Mais um ataque militar foi levado a cabo pelo grupo que aterroriza os distritos da zona centro e norte da província de Cabo Delgado. Desta vez, o alvo foi a aldeia Nkonga, no distrito de Nangade, onde, na passada quarta-feira, os malfeitores mataram quatro pessoas e queimaram 30 residências.
De acordo com as fontes, o ataque ocorreu entre as 17 e 18 horas, tendo resultado também na deslocação da população para a sede do Posto Administrativo de Ntamba, naquele distrito do planalto dos macondes.
Já neste domingo, os insurgentes atacaram duas viaturas pertencentes a cidadãos bengaleses, que se dedicam ao comércio no distrito de Macomia há quatro anos. Segundo as fontes, os ataques aconteceram no troço entre a aldeia Nangololo e o cruzamento de ADPP/19 de Outubro, na Estrada Nacional Nº 380, tendo obrigado a “reactivação” das escoltas militares naquela área, durante o período da tarde.
O primeiro ataque aconteceu por volta das 5:00 horas, onde foi alvo um camião e o segundo por volta das 14:00 horas, onde foi alvo uma viatura ligeira de caixa aberta, que transportava os proprietários do camião atacado anteriormente, com a finalidade de aferir o nível dos estragos.
À “Carta”, as fontes garantiram que os dois ataques resultaram no ferimento de quatro pessoas, para além de danos materiais avultados: o camião terá pegado fogo na parte da cabine e a viatura ligeira está danificada.
Refira-se que o Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, defendeu, no fim-de-semana, que o Governo deve declarar um estado de guerra na província de Cabo Delgado, para mobilizar ajuda contra grupos armados na região. Mais de 350 pessoas são dadas como mortas, vítimas dos ataques, em Cabo Delgado, entre membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS), do grupo armado e civis. Há também o relato de mais de 156.400 pessoas afectadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros. (Carta)
O Ministro da Saúde, Armindo Tiago, lança um alerta máximo para todo o território nacional, em virtude do aumento de casos do coronavírus na vizinha África do Sul, que neste momento conta com três já confirmados.
Armindo Tiago lançou o alerta, esta segunda-feira, em Maputo, durante o lançamento do ciclo de palestras sobre prevenção do coronavírus nas escolas, promovido pelo Ministério da Saúde (MISAU), em parceria com o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH).
Na sua intervenção, o Ministro da Saúde referiu que, neste momento, estão sendo envidados esforços para garantir que toda a sociedade moçambicana esteja preparada, mas sem pânico para permitir que todos possam lidar com o coronavírus como já enfrentaram no passado outras doenças com condições similares.
Durante o seu discurso de abertura, o titular da pasta da Saúde explicou ser de extrema importância levar estas palestras às escolas, tendo em conta que são os lugares de maior aglomeração de pessoas.
“A nossa vinda à escola tem várias razões, primeiro, sabe-se que uma das formas de propagação do vírus é estar em ambientes com muita gente, razão da nossa escolha porque nas escolas há sempre alunos aglomerados. Então, é uma forma de partilhar informações com os estudantes, docentes sobre o que é o coronavírus para que eles saibam como se prevenir da doença e transformar o indivíduo em agente fundamental da sua própria saúde”, referiu.
Tiago garantiu ainda que o país está, neste momento, preparado em termos de conhecimento que, na sua óptica, é o mais importante. Assegura ainda estar preparado para usar a medida mais importante de qualquer doença, que é a prevenção, pois, “é sempre o melhor do que a cura e não há melhor preparação do que esta”.
Questionado sobre a capacidade financeira do país em responder a esta epidemia, o Ministro da Saúde respondeu que o sistema de saúde deverá responder dentro das dimensões do país. Mais adiante referiu que não se pode exigir que o sistema de saúde possa responder se equiparando às dimensões de um país que tem mais recursos.
“Estamos a reiterar que temos condições dentro das nossas possibilidades financeiras de dar resposta a uma eventual existência de casos de coronavírus”, acrescentou.
De acordo com o MISAU, as palestras visam partilhar informações com os cidadãos, de modo que estejam preparados para saber como se prevenir da epidemia. Assegura que a iniciativa será replicada nas Direcções de Educação (Provinciais e Distritais) e nas Zonas de Influência Pedagógica que terão a responsabilidade de fazer chegar aos alunos.
Por seu turno, a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Carmelita Rita Namashulua, defendeu que o ciclo de palestras pretende tornar os alunos e professores em agentes fundamentais da sua própria saúde, como forma de replicarem o que vão apreender com seus familiares e amigos.
Já para o representante da Organização Mundial da Saúde, em Moçambique, Djamila Cabral, estas palestras são importantes pelo facto de actualmente circularem informações falsas acerca dessa doença e que acabam gerando pânico e medo na sociedade, sendo que estas coisas só poderão atrapalhar as pessoas na sensibilização e transmissão de informações correctas. (Marta Afonso)
A coordenadora da Organização das Nações Unidas (ONU) em Moçambique disse ontem que existe uma “oportunidade de mudar completamente a situação em Cabo Delgado”, através de “um esforço conjunto” na província afetada por um ciclone e por violência armada. “Precisamos de muito mais recursos, porque é muito importante investir agora na ajuda humanitária e também no desenvolvimento na zona de Cabo Delgado. É uma prioridade que todas as autoridades ao mais alto nível em Moçambique devem ter em vista”, sublinhou à Lusa Myrta Kaulard.
A coordenadora residente da ONU acrescentou que “existe uma oportunidade de mudar completamente a situação em Cabo Delgado”, através de “um esforço conjunto de desenvolvimento, criação de emprego e utilização das oportunidades que há em Cabo Delgado”, numa alusão à exploração de gás natural.
Para Myrta Kaulard, esta oportunidade pode ser aproveitada se houver uma contribuição rápida de todos os parceiros do país para um reforço da ajuda humanitária, um ano após a destruição provocada pelo ciclone Kenneth e dois anos e meio depois do início de ataques de grupos armados contra aldeias.
O apoio à população da região está incluído num apelo total de 120 milhões de dólares (106 milhões de euros) de que o sistema da ONU precisa “urgentemente”, referiu, para manter o apoio a cerca de um milhão de pessoas em Moçambique - abrangendo também vítimas de ciclones no Centro e de seca no Sul.
O número de beneficiários do sistema das Nações Unidas em Cabo Delgado, cerca de 150.000, coincide com o total que o Governo moçambicano diz já ter sido afetado de alguma forma pela violência armada, com morte de familiares, ferimentos, perda de bens ou abandono forçado das suas terras e habitações.
A ONU trabalha em articulação com outras organizações e está a entregar ajuda alimentar, a prestar serviços de saúde, água potável, saneamento, proteção social e educação.
Questionada sobre se faz sentido falar de um reforço de ajuda humanitária numa altura em que se sucedem ataques por parte de grupos armados com vítimas mortais e aldeias destruídas, Myrta Kaulard nota que há zonas seguras. “De momento há segurança na sede dos distritos e é muito importante preservar esta segurança”, referiu.
A coordenadora da ONU em Moçambique salientou: “Muitas pessoas estão nas sedes [de distrito] e é aí que podemos ajudar as pessoas”, ou seja, apostar no “desenvolvimento do lado humanitário” da resposta ao conflito armado em Cabo Delgado.
A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos, além de 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros. (Lusa)
Inicia, esta terça-feira, 10 de Março de 2020, na 7ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, o julgamento do “Caso LAM-Executive”, que tem no banco dos réus dois antigos gestores da empresa Linhas Aéreas de Moçambique, nomeadamente, António Pinto (ex-Presidente do Conselho Executivo) e Hélder Fumo (ex-Administrador Financeiro) e a Directora da Executive, Sheila Temporário.
Os réus são acusados de ter praticado o crime de peculato e, segundo o Ministério Público, António Pinto e Hélder Fumo desviaram 50 milhões de meticais da companhia de bandeira, no âmbito da produção da revista de bordo da LAM (Revista Índico), num esquema em que a Executive, produtora da mesma, é apontada como peça-chave para a dissipação dos fundos.
Lembre-se que o julgamento, a ser dirigido pelo Juiz Rui Manuel Rungo Dauane, sofreu dois adiamentos, o primeiro a pedido da defesa dos três réus e o segundo por decisão unilateral do magistrado judicial, devido a questões de saúde. A primeira sessão tinha sido marcada para o dia 15 de Novembro de 2019 e outra para o passado dia 11 de Fevereiro.
Os três réus respondem o processo em liberdade, sendo que António Pinto e Sheila Temporário gozam de liberdade provisória sob termo de identidade e residência, conseguida em Novembro (foram detidos em Outubro), enquanto Hélder Fumo beneficiou da mesma condição, mas mediante pagamento de caução no valor de 700 mil Mts.
Refira-se que o julgamento do “Caso LAM-Executive” irá decorrer em simultâneo com o julgamento do famoso “Caso Embraer”, que decorre na 8ª Secção Criminal daquele Tribunal, referente ao pagamento de subornos no valor de 800 mil USD, durante a compra de duas aeronaves E-190 da LAM à construtora brasileira Embraer. Estão no banco dos réus o antigo Ministro dos Transportes e Comunicações (Paulo Zucula), o antigo Presidente do Conselho de Administração da LAM (José Viegas) e o antigo gestor da petroquímica sul-africana Sasol, que foi responsável em receber o referido valor.
Aliás, devido a esse facto, o advogado de José Viegas, Abdul Gani, pediu o adiamento da sessão de hoje do “Caso Embraer” para poder acompanhar o início do julgamento do “Caso LAM-Executive”, em que é assistente de Sheila Temporário. (Carta)
Moçambique pondera pedir o adiamento do jogo contra o Camarões, de qualificação para a Taça das Nações Africanas de futebol, na sequência do primeiro caso confirmado de Covid-19 naquele país, disse ontem o ministro da Saúde Armindo Tiago. "É preciso que se prove que o país [Camarões] não tem transmissões locais, porque caso se constate que há transmissões locais, nós vamos propor o adiamento do jogo", declarou Armindo Tigo, falando durante um encontro com estudantes da Escola Francisco Manhanga.
O jogo entre Moçambique e Camarões está marcado para dia 26 deste mês em Duala, a maior cidade dos Camarões, num embate do grupo F da fase de qualificação para a Taça das Nações Africanas (CAN) 2021. Os Camarões estão entre os países africanos que registaram casos confirmados de Covid-19, num caso que envolveu um cidadão francês de 58 anos que chegou ao país em 24 de fevereiro.
"Nós vamos fazer uma análise para, primeiro, saber quantos casos de Covid-19 há nos Camarões, em que regiões estão os casos, qual é a intensidade desses casos", afirmou o ministro da Saúde moçambicano. Além dos Camarões, foram registados em África casos no Senegal, Tunísia, Marrocos, Nigéria, África do Sul e Egito, país que registou a primeira morte pela doença. Não há um caso confirmado da doença em Moçambique, mas o receio aumentou após a confirmação desde a semana passada de novos casos na África do Sul, país que faz fronteira com Moçambique.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 3.800 mortos. Cerca de 110 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 62 mil recuperaram. (Lusa)
Mateus Mutola é Professor Catedrático, natural de Maputo.
(10 de Março, na Faculdade de Medicina)
Livre adaptação da obra de Eugène Lonesco. Um professor, especializado em todas as áreas do conhecimento, recebe na sua própria casa uma aluna que pretende apresentar-se às provas de estudo. E subjacente à linguagem, emerge todo o universo das relações humanas, desde o questionamento sobre o conhecimento e dominação ideológica.
(10 de Março, às 18:30Min)
O Cantor e compositor Daniel Johnston perdeu a vida em Setembro do ano passado e mesmo diante de tantas teorias, faz sentido ouvir a contada por Jeff Feuerzeig. Amanhã, essa história será partilhada no Documentário.
(10 de Março, às 18h na Fundação Fernando Leite couto)
A cultura do arroz na região do Vale do Zambeze vai conhecer uma nova dinâmica, com o lançamento da Linha de Financiamento da Cadeia de Valor (LIFINCA) deste cereal, cujos objectivos principais são fortalecer e promover iniciativas agro empresariais dentro desta cadeia de valor, com enfoque no financiamento ao processamento e comercialização para estimular o incremento da disponibilidade do arroz nacional no mercado interno. O lançamento desta linha, que terá a duração de cinco anos (2020-2024), é uma iniciativa conjunta da Agência do Vale do Zambeze e da Gapi tendo como beneficiários actuais e potenciais actores do negócio do arroz naquela região do país.
Falando no acto de lançamento da LIFINCA, realizado no passado dia 05 de Março, no distrito de Nicoadala, na província da Zambézia, o governador desta província, Pio Matos, disse esperar que esta iniciativa venha “resolver o problema de disponibilidade de arroz nacional processado no mercado doméstico e em quantidade significativa. Com este instrumento trazido pela Gapi e pela Agência do Zambeze, esperamos também ver minimizados os problemas de comercialização do excedente dos produtores, o que terá como efeito imediato a melhoria da renda das famílias, tornando-as mais resilientes”.
“Com a LIFINCA pretendemos complementar os esforços existentes para o fortalecimento da cadeia de valor do arroz, de modo a que se reduzam os níveis de importação deste cereal e se criem dinâmicas económicas locais como base de desenvolvimento das comunidades beneficiárias” considerou Roberto Albino, director geral da Agência do Zambeze.
A LIFINCA é um instrumento financeiro gerido pela Gapi e, além de pretender apoiar soluções para os vários desafios identificados na cadeia de valor do arroz, inclui o apoio à tesouraria dos beneficiários e facilitação no acesso a meios (equipamentos e infra-estrururas) adequados para o processamento e comercialização do arroz. Na preparação desta linha, a ADZ e a Gapi identificaram que para uma maior eficiência da cadeia de valor do arroz é necessário financiar a aquisição de maquinetas para ensacagem, embalagem, transporte e distribuição, bem como reabilitações de pequeno vulto em infra-estruturas de armazenamento rural.
“O lançamento desta linha espelha a estratégia da Gapi em fortalecer uma rede nacional de parcerias para o desenvolvimento inclusivo e sustentável. Ela é um complemento às acções que já estamos a desenvolver em todo o país, incluindo na região do Vale do Zambeze, onde, com a AGRA, estamos a implementar o projecto MozArroz” destacou Adolfo Muholove, presidente da Comissão Executiva da Gapi.
O dirigente da Gapi destacou ainda que “este ano a Gapi completa 30 anos e irá prosseguir e reforçar o seu papel como instituição financeira de desenvolvimento, priorizando intervenções que contribuam para mobilizar e aplicar recursos em investimentos geradores de emprego; melhorar a competitividade de sectores produtivos estratégicos para o desenvolvimento harmonioso das comunidades rurais; estimular o potencial empreendedor de jovens e de mulheres; promover a inclusão financeira e reforçar iniciativas focadas na promoção da segurança alimentar.”
No quadro destas prioridades a Gapi tem feito intervenções de saneamento e reabilitação de unidades económicas relevantes. Actualmente, a única fábrica de processamento de arroz na Zambézia está localizada em Nicoadala e foi resgatada da falência e reabilitada numa acção conduzida pela Gapi e financiada pela embaixada do Reino dos Países Baixos, com apoio do Governo Provincial.(Carta)
A Comissão Permanente da Assembleia da República reúne, esta terça-feira, para deliberar sobre o arranque da Primeira Sessão Ordinária da IX Legislatura. Concretamente, o órgão vai decidir sobre a data do arranque da sessão, convocatória, proposta do programa de trabalho e o rol de matérias.
Será em sede da presente sessão que será apreciado o Plano Quinquenal do Governo (2020-2024), o Plano Económico e Social e Orçamento do Estado para 2020, o primeiro do segundo quinquénio do Governo de Filipe Nyusi.
Estes instrumentos governativos foram aprovados, recentemente, pelo Conselho de Ministros. Entre os destaques do Plano Quinquenal do Governo consta a criação de três milhões de postos de trabalho, um dos principais trunfos da campanha eleitoral do então candidato presidencial da Frelimo.
Para a materialização desse desiderato (criação de 3 mil postos de trabalho), o Presidente da República criou, recorde-se, a Secretaria do Estado para Juventude e Emprego, actualmente dirigido por Oswaldo Petersburgo. (Carta)