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Actualizado de Segunda a Sexta

Sociedade

As inundações na Tanzânia causadas por semanas de fortes chuvas mataram 155 pessoas e afectaram mais de 200 mil, disse o primeiro-ministro esta quinta-feira (23). Isto representa mais do dobro do número de mortes registadas há duas semanas, à medida que a quantidade de chuva aumenta, especialmente na região costeira e na capital, Dar-es-Salaam.

 

O Primeiro-Ministro Kassim Majaliwa disse ao parlamento que o padrão climático El Niño agravou a actual estação chuvosa, causando inundações e destruindo estradas, pontes e caminhos-de-ferro. Escolas inundadas foram fechadas e serviços de emergência resgataram pessoas abandonadas pelas águas das enchentes.

 

Majaliwa alertou aqueles que vivem em áreas baixas para se mudarem para terrenos mais elevados e instou as autoridades distritais a garantirem que as provisões destinadas para aqueles que necessitam dos suprimentos e cujas casas foram destruídas.

 

Ele disse que mais de 51 mil famílias foram afectadas pelas chuvas. A região da África Oriental está a sofrer fortes chuvas, com inundações também relatadas nos vizinhos Burundi e Quénia. No Quénia, 35 pessoas foram mortas até segunda-feira e espera-se que o número aumente à medida que as inundações continuam em todo o país.

 

O presidente queniano, William Ruto, presidiu esta quinta-feira uma reunião multi-agências de resposta às enchentes e instruiu o Serviço Nacional da Juventude a fornecer terras para as pessoas nas áreas afectadas pelas enchentes. (Africanews)

Mais de 500 delegados de 40 países africanos, da Europa e das Américas discutem, desde segunda-feira, os desafios complexos de segurança que afectam o continente africano, durante a cimeira que decorre sob o lema "Soluções Regionais para Problemas Transnacionais”. A Cimeira das Forças Terrestres Africanas de 2024 termina hoje na capital turística da Zâmbia, Livingstone.

 

O destaque deste evento vai para a participação de mais de 40 chefes militares de forças terrestres de toda a África e de outras nações parceiras europeias, juntamente com líderes de pensamento académico e funcionários governamentais para um diálogo sincero para discutir e desenvolver soluções cooperativas”. 

 

O Ministro da Defesa da Zâmbia, Ambrose Lufuma, disse durante a sessão de abertura da cimeira que as forças de defesa em África eram fundamentais para garantir a paz no continente e promover o desenvolvimento.

 

“Para que ocorra qualquer desenvolvimento económico, é importante um ambiente seguro e protegido, algo que nem sempre acontece, visto que há uma série de conflitos em África”, disse Lufuma.

 

A fonte é citada a dizer que "desafios como o tráfico de seres humanos, a migração em massa, a degradação ambiental e as alterações climáticas causam estragos e sofrimento humano incalculável. Estas questões transcendem as fronteiras nacionais, subvertem a soberania, atravessam jurisdições e sobrecarregam os recursos nacionais. Nenhum país pode resolver estes desafios sozinho".

 

O Comandante do Exército da Zâmbia, Sitali Dennis Alibuzwi, disse por seu turno que o continente enfrenta actualmente uma série de desafios, incluindo terrorismo, tráfico de seres humanos, migração e instabilidades induzidas pelas alterações climáticas.

 

“É, portanto, importante que o pessoal uniformizado reúna e partilhe experiências para encontrar soluções para desafios de natureza transnacional porque as guerras têm efeitos adversos no desenvolvimento”.

 

O major-general Todd Wasmund, comandante da Força-Tarefa do Exército dos EUA para o Sul da Europa e África (SETAF-AF na sigla em inglês), disse na cimeira que o exército dos EUA tem um enorme respeito pela contribuição da Zâmbia para a paz e segurança na região e além.

 

“O exército dos EUA orgulha-se de trabalhar ao lado dos seus parceiros em toda a África para aumentar a capacidade dos seus parceiros de responder às ameaças colocadas por organizações criminosas transnacionais e organizações extremistas”, acrescentou.

 

A Força-Tarefa do Exército dos EUA para o Sul da Europa e África juntou-se ao exército da Zâmbia para co-organizar a Cimeira das Forças Terrestres Africanas de 2024, anunciou o Pentágono.

 

O secretário de imprensa do Pentágono, major-general da Força Aérea, Pat Ryder,

 

disse: “os desafios de segurança de África têm origem em diferentes paralelos, tais como fontes étnicas, geográficas e culturais”.

 

Além das múltiplas discussões, os participantes assistiram a uma demonstração militar das forças especiais do exército zambiano e juntaram-se às crianças da escola local para participar numa cerimónia de plantação de árvores.

 

No fim da cimeira, disse Ryder, serão assinados os dois mais recentes programas de parceria estatal: um entre a Carolina do Norte e a Zâmbia, e outro entre a Carolina do Norte e o Malawi.

 

Através do Programa de Parceria Estatal, que iniciou em 1993, a Guarda Nacional conduz compromissos entre militares em apoio aos objectivos de segurança, ao mesmo tempo que aproveita "relações e capacidades de toda a sociedade" para facilitar "compromissos interagências e corolários mais amplos", que abrangem as esferas militar, económica, governamental e social, segundo o site oficial da Guarda Nacional.

 

Esta é a 12ª edição da Cimeira das Forças Terrestres Africanas desde que o evento teve lugar pela primeira vez no continente africano em 2012. Antes disso, a ALFS inaugural teve lugar em Washington em 2010. (Defence armies)

O Presidente Cyril Ramaphosa notificou o Parlamento sobre a extensão do destacamento de 1495 membros da Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF) em Moçambique até Dezembro de 2024, para o combate ao terrorismo em Cabo Delgado.

 

Em carta ao Presidente em exercício da Assembleia Nacional, Lechesa Tsenoli, Ramaphosa sublinha que o destacamento está em conformidade com o cumprimento das obrigações internacionais do país, no âmbito da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral para o combate aos actos de terrorismo e extremismo violento em certas áreas da província de Cabo Delgado, ao abrigo da Operação Vikela.

 

“Os membros da Força Nacional de Defesa da África do Sul vão continuar a sua responsabilidade no combate ao terrorismo em Moçambique de 16 de Abril de 2024 a 31 de Dezembro de 2024”, reforça Cyril Ramaphosa.

 

Este destacamento vai custar 984 368 057 rands.

 

“Vou comunicar este relatório ao presidente do Conselho Nacional das Províncias. Solicito que leve o conteúdo deste documento ao conhecimento da Assembleia Nacional”, acrescentou Ramaphosa. (Cape Times)

Moçambique ainda não reagiu oficialmente às palavras do chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, de que Portugal deve reparar a escravatura e colonialismo, declarações que já provocaram uma forte reacção no Brasil.

 

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “reconhecer o passado e assumir a responsabilidade é mais importante do que pedir desculpa pelos actos cometidos durante a era colonial”.

 

Durante um evento, na terça-feira, que juntou vários correspondentes estrangeiros em Lisboa, o Presidente da República afirmou que o país “assume toda a responsabilidade” pelos erros cometidos no passado, que, segundo o próprio, “tiveram custos” que devem ser agora pagos por Portugal.

 

Durante mais de 400 anos, pelo menos 12,5 milhões de africanos foram raptados e transportados para vários pontos do globo para serem vendidos como escravos. Só Portugal foi responsável pelo tráfico de quase seis milhões de pessoas, um número superior ao de qualquer nação europeia.

 

A ideia de indemnizar os países que sofreram nas mãos das nações colonizadoras tem vindo a ganhar força em todo o mundo ao longo dos últimos anos. É, inclusive, defendida por muitos a criação de um tribunal específico para esta questão.

 

Num outro desenvolvimento, chegou ontem a Lisboa o Presidente Filipe Nyusi, para juntar-se aos homólogos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste na cerimónia comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.

 

Espera-se que o chefe do Estado moçambicano possa pronunciar-se sobre as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa. O presidente brasileiro, Inácio Lula da Silva, por exemplo, diz que o Brasil defende “acções concretas” das palavras de Rebelo de Sousa. (AIM)

Os Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) retomam, na próxima segunda-feira, a sua greve nacional, devendo durar um período de 30 dias prorrogáveis, pelo facto de, até agora, as negociações com o governo não terem produzido os efeitos desejados.

 

O anúncio foi feito esta quarta-feira (24) pela porta-voz da APSUSM, Rosana Zunguze. A retoma da greve deve-se ao incumprimento das várias promessas feitas pelo Executivo, entre as quais, o enquadramento dos profissionais de saúde e o pagamento de horas extras de parte dos funcionários e agentes da saúde.

 

Consta ainda das preocupações dos profissionais da saúde a incapacidade do governo na solução das crises vividas nos hospitais, tais como os recorrentes cortes de energia eléctrica, falta de comida para os pacientes, entre outros problemas.

 

Falando em conferência de imprensa, esta quarta-feira, a APSUSM disse que muita coisa não foi cumprida desde a última greve. “O que tem acontecido nos últimos dias é que, por exemplo, alguns hospitais ficam duas semanas ou mais sem corrente eléctrica ou água, e só depois do corte por parte dos fornecedores é que o problema é resolvido. Os pacientes ficam dias sem comida e os familiares é que devem suprir essa falta e ainda temos a situação da falta de combustível para ambulâncias”, disse a porta-voz da APSUSM, Rosana Zunguze.

 

A fonte referiu que a realização da greve é uma forma de pedir ajuda ou de pressão ao Governo para a busca de soluções. “Não é nossa vontade realizar greve, sempre que anunciamos a retoma da mesma, fazemos com muita dor, o que queremos é apenas ver todos os problemas da classe e dos pacientes resolvidos”, explicou. (M.A.)

Dados oficiais indicam que até 14 de Abril corrente havia um cumulativo de 60.800 casos de conjuntivite no país, desde a eclosão do primeiro caso, no mês de Fevereiro. Os gráficos do Ministério da Saúde (MISAU) mostram que, semanalmente, os casos tendem a diminuir, principalmente nas províncias onde o surto começou.

 

Segundo a representante do Programa Nacional de Oftalmologia no MISAU, Margarida Chagunda, os dados indicam que mais de 100 casos foram notificados na província de Inhambane e cidade de Maputo, enquanto algumas províncias não notificaram nenhum caso.

 

Chagunda falava no programa Café da Manhã da Rádio Moçambique, onde frisou que o controlo da conjuntivite hemorrágica não depende apenas das autoridades da Saúde, como também da comunidade.

 

“O controlo deste surto não depende apenas dos serviços de saúde, porque, sendo uma doença altamente contagiosa, tem muito a ver também com a conduta que a comunidade assume. Sabemos que a transmissão é de pessoa à pessoa, através do contacto directo e indirecto”, disse, quando questionada sobre se o país tem capacidade de controlo ou não da doença.

 

A fonte explica que a redução dos casos da conjuntivite no país ocorre por conta da adesão às medidas de prevenção e à disponibilidade de informação na comunidade.

 

Em relação ao crescente número de casos da doença em centros penitenciários e locais de acolhimento às vítimas de inundações e do terrorismo, Chagunda frisou que, onde há aglomerações, a disseminação de doenças é muito fácil, porque as pessoas têm alguma dificuldade em ficar isoladas.

 

Para combater situações de tratamento inadequado da conjuntivite, a entrevistada fez saber que esta é uma doença benigna, na medida em que se pode curar em pouco tempo (sete dias em média), quando o tratamento é adequado, e, sendo de causa viral, não exige aplicação de antibióticos, uma vez que estes servem para o tratamento de bactérias.

 

A fonte garantiu que os medicamentos como pomadas e gotas, habitualmente recomendadas nas farmácias, não têm nenhum efeito de cura. Aliás, ela refere que alguns medicamentos aplicados sem prescrição médica, tais como prednisolona e dexametasona, podem ser perigosos. Para o efeito, Margarida Chagunda chama atenção à necessidade de se combater a auto-medicação.

 

“A conjuntivite é benigna, cura por si só, basta seguir as medidas de higiene pessoal, como a lavagem frequente com água e sabão da cara e das mãos. Portanto, não há necessidade de alarme. Algumas pessoas usam a urina, e eu gostaria de reforçar que a urina é produzida através dos rins para eliminar aquilo que o organismo não precisa, incluindo substâncias tóxicas. Então, ela não pode ser uma coisa boa, por isso não podemos usar como tratamento”, frisou. Changunda disse ainda que o Ministério da Saúde registou até aqui um total de 45 casos de complicações oculares que culminaram com cegueira total ou parcial. Trata-se de situações provocadas pelo uso de medicação sem prescrição médica.

 

Para o tratamento da conjuntivite, a fonte reitera a lavagem regular do rosto com água simples, lavagem frequente das mãos e aplicação de pachos de água gelada, apenas para casos de muita inflamação.

 

Recorde-se que o primeiro surto da conjuntivite hemorrágica em Moçambique foi registado na província de Nampula. Ao nível nacional, Tete e Manica são as províncias com menos registos de casos da doença, com cerca de 300 e 500, respectivamente. Os pontos críticos são a cidade de Maputo e as províncias de Sofala, Nampula e Maputo. (M.A)

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