A ExxonMobil prevê concluir o design técnico do projeto de extração de gás natural no norte de Moçambique dentro de um ano, anunciou ontem, em Nova Iorque, o vice-presidente da petrolífera norte-americana, Walter Kansteiner.
“Anunciámos a nossa FEED – Front End Engineering Design, a nossa engenharia de ponta e conceção [do projeto], e isso demora cerca de um ano. Por isso, aguardamos com expectativa os progressos em matéria de FEED nos próximos 12 ou 13 meses”, disse o vice-presidente da ExxonMobil para relações exteriores, em declarações aos jornalistas após reunir-se em Nova Iorque com o Presidente moçambicano, que terminou esta segunda-feira uma visita aos Estados Unidos.
O projeto da Exxon em Cabo Delgado - província a norte afetada há quase sete anos por ataques terroristas – previa, conforme estimativas iniciais, uma produção de 15,2 milhões de toneladas de gás por ano, mas atualmente a companhia antevê uma produção anual de 18 milhões de toneladas.
Em agosto, o Presidente moçambicano disse que a ExxonMobil prevê tomar uma decisão sobre o projeto de extração de gás natural no norte de Moçambique apenas em 2026. O chefe de Estado, que recebeu, em Maputo, em 14 de agosto, o presidente da ExxonMobil Upstream, Liam Mallon, explicou na altura que discutiu com o responsável da petrolífera norte-americana “os progressos no âmbito do projeto LNG” na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte do país.
“Centrámos as nossas discussões na fase de engenharia inicial do projeto, agora com planos para finalizar as aprovações e tomar a Decisão Final de Investimento até 2026. Apresentando avanços significativos, ficou reiterado que este projeto será uma das iniciativas menos poluentes e com todo o potencial para um futuro promissor no setor de gás natural liquefeito”, explicou Nyusi.
O diretor-geral da ExxonMobil em Moçambique, Arne Gibbs, tinha avançado, em 03 de maio, a possibilidade de a decisão sobre o investimento ser tomada no final de 2025. "Estamos otimistas, estamos a avançar, mas reconhecemos que há ainda desafios", disse o responsável, avançando então a Decisão Final de Investimento apenas para o final do próximo ano.
As declarações de Gibbs surgiram na mesma semana em que o Presidente de Moçambique disse que o financiamento não é motivo para atrasar a implementação dos megaprojetos de gás natural, liderados pela francesa TotalEnergies e pela norte-americana ExxonMobil.
“É fundamental isso [avançar com os projetos], porque não pode ser problema de decisão financeira, agora, associado à situação terrorista. Esse projeto já existia, já é antigo. Isso significa que havia clareza na sua execução. Não pode encalhar por esta razão, que se procurem outras”, criticou Filipe Nyusi, durante a 10.ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique.
Em concreto, apelou aos concessionários da Área 1, liderada pela TotalEnergies, que, perante a “gradual promissora estabilidade” na península de Afungi, distrito de Palma, Cabo Delgado, “acelerem o desenvolvimento da retoma dos projetos em terra”, e que, na Área 4, em terra liderado pela ExxonMobil, “se acelere o processo conducente à Decisão Final de Investimento, com os devidos ajustamentos ao Plano de Desenvolvimento aprovado em 2018”.
Na mesma intervenção na conferência, o chefe de Estado afirmou que a “demora” na concretização deste tipo de projetos “provoca problemas”, porque a “expectativa dos países é enorme” e “as pessoas ficam a pensar que uma parte do seu problema pode estar resolvido”.
Nas declarações anteriores, Arne Gibbs confirmou que a petrolífera deu por concluído o trabalho preliminar de engenharia e design do projeto de 18 milhões de toneladas por ano, na bacia do Rovuma, e que o grupo de engenheiros e designers iria começar o projeto "nos próximos meses".
Sobre a insurgência que parou as obras em março de 2021, Gibbs comentou: "Houve melhorias significativas na situação de segurança desde que começámos, em 2021, e sabemos que ainda há mais trabalho a ser feito".
O projeto do Rovuma LNG será "o maior projeto de gás natural liquefeito em África, e pode ser o maior projeto na história africana", acrescentou Gibbs.
Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado. (Lusa)
O canal Maningue Magic abre oportunidade para a submissão de propostas de séries dramáticas. As propostas de candidaturas devem ser submetidas através do website (link abaixo) da M-Net até ao dia 25 de Outubro de 2024.
As propostas apresentadas devem ser compostas por 13 episódios, baseadas em factos reais que aconteceram em Moçambique durante os séculos XVII – XIX. Este foi um período de mudanças significativas e conflitos, marcado pela chegada dos portugueses e as subsequentes transformações socioeconómicas e culturais nas sociedades locais.
Além da série basear-se em eventos reais, pode também incorporar elementos ficcionais para melhorar a narrativa e o desenvolvimento das personagens. A série deve mergulhar nas ricas e diversas culturas moçambicanas durante esta época, explorando as interacções entre as comunidades, o impacto do colonialismo e a resistência dos heróis locais. A narrativa deve ainda proporcionar uma perspectiva sobre uma parte da história que, muitas vezes, é negligenciada; oferecendo uma experiência envolvente e educativa aos telespectadores.
A originalidade, qualidade narrativa e viabilidade da produção, para além da adequação ao público-alvo do canal Maningue Magic são os critérios que vão concorrer para a pré-selecção dos projectos a serem submetidos. O drama deve gerar conflitos, risadas, lágrimas e criar uma conexão emocional com a audiência.
As seis (6) melhores propostas serão apresentadas ao Júri nos dias 28 e 29 de Outubro numa sessão de Pitch produzida pela Associação Amigos do Museu de Cinema Moçambique e o Kugoma com o apoio do Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) numa iniciativa Multichoice Talent Factory e do Canal Maningue Magic.
Requisitos criativos:
Explorar ideias novas e frescas focadas em nuances do mercado, a série deve ter em conta os seguintes elementos:
Requisitos de submissão:
Trata-se de um processo que visa impulsionar a indústria cinematográfica local e oferecer uma plataforma exclusiva para os produtores moçambicanos apresentarem os seus projectos. O canal Maningue Magic está comprometido em apoiar o desenvolvimento da indústria local, fornecendo uma plataforma para os produtores moçambicanos mostrarem o seu talento e criatividade.
Aplique-se aqui: https://submissions.mnetcorporate.co.za/request/s%C3%A9rie-dram%C3%A1tica-de-25-minutos_173
Prazo: até 25 de Outubro de 2024
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem agendado para hoje, em Nova Iorque, um “almoço-encontro” para, nomeadamente, analisar “os mais recentes acontecimentos político-diplomáticos nos Estados-membros” e concertar posições sobre os principais assuntos internacionais.
O encontro, que aproveita a presença em Nova Iorque dos chefes de Estado e de Governo da CPLP para participarem na Assembleia Geral da ONU, inclui ainda na sua agenda o balanço do ano da presidência são-tomense da comunidade e um ponto para “diversos”, com algumas fontes diplomáticas a admitirem que possa ser levantada a questão da assunção da presidência da organização no próximo ano pela Guiné-Bissau.
Habitualmente realiza-se, à margem da Assembleia Geral da ONU, uma reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros e Relações Exteriores da CPLP, mas, segundo as mesmas fontes, este ano, a Presidência são-tomense entendeu que seria importante haver uma cimeira informal de chefes de Estado e de Governo dos nove países.
O objetivo, disseram, é haver uma decisão definitiva sobre o local da próxima cimeira, que será no país que assumirá a presidência da organização.
Na última reunião de Chefes de Estado e de Governo, que decorreu em São Tomé e Príncipe, em agosto de 2023, quando este país assumiu a presidência, ficou decidido que seria a Guiné-Bissau o próximo Estado-membro a assumir a liderança, em 2025, por dois anos.
Mas, dada a situação política neste país, os Estados-membros deverão pronunciar-se agora sobre o local da próxima cimeira. O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento em 04 de dezembro de 2023, alegando uma grave crise política, e convocou eleições legislativas antecipadas para 24 de novembro deste ano.
Já este ano, o Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros e Relações Exteriores da CPLP confirmou o local, Guiné-Bissau, e a data de 17 de julho de 2025, para a realização da próxima cimeira. No entanto, segundo as fontes, a decisão final é da competência dos chefes de Estados e de Governo e daí a marcação desta reunião informal em Nova Iorque.
Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse à Lusa que o país estará representado na reunião pelo ministro Paulo Rangel. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reduziu a sua deslocação a Nova Iorque de quatro para dois dias, devido aos incêndios que têm afetado o país, pelo que só chegará na quarta-feira.
Segundo fontes contactadas pela Lusa, estão previstas as presenças dos Presidentes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, bem como do primeiro-ministro de Timor-Leste, devendo o Brasil enviar o seu ministro das Relações Exteriores. O Presidente moçambicano também está em Nova Iorque, mas o encontro lusófono não consta da sua agenda oficial, tal como não foi anunciado o participante da Guiné Equatorial.
Os Estados-membros da CPLP são Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. (Lusa)
As autoridades municipais de Mocímboa da Praia vão reforçar a segurança a partir da meia-noite, prevendo-se “restrições” de circulação para “manter a vigilância”, anunciou ontem a autarca local. “Não é bem um recolher obrigatório, porque circulamos, é uma restrição, uma forma de segurança para podermos manter a vigilância por causa da situação que já tivemos nos anos passados”, declarou à emissora pública moçambicana Helena Bandeira, presidente da vila de Mocímboa da Praia.
A medida visa travar “circulações estranhas noturnas” que preocupam as autoridades em Mocímboa da Praia, explicou a autarca. “Há circulações estranhas noturnas e isso deixa-nos preocupados. São motas e viaturas estranhas que circulam, sobretudo durante a madrugada”, acrescentou Helena Bandeira.
Desde o início de agosto, existem relatos de confrontos intensos nas matas do posto administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, a quase 100 quilómetros de Mocímboa da Praia, envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com referências a tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.
A vila costeira, sede do distrito, foi onde grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017. Por muito tempo, o local foi descrito como a “base” dos rebeldes. Após meses nas mãos de rebeldes, Mocímboa da Praia foi saqueada e quase todas as infraestruturas públicas e privadas foram destruídas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais.
Após os primeiros sinais de estabilização da segurança, nos últimos anos, foi também um dos pontos prioritários para recuperação de infraestruturas.
Na altura, as autoridades estimaram que cerca de 62 mil pessoas abandonaram a vila costeira devido ao conflito, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das ações rebeldes, em junho de 2020.
Mocímboa da Praia está situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural, em Afungi, Palma, liderado pela TotalEnergies. Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico. (Lusa)
O candidato presidencial Venâncio Mondlane acusa a Procuradoria-Geral da República (PGR) de ser imparcial e tendenciosa na fiscalização das irregularidades praticadas pelos partidos políticos durante a campanha eleitoral em curso, rumo às VII Eleições Gerais (Presidenciais e Legislativas) e IV Provinciais de 09 de Outubro próximo.
Em “comunicação à nação”, proferida no último sábado, nas suas plataformas digitais, Mondlane culpou o Ministério Público de ainda estar em silêncio perante as irregularidades praticadas pela Frelimo na campanha eleitoral, contrariando o empenho que tem demonstrado em sancionar os ilícitos eleitorais cometidos pelos partidos e candidatos da oposição.
Segundo Venâncio Mondlane, os membros e simpatizantes do partido no poder cometeram pelo menos 40 ilícitos eleitorais públicos nestes primeiros 30 dias da campanha eleitoral, sendo que nenhum destes casos foi alvo de uma notificação. Porém, diz Mondlane, em dois casos registados com o partido que suporta sua candidatura (PODEMOS), já houve julgamentos e condenados, em referência ao membro do PODEMOS condenado a 10 dias de prisão efectiva por rasgar bandeira da Frelimo, na Cidade de Tete, e à detenção ilegal do Delegado daquele partido, em Macanga, província de Tete.
“Condenamos com veemência esta atitude do nosso membro, no entanto, registamos mais de 40 casos de violação da lei eleitoral por parte do partido Frelimo no decurso desta campanha, sendo que não foi instaurado qualquer processo”, defende o candidato suportado pelo PODEMOS, citando, por exemplo, o caso da destruição da bandeira do MDM, na vila de Milange, província da Zambézia, por membros da Frelimo.
Por essa razão, Venâncio Mondlane garante que vai, esta segunda-feira, submeter uma denúncia à PGR sobre vários ilícitos e crimes eleitorais praticados pela Frelimo e que ainda não mereceram quaisquer notificações por parte do Ministério Público, como forma de “reavivar a memória” do titular da acção penal sobre estes casos, “de modo a dar-nos o ponto da situação”.
A parcialidade da PGR, diz Mondlane, verifica-se também na notificação emitida pela entidade dirigida por Beatriz Buchili contra o candidato por “proferir impropérios” contra o Presidente da República e a Comissão Nacional de Eleições.
Para Venâncio Mondlane, a notificação da PGR não tem qualquer fundamento legal, moral e nem ético. Trata-se, sim, de “uma notificação tendenciosa” e prova que temos uma PGR que não se baseia no cumprimento da lei e da Constituição. “Sobre as irregularidades da Frelimo ainda não mugiu e nem tugiu. Continua muda e serena”, atirou a fonte, em discurso de balanço dos 25 dias de campanha eleitoral, interrompida na quinta-feira para dar lugar a trabalhos de Gabinete.
Refira-se que, nos 25 dias de actividades de “voto”, Venâncio Mondlane escalou as províncias de Maputo, Zambézia, Niassa e Tete, faltando ainda visitar as províncias de Manica, Sofala, Gaza, Cabo Delgado, Nampula, Inhambane e Cidade de Maputo. (Carta)
Bens apreendidos pelas autoridades judiciárias, no âmbito do combate à criminalidade, e geridos pelo Gabinete de Gestão de Activos, vão a leilão no próximo dia 03 de Outubro, de acordo com o Edital publicado ontem pelo Ministério da Economia e Finanças.
De acordo com o Edital, os bens serão leiloados no edifício do Ministério da Economia e Finanças, sendo que os seus compradores terão um desconto de 30% em relação ao valor de avaliação dos mesmos. “A base de licitação do activo sujeito à venda em hasta pública é fixada em 70% do valor da avaliação do mesmo, homologado pelo Director do Gabinete de Gestão de Activos”, refere o artigo 28 do Decreto n.º 31/2023, que aprova o Regulamento de Gestão de Activos Apreendidos e Procedimentos Administrativos do Gabinete de Gestão de Activos.
Entre os bens a serem leiloados estão viaturas (ligeiras e pesadas), motorizadas, tractores, atrelados, contentores, trailers, electrodomésticos, diverso mobiliário para habitação, geradores, tanques de água transformadores de energia eléctrica, entre outros equipamentos. No entanto, não foi possível apurar se constam ou não bens arrestados no âmbito das “dívidas ocultas”.
Criado em 2020, através da Lei n.º 13/2020, de 23 de Dezembro, o Gabinete de Gestão de Activos é um órgão central do Estado que superintende a área do património do Estado, com atribuições para administrar activos e bens apreendidos ou recuperados no âmbito de processos judiciais nacionais ou de actos decorrentes da cooperação jurídica e judiciária internacional.
A entidade tem como uma das suas atribuições determinar a alienação, capitalização, venda, afectação a serviço público ou destruição dos bens à guarda ou recuperados a favor do Estado. Este será o primeiro leilão a ser realizado pela entidade desde a sua criação.
De acordo com os dados avançados pelos Informes da Procuradora-Geral da República dos anos 2020, 2021, 2022 e 2023, o Ministério Público, através do Gabinete de Recuperação de Activos, reviu um total de 3.884.144.006,42 Meticais, fruto da apreensão de móveis, imóveis e dinheiro. Dos activos recuperados, 614.932.008,85 Meticais foram apreendidos em 2020; 734.571.308,22 Meticais, em 2021; 1.149.273.163,94 Meticais, em 2022; e 1.385.367.525,41 Meticais, em 2023. Até ao momento, sublinhe-se, não se sabe quanto deste dinheiro foi recuperado do caso das “dívidas ocultas”, que lesou o país em mais de 2.2 mil milhões de USD.
Refira-se que, para além desta acção, o Gabinete de Gestão de Activos vai, no dia 23 de Outubro próximo, proceder à abertura das propostas apresentadas para o Concurso Público para selecção e contratação regionalizada de imobiliária especializada em gestão de arrendamento, controlo, guarda e conservação de imóveis apreendidos, localizados nas regiões norte, centro e sul do país. (A.M.)
O Observatório Cidadão para Saúde (OCS) constatou que a Execução Orçamental no sector da saúde baixou no primeiro semestre de 2024 (de Janeiro a Junho), tendo sido apenas de 21,3 mil milhões de meticais, de um total de 63 mil milhões de meticais alocados no Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE-2024). De acordo com a pesquisa do OCS, o grau de execução orçamental foi de apenas 34%, resultado que está muito aquém do ideal que deveria ser de 50% (equivalente a cerca de 31,5 mil milhões de meticais).
Para o OCS, a queda na execução orçamental, de 39% em 2023 para 34% em 2024, representa um decréscimo na ordem de 5% no período em análise. Assim, a situação evidencia um deficit preocupante na capacidade de absorção de recursos na área da saúde, o que reforça a necessidade urgente de revisão e fortalecimento das políticas de alocação e execução orçamental no sector.
Entretanto, o OCS diz que a capacidade de execução tem oscilado ao longo dos anos, olhando para as estatísticas mais recentes. Por exemplo, em 2020 foram executados 41% do orçamento previsto e, no ano seguinte (2021), a execução caiu para 35%. Em 2022, atingiu 45% e nos anos subsequentes (2023 e 2024) registou um declínio para 34%, uma execução abaixo da média do quinquénio de 39%.
A organização indica que estes cenários referentes ao primeiro semestre de 2024 denotam que os recursos não estão a ser utilizados de forma eficiente, ou seja, não estão a gerar resultados esperados em termos de cobertura e qualidade dos serviços de saúde para o período previsto.
Nestes termos, o OCS considera que os números indicados neste estudo são alarmantes e indicam uma falha significativa na capacidade do sector da saúde em absorver e utilizar os recursos disponíveis.
“É essencial que medidas imediatas sejam tomadas para melhorar a gestão e execução orçamental, garantindo que os recursos alocados ao sector de saúde sejam plenamente utilizados para atender às necessidades da população e fortalecer os serviços de saúde no país”, refere o documento. (Carta)
HCB adequa a produção energética à disponibilidade hídrica A medida não afecta o alcance da produção anual planeada.
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) S.A., uma das maiores produtoras independentes de energia da região Austral de África, em face da contínua seca severa, influenciada pela ocorrência do fenómeno El Niño, que assola a região da África Austral, está a implementar, desde Julho último, um conjunto de medidas de gestão da exploração do empreendimento que asseguram um potencial alcance da produção planeada para o presente ano, compensada pela superação das metas do primeiro semestre. As medidas, implementadas com base científica e de acordo com os dados técnicos à disposição, visam salvaguardar a segurança hidráulico-operacional da Barragem e infraestruturas conexas, bem como o cumprimento dos compromissos comerciais assumidos e a garantia da disponibilidade de água para a produção nos próximos anos.
A região da África Austral, em geral, continua a registar uma das piores secas dos últimos trinta anos, como resultado do registo de precipitação Abaixo do Normal, no presente ano hidrológico 2023/24. É assim que a HCB está a proceder ao ajustamento das operações em Cahora Bassa, tendo sempre presente a sustentabilidade do empreendimento, balanceando a necessidade de preservar o armazenamento de água com a geração hidroeléctrica, e a recolher e sistematizar toda a informação relevante, quer a hidro-climatológica da bacia do Zambeze, quer a informação sobre a gestão das barragens de montante, no concernente aos planos de geração que, devidamente tratados e cientificamente analisados, possibilitarão a estimativa da quantidade de água que se espera receber na albufeira de Cahora Bassa.
No final da primeira quinzena de Setembro, a cota da Albufeira estava fixada em 312,87 metros, correspondente a 44,1% da sua capacidade útil, situação mais confortável comparativamente às barragens de montante, que se encontram com armazenamentos muito mais baixos, e a implementar um dos mais severos regimes de restrições na produção de energia, facto que afecta negativamente a liberação de água para jusante. Todavia, as previsões climáticas sazonais da SARCOF – 29 (Southern Africa Regional Climate Outlook Forum - 29), indicam, com elevadas probabilidades, a ocorrência de chuvas normais com tendência para acima do normal sobre a Bacia do Zambeze, durante a estação chuvosa 2024/25, favorecida pelo fenómeno La Niña, pelo que há grandes possibilidades de recuperação razoável do armazenamento de Cahora Bassa durante o ano 2025, o que poderá permitir, gradualmente, o alcance de uma produção hidro-energética satisfatória nos anos subsequentes.
Porque a produção energética da HCB é deveras importante e indispensável para a estabilidade energética do país e da região, a empresa continuará a tomar todas as medidas necessárias relevantes e a acompanhar as previsões meteorológicas de longo prazo, a evolução da situação hidro-climatológica da bacia do Zambeze e as actualizações dos planos de exploração das barragens de montante, de modo a permitir que, em tempo útil, possa proceder ajustamentos operacionais indispensáveis.
“Em Marracuene choram, choram pelo Dilon, mas Dilon vai embora, vão se cuidar”. Esta é a tradução livre que se pode fazer de uma das obras mais famosas de Dilon Djindji, um dos ícones da marrabenta, falecido esta quarta-feira, em Maputo, vítima de doença.
Intitulada “Marracuene”, a música aborda um sentimento de nostalgia pela partida do King da Marrabenta, tal como foi tratado pelo falecido Fany Mpfumo, um dos seus maiores “rivais”, em uma das suas letras (King Ya Marrabenta).
Considerado o maior percursor de um dos ritmos musicais populares do país, Dilon, como sempre foi carinhosamente tratado, perdeu a vida na madrugada de ontem no leito do Hospital Central de Maputo, após travar uma longa batalha contra a tuberculose.
Filho e habitante de Marracuene, durante os seus 97 anos de vida, Dilon foi visto pela última vez, em público, no dia 14 de Agosto, durante a sua homenagem, organizada pelo Conselho Municipal da Vila de Marracuene, por ocasião do seu 97° aniversário natalício.
O evento, que juntou perto de uma centena de pessoas, entre músicos, políticos e fãs do artista, foi marcado também pela inauguração de uma rua com seu nome. Na altura, já visivelmente debilitado, Dilon locomovia-se de uma cadeira de rodas e não chegou a pronunciar quaisquer palavras, tendo apenas se limitado a acenar para os presentes.
Refira-se que para além da recente homenagem, protagonizada pela Autarquia de Marracuene, Dilon Djindji também foi condecorado com uma “Medalha de Mérito de Artes e Letras”, atribuída pelo Governo. Igualmente, participou em um filme, intitulado “Marrabentando – As Histórias que a Minha Guitarra Canta”, produzido por Karen Boswell, e viu ser lançada um livro, narrando a sua vida e obra.
Em mensagem publicada na sua página do Facebook, o Presidente da República afirma que “Dilon fez muito por este país” e que “nós continuaremos a honrar o seu legado”. “Neste momento de consternação, quero, em nome do Governo, de todos os moçambicanos e em meu próprio, manifestar a nossa solidariedade à família enlutada”, acrescenta Filipe Nyusi.
As cerimónias fúnebres do King da Marrabenta, vencedor do “Ngoma Moçambique”, o maior e mais antigo concurso musical do país, realizam-se neste sábado, na vila de Marracuene, província de Maputo. (Carta)
As salas de aula da Escola Primária Completa (EPC) da Ponta do Ouro, localizada no distrito de Matutuíne, na província de Maputo, comportam uma média de 80 a 90 alunos por turma. A situação resulta da transferência dos alunos da Escola Comunitária Graça Machel, uma instituição do ensino secundário, encerrada no início do ano por falta de condições.
A medida fez com que mais de 700 alunos provenientes da escola comunitária ora encerrada fossem acolhidos na EPC, ocupando cinco das 11 salas disponíveis. Outros tiveram que ser distribuídos em salas de aula de material convencional, construídas pela população para acomodar os seus educandos.
Entretanto, alguns professores que continuam a leccionar naquele estabelecimento de ensino sentem-se agastados com a superlotação, pois, três a quatro alunos são acomodados na mesma carteira, anteriormente destinada a dois, tornando a gestão das turmas de forma eficaz um desafio para os professores.
O representante dos professores relatou à “Carta”, sob anonimato, que as salas de aula da EPC da Ponta do Ouro têm, em média, 4 a 6 metros de dimensão, um espaço adequado para apenas 15 a 20 alunos por turma, mas actualmente comportam quase 90 alunos.
A fonte contou ainda que boa parte dos professores que estavam afectos à escola Comunitária Graça Machel acabaram por pedir transferência para outros estabelecimentos de ensino, devido às precárias condições de trabalho.
Outra reclamação dos professores prende-se com a falta de promoção na carreira. Maior parte continua a receber salários como professores do ensino primário, embora tenham concluído a formação universitária em 2017 e estejam a dar aulas no ensino secundário. "Temos casos de alguns professores que deveriam leccionar apenas no ensino primário, mas são obrigados a assistir turmas do ensino secundário, sem receber uma remuneração justa", explicou.
Por outro lado, os professores também se queixam da falta de habitação digna e, como solução, recorrem a residências disponibilizadas pela comunidade. "Estamos agastados, passamos por muitas dificuldades. Já pedimos socorro várias vezes aos Serviços Distritais da Educação e submetemos cartas ao Ministério da Educação, mas a nossa situação não muda. Continuamos a trabalhar em condições desumanas, o que pode afectar negativamente a qualidade do ensino oferecido aos alunos", disse um professor.
"Após o encerramento da Escola Secundária Graça Machel, muitos pais e encarregados de educação optaram por enviar os seus filhos para estudar na cidade de Maputo, onde vivem em casas de familiares, a fim de evitar as salas de aula superlotadas", concluiu.
Reagindo às inquietações apresentadas, a Directora dos Serviços Distritais de Educação em Matutuíne, Beatriz Mangue, avançou que neste momento a Escola Comunitária Graça Machel está a organizar-se para a sua reabertura, segundo orientações do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano.
“Há dias, a escola recebeu uma equipa da Direcção Provincial da Educação que foi monitorar o nível de execução das actividades previstas para a sua reabertura e constatou que a mesma deu um passo bastante significativo, o que vai permitir o descongestionamento da EPC da Ponta do Ouro”, explicou.
Mangue disse ainda que as crianças transferidas para a EPC da Ponta do Ouro estão sujeitas a turmas superlotadas por não haver outra opção. “As crianças estão lá, as turmas estão superlotadas e nós não temos outra alternativa. Enquanto não encontrarmos outra solução, vamos gerindo este cenário”, referiu. (Marta Afonso)