A empresa de mineração Vulcan anunciou que está a busca de soluções conjuntas e sustentáveis para evitar a poluição causada pela mina de carvão em Moatize. Em nota enviada à nossa Redacção, a indiana Vulcan menciona ter recebido uma carta das comunidades de Moatize, relatando a emissão de particulados nos bairros 25 de Setembro, Bagamoyo, Chithatha, 1º de Maio, Liberdade, Nhanctere, Malabué e Chipanga (Secção 4 e 6).
Entretanto, a Vulcan esclarece que, apesar dos grandes esforços realizados pela empresa para controlar os particulados, ainda existem enormes desafios a superar. A empresa afirma que levará em consideração todos os esforços para melhorar e atingir o objectivo.
A Vulcan Mozambique, S.A explicou que, no dia 2 de agosto do corrente ano, por volta das 16 horas, realizou três desmontes, sendo que o ponto mais distante estava a cerca de 1.220 metros da comunidade e o mais próximo a 759 metros, com o raio de segurança para pessoas de 300 metros.
A mineradora observa que, neste tipo de actividade, é comum a emissão de particulados, que normalmente se dispersam em cerca de sete minutos. No entanto, devido às condições climáticas desta época, as partículas permaneceram suspensas no ar por mais tempo que o habitual, o que resultou em reclamações da comunidade, embora não tenha havido danos humanos ou estruturais.
Desta forma, a Vulcan reafirma o seu compromisso com a melhoria contínua e a adopção das melhores práticas do mercado para a realização de desmontes de rocha controlados próximos às comunidades, garantindo assim a implementação de todos os procedimentos de monitoramento ambiental.
Como medidas adicionais para minimizar qualquer impacto futuro, a empresa garante que vai proceder à redução da carga, do diâmetro e da profundidade dos furos.
A mineradora também se compromete a evitar desmontes simultâneos em áreas que interfiram directamente na comunidade e reforçar a cobertura vegetal no muro de barreira que serve como filtro dos particulados bem como instalar canhões de nuvem de água nas frentes de lavra. (Carta)
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala afirma que já tem pistas do assassino da jovem que perdeu a vida, após conhecer um homem através das redes sociais.
"Neste momento, já temos algumas pistas das pessoas que cometeram este homicídio, mas não iremos partilhá-las com a imprensa para não prejudicar a investigação policial. Contudo, já temos alguns elementos bastante promissores para esclarecer o caso", disse à "Carta" o porta-voz do Comando Provincial da PRM em Sofala, Dércio Chacate.
Segundo a fonte, trata-se de um crime de homicídio agravado, ocorrido por volta das 21 horas do dia 16 deste mês, numa mata no bairro de Munhonha, posto administrativo de Mafambisse, na província de Sofala, onde desconhecidos amarraram os membros superiores e inferiores da jovem com uma fita, amordaçaram-na e, posteriormente, tiraram-lhe a vida, deixando-a sem roupa.
Em vida, a jovem respondia pelo nome de Matilde João Anselmo, solteira, de 34 anos de idade, funcionária da Direcção Provincial da Terra e Ambiente de Tete e residente na mesma província. Informações da PRM indicam que a jovem se deslocou a Mafambisse para se encontrar com um indivíduo que supostamente conheceu através das redes sociais, com quem havia iniciado uma relação à distância.
Com o intuito de conhecer pessoalmente o homem, a jovem deslocou-se a Mafambisse, em Sofala, onde foi sequestrada. Usando o telemóvel da vítima, o criminoso exigiu resgate à família, mas sem sucesso e a jovem acabou sendo assassinada.
Diversas Organizações da Sociedade Civil vieram a público repudiar mais este crime que teve como vítima mais uma mulher. (M. Afonso)
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana vai chefiar a missão internacional de observação, criada pela SADC, nas próximas eleições gerais e dos órgãos de governação descentralizadas de Moçambique, marcadas para o dia nove de Outubro.
A informação foi avançada esta segunda-feira, em Luanda, pelo presidente da CNE, Manuel da Silva, durante a intervenção na cerimónia alusiva aos 19 anos de existência da instituição, realizada na sua sede.
"Angola, através da CNE, terá a honra de coordenar a missão de observação dessas eleições em Moçambique, uma responsabilidade que aceitamos com grande humildade, respeito e profissionalismo", ressaltou o presidente da CNE, para quem esta missão representa uma oportunidade única para reafirmar o compromisso do país com os princípios, valores e directrizes da SADC, no que às eleições democráticas diz respeito.
Manuel da Silva esclareceu que esta missão de observação internacional que o país vai chefiar foi constituída pelo Fórum das Comissões Eleitorais dos países da SADC (ECF-SADC), organização independente composta por órgãos de gestão eleitoral dos Estados-membros da SADC. (J.A)
Alguns jovens empreendedores da província de Tete, onde operam as multinacionais nos mega-projectos de exploração do carvão mineral, dizem haver actualmente, na Vulcan Moçambique, maiores oportunidades de negócios para as pequenas e médias empresas locais em relação à então Vale Moçambique.
Em entrevista à “Carta de Moçambique”, Rachid Camal, representante da empresa Moz Class, diz que na época da multinacional brasileira Vale, por exemplo, havia no mercado muitas empresas estrangeiras subcontratadas, mas com o novo patronato abandonaram a mineradora, abrindo espaço para os pequenos empreendedores locais.
A fonte explicou que a Vale exigia que as empresas locais estivessem completamente estruturadas, com todos os seguros e outras exigências, o que de certa forma limitava-as de concorrer em pé de igualdade com as estrangeiras com larga experiência no mercado.
"A Vulcan não tem tantas exigências assim como a Vale e isso nos dá espaço para competirmos no mercado local", disse Richard Camal, que apelou à maior organização dos jovens empreendedores para tirar proveito das oportunidades de negócios existentes.
Dalpiva Varieza, proprietário de três empresas, é um dos jovens empreendedores que não encontra motivos de queixa contra a actual empresa mineradora, a Vulcan Moçambique, contrariamente ao que acontecia com os antigos gestores das maiores minas de exploração do carvão mineral em Tete.
O nosso entrevistado alerta a classe empresarial a ser visionária e com espírito batalhador, pois, no seu entender, os jovens empresários não podem atirar culpas às multinacionais, uma vez que nos últimos tempos se mostram abertas em colaborar com o empresariado local.
Não obstante esta abertura, alguns relatos dão conta de que, independentemente dos concursos para prestação de serviço nas grandes empresas instaladas em Tete serem públicos, ainda se registam casos em que é preciso ter "apadrinhamento” de alguém bem posicionado nas grandes multinacionais.
"É verdade que os concursos são públicos e aparentemente transparentes, mas é preciso sempre ter um padrinho para garantir que as coisas andem", lamentou um jovem que presta serviços numa das multinacionais. (Carta)
O país notificou 310 óbitos por acidentes de viação de Janeiro a Junho deste ano, o que representa uma redução de 47 mortes em comparação com igual período de 2023, em que perderam a vida 357 pessoas.
Segundo informações partilhadas na página oficial do Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC), os dados revelam uma redução de 13 por cento no número de óbitos. Os números mostram ainda que, em seis meses, Moçambique já registou este ano 366 acidentes, contra 387 no mesmo período de 2023.
O sector dos transportes indica que os atropelamentos continuam no topo, com cerca de 36 por cento do total de acidentes, seguidos de despistes, com 29 por cento. O choque entre carro e moto também entra na lista dos acidentes mortais, com um registo de 14 por cento no período em alusão.
Entretanto, em relação ao número de acidentes por província, a cidade de Maputo está no topo, com 34 por cento, seguida de Inhambane, com 21 por cento, e Gaza, com 12 por cento.
Contudo, apesar da redução no índice de sinistralidade, o cenário actual é preocupante, visto que os acidentes de viação continuam a ceifar vidas, com o registo de nove óbitos na semana passada, apenas na Estrada Nacional Número 4 (N4).
Já em relação aos acidentes ferroviários, os índices revelam uma subida considerável, com 39 óbitos contabilizados no primeiro semestre, contra 18 no ano passado. O Corredor Norte é apontado como o mais mortífero, com 23 mortes, seguido do da zona Sul, com 10 óbitos, e do Centro, com seis mortes.
Na área do transporte marítimo, os dados apontam para 141 mortes, contra 23 notificadas em 2023. Este aumento é influenciado pelo acidente ocorrido em abril deste ano, na Ilha de Moçambique, onde 98 pessoas perderam a vida. (M.A.)
Os anos passam, a gestão muda de mãos, mas a vida da população da vila de Moatize, província de Tete, continua mergulhada no meio de poeiras, causadas pela exploração do carvão mineral. Esta semana, moradores de oito bairros da vila carbonífera de Moatize enviaram uma carta à Vulcan Mozambique, exigindo a tomada de providências necessárias para a mitigação do impacto negativo causado pela exploração do carvão mineral naquela parcela do país.
De acordo com a missiva exarada na passada terça-feira, 13 de Agosto, a mineradora de capitais indianos tem um prazo de 30 dias para resolver o problema que apoquenta aquela população há mais de 10 anos (a contar da data da entrada da carta), findo o qual “nos reservamos ao direito de tomar todas as medidas legais de protesto e de tutela efectiva dos nossos direitos individuais e colectivos”.
Numa carta de cinco páginas e 14 anexos (que incluem fotografias e assinaturas dos moradores dos oito bairros afectados pelas poeiras), os moradores afirmam ter assistido, com satisfação, a implantação do projecto de mineração do carvão mineral, então liderado pela brasileira Vale, pois, “acreditamos (cegamente) que o mesmo só nos traria mais benefícios, incrementando incomensuravelmente a felicidade e orgulho que os nossos pais e filhos sempre tiveram”.
No entanto, contrariamente ao que esperavam, hoje vivem “numa tensa e amarga frustração de expectativas”. “Vivemos num ambiente completamente inóspito. As vossas práticas de extração e exploração mineira não coadunam com qualquer que seja a vivência humana defendida e protegida no seio da declaração universal dos direitos humanos”, defendem, alegando que a situação compromete o sistema imunológico dos adultos e a sanidade das novas e futuras gerações.
Segundo os queixosos, os moradores de Moatize consideram-se hoje herdeiros do dano causado pela exploração do carvão mineral e não “de uma terra rica e propícia ao desenvolvimento das nossas actividades”. Afirmam que para além de várias doenças, com destaque para respiratórias, as acções da Vulcan Mozambique colocam em causa a perda da biodiversidade e a degradação dos solos e das infra-estruturas (residências e empreendimentos comerciais) “erguidas com suor e sacrifício”.
“A esta instância, queremos apelar para o respeito aos nossos direitos sob égide constitucional, posicionando os nossos argumentos contra todo e qualquer atentado à saúde e ao meio ambiente (…), enquanto um direito fundamental maior”, sublinham os moradores, classificando a situação que se vive no segundo maior centro urbano de Tete como “um verdadeiro crime contra a humanidade”.
O documento, enviado com conhecimento da Procuradoria-Geral da República, Secretaria de Estado da província de Tete, das Direcções Provinciais do Meio Ambiente e dos Recursos Minerais e Hidrocarbonetos e de organizações da sociedade civil, junta fotografias que ilustram “nuvens negras”, causadas pela dinamitação das minas de exploração de carvão mineral. Igualmente, mostram a poluição das fontes de água.
Refira-se que esta não é a primeira vez que a população de Moatize se manifesta desagradada com o impacto das operações de exploração de carvão mineral naquela vila. Em 2018, por exemplo, um grupo de moradores dos bairros Bagamoio e Natchere invadiu a mina da Vale (agora Vulcan) e paralisou as operações numa das secções, em protesto contra a poluição ambiental e sonora causada pelas explosões. Sublinhe-se que a exploração do carvão mineral de Moatize é feita a céu aberto. (Carta)