II, em 1988.

 

Entretanto, questionado pela “Carta” sobre o nível de envolvimento da sua confissão religiosa na preparação desta visita, Matsinhe revelou não ter recebido convite oficial para participar do acto, sobretudo o encontro da juventude com o Sumo Pontífice, porém, garante: “faremo-nos presentes até onde for possível porque estamos sempre abertos para apoiar”.

 

Mesma situação é descrita pelo religioso da IPM que garante também não terem recebido nenhum convite oficial para a participação da sua juventude no encontro a ter lugar na tarde da próxima quinta-feira.

 

Entretanto, a Coordenadora-geral da Comissão Interministerial para Grandes Eventos Nacionais e Internacionais, Vitória Diogo, assegura que as diferentes congregações religiosas do país foram convidadas, através do Conselho Cristão de Moçambique, órgão que integra todas as igrejas cristãs registadas no país.

 

Por seu turno, o representante da Igreja Católica na Comissão, Dom António Juliasse, garantiu que, até esta segunda-feira (02 de Setembro), os convites seriam enviados às Igrejas Protestantes.

 

Padre Couto entende que visita do Papa é especial ao país

 

Por seu turno, o padre católico Filipe Couto entende que a visita do Papa é especial porque não vem apenas por causa da comunidade católica, mas sim do povo moçambicano, pois, quer vê-lo a viver em paz. Por isso, o antigo Reitor da Universidade Eduardo Mondlane defende não haver problema em o Sumo Pontífice visitar o país em período eleitoral, tal como critica maior parte da sociedade. Afirma que seja ou não no período eleitoral, o importante é que o Papa “deve visitar o país e que coisas boas vão acontecer”. “Entretanto, se o povo quiser criticar é livre disso, o bom é que ele venha”, sublinhou Couto.

 

Quem também partilha desta visão é Saíde Abibo, do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, que defende que a vinda do Chefe de Estado do Vaticano a Moçambique ultrapassa as dimensões da Igreja Católica, pelo que requer o envolvimento de todos.

 

“Não podemos fazer uma ligação da vinda do Papa com questões eleitorais, porque não vejo nenhuma relação entre os dois momentos, tendo em conta que este ano ocorreram vários fenómenos, como os ciclones que fustigaram parte do país”, explicou a fonte. (Marta Afonso)