Seis corpos, todos de indivíduos do sexo masculino, foram encontrados, na última sexta-feira, nas proximidades da aldeia Nangalolo, distrito de Meluco, na província de Cabo Delgado. De acordo com as fontes, os corpos foram encontrados por cidadãos que viajavam da vila de Macomia, com destino à cidade Pemba, capital daquela província do norte do país.
Segundo contam as fontes, os seis corpos apresentavam indícios de terem sido decapitados, pois, as cabeças encontravam-se separadas dos restantes órgãos que compõem do corpo humano.
Referir que não foi a primeira vez que foram encontrados corpos humanos abandonados naquela zona. Suspeita-se que a acção tenha sido protagonizada pelo grupo que aterroriza alguns distritos da província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017.
Entretanto, na aldeia Ntessa, no distrito de Quissanga, três pessoas terão sido também decapitadas na semana passada, uma acção também atribuída aos insurgentes. (Carta)
A violência, que se faz sentir na província de Cabo Delgado, tende a criar, cada vez mais, desordem em quase todos os distritos. De acordo com relatos dos residentes de Pemba, Mueda, Palma, Macomia e Mocímboa da Praia, nos últimos dias, o cenário deteriorou-se naquele ponto do país, não havendo espaço para o respeito dos direitos humanos, de ambas partes (insurgentes e militares).
Por exemplo, na sexta-feira, em Paquetiquete, um dos históricos bairros da Cidade de Pemba, que nos últimos dias vem recebendo vários deslocados, provenientes dos distritos assolados pela “guerra silenciosa” e tratada pelas autoridades como “incursões esporádicas”, os militares entraram e começaram a chicotear, indiscriminadamente, os cidadãos residentes naquele bairro e arredores, tudo porque se acredita que, entre os refugiados, existem membros integrantes do grupo terrorista que, desde Outubro de 2017, vem protagonizando decapitações, destruição de propriedades públicas e privadas e instalando a desordem na província.
Em Paquetiquete, os militares impuseram um recolher obrigatório, que começa as 17:00 horas e termina às 05:00 horas. Qualquer um que desobedeça esta norma é detido ou violentado. De acordo com as fontes, a situação já é insustentável, pois, os cidadãos não têm para onde recorrer, porque a Polícia que os devia proteger é a mesma que os violenta.
Com a violência a extremar-se naquele ponto do país, os funcionários públicos e de empresas privadas têm estado a abandonar os distritos. A título de exemplo, uma circular com o número 01/GDM/SD/900/2020, do Governo distrital de Mueda, intitulada “solicitação de funcionários e agentes do Estado” requer a apresentação, até esta segunda-feira, de funcionários no seu posto de trabalho para que não sejam descontados.
Nos distritos de Macomia, Muidumbe, Mocímboa da Praia, Nangade e Mueda, as populações estão sem os serviços bancários, devido à acção dos terroristas. Os serviços públicos e privados funcionam a meio gás. Há distritos quase fantasmas.
Refira-se que a situação que se vive em Cabo Delgado vem merecendo diversas críticas da sociedade, incluindo parceiros de cooperação do Governo, como é o caso do Bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, que, à RTP África, descreveu a situação de desoladora.
Por seu turno, o Presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Luís Bitone, defendeu, em entrevista à Rádio Moçambique, que exigiu as autoridades a acionarem os mecanismos para o esclarecimento do rapto do jornalista Ibraimo Abú Mbaruco, raptado a 7 de Abril passado. (O.O. com redacção)
Mais quatro cidadãos ligados ao caso da Total acusaram positivo para o novo coronavírus, elevando para 39 os casos detectados em Moçambique. A informação foi tornada pública, este domingo, pelo Ministério da Saúde (MISAU), durante o seu habitual briefing de actualização diária de dados sobre a Covid-19 no país e no mundo.
De acordo com a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, de sábado para domingo foram testadas, no país, 85 pessoas suspeitas de ter Covid-19, mas 81 revelaram-se negativas para a doença. Neste momento, o país conta com 31 casos de transmissão local e oito importados.
Segundo o MISAU, os novos casos positivos resultam das investigações em curso na província de Cabo Delgado, em particular na Península de Afungi (distrito de Palma) e Pemba, na província de Cabo Delgado. Assim, o primeiro caso positivo é de um indivíduo do sexo masculino, de nacionalidade moçambicana, com mais de 40 anos de idade. O segundo é de um indivíduo do sexo masculino, nacionalidade sul-africana, com mais de 30 anos, residente na cidade de Pemba. O terceiro caso é de um indivíduo também do sexo masculino, com pouco mais de 40 anos de idade, que se encontra no Acampamento da Total, em Afungi. O quarto e último caso é de um indivíduo de sexo masculino, de nacionalidade norte-americana, com mais de 40 anos de idade e registou-se também na cidade de Pemba.
Segundo Marlene, todos os pacientes encontram-se em isolamento domiciliar, visto que não apresentam nenhuma sintomatologia. Entretanto, lembrou que os indivíduos que padecem de doenças crónicas corem maiores riscos de contrair a infecção por coronavírus, daí que o sector da saúde tomou a medida de reduzir as idas ao hospital, deste grupo, para evitar ao máximo a exposição à doença.
No entanto, a Directora Nacional de Saúde Pública revelou ainda que, de sábado para domingo, o país registou mais quatro casos recuperados, totalizando oito indivíduos curados da Covid-19. Destes, seis são mulheres e dois são homens. (Marta Afonso)
Em Dezembro de 2019, as autoridades moçambicanas interceptaram duas embarcações, transportando quantidades elevadas de heroína e ice. Na ocasião, o primeiro grupo de iranianos incendiou o barco e a mercadoria que seguia na mesma não foi recuperada. A segunda embarcação, que levava narcotraficantes paquistaneses, transportava 430 kg de heroína e ice.
Conforme confidenciou uma fonte envolvida na operação à nossa reportagem, 100kg da heroína e ice foi desviada do armazém, onde a mesma estava a ser protegida e que serviria de prova, durante o julgamento dos arguidos, que se encontram detidos na Cadeia de Máxima Segurança, em Mieze.
Entretanto, segundo a fonte, o engraçado é que os próprios agentes da Polícia, que deveriam proteger a droga apreendida, foram os primeiros a retirar a mesma e vendê-la no mercado negro, na Cidade de Pemba e outros locais. A fonte garantiu que a situação só parou quando uma equipa, que saiu de Maputo para Pemba, tirou a mesma para outro armazém secreto.
O desaparecimento da referida droga, em Pemba, deixou o Director-geral do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), Domingos Jofane, com “nervos à flor da pele” e, neste momento, correm diligências, no intuito de responsabilizar os agentes envolvidos que acabaram poluindo a Cidade de Pemba e outros locais do país, com drogas furtadas dos armazéns da instituição.
Refira-se que, na última conferência de imprensa do SERNIC, realizada em Maputo, a 14 de Abril, Leonardo Simbine, Porta-voz da instituição, desvalorizou as informações, segundo as quais, Moçambique tornou-se num corredor de drogas, devido às últimas apreensões verificadas, desde 2018.
Para Simbine, não existem estudos que confirmam essa tese, o que contraria os relatórios de organizações como a ENACT que já demonstrou que a situação do narcotráfico é elevada, principalmente em províncias como Nampula, Cabo Delgado e Cidade de Maputo. (O.O.)
Os portos moçambicanos e angolanos podem ser um motor para aliviar os impactos da pandemia do novo coronavírus na África Austral, considera a Directora regional do Programa Mundial de Alimentação (PMA) para África Austral e Oceano Índico, Lola Castro.
Em entrevista à ONU News, agência de informação das Nações Unidas, Castro apontou os portos de Maputo, Beira e Luanda (Angola) como “importantes para toda a região da África Austral”, neste momento em que o mundo tenta lutar contra a pandemia da Covid-19, sublinhando a necessidade de os mesmos manterem-se abertos.
Refira-se que os portos moçambicanos e angolanos são porta de entrada da mercadoria de alguns países do hinterland, com destaque para Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e República Democrática do Congo. Todos os países da região austral estão com fronteiras encerradas, no quadro das medidas de prevenção contra o novo coronavírus, que já infectou mais de 2 milhões de pessoas, em todo o mundo, das quais mais de 150 mil já foram declarados óbitos.
“A operação na África Austral, neste momento, estava dedicada à alimentação das pessoas atingidas pela seca e também por aqueles ciclones que atingiram Moçambique, como o Idai e o Kenneth, no ano passado. Neste momento, estamos a trabalhar de uma maneira diferente devido à Covid-19. Quando chega à nossa região, a Covid-19 afecta aquelas pessoas que são exactamente vítimas de insegurança alimentar. Tanto nas zonas rurais como nas zonas urbanas”, defendeu a fonte.
De acordo com a ONU News, com a transmissão activa do vírus, há grupos que têm merecido atenção, incluindo pacientes de outras enfermidades. Acrescenta ainda haver populações que enfrentam a desnutrição e que foram obrigadas a se movimentar de áreas de origem ou que estão a passar fome, devido ao aumento dos preços dos alimentos, perdas de gado e crescente desemprego.
“Especialmente, temos visto, também em Angola, como os refugiados no norte do país têm tido muitos problemas para continuar a sua repatriação para a República Democrática do Congo. Desta maneira, estamos a ver que a Covid-19 está a afectar de uma maneira muito grande países como Moçambique e Angola nesta região”. (Carta)
Apesar da supremacia aérea total, da mobilidade em terra, excelentes comunicações e acesso a equipamento sofisticado - incluindo drones - mercenários russos no Norte de Moçambique acabaram se retirando face a uma terrível força jihadista com raízes somalis.
Um relatório confidencial de um alto funcionário das Nações Unidas que já trabalhou no Afeganistão, no Sudão do Sul e do Norte, no Iemen e noutros países, apontou que a presença dos homens no norte de Moçambique, chamados de Estado Islâmico, é apenas um degrau antes de se tornar totalmente activo no Sul da África.
Ele disse que este movimento radical já tem uma forte presença e isso inclui bases de treino militar. O grupo de mercenários russos Wagner empreendeu numerosas acções contra os insurgentes entrincheirados na selva, mas sem sucesso.
Mais complicado ainda foi saber quantos homens são, como conseguem a logística, incluindo armamento e como são capazes de trazer armas - possivelmente incluindo pequenas armas portáteis para ataques aéreos para dentro do país (provavelmente através da Tanzânia) - e como se explica a presença de estrangeiros dentro das suas fileiras. Além disso, não está devidamente explicada a origem da insurgência e como consegue enfrentar o exército moçambicano.
Mais ainda, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique operando na região - largamente constituídas por soldados do Sul - são vistas com suspeita pela população da tribo makonde.
Há relatos segundo os quais as FADM são mesmo vistas com uma alguma hostilidade.
Da mesma forma, os mercenários russos foram vistos como 'estrangeiros' com intuito de subjugar os nativos à semelhança do que aconteceu com a dominação colonial portuguesa.
De acordo com várias fontes em Pemba, mercenários da Wagner foram mortos em emboscadas em Macomia e Muidumbe, não obstante a diplomacia russa ter alegado que não teve conhecimento das baixas.
Na fase inicial, as FADM realizaram operações aéreas e terrestres contra bases de insurgentes empurrando-os para o interior, mas os insurgentes retaliaram, lançando ataques contra bases das forças militares, resultando em dezenas de baixas de ambos lados.
Com a chegada dos mercenários russos a Moçambique, aumentaram as investidas contra os insurgentes como se fosse uma provocação ao ninho de vespas.
Mas antes, o comando mercenário havia alertado o governo de Maputo que as condições no Norte eram "insustentáveis", embora uma fonte credível na África do Sul tenha indicado que houve sérias diferenças entre a estrutura de comando do Grupo Wagner e as FADM na região.
Curiosamente, o governo de Moçambique e os russos fizeram pronunciamentos diferentes sobre o papel do Grupo Wagner. Por exemplo, o ministério da Defesa de Moçambique declarou que não sabia de nada sobre o assunto. Contactado pela Carta de Moçambique, o porta-voz do ministério, Custódio Massingue, disse que é uma "novidade" saber que o país recebeu apoio militar russo apesar dos enormes carregamentos de armas e helicópteros que haviam chegado a Nacala por via marítima e aérea.
Seja como for, as tensões entre os mercenários do Grupo Wagner e as Forças após várias operações militares Armadas de Defesa de Moçambique e após operações fracassadas também pesaram naquilo que era o objectivo inicial. Consequentemente, as patrulhas no mato foram interrompidas e foi relatado em Pemba, Nacala e noutros pontos do Norte que, aparentemente, houve uma quebra de confiança entre os homens de Moscovo e as FADM.
Não é mais um segredo que o Grupo Wagner considera as Forças Armadas de Defesa de Moçambique não apenas inadequadas, mas mal treinadas, ineficientes e desmotivadas. "Eles simplesmente não estão à altura da tarefa em questão", disse um observador que passou algum tempo na região. Parte do problema que só surgiu recentemente foi o facto de muitos soldados moçambicanos terem tido problemas para serem pagos.
O dinheiro havia sido despachado para o Norte, mas muitas vezes parecia estar nos bolsos dos oficiais ou retido num canto qualquer do país, a 1.000 milhas da capital. Logo depois, todo o contingente do Grupo Wagner - junto com todos os seus meios aéreos - retirou-se do Norte de Moçambique e retornou à sua sede regional em Nacala, uma grande base aérea ao Norte da Beira, onde a força havia desembarcado originalmente. Seguiu-se o raio de segurança montado por toda a área pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Jornalistas que cobrem a insurgência ou que tentam entrar na área são frequentemente presos e no terreno já foram reportados casos em que não são apenas as forças de segurança de Moçambique que ameaçam alguém que se aproxima do teatro das operações.
A cidade de Nacala, a sede da força mercenária em Moçambique, é uma das maiores do Norte e enquanto ainda funcionava como sede operacional, foram daí despachados os russos para três quartéis militares, nomeadamente, em Macomia e Mueda na província de Cabo Delgado.
De acordo com John Gartner, um ex-agente das forças especiais da Rodésia e chefe da OAM International - uma empresa militar privada (PMC) que originalmente havia licitado o contrato de segurança, mas perdeu a favor do Grupo Wagner - o exército moçambicano não foi o único culpado; os russos também estavam totalmente "fora de hipótese" no teatro das operações, "apesar de dominar completamente o espaço aéreo", disse ele a um colega.
Antes e depois da chegada do Grupo Wagner à África Oriental, o veterano aviador mercenário africano Neall Ellis disse que duvidava que os russos fossem capazes de lidar com o ambiente hostil de Moçambique, no qual os vôos são frequentemente afectados pelo clima, más comunicações e falta de logística básica como combustível, que deve ser transportado por terra numa região onde as emboscadas são frequentes.
A força mercenária russa chegou com muitos equipamentos militares avançados, incluindo helicópteros, drones e veículos de combate de infantaria, mas obviamente sabia pouco sobre as condições reais no campo, disse Ellis. O terreno no Norte de Moçambique tem muitos problemas, acrescentou: "É um tipo de guerra totalmente diferente do que eles experimentaram na Síria ou na Líbia".
A percepção imediata de Ellis foi de que os comandantes do grupo mercenário haviam feito muito pouco trabalho de base. "O rio Rovuma também pode ter sido uma nova marca de creme dental". O principal problema que a força mercenária enfrentava era que ela não estava totalmente familiarizada com uma série de características difíceis contra um inimigo completamente familiarizado com as condições do seu próprio quintal. A maioria das emboscadas feitas pelos insurgentes aconteciam em zonas inóspitas.
Além disso, as patrulhas do grupo Wagner enfrentavam, às vezes, leões e leopardos durante as patrulhas nocturnas em terra e, por outro lado, centenas de crocodilos e hipopótamos em todos os rios e riachos, resultando em fatalidades para quem ignora as disciplinas básicas orientadas para o mato. Fontes indicam que os mercenários estavam equipados com uma série de boas armas da Europa Oriental e da China, a maioria “fresca”, mas isso por si só não era suficiente.
O Grupo Wagner não é o primeiro a tentar ajudar Moçambique na sua luta contra insurgentes. Mas os mercenários russos no geral nunca provaram ser os melhores operativos e estrategas para o cenário africano e neste caso contra os insurgentes.
Daí que entrem em jogo outros contratos de segurança envolvendo outras empresas num jogo de negócios, alguns dos quais obscuros.
(Traduzido e adaptado de Air War Analysis, Número 386, Maio 2020)
A 1.30 desta madrugada, uma aeronave da FAB Força Aérea Brasileira, descolava da base aérea de Mavalane, em Maputo, com destino ao Brasil. A expulsão de Fuminho foi mantida em segredo por razões de segurança. Ele enfrentará a justiça no Brasil.
As autoridades moçambicanas desistirem de agir judicialmente contra ele não se sabe a troco de quê (NE:Perdão das dívidas ao BNDS pelo elefante branco de Nacala e pela encalhada Moamba Major? Muito se fala de diplomacia econômica mas nunca vemos resultados concretos).
Uma fonte disse à “Carta” que o plano para a expulsão do narcotraficante foi realizado pela Procuradora-Geral da República e pelo Diretor do SERNIC
A expulsão foi a forma legal encontrada. Fuminho entrou em Moçambique com um passaporte falso e não tinha visto de entrada. A legislação permite a expulsão imediata de estrangeiros que entram no país ilegalmente.
“O plano foi realizado com a assistência do Embaixador do Brasil em Moçambique e do DEA dos Estados Unidos”, disse a fonte.
A PGR e o SERNiC mataram de uma vez por todas quaisquer possibilidades de dinheiro das drogas protelarem o curso da justiça em Moçambique, se optassem pelo longo processo de extradição, o qual abriria possibilidades de fuga. Fuminho ja tinha constituído uma equipa de dois notáveis criminalistas para sua defesa. (Carta)
A África do Sul com 27 óbitos lidera a lista de mortes. O país confirmou 2.272 casos do novo coronavírus. As autoridades sul-africanas decretaram o “lockdown” prorrogado até finais do mês. A Tanzânia, no norte de Moçambique, conta com três mortos e 49 casos. Zimbabwe soma três óbitos e 14 casos, enquanto a Zâmbia registou 40 casos e dois óbitos.
O governo zimbabueano declarou a crise da Covid-19 um “desastre nacional”, uma medida que permitiu orientar recursos do Estado para combater a pandemia, usar regulamentos de emergência e reforçar o pessoal da saúde.
O bloqueio nacional de 21 dias iniciou no passado dia 30 de Março. A medida visa retardar a disseminação da Covid-19 e impõe a cessação de todas as actividades públicas, incluindo a maioria das empresas, à excepção de determinados fornecedores de alimentos e combustíveis, bem como instituições sanitárias e outros serviços essenciais.
O bloqueio deverá terminar a 19 de Abril e o Presidente Emmerson Mnangagwa está a inspeccionar, pessoalmente, nas ruas e noutros locais, através de visitas-surpresa, com uma escolta estritamente reduzida, o cumprimento rigoroso do isolamento social. As fronteiras do Zimbabwe também estão fechadas, excepto para o retorno de nacionais e para carga.
Zâmbia com cerca de um milhão de crianças sem refeições
Como consequência do encerramento de escolas para reduzir o risco de alunos e professores contraírem o mortífero coronavírus, 1,2 milhão de crianças de famílias vulneráveis ficaram privadas de refeições gratuitas. De acordo com a SAVE the Children, com escolas fechadas, cerca de 1.250.000 crianças, em mais de 40 distritos, não têm mais acesso às refeições gratuitas a que têm direito durante as aulas.
Malawi tem 16 casos e dois óbitos em dez dias e a qualquer momento poderá impor o isolamento social. Só esta segunda-feira foram diagnosticados três casos. Até agora não há nenhum caso recuperado. Desde o início da pandemia, 6.804 viajantes de países de alto risco entraram no Malawi.
O país poderá impor o bloqueio total o mais tardar até quinta-feira, numa tentativa de estancar a rápida propagação do novo coronavírus. Enquanto isso, um cidadão chinês foi deportado do Malawi após recusar quarentena.
E-Swatine, com quinze casos do novo coronavírus, ainda não registou nenhum óbito, tal como Moçambique. São 28 pessoas infectadas pela Covid-19 em Moçambique, informou ontem, a Directora Nacional da Saúde Pública, Rosa Marlene.
Segundo informação do Ministério da Saúde, dos 28 casos, 20 são de transmissão local e oito importados, contando-se dois casos recuperados. Moçambique decretou Estado de Emergência até final do mês.
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, defenderam hoje a celeridade do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos guerrilheiros do principal partido de oposição.
Os dois líderes estiveram hoje reunidos em Maputo e foi "consensual a necessidade de tornar o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos guerrilheiros da Renamo mais célere", indica um comunicado da Presidência da República distribuído hoje à imprensa.
O documento não avança detalhes sobre o estado do processo negocial, limitando-se a descrever um "ambiente de harmonia e cordialidade" que terá caracterizado o encontro.
O chefe de Estado moçambicano e o líder da Renamo assinaram em agosto do ano passado um acordo de paz, um entendimento que prevê o desarmamento dos guerrilheiros do principal partido de oposição.
Passados oito meses, ainda nenhum guerrilheiro entregou as armas, excetuando 10 oficiais da Renamo indicados para integrar o Comando-Geral da Polícia moçambicana e que concluíram instrução em novembro.
Em entrevista recente à Lusa, Ossufo Momade disse que o desarmamento vai abranger 5.000 guerrilheiros da Renamo, avançando que o processo iria arrancar em breve.
Além do processo negocial, os dois líderes debateram os ataques armados que têm sido atribuídos a dissidentes da Renamo no Centro de Moçambique, incursões que desde agosto já mataram cerca de 20 pessoas.
Segundo o documento, que não apresenta pormenores sobre o assunto, Filipe Nyusi e Ossufo Momade destacaram a necessidade de soluções urgentes para conter a insegurança no Centro de Moçambique.
Entre os temas debatidos esteve também a insegurança em Cabo Delgado, onde grupos armados têm protagonizado ataques desde outubro de 2017. Pelo menos 350 pessoas já morreram devido aos ataques, que afetaram igualmente 156.400 pessoas.
No final de março, as vilas de Mocímboa e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
Na ocasião, num vídeo distribuído na internet, um alegado militante 'jihadista' justificou os ataques de grupos armados no Norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região.
Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram.(Lusa)
A detenção em Maputo de Gilberto Aparecido Dos Santos, conhecido nos meandros do crime organizado transnacional por Fuminho, é vista em alguns corredores da opinião pública e da investigação como uma oportunidade para se destapar o véu que encobre vários negócios obscuros, e alguns “legalizados” pelos chamados “testas-de-ferro”, que actuam há décadas em Moçambique.
Informações colhidas pela nossa reportagem junto de um quadro sénior envolvido na mega-operação que desmascarou Fuminho (e os seus comparsas nigerianos) dão conta que o rastreio do património do temível barão da droga brasileiro pode ser difícil, mas é possível.
Aliás, Elvis Secco, delegado da Polícia Federal do Brasil, disse à imprensa daquele país que o grande objectivo da operação, após a detenção do narcotraficante, é confiscar todas as propriedades por si adquiridas.
No levantamento feito junto das autoridades envolvidas na investigação, “Carta” apurou que no bairro 25 de Junho em Maputo – mais concretamente na casa 26 da rua 10, Quarteirão 10 – funciona uma empresa denominada Chaboli Importação e Exportação, detentora do alvará 6798/11/01/RT 2016, que supostamente estaria a ser usada por brasileiros e nigerianos no transporte de cocaína para diversos países, sendo que os cidadãos Kenneth Chiedu Kodilinye e Josiana Cristina Kodilinye são quem desenvolvem as referidas actividades.
Entretanto, os proprietários da supracitada empresa encontram-se a residir no High Gate Village, em Joanesburgo, e não em Moçambique. Aliás, a família Kodilinye tem antecedentes criminais no Brasil, embora, oficialmente, esteja a residir na África do Sul há décadas.
Sabe-se que, na terra do Rand, Fuminho colaborava com um cidadão turco (nascido na Alemanha) de nome Demir Hassan, em nome do qual não existe, até ao momento, qualquer mandado de prisão.
Refira-se que Fuminho chegou à África vindo da Bolívia, com um passaporte emitido pelo consulado brasileiro naquele país com o nome de Luiz Gomes de Jesus. O seu visto (com o número 7847934) foi alegadamente emitido no Pará, a 10 de Dezembro de 2015. Teve entradas na Argentina e, posteriormente, na África do Sul.
De acordo com a fonte da “Carta”, o bloco em que Fuminho se encontrava hospedado, na área restrita do luxuoso Hotel Montebelo, em Maputo, onde também se encontram hospedados alguns ministros do governo moçambicano desde Janeiro do presente ano (cujos nomes preferimos omitir), foi arrendado por dois cidadãos de nacionalidade nigeriana, sendo que um deles responde pelo nome de Chinedu Obineche – provavelmente um nome falso, de acordo com a nossa fonte.
Ainda de acordo com a mesma fonte, acredita-se que “Fuminho” tenha vários negócios com certos grupos de narcotráfico que actuam no território nacional e em outros países vizinhos.
Entretanto, esta terça-feira (14) o narcotraficante foi ouvido, na 8ª Esquadra, situada no Porto de Maputo. Na ocasião, não prestou qualquer declaração à imprensa, remetendo quaisquer informações para o seu advogado.
A prisão de Fuminho foi legalizada esta quarta-feira, em Maputo, e, posteriormente, aguardará pelos passos subsequentes, no Estabelecimento Penitenciário de Máxima Segurança (EPMS) vulgo B.O.
Não obstante, apesar das detenções de Fuminho, de um outro famigerado barão internacional da droga, de umas tantas embarcações transportando droga na costa moçambicana (em Dezembro de 2019) e dos diferentes relatórios que apresentam Moçambique como um corredor da droga, Leonardo Simbine, porta-voz do SERNIC, não reconhece essa realidade. (Carta)