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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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Os ataques armados que recrudesceram nas províncias de Sofala e Manica, desde Agosto de 2019, vêm criando insegurança em alguns locais, como é o caso do Posto Administrativo de Inchope, no Distrito de Gondola, na Província de Manica, obrigando várias famílias a abandonar as suas zonas de origem em busca de segurança e paz.


Para além do drama que as famílias vivem, os petizes em idade escolar é que são as maiores vítimas.

 

João Tricano, Porta-Voz da Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano de Manica, disse em entrevista à Rádio Moçambique, difundida esta segunda-feira: “devido ao ambiente que se vive não é seguro que as comunidades permaneçam nos seus locais de origem. E porque as escolas “convivem” com as comunidades, estas não poderão funcionar uma vez que as próprias comunidades não estão lá”.

 

Mais adiante João Tricano disse que a questão de insegurança levou as pessoas residentes nas referidas zonas a abandonarem-nas em busca de segurança. Tricano afirmou que tudo está a ser feito para que até 31 de Janeiro, os alunos da 1ª a 7ª Classe possam estar inscritos. O Porta-voz disse que, até ao momento, foram inscritos pouco mais de 3 mil alunos dos 5 mil previstos, faltando 2 mil alunos de cinco escolas situadas nas regiões que têm sido alvo de ataques.

 

Tricano avançou que, no Distrito de Gondola, está prevista a inscrição de 10500 alunos na 1ª Classe, mas que até ao momento foram apenas inscritos 3500 petizes, uma situação que compromete as metas do sector naquele local do país.


Mesmo com o receio existente por parte das populações devido aos ataques, Tricano mostrou-se confiante que as metas do sector em Gondola até à abertura oficial do ano lectivo poderão apresentar melhorias.

 

De referir que os ataques na zona centro já tiraram dezenas de vidas e provocaram vários feridos principalmente em Manica e Sofala, onde os principais alvos são viaturas de transportes semi-colectivos e das Forças de Defesa e Segurança (FDS). (Carta)

A fome está instalada na região do Grande Maputo. A vaga de calor está a comprometer a produção de hortícolas na cintura verde de Maputo e Matola, reduzindo o fornecimento de vários produtos aos mercados destes pontos do país. “Carta” testemunhou esse facto, na manhã desta segunda-feira. Homens e mulheres, adultos e crianças, sofrem debaixo do sol intenso, procurando dar vida ao que resta das suas machambas para poderem ter o que comer e sustentar as suas famílias.

 

Na zona do Infulene é comum ver-se idosos, crianças e jovens, caminhando longas distâncias para obter água de modo a conseguirem regar as suas machambas. Entretanto, relatos de algumas testemunhas são de cenários críticos. Falam de mais da metade dos agricultores que abandonaram as suas respectivas machambas e optaram por ficar em casa, devido ao calor que tem destruído as hortícolas, tendo de procurar outras fontes de renda para sobreviverem a esta época.

 

Ester Mudlovo, residente no bairro Luís Cabral, produtora do vale do Infulene, há mais de 15 anos, contou à nossa reportagem que sempre que chega esta época a produtividade é baixa. Ester disse que teve de parar de ir à machamba porque estava a pagar os seus trabalhadores do seu bolso e, no final do mês, grande parte dos seus produtos eram deitados ao lixo, porque não só o calor causa danos às hortícolas, como também existe (nesta época) a mosca branca que come a couve.

 

Outra senhora, de 39 anos de idade, mãe de quatro filhos, Matilde Gomes, contou à nossa reportagem que o que se produz nas machambas nesta época (mas em quantidades muito reduzidas e com muita insistência) é apenas a couve, pois, no que respeita à alface, esta sai amarela por conta da intensidade do calor.

 

“Aqui tudo está a queimar. Aqueles que insistem estão a cada dia a colher produtos das machambas apenas para deitar fora. Plantamos a couve, mas somos obrigados a vender a um preço alto mesmo com pouca qualidade. Na época de frio vendemos o canteiro a 300 Meticais, mas agora os preços variam de 700 a 800 Meticais”, lamentou.

 

Félix Xavier Gomes, 39 anos e pai de cinco filhos, vive apenas da machamba. Considera chocante a situação vivida por muitos produtores na zona de Infulene. “Aqui os únicos que estão a conseguir sobreviver somos nós que temos mais de seis machambas; aqueles que têm uma ou duas estão a passar mal de fome, tudo está a secar. A alface normalmente leva um mês a sair, mas nesta época está a levar mais de dois meses e acaba saindo com um sabor amargo, por levar muito tempo na terra”, explicou.

 

Segundo Brito Mondlane, produzir no verão não é fácil: é necessário que se faça muito esforço. Sublinha que a alface que se produz não tem qualidade, mas mesmo assim as pessoas têm vendido a 800 ou 1000 Meticais por canteiro, sendo que quando há uma boa produção os preços variam de 200 a 300 Meticais.

 

Entre as áreas mais críticas que a “Carta” visitou, pudemos constatar que se destacam as que estão mais próximo à fábrica da 2M, visto que devido às chuvas que caíram nos últimos dias, cortou-se uma via que permitia a transitabilidade dos fornecedores de estrume aos agricultores e facilitava que os carros entrassem mais adiante para transportar os revendedores que abastecem as cidades. Testemunhamos também várias machambas sem produtos e, dos vários locais que visitamos, era visível grande parte de hortícolas queimadas.

 

Refira-se que, no Vale do Infulene, as principais hortícolas produzidas são a alface, a couve e a folha de abóbora.

 

De acordo com o Presidente da Associação dos Agricultores do Vale do Infulene, Justino Bauque, para além dos danos que os agricultores estão a ter por conta do calor, estes queixam-se do aumento de roubos nas machambas, alto custo dos remédios e das sementes, falta de água, e muita procura e pouca produção.

 

“Por conta do calor intenso somos obrigados a regar de três a quatro vezes por dia as nossas hortícolas. Entretanto, até os pequenos riachos que temos estão a secar por causa do calor. O rio Umbeluzi que é o que nos abastece nesta área, não está a conseguir produzir água suficiente. Somos obrigados a passar mais tempo cuidando dos produtos para que estes não morram. Outra grande preocupação é o facto de muitos bancos não aceitarem conceder empréstimos para os agricultores porque dizem que fazemos um trabalho de risco e não oferecemos nenhuma garantia”, relatou. (Marta Afonso)

terça-feira, 07 janeiro 2020 04:23

Pemba viveu um dilúvio

A província de Cabo Delgado continua a viver um verdadeiro calvário. Depois de ter sido assolada pelo ciclone Kenneth, em meados de Abril do ano passado, e estar debaixo de ataques armados desde Outubro de 2017, aquela província do norte do país vive um novo sofrimento, agora causado pela ocorrência de chuvas e ventos fortes, desde o dia 26 de Dezembro.

 

De acordo com dados partilhados pelo Centro Operativo de Emergência (COE), na província de Cabo Delgado, cinco dos 12 distritos afectados pela tempestade registaram uma precipitação superior a 155 mm, entre os dias 26 e 31 de Dezembro de 2019. São nomeadamente: cidade de Pemba (215,2 mm), Mecúfi (196,6 mm), Ancuabe (188,6 mm), Chiúre (187,2 mm) e Metuge (155,2 mm).

 

Os outros sete distritos registaram uma precipitação que variou entre 39 e 98 mm. São eles: Balama (98 mm), Montepuez (86,1 mm), Mocímboa da Praia (74,9 mm), Namuno (74 mm), Palma (63 mm), Muidumbe (39,6 mm) e Mueda (36 mm).

 

Segundo os dados partilhados pelo COE, em Cabo Delgado, o dilúvio registou-se no dia 27 de Dezembro, sexta-feira, sendo que a principal cidade daquela província do norte do país registou uma precipitação superior a 129,6 mm. Já o vizinho distrito de Metuge registou uma precipitação de 95 mm, enquanto o distrito de Mecúfi teve uma precipitação de 65 mm.

 

Segundo os serviços meteorológicos, a província de Cabo Delgado registou chuvas superiores ao normal, que tem sido de 700 a 800 mm em três meses. Aliás, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) prevê a ocorrência de uma precipitação acumulada entre 75 a 100 milímetros, entre os dias 04 e 12 de Janeiro de 2020, naquela província.

 

Refira-se que, na manhã desta segunda-feira, o INAM emitiu mais um aviso amarelo, alertando para a ocorrência de chuvas moderadas e fortes de 30 a 50 mm, nas províncias de Cabo Delgado (Balama, Montepuez, Mueda, Namuno e Chiúre), Nampula (Lalaua, Ribáuè, Mogovolas, Mecubúri, Muecate, Rapale, Meconta, Nacaroa, Marrupa, Moma, Larde, Eráti e cidade de Nampula), Zambézia (Gilé e Pebane) e Tete (Zumbo e Marávia).

 

As chuvas que se abatem sobre Cabo Delgado, desde o passado dia 26 de Dezembro, já afectaram 2.058 famílias, ou seja, 10.290 pessoas, tendo ferido 10 indivíduos. As chuvas destruíram ainda 20 salas de aulas e 1.541 casas. Há registo também de 517 casas inundadas, a queda de 57 postes de energia de baixa tensão e a destruição de 61 barcos.

 

Para além do desabamento da ponte sobre o rio Montepuez, que interrompeu a ligação rodoviária entre a cidade de Pemba e os distritos de Meluco, Macomia, Muidumbe, Mueda, Nangade, Palma, Mocímboa da Praia, Quissanga e Ilha do Ibo, há registo também de quatro estradas que se encontram intransitáveis, nomeadamente, a R698 (Montepuez-Nairoto), N380 (Sunate-Macomia), R766 (Macomia-Oasse) e R762 (Muepane-Quissanga).

 

A cidade de Pemba é a mais afectada com 934 casas parcialmente destruídas e 186 totalmente destruídas. Além disso, 7.485 pessoas são dadas como afectadas naquele ponto da província de Cabo Delgado.

 

Assistência humanitária

 

No que tange à assistência humanitária, o Centro Operativo de Emergência garante que o Governo e parceiros já disponibilizaram 4.535 toneladas, em bens alimentares, para assistir 137.000 pessoas, em situação de insegurança alimentar, afectadas pelo Kenneth e outras situações num período de três meses e que, para os próximos 30 dias, não há registo de défice. Assegura ainda que o Governo e parceiros dispõem de 367 tendas, contra as 308 necessárias.

 

As autoridades afirmam também que para responder ao fluxo de passageiros na travessia da ponte sobre o Rio Montepuez foi reforçado, este domingo, o stock de bens alimentares e não alimentares para os próximos cinco dias, nomeadamente no que respeita a: cereais, feijões, conservas, sal, material de higiene, sete barcos para o transporte da população nos dois pontos de travessia no rio, um helicóptero para a monitoria e resgate, uma (1) grua que foi usada para a retirada de viaturas no rio Montepuez e duas pontes flutuantes. (Carta)

A VTB Capital, braço de banca de investimentos do grupo VTB da Rússia, entrou com uma acção legal na secção 7 no Tribunal Superior de Londres contra a República de Moçambique e a Mozambique Asset Management (MAM), de acordo com registos do tribunal a que “Carta” teve acesso.

 

A firma Freshfields Bruckhaus Deringer foi registada como representante legal da VTB Capital para o caso. A apresentação foi feita à 23 de Dezembro de 2019 e actualizada na sexta-feira (3 de Janeiro), mostram os registos. O número do caso é CL - 2019 - 000817.

 

O credor russo já havia prometido em Novembro poder vir a apresentar reivindicações contra Moçambique, na sequência do empréstimo de 535 milhões de USD concedido à MAM em 2014, e garantido pelo Governo de Maputo.

 

Em Novembro, a VTB afirmou ter concordado com um plano de reestruturação do empréstimo da MAM com o governo de Moçambique, mas que o esquema ainda não havia sido aprovado. O presidente da VTB, Andrey Kostin, teria dito na altura que a VTB poderia declarar que Moçambique havia falhado se o país não reestruturasse o empréstimo até finais de 2019.

 

Sabe-se que em Outubro, o governo moçambicano concordou em reestruturar suas notas de crédito da Ematum (726,5 milhões de USD a 10,5%, com vencimento em 2023) com um novo título de 900 milhões de USD a 5%, com vencimento em 2031. Por outro lado, Maputo também tenta junto Supremo Tribunal de Londres o cancelamento de uma garantia concedida para o empréstimo de 622 milhões de USD para a Proindicus, feito em 2013. (Carta)

Figuras de proa da Renamo, o maior partido da oposição no xadrez político nacional, foram notificadas para prestar esclarecimentos na Procuradoria-Geral da República (PGR). Trata-se de Ivone Soares (chefe da bancada parlamentar da Renamo), José Manteigas (deputado e membro da Comissão Permanente e porta-voz do partido), Manuel Bissopo (deputado e membro da Comissão Permanente) e António Muchanga (deputado). Para já, a audição de Manuel Bissopo está agendada para o dia 8 do presente mês de Janeiro.

 

Em causa, soube “Carta”, estão os ataques que têm estado a ocorrer nas províncias de Sofala e Manica, região centro do país, cuja autoria moral e material, de acordo com a Polícia da República de Moçambique, é imputada à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nyongo.

 

A notificação, da lavra de Beatriz de Buchili, Procuradora-Geral, é datada da última sexta-feira, 03. O expediente, endereçado à Presidente da Assembleia da República, deu entrada na Secretaria daquele que é o mais alto e importante órgão legislativo do país na própria sexta-feira.

 

A notificação deriva do facto de estarem a correr “termos autos de instrução preparatória registado sob o número 1621/2019”.

 

O processo nasce na sequência das declarações proferidas por um grupo que confessou pertencer à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, o qual depois de ter sido capturado pela PRM, na Zambézia, acusou os deputados da Renamo de serem os financiadores dos ataques armados na região centro e, consequentemente, a própria Junta Militar.

 

Para além de Ivone Soares, Manuel Bissopo e António Muchanga, o grupo mencionou os nomes de Elias Dhlakama, irmão mais novo do então presidente do partido, Afonso Dhlakama, e do deputado Sandura Ambrósio.

 

O grupo foi preso no dia 12 de Novembro de 2019, quando levava a cabo um recrutamento de jovens para a implantação de bases daquele movimento rebelde, na província da Zambézia, concretamente nos distritos de Morrumbala, Milange e Namarroi.

 

“Carta” falou com os visados

 

Ainda na tarde de ontem, “Carta” chegou à fala com alguns dos visados. José Manteigas e António Muchanga foram unânimes em afirmar que receberam as respectivas notificações. No entanto, os dois deputados disseram que ainda não tinham qualquer informação concreta sobre a razão para a sua convocação pela PGR, prometendo dar mais detalhes esta terça-feira.

 

Todas as tentativas de entabular conversa com Ivone Soares redundaram num autêntico fracasso, precisamente porque esta simplesmente não atendeu às nossas insistentes chamadas. Também não conseguimos falar com Manuel Bissopo porque os seus números encontravam-se desligados. “Carta” contactou também Elias Dhlakama, igualmente mencionado pelo grupo como sendo um dos financiadores. Este, de forma peremptória, afirmou não ter ainda recebido qualquer notificação da PGR. (Carta)

Dário Maculuve é arguido num processo de corrupção mas continua a trabalhar

 

Um grupo de funcionários do Serviço Nacional de Migração (SENAMI) viu-se obrigado a pagar cauções que ascenderam os 400 mil Meticais, junto do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, escapando assim à prisão preventiva em finais de Dezembro, nas vésperas do início das férias judiciais.

 

O Tribunal havia ordenado a prisão de 10 funcionários do SENAMI em Maputo e alguns trabalhadores do Moza Banco, depois de comprovado o seu envolvimento num caso de corrupção que defraudou o Estado em mais de 17 milhões de Meticais. Entre os envolvidos encontra-se o funcionário Dário Rodrigues Maculuve (director financeiro do SENAMI), que, de acordo com fontes de “Carta” é “protegido” da Directora Geral do SENAMI, Arsénia Massingue, que não foi acusada no caso.

 

Em Dezembro, disseram fontes próximas do caso, Dário estava na iminência de ser detido, mas ele “desapareceu” dos escritórios, depois de uma fuga de informação. No dia seguinte, ele deslocou-se ao Tribunal, tendo pago 400 mil Mts para evitar sua detenção.

 

Documentos processuais em posse de “Carta” mostram que os visados haviam montado um esquema para desviar emolumentos de emissão de passaportes, usando talões de depósitos forjados. O dinheiro era depositado numa conta do Moza Banco, supostamente do SENAMI. O rombo estava centrado nos serviços financeiros do SENAMI, que todos os dias resumia num balancete falso somas alegadamente recebidas pela instituição, quando o dinheiro acabava em contas particulares.

 

A investigação encontrou também depósitos assinaláveis em contas bancárias dos arguidos Dário Rodrigues Macuvule, Filipe Lucas Cumbe e Eunice Saudinho Zeferino Vasco. O caso foi investigado pelo Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), após denúncia de funcionários do SENAMI. Uma das funcionárias que participou da denúncia, Iolanda de Rosária Silva Nassone, acabou também sendo constituída arguida.

 

Este não é o único caso de corrupção dentro do SENAMI, de acordo com fontes de “Carta”. Foram-nos relatados casos de adjudicação de obras sem concurso, aquisição de bens imóveis a preços sobre-facturados, uso indevido de dinheiros destinados ao pagamento de prémios pecuniários aos trabalhadores. O serviço de limpeza do edifício central foi alegadamente adjudicado a uma parente da DG Arsénia Massingue (levando ao desemprego vários serventes da instituição, contratados pelo Estado). (O.O.)

Agentes económicos de diferentes sectores perspectivam queda de preços nos próximos tempos. A informação encontra-se resumida no indicador de perspectiva dos preços, do boletim “Indicadores de Confiança e de Clima Económico”, elaborado mensalmente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

 

Referente ao mês de Novembro passado, o ICCE demonstra que o indicador de expectativas de preços baixou de 94.6 pontos em Outubro, para 94.3 no mês em análise.

 

“Contribuíram para a previsão em baixa dos preços futuros no período em análise a redução do indicador nos sectores de comércio, da produção industrial bem como o de alojamento e restauração, num clima de aumento do mesmo indicador nos sectores de construção e dos outros serviços e de estabilização do sector de transportes”, explica o boletim.

 

O ICCE reporta mensalmente a conjuntura económica de Moçambique. O estudo expressa a opinião dos agentes económicos (gestores das empresas) acerca da evolução e perspectiva da sua actividade, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações de actividade.

 

O inquérito é respondido por uma média de 690 agentes económicos compreendendo uma amostra de 1270 firmas, desde micro até grandes, localizadas em diferentes zonas do país. (Evaristo Chilingue)

segunda-feira, 06 janeiro 2020 07:17

Tende a diminuir liquidez no mercado interbancário

Nos últimos dois meses (Novembro e Dezembro de 2019), o Banco de Moçambique (BM) verificou a queda de liquidez no Mercado Interbancário Nacional (MMI), resultante da diminuição em 5.952,0 milhões de Meticais das reservas bancárias em moeda nacional.

 

Em Relatório da Conjuntura Económica e Perspectiva de Inflação, referente ao mês de Dezembro, o BM reporta que a redução das reservas bancárias foi explicada pelos seguintes factores:

 

“Transferências electrónicas entre os bancos comerciais em tempo real (MTR) na ordem de 11.721,0 milhões de Meticais; vendas líquidas de divisas aos bancos comerciais pelo BM, no mercado cambial, em cerca de 6.276,0 milhões de Meticais; efeito líquido negativo da emissão e resgate de Bilhetes de Tesouro na ordem de 3.936,0 milhões de Meticais; impacto líquido negativo das operações de reverse repo em cerca de 3.054,0 milhões de Meticais; e perdas dos bancos comerciais na compensação na ordem de 2.711,0 milhões de Meticais”.

 

No Relatório, o Banco Central diz que a queda verificada nas reservas bancárias foi, porém, refreada por: “Efeito líquido positivo do Sistema de Transferência Electrónicas de Fundos de Estado (STF) na ordem de 21.455,0 milhões de Meticais; Efeito líquido positivo das operações da FPD em cerca de 241,0 milhões de Meticais; e Depósitos líquidos de numerário (DLL) na ordem de 50,0 milhões de Meticais”.

 

Embora com alguma tendência de queda, o BM assegura que a liquidez no MMI mantém-se em excesso. Já em relação ao saldo das reservas internacionais brutas, o regulador do sistema reportou, no período em análise, um aumento para 3.661 milhões de USD, valor suficiente para cobrir mais de seis meses de importações de bens e serviços, excluindo os grandes projectos. (Evaristo Chilingue)

O Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, diz que a economia da província de Cabo Delgado poderá normalizar-se dentro de 14 dias. Falando na visita que efectuou, semana finda, àquele ponto do país para se inteirar dos estragos das chuvas que causaram danos avultados, o dirigente disse que neste momento as autoridades competentes estão em busca de alternativas para minimizar o sofrimento daquela população.

 

Na sua intervenção, o Primeiro-ministro referiu ainda que foram avaliadas várias soluções, tendo sido decidido que a mais rápida passa por usar o desvio (de 160 Km) de Montepuez a Guia, para seguir para os distritos do norte. Entretanto, a reabilitação deste troço vai durar cerca de 14 dias, uma vez que neste momento as obras já se encontram avançadas, em cerca de 40 quilómetros.

 

“Os funcionários da Administração Nacional de Estradas já estão a articular com o empreiteiro e sugerem um prazo de 10 a 14 dias para a reposição da ponte metálica e então deve haver mais rigor em termos de controlo de peso, fiscalização e vamos conjugar esta solução com o uso de alternativas marítimas, sendo que estamos também a mobilizar várias embarcações com apoio dos parceiros para que os combustíveis e outros produtos possam chegar até Mocímboa da Praia e, consequentemente, serem distribuídos para outros distritos do norte”.

 

Recorde-se que, desde a madrugada do dia 28 de Dezembro de 2019, que o trânsito de veículos e peões se encontra interrompido, devido ao desabamento da ponte sobre o Rio Montepuez, ao longo da Estrada Nacional Nº 380, o que provocou o isolamento de nove distritos do norte da província de Cabo Delgado.

 

Sobre os apoios recebidos, aquele governante garantiu que houve uma articulação com a empresa Total e que foi possível reforçar com duas embarcações (uma das quais estará disponível, esta semana) que transportarão combustível e alguns outros produtos às populações afectadas.

 

Entretanto, com a chegada do combustível a Mocímboa da Praia vai ser necessária a reabilitação das bombas da Petromoc, sistemas de papeline de combustíveis, razão pela qual a partir desta terça-feira os funcionários da Petromoc estarão no terreno a ver o que podem fazer para aumentar a capacidade, para que os distritos sejam abastecidos com maiores quantidades de combustível.

 

Ainda na sua intervenção, o Primeiro-ministro disse que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) também está preparado e vai intervir naquilo que for possível. “Pudemos perceber que há também dificuldades na componente de energia, mas estão a ser feitos todos esforços para que o problema seja resolvido. Entretanto, podemos dizer que a economia da província de Cabo Delgado vai, nos próximos 14 dias, começar a respirar porque neste momento está a estrangular e a população já começa a ressentir”, afirmou o dirigente, garantindo ainda: “é preciso que se faça uma reflexão sobre como o INGC pode ser estruturado para fazer face à frequência dos eventos climáticos, visto que as mudanças climáticas vieram para ficar, as chuvas estão aí e vão continuar a fazer estragos e, infelizmente, o país se encontra num caminho das calamidades devido à sua localização geográfica”.

 

A concluir, Do Rosário afirmou: “nos próximos dias vamos ter de fazer um investimento em barcos, outros meios para não dependermos totalmente do apoio dos parceiros. Nós como Estado teremos de fazer um esforço para que o INGC possa ter capacidade para fazer o seu trabalho quando ocorrerem as calamidades”. (Marta Afonso)

segunda-feira, 06 janeiro 2020 03:02

Acidente mata agentes das FDS em Mueda

Quatro Agentes das Forças de Defesa e Segurança morreram e outros contraíram ferimentos ligeiros e graves, num acidente de viação, ocorrido este sábado na vila de Mueda, na província de Cabo Delgado.

 

Segundo fontes, o acidente envolveu dois carros das Forças de Defesa e Segurança que seguiam em sentidos contrários. Concretamente: um veículo que vinha da zona da “cova grande”, bairro Rovuma, embateu com um outro que vinha em sentido oposto, sendo que acabou dando três cambalhotas, fazendo com que os militares ali presentes fossem “cuspidos”.


Pouco tempo depois do acidente, os corpos foram recolhidos e os feridos levados ao hospital distrital de Mueda.

 

Entretanto, um outro acidente, registado nas estradas moçambicanas, ocorreu na EN1, no distrito de Massinga, província de Inhambane. O mesmo envolveu um autocarro da transportadora Nagi Investimentos, sendo que duas pessoas perderam a vida e 29 contraíram ferimentos ligeiros e graves.

 

A polícia de trânsito em Massinga apontou o excesso de velocidade como factor que motivou o acidente. Do sinistro, 14 pessoas contraíram ferimentos ligeiros e danos materiais avultados sem contar com o outro carro (de uma empresa de processamento e exportação de camarão com sede em Mocímboa da Praia) que ficou danificado.

 

Um outro acidente do tipo despiste e capotamento aconteceu domingo, no bairro Muxara, arredores da cidade de Pemba. Todos os feridos deram entrada no hospital provincial em Pemba. Onze já tiveram alta e três continuam internados naquela unidade hospitalar. (Carta)