Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

Juma Aiuba

Juma Aiuba

sexta-feira, 26 junho 2020 07:21

Somos independentes assintomáticos*

Nessa pandemia chamada independência há os que não manifestam aqueles sintomas tradicionais esperados. Aqueles que não expressam características que levam a crer que são portadores dessa enfermidade. Indivíduos cujos signos patológicos da relação entre o significado e o significante da independência são arbitrários. E segundo o diagnóstico epidemiológico realizado ontem, 25 de Nyusi de 2020, os independentes assintomáticos rondam nos 99 por cento.

 

Por mera coincidência, são os mesmos assintomáticos que também não desenvolvem sintomatologias da pandemia de Cahora-Bassa. Indivíduos que não sentem aquelas febres próprias de quem é dono de uma das maiores hidroeléctricas da África. São proprietários assintomáticos da Cahora-Bassa. Existem também os patrões assintomáticos - gajos que não têm sintomas de ser patrões do Presidente Nyusi. São compatriotas nossos que, quando você olha para eles, não parecem ter um empregado que anda numa Mercedes preta, escoltado, com direito a sirene e ambulância. Ya, mas são patrões! Você encontra os gajos empinhados nos "mai-love" tipo são gajos quaisquer, mas nada... são "alguéns". É apenas a ausência de sintomas de patrono.

 

Dizia, somos muitos os independentes assintomáticos. Deve ser da extrema exposição à fome, à miséria, à pobreza, ao chamboco, aos campos de reeducação, ao espancamento na circular, aos esquadrões da morte, ao Gê-40, etecetera, que não desenvolvemos esses sintomas. Mas, em parte, isso é muito bom. Pelo menos estamos aqui a cumprir com o estado de emergência da independência nas nossas casas à nossa maneira. Pelo menos não estamos naquela lista codificada de sintomáticos de estimação que está na posse da dona Rosa Marlene da Pê-Gê-Ere cujo relatório de rastreio infecto-contagioso foi feito pela Ó-Eme-Esse da Kroll. Pelo menos não estamos em quarentena na Bê-Ó. É que desde 1975 que iniciou a transmissão comunitária da pandemia da independência, a lista de indivíduos em reclusão devido a sintomatologias graves da independência económica e social tem estado a subir. Até embaixadoras tiveram que regressar ao solo pátrio para cumprir com o isolamento. Mas, também, nessas coisas de pandemias e não-pandemias nunca faltam os casos diagnosticados na diáspora, tal é o caso de Chopstick; e os casos de indivíduos diagnosticados e com sintomatologia alta, mas que não querem ficar em quarentena, malta Newman. Gajos teimosos. Há quem diga que o primeiro caso foi do Mandinho, mas assim como Comiche, Mandinho foi curado sem nunca ter recebido os resultados dos testes e nem a confirmação do seu tratamento.

 

Mas é mesmo assim. É a vida! Por falar em vida, há famílias cuja sintomatologia da independência é muito elevada e bastante grave. São famílias onde pai, mãe, filha, genro, sobrinho, neto, bisneto, todos, estão contaminados com o vírus da independência e com sintomas de bem-estar muito graves. São pessoas que não cumprem com as medidas de prevenção. São muito descuidados. Apanham independência na rua e levam para casa, transmitem para toda a família e nem dizem a ninguém de fora. Quando se descobre, já é tarde... a febre independentista já atingiu a família toda. Não há maneira... quando é assim é só olhar até onde a sua independência vai-lhes levar.

 

Então, é isso, irmãos! Nosoutros somos independentes assintomáticos. E isso é bom! Nada de rebeldia! Então, vamos mudar de assunto! Vamos falar desse outro assintomático do Omardine Omar que foi levado à força pela famigerada Mahindra por incumprimento do estado de emergência da independência total e completa de Moçambique em vigor há quatro décadas e meia. 

 

- Co'licença!

 

* Título "roubado" do Facebook com a devida vénia.

quarta-feira, 24 junho 2020 08:06

Sobre o asfalto do tio Vahanle

Se o asfalto do tio Vahanle está ou não fora do prazo, eu não sei. Se é o asfalto ou ele próprio que está deteriorado, eu também não quero saber. Se, cientificamente, alcatrão apodrece ou não, também é outro debate. O que posso dizer agora é que tio Vahanle está a tapar os buracos da urbe com um composto escuro viscoso, misturado com sarrisca aquecida em combustão de troncos de madeira... e as estradas estão a ficar mais ou menos circuláveis.

 

Se tivermos todas as estradas da urbe assim durante uns quatro anos, iremos respirar de alívio. Acredito que depois desta empreitada tio Vahanle vai pegar as estradas de pavê e as de terra batida que estão igualmente uma lástima. Depois será a vez do lixo e dos jardins. A machadada final será com os vendedores e mercados informais que vão nascendo às catadupas no pulmão da cidade. Como, por exemplo, aquele mercado Estrela Vermelha de mariscos que nasceu ali em frente ao restaurante Sporting.

 

Na verdade, isso é um "woooooo" a todos vocês que diziam que tio Vahanle só iria acordar em 2023 para fazer campanha eleitoral. É um "Kê-Ó" para vocês que chamavam tio Vahanle de dorminhoco. Estamos a subir com tio Vahanle nós! Até Dezembro vocês vão ver como vai ficar a cidade. Ahhh porque antigamente, ahhh porque val'apena Tocova, ahhh porque what what. Agora vão ver! Quero vos olhar bem nos olhos quando Nampula começar a brilhar de novo. 

 

Seus fala baratos!!! Quer dizer, um gajo já nem pode descansar um pouco que já começam a dizer que é dorminhoco. Ahhh porque Vahanle é incompetente, ahhh porque até peido dele não cheira, ahhh porque aquele só respira, ahhh porque asfalto dele está fora do prazo... mas é assim mesmo?! Quem está fora do prazo são essas vossas bocas afiadas! Esse alcatrão só vai ficar podre hoje que tio Vahanle comprou?! Mas vocês são assim "pur-kâ-de-kê"? 

 

Estamos a subir com tio Vahanle. Não sei quantos degraus mais vamos subir, mas estamos a tentar subir. Tio Vahanle já acordou. Acordou, sim! Uns vão dizer que só acordou para mijar. Outros, é sonambulismo isso aí! Epah, tanto faz... todo o tipo de acordar val'apena. 

 

Mando cinco vezes "inglês de Doppaz" para vocês que mandam indirectas para o meu cota!

 

- Co'licença!

segunda-feira, 22 junho 2020 09:34

António Muchanga: o nosso paspalho de estimação

Os últimos programas do "Pontos de Vista" que vi foi nos tempos de malta Salema e Tomás Vieira Mário. Depois que se transformou aquele programa numa miniatura do parlamento perdeu interesse para mim. Mas isto não retira a importância do programa para o debate público, muito menos a qualidade dos comentadores e do apresentador e o respeito aos telespectadores. 

 

Por isso, como comentador residente, apresentar-se àquele espaço televisivo com álcool nos cornos é simplesmente um insulto à televisão que é patrona do programa, ao jornalista que apresenta o programa, aos colegas do painel e aos telespectadores que se interessam pelo programa. Mais do que isso, configura um "facki-yu" ao partido que o indicou e a todos os membros desse partido - da base ao topo. Mas, o mais triste, é um autêntico "futseke" ao seu próprio presidente do partido que, certamente, reserva o seu nobre tempo para ver o programa aos finais de cada domingo. 

 

Podemos brincar com a coisa, podemos fazer troça, podemos fazer memes, podemos fazer piadas, mas o facto é que António Muchanga insultou-nos a todos, como povo, como país e como nação. Um gajo acabadinho de ser re-desintegrado que daqui a mais quatro anos devemo-lo re-reintegrar com os nossos impostos de novo - mais uma vez - outra vez por ter-nos insultado publicamente. 

 

Pelo que, esse Muchanga é um problema nosso. Parimos o Muchanga de parto normal com os nossos votos, alimentamo-lo com os nossos impostos e mimamo-lo com os nossos aplausos a cada cagada que cometia. Há muito que esse "miúdo" anda embriagado de tanta imunidade parlamentar. A imunidade lhe subiu à cabeça. Perdeu o juízo. Já não sabe distinguir seriedades de brincadeiras. Não conhecemos seus termos de referência. Mas, mesmo assim, lhe passamos uns paninhos quentes. É o nosso paspalho de estimação. 

 

De resto, o bastão para pôr na linha o deputadíssimo António Muchanga está com o partido RENAMO e o seu presidente Ossufo Momade. A primeira medida seria retirar o Muchanga do programa "Pontos de Vista" e o partido fazer um comunicado pedindo desculpas ao povo. O partido RENAMO deve começar a distanciar-se das inconsequências do Muchanga. Deve começar a chamar o Muchanga à razão e à responsabilidade.

 

Parabéns aos matolenses que não aceitaram esse paspalho como seu edil! Foram muito inteligentes. Aqui em Nampula não podemos dizer o mesmo.

 

- Co'licença!

sexta-feira, 19 junho 2020 08:10

O preço da nossa casmurrice colectiva

Fomos ao hospício, encontramos um maluco em tratamento, levamos o gajo à força contra a vontade do médico e sem nenhum laudo psicológico, enfiamos o gajo num fato e gravata da boutique "Extravagância", tiramos o gajo uma foto tipo passe, imprimimos em A-4 colorido e fotocopiamos aos milhares ali na papelaria "Académica", distribuímos por toda a província da Zambézia, gritamos aos quatro ventos para todo o mundo ouvir que aquele era o nosso candidato a Governador Provincial da Zambézia - o melhor de todos os zambezianos: o mais honesto, o mais inteligente, o mais prudente, o mais sisudo, o mais confiado, o mais sei-lá-quantos, e hoje estamos a chorar das suas maluquices! Hoje estamos a pedir que o maluco tenha dó. Queremos que o maluco tenha consternação. Definitivamente, somos muito complicados!

 

Hoje estamos a pedir àquele maluco que fomos levar no hospício sem ter tido alta oficial que não gaste dinheiro do povo com reabilitação do seu palácio. Estamos a pedir ao mesmo perturbado mental que avalie a situação. Que pondere, que seja prudente, que sinta pena. Estamos a pedir ao mesmo doído que analise a situação e abdique da reabilitação do seu pomposo palácio. Hoje estamos a dizer que meio milhão de dólares norte-americanos é exagerado para reabilitar uma casa. E queremos que um maluco que abandonou o tratamento tenha consciência disso. Vai entender!!!

 

Olha lá, aquele é um chanfrado. Saiu da presidência do município porque não estava bem da "head" e nunca nos disseram que já estava curado. É um paulado. Ele dele nem está a ver esse milhão dele como alguma coisa. Nem sabe que está a fazer algo de errado. Está nem aí! Nem sabe até que estão a falar com ele. Aquele está num mundo só dele e lá no mundo dele ele vive num palácio novo. Onde já viram um maluco que se importa com dinheiro. Não viram o gajo a lançar maços de dinheiro durante a campanha eleitoral?! Não viram?! Não deu para ver que o gajo é apenas um louco a viver a sua loucura?! 

 

Ele é apenas um maluco, pessoal! Não tem remorsos. Ele pensa que pode fazer o que quiser. E nós devíamos aceitar isso como o preço da nossa casmurrice colectiva. Ou então pegamos o gajo de volta ao hospital, dizemos ao médico-psiquiatra que o gajo tinha fugido e alertamos aos guardas para ficarem "txendjewa" com o gajo para não pular muro. Não sei se há outra ideia!

 

- Co'licença!

quinta-feira, 18 junho 2020 07:40

2-3=-1: mais um caso apriorístico

Aqueles que estavam a dizer que a província de Gaza não pode ter 3 recuperados quando tinha somente 2 casos positivos de Covid-19 ainda estão por aqui? Será que não viram isso na matemática da oitava classe ou partiram caneta no "não tem solução"? Por via das dúvidas, seja "feiki-nhussi" ou não, vamos explicar.

 

É assim: aquilo chama-se progressão aritmética. É uma sequência numérica em que o próximo elemento da sequência é o número anterior somando a uma constante "r". Onde "r" é a razão da progressão aritmética. Para sabermos qual é a razão de uma progressão aritmética basta subtrair um elemento qualquer pelo seu antecessor. Por exemplo: (2, 4, 6, 8...) é uma progressão aritmética infinita crescente, onde "r" é igual a 2, pois qualquer número subtraído pelo antecessor é igual a 2. Assim: 8-6=2 ou 4-2=2; etecetera. Outro exemplo: (5, 4, 3, 2, 1...) é uma progressão aritmética infinita decrescente, onde "r" é igual a -1, pois 4-5=-1 ou 2-3=-1. Que é o caso de Gaza. Entenderam?! Alguma dúvida?! Não! Okey!

 

Então, ali em Gaza - matematicamente - estamos perante um caso de progressão aritmética infinita decrescente com "r" igual a -1. Não se esqueçam que "r" é a razão... e nós estamos aqui para isso - ter razão. A ideia é sempre ter razão seja como for... a todo custo! Este é mais um caso apriorístico de Gaza. Num lugar onde defuntos ressuscitam para votar não vai ser difícil recuperarem de uma doença. Se até em Maputo tem pessoas que recuperaram sem terem adoecido, vai custar em Gaza?!

 

Prontos! Não pensem que desta vez vamos enviar o doutor Apriorístico (aquele "titxa" com nome de bolinho frito e bigode de Hitler) para explicar isso na televisão. Não vamos arriscar mais. Aquele vosso puto Venâncio anda muito afiado ultimamente. Não vamos deixar o gajo "txaiar" o nosso doutor de novo.

 

Agora, quem quiser ser capim alto pode começar a fazer barulho... nós vamos cortar. Aí no INE tem mais alguém?! E aí na universidade?! Nada! Muito obrigado e...

 

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terça-feira, 16 junho 2020 07:47

O último trunfo de Mandinho Tchembene

"É que uma coisa é a independência e outra coisa é a libertação. Eles diziam ficam independentes, mas não ficam livres. É esta situação em que nos nos encontramos hoje. Conseguimos pela via armada  ou pela via de negociações sem pacíficas (SIC) alcançar a nossa independência, mas não querem que nós estejamos livres. E porquê? Exactamente porque eles nos colonizaram por causa dos nossos recursos. E enquanto exploravam os nossos recursos como colonizadores descobriram que não podiam viver sem eles. É por isso que fazem todo o esforço para não permitir que nós efectivamente nos libertamos. Temos a independência, temos a nossa bandeira, temos o nosso hino, mas não querem nos dar a nossa soberania. Há um problema de agendas. O Ocidente tenta forçar a África a seguir a sua agenda. Parte do princípio que os africanos não são capazes. Mas isso foi sempre assim. [...] Por isso, a nossa batalha é seguir uma agenda nossa. Uma agenda nossa. O que é difícil. E é difícil porquê? Porque muitas pessoas das nossas elites não reagiram criticamente àquilo que aprenderam... dos livros coloniais. Acreditam que tudo aquilo que aprenderam está correcto".

 

Estas palavras são do antigo Ministro da Administração Interna, antigo Ministro do Interior, antigo responsável do programa "Operação Produção", antigo comissário que investigou a morte do Presidente Samora Machel (que não chegou a qualquer conclusão), antigo chefe da delegação do governo na Comissão de Supervisão e Implementação do Acordo Geral de Paz para Moçambique, antigo secretário-geral da FRELIMO, antigo candidato da FRELIMO às eleições de 2004, antigo presidente da República de Moçambique durante 10 anos, agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal, Doutor Honoris Causa em Economia e Desenvolvimento pela Universidade Eduardo Mondlane, antigo comerciante de ovíparos vertebrados endotérmicos bicudos do tipo bípede-palmípede, empresário de sucesso por aquisição de empresas estatais, veterano da luta armada de libertação nacional, moçambicano de gema, pai de Boustani, tio de Nhangumele, amigo de Chopstick, comprador de barquinhos que não navegam, criador da EMATUM, ProÍndicus e MAM, padrinho das dívidas ocultas que deixaram o país com os colhões pendurados, proprietário do Gê-40, criticofóbico assumido e inimigo de estimação dos apóstolos da desgraça.

 

Aqui na rede já se ouvem os aplausos da plateia. Clarividente pra cá, clarividente pra lá. Visionário pra ali, visionário pra acolá. A primeira temporada começou assim mesmo com boas ladainhas. Lembro-me muito bem. Em 2022 há congresso. Pode estar em curso a preparação da segunda temporada. Este pode ser o último truque do Mandinho Tchembene. O trunfo da salvação.

 

Não contem comigo! Tou fora!

 

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sexta-feira, 12 junho 2020 07:37

Nuno Rogério e "O Cabo da Intriga"

Entrevista com Nuno Rogério, autor do livro "O Cabo da Intriga": Intrigas e ódio em Moçambique tem participação de moçambicanos de topo.

 

É uma personagem que as autoridades moçambicanas não nutrem muitas simpatias, principalmente depois de ter mostrado que, quando fuma suruma de Muidumbe, não se lembra do que faz. Mas é das poucas fontes até aqui que teve a coragem de escrever sobre os corredores da fofoca institucionalizada ao serviço do Estado moçambicano que ficou conhecida como Gê-40. É uma equipa de choque criada no segundo mandato daquele cota que já não se lembra de Nhangumele e que vem remodelando com a entrada dos lambe-botas estagiários que nos últimos tempos têm-se mostrado muito agressivos. O autor diz que a fofoca, a mentira, a intriga e o ódio tem participação de moçambicanos de topo. Acusa o Estado moçambicano de não dar prioridade o combate ao puxa-saquismo institucionalizado e alerta: se Moçambique se transformar num salão de intrigas e Maputo se transformar num campo de ódio, nós temos um problema grave, não só para o povo, mas também para o governo e o próprio partido FRELIMO. 

 

Canal de Moçambique: Começamos por questionar: que livro é este?

 

Nuno Rogério: O livro é essencialmente uma conjunção de dois estudos. Um estudo que eu desenvolvi em 2014 sobre a criação do famigerado Gê-40 que tem vindo a embaraçar a liberdade de imprensa e de expressão em Moçambique, e um recente estudo sobre o ressurgimento do mesmo grupo Gê-40 já com mistura de membros entre jovens e veteranos académicos, advogados, físicos, jornalistas e desocupados que se caracterizam por serem usuários de um vocabulário mais insultuoso e que não escondem a sua cara-de-pau e que são apadrinhados por altos comandos do sistema.

 

Canal de Moçambique: Essa participação desses altos comandos do sistema, para não dizer moçambicanos, tem alguma influência ou participação de alguns intelectuais nacionais?

 

Nuno Rogério: Tem uma grande participação de intelectuais nacionais.

 

Canal de Moçambique: Ao nível do topo ou ao nível da base?

 

Nuno Rogério: Ao nível do topo. Nós publicamos recentemente, e o livro também o diz, uma lista de académicos e intelectuais moçambicanos conhecidos que se filiaram a esse movimento Gê-40, principalmente residentes em Maputo. Mais recentemente, a partir de 2016 e 2019, portanto no fim do primeiro mandato do engenheiro ferroviário, verificou uma série de concidadãos nessa infame equipa com a entrada de jovens historiadores, advogados e alguns velhotes físicos nucleares e gestores de empresas jornalísticas que entregaram toda a sua reputação na arte do kiwismo, como diria um concidadão. Portanto, essa avalanche tem a ver com as nomeações de gratificação e recompensa aos antigos Gê-40 a altos cargos de gestão pública e governativa. Pode se considerar um grupo bastante peculiar na sua actuação. Alguns até viajam a Nova Iorque a procura de alguma postura pública.

 

Canal de Moçambique: O que leva a que esta forma de actuação do Gê-40 em Moçambique seja peculiar?

 

Nuno Rogério: O Gê-40 de Moçambique é igual ao que se chamou  de inquisição na igreja católica, que começou no século XII na França, cujo objectivo era combater a heresia. Mas o perigo do Gê-40 está no seu poder corrosivo das bases do poder (eleitorado) que pode culminar com o descrédito e uma reforma interna de grandes proporções do partido FRELIMO, no poder desde 1975, assim como aconteceu com a reforma protestante e a contrarreforma católica que se verificou nos séculos seguintes. 

 

Canal de Moçambique: Mas o governo tem noção disso?

 

Nuno Rogério: Olha, nigga, eu não dei esta entrevista. Se você publicar, eu vou desmentir. Vamos parar no tribunal, bro! 

 

Esta entrevista podia continuar, mas o Nuno fumou de novo. 

 

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quarta-feira, 10 junho 2020 08:45

Os devaneios da Ó-Eme-Esse não são inocentes

Ninguém vai me convencer que os "ditos e não ditos" da Ó-Eme-Esse são de todo inocentes. Não!!! Não acredito que Maria Van Kerkhove, cientista, pesquisadora, epidemiologista com longa experiência em patogenos de alta ameaça, especialista em doenças infecciosas emergentes e líder técnica de resposta à COVID-19 e chefe das unidades emergentes de doenças e zoonoses da maior organização sanitária do mundo, se pronuncie sem anuência técnica institucional assim com tanta leviandade. Não quero acreditar que uma profissional do seu nível se tenha referido publicamente a um pequeno estudo inconclusivo como um facto de forma tão inocente num momento como este. Não acredito!!!

 

Ela não foi encontrada de surpresa na barraca. Ela falou numa conferência de imprensa convocada pela Ó-Eme-Esse. Ou seja, a Ó-Eme-Esse chamou a imprensa porque tinha algo a dizer... e crê-se que estava preparada para dizê-lo. E a doutora Maria Van Kerkhove é a porta-voz preferida desde o início desta pandemia e é experiente nisso. Não é possível que ela tenha falado sobre "a raridade dos assintomáticos transmitirem a doença" do nada... por lapso ou por equívoco. Isto tudo parece deliberado. É muita confusão junta! É muita incoerência discursiva! Não é pela novidade da doença, mas... sei lá... parece uma confusão premeditada milimetricamente. Parece gato com factura de lebre.

 

A Ó-Eme-Esse tem consciência dos estragos que uma afirmação equivocada pode provocar nas estratégias de mitigação de uma pendência desconhecida como a Covid-19, principalmente em países pobres como Moçambique. A Ó-Eme-Esse sabe o quanto países como Moçambique perderam tempo, energia e recursos financeiros na implementação de túneis de desinfecção que hoje são meras sucatas. A Ó-Eme-Esse sabe que países como Moçambique que se guiam segundo as suas orientações e afirmações podem colapsar na pandemia por causa de equívocos. Uma hora de desinformação pode ser fatal. 

 

Nós temos muitos problemas por resolver, senhores! Temos os insurgentes no Norte, temos malta Nhongo no Centro, temos barcos de atum que não sabem nadar, temos Nhangumele e sua banda por escutar, temos um ladrão de estimação por fazer "check-in", temos a fome por erradicar, temos desintegrados por reintegrar, temos descentralização por praticar, temos os nossos Mambas que querem ser Rinocerontes, temos músicas de Mista-Bow por pagar, etecetera, etecetera. Os nossos problemas são muitos! Não venham vocês atrapalhar a nossa luta contra esta pandemia! Não somos assim tão estúpidos quanto parecemos ser, e também sabemos que vocês não são tão inocentes quanto dizem. Organizem-se, faxavor! Haja seriedade! Melhor desinformado do que mal informado.

 

Sei que as minhas publicações sobre a Covid-19 são partilhadas nos grupos do pessoal da Ó-Eme-Esse e seus parceiros, e espero que partilhem esta também. Só não escrevo em inglês, francês, sueco, grego, polaco, etecetera, porque confio na tradução que António Guterres irá fazer. 

 

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segunda-feira, 08 junho 2020 08:28

Tomar "gonazololo" no momento do orgasmo

Nampula é a província mais populosa do país; é a segunda província com maior densidade populacional (perdendo apenas para a cidade de Maputo); é uma província de alta mobilidade comunitária e urbana; é uma das províncias com maior mobilidade e presença de estrangeiros (cerca de 10 por cento dos residentes são africanos dos grandes lagos); é um corredor nacional e regional (marítimo, terrestre e aéreo); possui um dos maiores centros de refugiados do país e da região; recebe refugiados de guerra de Cabo Delgado; tem uma população maioritariamente analfabeta; é um terreno sensível a boatos; é uma província predominantemente da oposição (onde quase tudo o que vem do governo se confunde com ordens do partido FRELIMO e a tendência é não acatar para não parecer frelimista); é uma província culturalmente com forte solidariedade comunitária; etecetera.

 

Só agora, depois de estarmos na contaminação comunitária da Covid-19, o governo central, na pessoa do ministro da Saúde, diz que vai reforçar a vigilância a nível da cidade e da província de Nampula e, por isso, vai instalar um laboratório de testagem na província. Isto é o verdadeiro espírito moçambicano de deixar tudo para a última hora. Espírito de bombeiro. 

 

Isso significa que estamos a viver uma Emergência sem Estado. O Estado está a correr atrás da Emergência. O Estado está perdido. Não se explica que Nampula, Niassa, Cabo Delgado (até Zambézia) ainda estejam dependentes do laboratório de Maputo quase três meses depois ser detectado o primeiro caso aqui na região. Nampula é capital regional e tem tudo para ter um laboratório também regional. Aquela triste e vergonhosa notícia do primeiro óbito que teve o seu resultado cinco dias depois de morrer é obra da preguiça do Estado. Esses números volumosos de casos que estamos a ter na província também têm a ver com isso. A transmissão comunitária que hoje se vive em Nampula é o resultado dessa apatia. Assim não dá!

 

Será que o governo não fez essa leitura antes de entrarmos para a contaminação comunitária?! Será que a comissão científica não analisou isso e mais outras características?! Será que esses números que estamos a ter em Nampula são, de facto, surpreendentes de todo?! Será que é mesmo novidade que Nampula iria "ganhar"?!

 

E agora!!! Será que não é tarde demais?! Um laboratório de testarem da Covid-19 no fim do terceiro "round" do Estado de Emergência vai ajudar?! Ainda vamos a tempo de conter essa contaminação?! Ou é como aqueles cotas que esquecem de tomar a viagra e só se lembram no meio do jogo. Aqueles que tomam "gonazololo" no momento do orgasmo, quando tudo está a tremer, ambos com olhos de bagre morto, pernas bambas e gemidos de hienas no cio. Só para dizer que tomou!

 

- Co'licença!

segunda-feira, 01 junho 2020 08:15

A certidão de um insurgente urbano

Sinceramente! Será que era mesmo necessário que a Assembleia da República enviasse uma carta ao Tribunal Administrativo a solicitar um atestado sobre o estado de ética de Gustavo? Precisava mesmo?! Será que a dúvida sobre o dito cujo ser detentor de uma mão-leve era assim tão grande?! Será que não se podia esclarecer isso internamente, em vez de se gastar papel, tonner, carimbo, assinatura, agrafador, envelope, cola, combustível, tempo, etecetera, do Estado?!

 

Mas, também era necessário o Tribunal Administrativo fazer uma esteira daquele tamanho para responder à solicitação da Assembleia da República?! Aquele festival de vocábulos todo só para dizer que Gustavo roubou - sim -, foi condenado e ele não gostou da condenação e recorreu?! Custava alguma coisa dizerem simplesmente "senhores deputados, respondendo à vossa solicitação, temos a dizer, sem evasivas nem subterfúgios, que esse madala aí não presta... é gatuno, mas ele não não gosta de assumir!" e ponto final?! Aquelas voltas todas eram desnecessárias.

 

Também acho desnecessário o tempo de espera para ter uma resposta a um recurso da decisão do tribunal. Quase uma década a espera da tramitação de um recurso?! Assim qualquer ladrão esquece que roubou! Quer dizer, as vezes o Gustavo chega mesmo a acreditar que é inocente. É que já mamou a mola e esqueceu e, como nunca entrou na "djela", acaba acreditando mesmo que nunca roubou. Com o avanço da idade, coadjuvado por consumo desproporcional de poções etílicas e ervas daninhas, é normal que o Gustavo diminua paulatinamente os seus intervalos de lucidez e passe a acreditar na sua esquizofrenia de bom moço. Pode ser que, quando ele diz que é inocente e que nunca roubou, esteja a falar de boa fé. Pode ser que, no fundo do seu coração, o Gustavo acredite mesmo que seja um cidadão ético. É muito tempo de liberdade para um gatuno! 

 

Enfim, está aí a certidão do acórdão do Tribunal Administrativo para "clarificar e aferir a idoneidade de um dos candidatos a membro da Comissão Central de Ética Pública" que mostra claramente que o fulano em questão não passa de um insurgente urbano de terno e gravata e português polido que se aproveita dos corredores do lambe-botismo criados pela FRELIMO para sequestrar o Estado moçambicano. Um charlatão de perigosidade nível 4.

 

- Co'licença!

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