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quarta-feira, 10 junho 2020 08:45

Os devaneios da Ó-Eme-Esse não são inocentes

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Ninguém vai me convencer que os "ditos e não ditos" da Ó-Eme-Esse são de todo inocentes. Não!!! Não acredito que Maria Van Kerkhove, cientista, pesquisadora, epidemiologista com longa experiência em patogenos de alta ameaça, especialista em doenças infecciosas emergentes e líder técnica de resposta à COVID-19 e chefe das unidades emergentes de doenças e zoonoses da maior organização sanitária do mundo, se pronuncie sem anuência técnica institucional assim com tanta leviandade. Não quero acreditar que uma profissional do seu nível se tenha referido publicamente a um pequeno estudo inconclusivo como um facto de forma tão inocente num momento como este. Não acredito!!!

 

Ela não foi encontrada de surpresa na barraca. Ela falou numa conferência de imprensa convocada pela Ó-Eme-Esse. Ou seja, a Ó-Eme-Esse chamou a imprensa porque tinha algo a dizer... e crê-se que estava preparada para dizê-lo. E a doutora Maria Van Kerkhove é a porta-voz preferida desde o início desta pandemia e é experiente nisso. Não é possível que ela tenha falado sobre "a raridade dos assintomáticos transmitirem a doença" do nada... por lapso ou por equívoco. Isto tudo parece deliberado. É muita confusão junta! É muita incoerência discursiva! Não é pela novidade da doença, mas... sei lá... parece uma confusão premeditada milimetricamente. Parece gato com factura de lebre.

 

A Ó-Eme-Esse tem consciência dos estragos que uma afirmação equivocada pode provocar nas estratégias de mitigação de uma pendência desconhecida como a Covid-19, principalmente em países pobres como Moçambique. A Ó-Eme-Esse sabe o quanto países como Moçambique perderam tempo, energia e recursos financeiros na implementação de túneis de desinfecção que hoje são meras sucatas. A Ó-Eme-Esse sabe que países como Moçambique que se guiam segundo as suas orientações e afirmações podem colapsar na pandemia por causa de equívocos. Uma hora de desinformação pode ser fatal. 

 

Nós temos muitos problemas por resolver, senhores! Temos os insurgentes no Norte, temos malta Nhongo no Centro, temos barcos de atum que não sabem nadar, temos Nhangumele e sua banda por escutar, temos um ladrão de estimação por fazer "check-in", temos a fome por erradicar, temos desintegrados por reintegrar, temos descentralização por praticar, temos os nossos Mambas que querem ser Rinocerontes, temos músicas de Mista-Bow por pagar, etecetera, etecetera. Os nossos problemas são muitos! Não venham vocês atrapalhar a nossa luta contra esta pandemia! Não somos assim tão estúpidos quanto parecemos ser, e também sabemos que vocês não são tão inocentes quanto dizem. Organizem-se, faxavor! Haja seriedade! Melhor desinformado do que mal informado.

 

Sei que as minhas publicações sobre a Covid-19 são partilhadas nos grupos do pessoal da Ó-Eme-Esse e seus parceiros, e espero que partilhem esta também. Só não escrevo em inglês, francês, sueco, grego, polaco, etecetera, porque confio na tradução que António Guterres irá fazer. 

 

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