Director: Marcelo Mosse

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Actualizado de Segunda a Sexta

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Guy Mosse

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Ontem, quando chegou a Nampula, em missão eminentemente partidária, com sua linguagem corporal, Celso Correia transmitia uma pose de estadista, muito para além de um simples militante que regressa para montar a engrenagem de mais uma "onda vermelha" com foco agora nas eleições autárquicas deste ano.

 

Em Nampula, destacou-se nessa pose uma indumentária distinta dos demais militantes, com traços de alta costura, e uma recepção no Aeroporto para o qual o partido arregimentou uma franja numerosa de líderes religiosos muçulmanos, oferecendo ao ministro uma recepção simbolicamente presidencial. Nunca nenhum ministro dos Governos da Frelimo, nem nenhum Secretário Geral da Frelimo foi bafejado com igual pompa e circunstância, ao chegar a uma capital provincial.

 

Resulta daqui uma pergunta que não quer calar: Celso Correia pode ser o candidato de Filipe Nyusi para as próximas eleições presidenciais? É provável! Para além da pose de estadista de ontem, Correia tem vindo a exibir nas últimas semanas uma certa aura presidencialista.

 

Desde que chegou à Comissão Política, o bombeiro do Nyussismo, o "mastermind" da "onda vermelha" e faxineiro do Sustenta anda de vento em popa. Há quem não goste, mas parece mérito próprio, da sua força de mobilização e comunicação, da sua capacidade de fazer rolar os dentes da engrenagem.

 

 

No Partido Frelimo, CC ganhou rios de seguidores e quando, no último Congresso do partido, Nyusi anunciou a eleição do seu nome para a Comissão Política, as palmas vibraram efusivamente, espontaneamente. Não foi voto comprado...foi voto voluntário.

 

Nyusi percebeu que descartar Celso Correia era descartar a si próprio...neste seu último fôlego até à meta final de 2024. Trata-se de deixar um legado. E um dos Ministros que mais trabalha para que Nyusi deixe legado é justamente Celso Correia (para além dele, só Max Tonela, Mateus Magala e Carlos Mesquita).

 

A questão que se coloca é se, pessoalmente para Celso, sua ascensão para a Comissão Política pode ser a rampa de lançamento para voos mais altos? O facto de ser mulato conta? Cremos que não!

 

Ser membro da Comissão Política não é necessariamente estar num palco de maior exposição mediática. É sobretudo um momento para influenciar o rumo político da Governação. E é isso que ele está a fazer. O recente debate sobre os números da insegurança alimentar, onde CC teve luz verde para descredibilizar com virulência a FDC, de Graça Machel, mostrou isso.

 

 

A Frelimo rendeu-se às suas capacidades e popularidade. Não admirem, pois, que possa ser alguém com ambições altas para lá de 2024. (Marcelo Mosse)

 

Uma avaliação parcial e preliminar ao Projecto SUSTENTA, realizada pelo Observatório do Meio Rural (OMR), revela haver uma redução da percentagem de agricultores que produzem culturas alimentares em benefício das culturas de rendimento.

 

Segundo a pesquisa, realizada entre 2021 e 2022 e com incidência na primeira fase da implementação do SUSTENTA (2017-2019), o milho é a única cultura alimentar cuja produção não reduziu entre os Pequenos Agricultores Comerciais Emergentes (PACE).

 

“As áreas dedicadas às culturas alimentares diminuíram, tanto nos PACE [Pequenos Agricultores Comerciais Emergentes] como nos PA [Pequenos Agricultores], excepto nos PACE com 10 ou mais hectares, isto é, o milho para os PACE é também uma cultura alimentar. Os PA produzem mais para a alimentação e os PACE para venda, obtendo rendimentos para a compra de alimentos nos mercados”, revela a pesquisa, sublinhando existir uma maior insegurança alimentar, com maior incidência nos PA, que constituem o maior tecido social e económico do país.

 

Os dados foram divulgados na passada segunda-feira, 6 de Março de 2023, em mais um número do Destaque Rural (210), uma das principais publicações daquela organização da sociedade civil. A avaliação, sublinhe-se, foi publicada num momento em que o país discute os dados partilhados semana finda pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, segundo os quais, 90% da população moçambicana tem acesso a três refeições por dia. A informação gerou uma onda de críticas ao responsável pela implementação do principal projecto agrícola do Governo de Filipe Nyusi. O estudo foi realizado no âmbito do projecto “Avaliação Intercalar do Programa Sustenta”, em curso no OMR.

 

Tal como noutros projectos agrícolas e/ou sociais desenvolvidos em Moçambique, refere o estudo, o Projecto SUSTENTA nem sempre cumpriu os critérios pré-definidos para selecção dos beneficiários, sendo que grande percentagem deles são membros do partido Frelimo; agentes do Estado local; e agricultores com influência política e social. Diz ainda haver pouca coordenação sectorial central e provincial entre instituições públicas e projectos com implementação local, devido à centralização e verticalização dos processos, o que pode “provocar entropias, conflitos institucionais e outros”.

 

Segundo a pesquisa, o SUSTENTA apresenta igualmente relações não contratualizadas e porosas entre PACE e PA; bastantes desistências de PACE e PA por não cumprimento de compromissos de empréstimos e outros; e que os PACE pouco realizam algumas das funções junto dos PA (extensão, mecanização, assistência técnica e comercialização/acesso aos mercados pelos PA).

 

O não cumprimento dos contratos, alertam os pesquisadores, pode levar à redução e/ou ao fim do financiamento administrativo desses recursos, a ruptura do acesso aos insumos, equipamento e crédito por parte do Banco Mundial, o principal parceiro financeiro do projecto.

 

A eventual descontinuidade dos recursos financeiros poderá provocar, como noutros projectos, alterações nos possíveis ganhos produtivos, de produtividade, no rendimento dos produtores e na segurança alimentar (sobretudo devido ao aumento do rendimento monetário e aquisição de alimentos no mercado), reduzindo a segurança alimentar”, defendem os pesquisadores.

 

“A não-criação de mecanismos económicos e de mercado que garantam a reprodução autossustentada dos objectivos do Programa e que correspondam às lógicas reprodutivas dos agricultores pode gerar a insustentabilidade do desenvolvimento agrário, seja do suposto modelo out grower como de outros”, acrescenta.

 

Fraca articulação e preparação técnica dos extensionistas “mina” o projecto

 

O estudo ataca, igualmente, a componente de extensão agrária, demasiadamente publicitada e defendida pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia. A pesquisa revela haver pouca articulação entre os extensionistas ligados aos Serviços Distritais das Actividades Económicas e os afectos às iniciativas privadas.

 

“Fraca preparação técnica para o exercício de algumas funções atribuídas de apoio aos PACE, como contabilidade e plano do negócio, assistência/auxílio na gestão da produção (por exemplo, em casos de surgimento de doenças e pragas, tendo estes apenas a função de informar a entidade de coordenação). Não estão definidas funções de extensão agrária”, considera.

 

O OMR revela ainda ter constatado a inexistência de novas cadeias de valor estruturadas nos locais estudados (distritos de Mocuba, Ile, Gilé, Alto Molócuè e Gurué, na província da Zambézia; e Ribaué, Malema, Lalaua e Mecubúri, na província de Nampula), persistindo a soja (cadeia avícola), o feijão bóer e o gergelim (primeira transformação para rentabilizar a exportação).

 

Em relação à concepção de linhas de crédito com juros bonificados, a pesquisa refere que a maioria dos PA obteve crédito por intermédio dos PACE, geralmente em kits de insumos e equipamentos. “Não houve crédito para fundo de maneio e abertura de campos agrícolas”, afirma, referindo que as sementes fornecidas aos produtores foram de baixa qualidade e, muitas vezes, sem poder germinativo e não adaptadas aos solos.

 

Descentralização, profissionalização e despartidarização cruciais para o sucesso do SUSTENTA

O estudo conduzido pelos economistas João Mosca e Yara Nova e pelo especialista em Desenvolvimento Rural Nelson Capaina não indica apenas os problemas, mas também as possíveis soluções para tornar o SUSTENTA num sucesso, tal como almeja o Governo.

 

Entre as soluções, os pesquisadores sugerem a descentralização financeira, técnica e de poderes de decisão, no quadro do princípio da subsidiariedade; e a profissionalização e despartidarização das instituições envolvidas no projecto.

 

Refira-se que é objectivo do Chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, atingir “Fome Zero” no país até ao fim do seu mandato e, para tal, conta com o Projecto SUSTENTA, um projecto financiado pelo Banco Mundial. Na sua primeira fase, era avaliado em 16 mil milhões de Meticais. (A. Maolela)

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou ontem a disponibilização de apoios para o país enfrentar a atual situação de cheias e emergências, durante uma comunicação à nação.

 

O Governo decidiu colocar no "mecanismo existente para mitigação e gestão de riscos de desastres um total de 260 milhões de meticais [3,8 milhões de euros] correspondente a 80% da verba programada no Plano Económico e Social e Orçamento de Estado de 2023", referiu, durante uma comunicação à nação, após uma reunião do Conselho de Ministros.

 

Por outro lado, "no quadro da colaboração com o Banco Mundial, foram desembolsados 306,5 milhões de meticais [4,4 milhões de euros], assegurando-se assim que o Instituto Nacional de Gestão de Desastres [INGD] possa dispor de fundos para atender a situações de emergência", anunciou.

 

"Aqui queremos agradecer aos nossos parceiros do Banco Mundial", frisou Filipe Nyusi.

 

O Presidente moçambicano anunciou ainda a alocação de "um fundo adicional de 10 milhões de dólares [9,3 milhões de euros] pelo governo para responder às necessidades imediatas de reconstrução no pós-emergência".

 

A região sul de Moçambique enfrenta desde dia 07 de fevereiro uma situação de chuva intensa e cheias que já provocou a morte de nove pessoas e inundou 7.600 casas, provocando prejuízos a um total de 39.225 pessoas, segundo dados do INGD.

 

Cerca de 15.000 pessoas estão a ser acolhidas em 13 centros de acomodação ativos.

 

Há ainda danos em estradas, pontes, centros de saúde e em várias escolas, deixando sem aulas milhares de alunos.

 

Durante a comunicação à nação, Filipe Nyusi referiu que além da situação no sul, há subida de caudais noutras bacias hidrográficas do país e há também outras emergências, como por exemplo a propagação da cólera, entre as doenças de origem hídrica.

 

Desde outubro, a época das chuvas já matou 83 pessoas, segundo o balanço preliminar do INGD, incluindo outros eventos associados a este período como ventos fortes, raios, queimadas descontroladas e incêndios, afetando 63.485 pessoas.

 

O Governo decidiu criar uma equipa de trabalho para "acompanhar a situação no terreno e reportar periodicamente ao Conselho de Ministros", disse Filipe Nyusi.

 

Foram ainda anunciadas medidas que visam facilitar a vida a pessoas afetadas pelas inundações, como seja na emissão de documentos perdidos ou com descontos em transportes.

 

Moçambique está em plena estação das chuvas, que decorre de outubro a abril, e que está a ser especialmente severa, com uma acumulação de 370 milímetros de chuva na região de Maputo só na última semana, quase o triplo da média esperada para cada mês de fevereiro.(Lusa)

Transportadores moçambicanos que fazem o trajeto Maputo-Durban estão a recorrer a uma via alternativa “muito mais cara” para chegar ao seu destino face a ataques contra viaturas na África do Sul, disseram hoje à Lusa.

 

“Estamos a usar Essuatíni [antiga Suazilândia] como via alternativa para chegar a Durban, mas não é uma via eficiente, é muito mais cara”, afirmou Francisco Mandlate, secretário-geral da Associação Moçambique, África do Sul e Associados, que congrega transportadores, em declarações à Lusa.

 

Em causa estão episódios registados nas últimas semanas em que pelo menos seis veículos moçambicanos, incluindo um autocarro e um camião, foram queimados por assaltantes na estrada R22, entre Hluhluwe e Mbazwane, na província sul-africana de KwaZulu-Natal.

 

O troço fica a cerca de 90 quilómetros da fronteira e faz parte da ligação usada por vários transportadores entre Maputo e Durban.

 

Segundo a associação, a via alternativa é muito mais onerosa e “burocrática”, implicando que os veículos moçambicanos percorram 123 quilómetros a mais para chegar a Durban.

 

A via da Ponta de Ouro, “era muito mais eficiente”, disse.

 

Além disso, por Essuatíni, “as pessoas são obrigadas a atravessar muitas fronteiras”.

 

“São mais carimbos nas páginas dos passaportes”, declarou Francisco Mandlate, em alusão aos procedimentos para entrada e saída entre os três países, incluindo algumas taxas aplicadas na fronteira.

 

Os transportadores moçambicanos queixam-se ainda de falta de passageiros desde os ataques.

 

“O número de passageiros reduziu. Os nossos carros estão a sair daqui sem passageiros e o nosso negócio está a falir”, alertou Francisco Mandlate.

 

A Associação Moçambique, África do Sul e Associados lembrou ainda que este não é o primeiro episódio em que estrangeiros, incluindo moçambicanos, são impedidos de trabalhar na África do Sul.

 

Exigem, por isso, que as autoridades sul-africanas apliquem medidas para travar episódios que culminam em violência.

 

“Aquele país nunca resolveu definitivamente este tipo de problemas. É um país irmão e que na história com Moçambique sempre estabeleceu a ideia de ajuda mútua”, só que os moçambicanos têm sido “vítimas”, sem nunca fazer “retaliações”, concluiu Francisco Mandlate.

 

Os ataques registados nas últimas semanas surgiram depois de comunidades locais de KwaZulu-Natal se queixarem de vários roubos de veículos alegadamente contrabandeados para Moçambique e que têm passado impunes.

 

Devido à sua estabilidade económica, a nível regional, a África do Sul, a terra do rand (moeda sul-africana), é um dos países que mais recebe imigrantes de várias regiões africanas, mas principalmente dos Estados vizinhos, incluindo Moçambique.

 

A África do Sul, a maior economia da região, acolhe mais de dois milhões de moçambicanos que trabalham nas minas, campos agrícolas e comércio informal, segundo os mais recentes dados avançados pelas autoridades.(Lusa)

 A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, considerou ontem “uma incógnita” o encerramento da última base do partido, no âmbito dos acordos de paz.

 

“Isto começa a ser uma incógnita: estão a assassinar os nossos desmobilizados”, disse José Manteigas, porta-voz do partido, durante uma conferência de imprensa em Maputo, na qual denunciou o alegado assassinato de um delegado e desmobilizado no centro do país.

 

José Manteigas disse que a morte cria “um ambiente de desconfiança” referindo que o partido não pode prever, neste momento, datas para o encerramento da base.

 

“Há questões que não estão a ser acauteladas no âmbito do acordo”, acrescentou o porta-voz.

 

Em causa está o adiamento, em dezembro, do encerramento da base central do braço armado da Renamo na serra da Gorongosa, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) previsto no acordo de paz assinado com o Governo da Frente de LIbertação de Moçambique (Frelimo) em 2019.

 

Entre as reclamações do principal partido de oposição destacam-se os atrasos nas pensões que deviam ser pagas aos guerrilheiros desmobilizados, um problema para o qual o enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas a Moçambique e presidente do grupo de contacto nas negociações, Mirko Manzoni, tinha alertado.

 

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi disse na quinta-feira que o seu executivo procura estabelecer um consenso para o encerramento da última base da Renamo, referindo que a intenção é garantir que as pensões para os desmobilizados sejam sustentáveis.

 

“Em todas as sociedades e nações, quem tem direito a pensões é quem trabalhou e teve descontos. Este não é o caso, mas para o sucesso deste processo estamos a envidar esforços para que eles tenham pensões”, explicou o chefe de Estado moçambicano.

 

O processo de DDR faz parte do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado em 06 de agosto de 2019 entre o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade.

 

O entendimento foi o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a principal força da oposição, todos assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes.

 

No âmbito do acordo, do total de 5.221 elementos a abranger, cerca de 4.700 (90%) já entregaram as armas, sendo que alguns foram incorporados nas Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.(Lusa)

Os EUA estão a  gastar US$ 2 trilhões em novo “acordo verde”, fazendo tudo o que o FMI diz que não é permitido em Moçambique. Isso mostra que o verdadeiro objetivo do FMI é a recolonização, não o desenvolvimento.

 

Nos últimos dois anos, o Congresso dos EUA disponibilizou US$ 2 trilhões para remodelar a economia. A ideia é que, com a acção do governo, os Estados Unidos possam se reindustrializar, reforçar a segurança nacional, reviver lugares deixados para trás e reduzir drasticamente as emissões de carbono ao mesmo tempo", escreve o Economist (2 de fevereiro de 2023).

 

Isto viola quase tudo no livro de regras de austeridade do FMI que Moçambique deve seguir. Inclui enormes gastos do governo direcionados para apoiar a indústria verde, com uma importante componente de pesquisa.

 

O novo “acordo verde” segue-se a duas outras grandes intervenções do governo dos EUA para construir o país. Primeiro, o New Deal da década de 1930, que tirou parcialmente os EUA da Grande Depressão, com grandes projetos de infraestrutura, como estradas e eletrificação, e criação massiva de empregos. 

 

As décadas de 1950, 1960 e 1970 viram enormes subsídios para pesquisa e desenvolvimento, por exemplo, da internet. Havia enormes subsídios para a construção de uma classe média. A social-democracia na Europa teve um sucesso semelhante. E foi a era da descolonização e do início do desenvolvimento, com ênfase no processamento local de recursos locais em vez da exportação de matérias-primas.

 

A mineração de grafite em Moçambique mostra como funciona o novo sistema. O grafite é essencial para o ânodo das baterias de íon de lítio e para aumentar a demanda por carros elétricos e outros sistemas de combustível não fóssil. Os ânodos não são complicados e podem ser fabricados em Moçambique, como o eram há 50 anos, quando a política apoiava o processamento local. Este é exatamente o tipo de indústria verde que Moçambique precisa. 

 

Mas agora o proprietário da mina Syrah recebeu um subsídio de $ 220 milhões para construir a fábrica de ânodo em Louisiana, um dos estados mais pobres dos EUA, para criar 221 empregos nos EUA com grafite de Moçambique. Claro que isso vai contra as regras do FMI, então Moçambique não teria permissão para fazer a mesma coisa.

 

Mais uma vez, Moçambique é pressionado pelo FMI e pelo Banco Mundial a regressar à era colonial de exportação de matérias-primas e pagamento de baixos salários - e não fazendo as coisas que os EUA estão a fazer agora e fizeram com sucesso nos anos 30 e 1950-80. Isso parece recolonização. (JH)

Moçambique subiu cinco lugares, para o 142.º, no Índice de Perceção da Corrupção, alcançando 26 pontos numa escala que vai dos zero aos 100, segundo um relatório ontem divulgado, que alerta para falta de liderança nas forças.

 

A edição deste ano do Índice de Perceção da Corrupção (CPI, na sigla em inglês), elaborado pela organização não-governamental (ONG) Transparência Internacional, salienta que em Moçambique, à semelhança de outros países da África Subsaariana, as forças armadas são mal dirigidas.

 

“A falta de uma boa liderança condiciona a forma de lidar com os desafios de segurança e a sua vulnerabilidade à corrupção prejudica as respostas do Estado”, sustenta a ONG.

 

A tendência de Moçambique nos últimos cinco anos traduziu-se numa subida de três pontos mas considerando os últimos 10 anos perdeu cinco.

 

O CPI foi criado pela Transparência Internacional em 1995 e é, desde então, uma referência na análise do fenómeno da corrupção, a partir da perceção de especialistas e executivos de negócios sobre os níveis de corrupção no setor público.

 

Trata-se de um índice composto, ou seja, resulta da combinação de fontes de análise de corrupção desenvolvidas por outras organizações independentes, e classifica de 0 (percecionado como muito corrupto) a 100 pontos (muito transparente) 180 países e territórios.

 

Em 2012, a organização reviu a metodologia usada para construir o índice, de forma a permitir a comparação das pontuações de um ano para o seguinte.(Lusa)

A moçambicana Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) esclareceu à Lusa que o crédito de 225 milhões de euros de que dispõe para investimentos só será utilizado se necessário e no âmbito de boas práticas de gestão.

 

Os valores “poderão ser desembolsados se a empresa precisar e julgar necessário durante a implementação do Capex Vital”, pacote de projetos de modernização.

 

A HCB “tem capacidade para se autofinanciar e realizar os investimentos, todavia, o recurso à combinação de capitais próprios e capitais alheios é recomendável e é uma boa prática de gestão”, acrescentou.

 

Pode haver vantagens em criar reservas com os capitais próprios “que podem ser usadas para alavancar a expansão da matriz energética através da participação na construção de mais centrais de produção de energia limpa”, exemplificou.

 

Os esclarecimentos surgem depois de o Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), ONG moçambicana, ter pedido ao Estado que dê informações sobre o “endividamento de 247 milhões de euros” da HCB e sobre como vão “afetar a situação financeira da empresa, os rendimentos do Estado e dos moçambicanos na qualidade de acionistas".

 

A empresa esclareceu que se trata de 225 milhões de euros de crédito que poderá ou não ser utilizado, disponibilizado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), e de 22 milhões de euros doados pela União Europeia (UE).

 

Os créditos mobilizados surgem como “segurança ou ‘backup’ e assentam na boa saúde financeira do empreendimento, pois inspira confiança às instituições financeiras que se aproximaram da HCB para conceder facilidades de crédito”, indicou em resposta a questões colocada pela Lusa. 

 

“Os níveis de conformidade e diligência tanto do BAD como da AFD só permitem o financiamento a entidades que cumprem um conjunto de requisitos aceitáveis, sendo um dos quais a robustez financeira e a capacidade de gerar receitas para fazer o serviço da dívida”, destacou a HCB.

 

A empresa dá como exemplo um empréstimo de cerca de 700 milhões de dólares (643 milhões de euros) que suportou a reversão da hidroelétrica de Portugal para o Estado moçambicano, em 27 de novembro de 2007, e que foi pago “na totalidade e com muita antecedência”.

 

Face ao pedido do CDD, de divulgação dos acordos de financiamento, a HCB explica que há “cláusulas de confidencialidade”, habituais neste tipo de documentos empresariais, remetendo a justificação dos investimentos para as declarações que o presidente da empresa tem feito.

 

“A terceira fase da reabilitação da subestação do Songo e a segunda fase de reabilitação da central hidroelétrica sul irão melhorar os níveis de performance e estender a vida útil” para mais de 25 anos, incrementando os 2075 MW de produção em mais 5%, anunciou Boavida Muhambe.

 

O CDD questionou ainda o ‘timing’ político das verbas anunciadas para a HCB, enquanto empresa detida maioritariamente pelo Estado, no início de um ciclo eleitoral.

 

A hidroelétrica responde que “as decisões de gestão observam estritamente as normas da governação corporativa” de forma “transparente, responsável e criteriosa” seguindo o Código Comercial, o contrato de concessão e as melhores práticas internacionais.

 

“A HCB tem com o Estado moçambicano um contrato de concessão ao abrigo do qual paga pontualmente uma taxa de concessão de 10% das receitas ao tesouro”, concluiu. (Lusa)

segunda-feira, 30 janeiro 2023 06:53

TotalEnergies de regresso a Cabo Delgado

A TotalEnergies deverá retomar integralmente suas operações em Afungi, Palma, Cabo Delgado. Apuramos que a TotalEnergies vai exigir a formação de uma força exclusiva de proteção, composta pelos vários actores militares que actuam no terreno. A TotalEnergies vai também forçar que Governo aceite incorporar o orçamento dessa força nos custos recuperáveis do investimento no gás de Palma, na Área 1. Ou seja, parte da receita do gás servirá para devolver aos investidores por causa dos seus gastos em matéria de segurança. O regresso da TotalEnergies deverá acontecer o mais tardar até finais de Março. Há dias foi noticiada a contratação da empreiteira Sul africana, WHBO, para realizar os trabalhos de construção civil do empreendimento em Afungi.

De acordo com a publicação África Intelligence, o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, deverá visitar Moçambique, incluindo Cabo Delgado, dentro de dias.

A TotalEnergies, que lidera a Área 1 dos projectos de liquefação de gás natural em Cabo Delgado declarou “força maior” e abandonou o projecto na sequência da situação de insegurança na região.

Em 21 de Abril de 2021, a TotalEnergies declarou: “Tendo em consideração a evolução da situação de segurança no norte da Província de Cabo Delgado, em Moçambique, a Total confirma a retirada de Afungi de todo o pessoal do Projecto Mozambique LNG. Esta situação leva a Total, enquanto operadora do Projecto Mozambique LNG, a declarar força maior”.


A Total E&P Mozambique Area 1 Limitada, subsidiária detida integralmente pela Total SE, opera o projecto Mozambique LNG com um interesse participativo de 26,5%, juntamente com a ENH Rovuma Área Um, S.A. (15%), a Mitsui E&P Mozambique Area 1 Limited (20%), a ONGC Videsh Rovuma Limited (10%), a Beas Rovuma Energy Mozambique Limited (10%), a BPRL Ventures Mozambique B.V. (10%), e a PTTEP Mozambique Area 1 Limited (8.5%).(Carta)

Um comunicado divulgado na sede da organização em Gaberone, no Botswana, indica que os cinco países que ratificaram o Protocolo da Indústria da SADC são: Angola, Botswana, Namíbia, Seychelles e Maurícias. Para instar os Estados-Membros a ratificar o Protocolo sobre a Indústria, a SADC está neste momento a contratar um consultor que será responsável por promover os benefícios da ratificação do Protocolo.

 

A SADC recorda que, durante a reunião realizada de 14 a 16 de Agosto de 2019 em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, o Conselho de Ministros da organização aprovou o Protocolo sobre Indústria e recomendou-o à Cimeira para aprovação final e assinatura. A Cimeira endossou o Protocolo sobre a Indústria e 11 Chefes de Estado e de Governo assinaram-no em Agosto de 2019 e o passo a seguir seria a sua ratificação pelos Estados-Membros.

 

“O sucesso do Protocolo da Indústria depende do envolvimento de todos os Estados-Membros da SADC para tirar partido das economias de escala que acompanham um elevado número de Estados Membros envolvidos na execução das actividades associadas ao Protocolo. A ratificação do Protocolo é seguida pela implementaçã; e se esta implementação for feita de forma eficaz e eficiente, alguns benefícios podem ser esperados”, diz o comunicado divulgado em Gaberone.

 

Dentre esses benefícios, incluem-se o aumento na taxa de crescimento regional, maior participação do valor acrescentado da manufatura no Produto Interno Bruto geral da SADC, alta aceitação de abordagens de produção de alta tecnologia, um aumento nas exportações de manufaturados, a participação das exportações da SADC para os mercados globais, e na participação do emprego industrial e do emprego total.  

 

O desenvolvimento industrial está no centro da agenda de integração regional da SADC juntamente com a competitividade e a integração do mercado. O esforço do Plano Indicativo de Desenvolvimento Estratégico Regional (RISDP2020-2030) tem de fortalecer esta posição, garantindo que as iniciativas relacionadas com a industrialização sejam antecipadas. A Estratégia e Roteiro de Industrialização da SADC (SISR 2015-2063) também visa promover a economia da SADC e aprofundar a integração regional através da transformação estrutural.

 

Para permitir isso, os Protocolos da SADC foram concebidos para ajudar a fornecer códigos de procedimento e práticas sobre várias questões, conforme acordado pelos Estados-Membros.

 

Um protocolo é um documento juridicamente vinculativo que compromete os Estados-Membros com os objectivos e procedimentos específicos, e para que um Protocolo entre em vigor na Região da SADC, dois terços dos Estados Membros precisam de ratificá-lo, dando consentimento formal e tornando o documento oficialmente válido.

 

Após a aprovação da Estratégia e Roteiro de Industrialização da SADC e a consideração das questões de desenvolvimento industrial nos Protocolos existentes, o bloco regional considerou necessário ter um Protocolo sobre a Indústria que ajudará a aumentar o nível de desenvolvimento industrial tanto nacional como regionalmente.

 

O Protocolo sobre a Indústria funcionará como um instrumento vinculativo que vai fortalecer e dar efeito legal à Estratégia e Roteiro de Industrialização na Região da SADC. Além disso, o Protocolo dará o mandato legal ao Secretariado da SADC para coordenar e supervisionar a implementação de medidas de desenvolvimento industrial regional, incluindo a Estratégia e Roteiro de Industrialização.

 

Os principais objectivos da SADC são o desenvolvimento, a paz e a segurança e o crescimento económico, aliviar a pobreza, melhorar o padrão e a qualidade de vida dos povos da África Austral e apoiar os socialmente desfavorecidos através da integração regional, baseada em princípios democráticos e desenvolvimento equitativo e sustentável. (Carta)

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