O primeiro dia da campanha eleitoral rumo às eleições de 9 de Outubro foi caracterizado nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa por uma maior participação dos principais actores políticos nas ruas e nas respectivas delegações.
Na cidade de Pemba, por exemplo, o MDM, terceiro maior político no país, escolheu o bairro Paquitequete para o lançamento da sua campanha. A cerimónia foi conduzida por António Macanige, Delegado Político Provincial, que pediu votos para o seu partido e para o seu candidato presidencial, Lutero Simango. O cabeça-de-lista para governador da província, Santos Abílio, prometeu resolver o problema de insegurança em Cabo Delgado.
A condução das actividades do dia da RENAMO, a segunda maior força política, após desfilar pelas ruas, coube a Manuel Alex, Delegado Político Provincial, na presença da cabeça-de-lista Ângela Maria Eduardo. Falando no bairro municipal de Muxara, Ângela Maria Eduardo prometeu resolver as principais dificuldades da população da província.
A FRELIMO, sob orientação de Amélia Muendane, membro da Comissão Política do partido no poder, abriu a campanha no bairro Metula. Na ocasião, o cabeça-de-lista para governador, Valige Tauabo, prometeu dias melhores e mais desenvolvimento na província.
Por outro lado, apoiantes de Venâncio Mondlane, através do PODEMOS, saíram às ruas sob a direcção do Delegado Provincial da CAD no bairro de Alto Gingone. Em Nampula, maior círculo eleitoral do país, os partidos MDM, FRELIMO, RENAMO, PODEMOS e AMUSI também saíram às ruas.
O MDM marchou pelas ruas da cidade de Nampula até ao bairro Muhala-Expansão e o seu cabeça-de-lista, o Padre Fernão Magalhães, prometeu melhorar as vias de acesso que ligam os distritos e prestar maior atenção ao sector da educação.
A RENAMO privilegiou a campanha porta-a-porta nos bairros da cidade de Nampula. A cabeça-de-lista para governador, Abiba Abá, não se fez presente. O AMUSI também marchou pela cidade de Nampula, percorrendo algumas artérias da urbe. O cabeça-de-lista, Santos Almeida, prometeu desenvolver a província. No entanto, membros e simpatizantes do AMUSI e da FRELIMO trocaram acusações, mas sem incidentes.
Os apoiantes de Venâncio Mondlane exaltaram a figura do seu candidato presidencial, pedindo votos com a promessa de que vai melhorar a vida dos moçambicanos. (Carta)
Uma pessoa morre a cada 30 segundos em Moçambique devido a complicações relacionadas às hepatites. De acordo com as estatísticas, a Hepatite B afecta cerca de 7,2% da população, enquanto a Hepatite C aflige entre 0,8% e 1,3%.
Os dados resultam do estudo "Impacto na Saúde Pública da Abordagem Centrada na População para Prevenção e Tratamento do VHC e do VHC em Moçambique" de 2018.
No Serviço de Gastroenterologia do Hospital Central de Maputo (HCM), as doenças hepáticas cronicas e o câncer de fígado, relacionados à Hepatite B, estão entre as principais causas de internamento. O câncer de fígado é o quarto tipo mais comum diagnosticado em homens e o sexto mais comum entre as mulheres.
Por conta disso, os médicos apelam para que cada cidadão faça o diagnóstico voluntário para evitar casos extremos da doença. As hepatites A e B não têm cura, mas podem ser prevenidas com vacina e controladas com medicação, enquanto a hepatite C pode ser curada, mas ainda não existe vacina para sua prevenção.
Todos os anos celebra-se, a 28 de Julho, o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais. Este ano, a efeméride foi comemorada sob o lema "É Hora de Agir".
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, em 2022, cerca de 770 mil novas infecções foram registadas, totalizando 65 milhões de pessoas vivendo com Hepatite Viral B (VHB) em África, o que representa 25% de todos os casos registados no mundo.
Contudo, apenas 4,3% dessas pessoas foram diagnosticadas e, desse universo, somente 5% receberam o devido tratamento, o que equivale a apenas 0,2% do total de pessoas que deveriam ser tratadas.
No mesmo ano, em relação à Hepatite Viral C (VHC), foram notificadas 172 mil novas infecções, elevando para 8 milhões o número de pessoas infectadas na África, correspondendo a 16% dos casos registrados no mundo. Desses casos, 13% foram diagnosticados e apenas 3% receberam tratamento.
O impacto desta doença foi devastador, resultando na morte de 270 mil pessoas em 2022 devido à Hepatite VHB e mais de 35 mil por causa do VHC. (M. Afonso)
A Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental (AQUA) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) já estão a trabalhar na denúncia da comunidade ao redor da mina de Moatize, província de Tete, sobre a poluição ambiental pela empresa de origem indiana Vulcan Moçambique. A garantia foi dada na última quarta-feira (21) em Maputo, pelo Jurista da AQUA, Danilo Liasse.
Falando à margem de um evento organizado pelo Centro de Integridade Pública (CIP), Liasse deu a entender que nessa equipa a missão da AQUA é ver se na denúncia há matéria para a responsabilização administrativa (para a aplicação de multas) e a PGR pretende aferir a matéria criminal para, se for o caso, tomar as devidas medidas de responsabilização. Para além da AQUA e PGR, a fonte disse haver outras entidades envolvidas na equipa multissectorial.
Liasse disse não ter ainda dados sobre o resultado do trabalho da equipa multissectorial, alegadamente porque a mesma continua no terreno. “Ainda não temos dados científicos para falar sobre o que aconteceu. Neste momento, há uma equipa multidisciplinar que está no local a aferir todos os aspectos que têm a ver com a actividade daquela empresa para que sejam tomadas medidas com vista a salvaguardar o meio-ambiente e a saúde pública”, afirmou o jurista da AQUA.
A denúncia foi feita em carta datada de 13 de Agosto corrente por moradores de oito bairros da vila carbonífera de Moatize. A carta foi encaminhada à Vulcan, exigindo a tomada de providências necessárias para a mitigação do impacto negativo causado pela exploração do carvão mineral naquela parcela do país.
De acordo com o documento, a empresa tem um prazo de 30 dias para resolver o problema que apoquenta aquela população há mais de 10 anos (a contar da data da entrada da carta), findo o qual, a comunidade ameaçou protestar pelos seus direitos individuais e colectivos.
Esta semana, a mineradora Vulcan anunciou que está à busca de soluções conjuntas e sustentáveis para evitar a poluição causada pela mina de carvão em Moatize. Em comunicado, a empresa diz ter recebido uma carta das comunidades de Moatize, relatando a emissão de particulados nos bairros 25 de Setembro, Bagamoyo, Chithatha, 1º de Maio, Liberdade, Nhanctere, Malabué e Chipanga.
A Vulcan Mozambique, S.A explicou que, no dia 2 de Agosto do corrente ano, por volta das 16 horas, realizou três desmontes, sendo que o ponto mais distante estava a cerca de 1.220 metros da comunidade e o mais próximo a 759 metros, com o raio de segurança para pessoas de 300 metros.
Neste tipo de actividade, a mineradora explica que é comum a emissão de partículas, que normalmente se dispersam em cerca de sete minutos. No entanto, devido às condições climáticas desta época, as partículas permaneceram suspensas no ar por mais tempo que o habitual, o que resultou em reclamações da comunidade, embora não tenha havido danos humanos ou estruturais. (Evaristo Chilingue)
A polícia moçambicana (PRM) vai proteger todo o processo eleitoral com ou sem logística suficiente para que a campanha eleitoral, que culminará com as eleições de 09 de Outubro próximo, seja um momento de celebração da democracia no país.
A garantia foi avançada esta quinta-feira (22) em Maputo, pelo Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, durante o lançamento do Plano Operativo “Planeta V” que tem em vista a protecção e segurança do processo eleitoral.
“Vamos proteger, vamos garantir a segurança dos eleitores, vamos garantir todo o processo sem pré-condição. Com logística suficiente ou pouca, nós vamos garantir as eleições”, assegurou.
Afirmou que, não obstante as dificuldades existentes no país, a PRM vai garantir o transporte seguro dos materiais de votação, dos membros das mesas das assembleias de voto, entre outros intervenientes.
“O país é nosso, o país real é este, as dificuldades que existem são essas, mas nós, a Polícia da República de Moçambique, vamos proteger as eleições em todo o território nacional. Vamos garantir o transporte do material de votação. Vamos garantir a protecção dos membros das mesas das assembleias de voto, da própria campanha eleitoral e de todos os partidos políticos que temos no nosso país”, reiterou.
Bernardino Rafael ressaltou que a corporação vai garantir a segurança física dos candidatos, dos cabeças-de-lista, porque é missão da polícia proteger a todos aqueles que vão intervir no processo. Repudiou o dramatismo relacionado com aspectos de segurança e clarificou que a polícia não está nem estará para atentar a vida de qualquer que seja o candidato ou membro e simpatizante de partidos políticos.
“Em nenhum momento a polícia pensou, nem tem plano, nem imagina pensar em atentar contra a vida de qualquer que seja o candidato ou cabeça-de-lista de um partido ou membro de um partido concorrente às eleições”, sublinhou.
O Comandante-Geral pediu a colaboração de todos, incluindo a dos órgãos de comunicação social para que passem mensagens construtivas e não levantem debates que incitem a violência e ódio.
“Transmitam o profissionalismo jornalístico que é para educar os moçambicanos a promover a cultura de paz e convivência pacífica no seu país. E nós confiamos em vós, porque a vossa palavra chega longe. Então, façam chegar a informação educativa e com transparência para o bem da ordem e segurança públicas”, afirmou.
Destacou a união como factor relevante para um processo eleitoral calmo e festivo. “Unamo-nos para garantirmos que este processo eleitoral seja uma verdadeira festa, em que os concorrentes se saúdam, dançam, conquistam o seu voto com paz e harmonia e sem violência”.
Apelou para que todos contribuam para que o presente processo eleitoral seja exemplo de sucesso. Na ocasião, Bernardino Rafael dirigiu a cerimónia central de patenteamento de 204 agentes da polícia, de um total de 13.947 abrangidos à escala nacional.
Segundo o dirigente, os patenteados vão continuar a missão deixada por colegas que passaram à reserva, que é de garantir a ordem e segurança públicas. “Queremos que tragam a inovação, tragam um melhor ambiente de trabalho e tragam para os moçambicanos os resultados que eles esperam”, anotou. (AIM)
O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) em Sofala deteve quatro indivíduos suspeitos de violar e matar Matilde Anselmo, uma jovem de Tete que perdeu a vida após conhecer um suposto namorado nas redes sociais.
De acordo com o principal suspeito, ele conheceu Matilde Anselmo na quinta-feira da semana passada, através da rede social “Facebook”. Na ocasião, o jovem utilizou uma foto que retratava um estilo de vida luxuoso, diferente da sua realidade. Após responder positivamente a várias perguntas feitas por Matilde Anselmo, o jovem conseguiu aliciá-la para viajar até Mafambisse, para um encontro pessoal.
O suposto namorado alegou que estava com problemas no cartão do banco e não podia enviar dinheiro para o transporte, e daí a malograda se predispôs a arranjar o valor para a viagem.
Ela solicitou um adiantamento no seu salário e pediu dispensa no local de serviço (Direcção provincial de Terra e Ambiente em Tete), para viajar dia seguinte, sexta-feira (16 de Agosto). Depois de pegar três carros, Matilde Anselmo finalmente chegou a Mafambisse, na província da Beira, para um suposto encontro pessoal.
No lugar de uma recepção calorosa e amorosa, encontrou um “bandido”. O suposto namorado revela os detalhes do crime:
"Quando ela chegou, saí com um amigo para recebê-la. Ela estranhou ser recebida por dois homens, mas logo a acalmei dizendo que era apenas um amigo. Caminhamos com ela até um local onde estavam outros amigos e começamos a ligar para a família dela. Após várias chamadas, a família se recusou a enviar o valor do resgate e ainda nos ameaçou, afirmando que, se algo acontecesse com a Matilde, seríamos encontrados e responsabilizados", explicou o suposto namorado que a vítima conheceu nas redes sociais.
O suposto namorado explica ainda: “depois das ameaças, eu e os meus amigos decidimos violar e matar a jovem para que ela não tivesse a chance de nos denunciar. Depois disso, roubamos os pertences dela e abandonamos o corpo na mata", relatou o suspeito.
O jovem de 25 anos também revelou que Matilde Anselmo, de 34 anos de idade, foi a sétima vítima que ele aliciou. De acordo com a sua confissão, esta foi a sua primeira vítima mortal, sendo que nas ocasiões anteriores ele apenas conseguiu violar e roubar alguns bens das outras vítimas (mulheres).
Entretanto, o SERNIC na Beira manifestou profundo pesar e repúdio em relação ao caso de Matilde Anselmo.
"Lamentamos profundamente a perda desta vida e a forma como tudo aconteceu. Apelamos à sociedade para que tenha cautela ao interagir com pessoas nas redes sociais. É fundamental que as pessoas investiguem com quem estão a interagir nas redes sociais e que compartilhem essas informações com outros para ouvir opiniões. É doloroso ouvir uma história como esta. Mais agravante ainda é saber que ela conheceu o suspeito no dia 15 e já no dia 16 estava disposta a viajar, mesmo sem receber o dinheiro e sem informar ninguém", disse o Porta-voz do SERNIC em Sofala, Alfeu Sitoe. O SERNIC também lamenta o facto de não ter registos dos outros casos mencionados pelo jovem, em que outras mulheres também foram vítimas. (M. Afonso)
Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) de Nampula apresentou à imprensa, esta terça-feira (20), quatro indivíduos detidos recentemente na posse de ossadas humanas, numa residência nos arredores da capital provincial.
A porta-voz do SERNIC, Enina Tsinine, explicou que as autoridades suspeitam que as ossadas pertencem a uma adolescente albina sequestrada há dias, numa das comunidades do distrito de Ribáuè, quando regressava da igreja. Disse ainda que, na altura da detenção, os quatro indivíduos planeavam vender as ossadas no valor de 80 mil cada, sendo que esperavam encaixar cerca de um milhão e quinhentos mil meticais.
"Tivemos um caso de uma cidadã com problemas de pigmentação da pele que teria sido sequestrada enquanto voltava da igreja e até então não foi localizada. Dos trabalhos de investigação tivemos informações de que quatro indivíduos estariam a comercializar ossadas humanas trazidas do distrito de Ribáuè. Iremos continuar com as diligencias", disse Enina Tsinine, apontando que o quinto indivíduo se encontra foragido.
A porta-voz do SERNIC em Nampula acrescentou que as autoridades investigam ainda a violação de túmulos de albinos no distrito de Murrupula. Entretanto, os detidos negam o seu envolvimento no crime. Um dos acusados, por sinal proprietário da casa onde foram detidos, justificou que apenas acolheu os colegas que chegaram à cidade para vender tomate.
Ainda esta terça-feira (20), o SERNIC em Nampula apresentou dois indivíduos, um dos quais, ex-funcionário do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), acusados de venda de cartões de eleitor a um grupo de malfeitores para proceder ao registo junto das operadoras.
Em Março passado, o Serviço de Investigação Criminal desmantelou um escritório clandestino e apresentou cerca de 20 pessoas detidas no bairro Namicopo, envolvidas no registo ilegal de cartões de telefonias móveis. (Carta)