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sexta-feira, 26 junho 2020 07:21

Somos independentes assintomáticos*

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Nessa pandemia chamada independência há os que não manifestam aqueles sintomas tradicionais esperados. Aqueles que não expressam características que levam a crer que são portadores dessa enfermidade. Indivíduos cujos signos patológicos da relação entre o significado e o significante da independência são arbitrários. E segundo o diagnóstico epidemiológico realizado ontem, 25 de Nyusi de 2020, os independentes assintomáticos rondam nos 99 por cento.

 

Por mera coincidência, são os mesmos assintomáticos que também não desenvolvem sintomatologias da pandemia de Cahora-Bassa. Indivíduos que não sentem aquelas febres próprias de quem é dono de uma das maiores hidroeléctricas da África. São proprietários assintomáticos da Cahora-Bassa. Existem também os patrões assintomáticos - gajos que não têm sintomas de ser patrões do Presidente Nyusi. São compatriotas nossos que, quando você olha para eles, não parecem ter um empregado que anda numa Mercedes preta, escoltado, com direito a sirene e ambulância. Ya, mas são patrões! Você encontra os gajos empinhados nos "mai-love" tipo são gajos quaisquer, mas nada... são "alguéns". É apenas a ausência de sintomas de patrono.

 

Dizia, somos muitos os independentes assintomáticos. Deve ser da extrema exposição à fome, à miséria, à pobreza, ao chamboco, aos campos de reeducação, ao espancamento na circular, aos esquadrões da morte, ao Gê-40, etecetera, que não desenvolvemos esses sintomas. Mas, em parte, isso é muito bom. Pelo menos estamos aqui a cumprir com o estado de emergência da independência nas nossas casas à nossa maneira. Pelo menos não estamos naquela lista codificada de sintomáticos de estimação que está na posse da dona Rosa Marlene da Pê-Gê-Ere cujo relatório de rastreio infecto-contagioso foi feito pela Ó-Eme-Esse da Kroll. Pelo menos não estamos em quarentena na Bê-Ó. É que desde 1975 que iniciou a transmissão comunitária da pandemia da independência, a lista de indivíduos em reclusão devido a sintomatologias graves da independência económica e social tem estado a subir. Até embaixadoras tiveram que regressar ao solo pátrio para cumprir com o isolamento. Mas, também, nessas coisas de pandemias e não-pandemias nunca faltam os casos diagnosticados na diáspora, tal é o caso de Chopstick; e os casos de indivíduos diagnosticados e com sintomatologia alta, mas que não querem ficar em quarentena, malta Newman. Gajos teimosos. Há quem diga que o primeiro caso foi do Mandinho, mas assim como Comiche, Mandinho foi curado sem nunca ter recebido os resultados dos testes e nem a confirmação do seu tratamento.

 

Mas é mesmo assim. É a vida! Por falar em vida, há famílias cuja sintomatologia da independência é muito elevada e bastante grave. São famílias onde pai, mãe, filha, genro, sobrinho, neto, bisneto, todos, estão contaminados com o vírus da independência e com sintomas de bem-estar muito graves. São pessoas que não cumprem com as medidas de prevenção. São muito descuidados. Apanham independência na rua e levam para casa, transmitem para toda a família e nem dizem a ninguém de fora. Quando se descobre, já é tarde... a febre independentista já atingiu a família toda. Não há maneira... quando é assim é só olhar até onde a sua independência vai-lhes levar.

 

Então, é isso, irmãos! Nosoutros somos independentes assintomáticos. E isso é bom! Nada de rebeldia! Então, vamos mudar de assunto! Vamos falar desse outro assintomático do Omardine Omar que foi levado à força pela famigerada Mahindra por incumprimento do estado de emergência da independência total e completa de Moçambique em vigor há quatro décadas e meia. 

 

- Co'licença!

 

* Título "roubado" do Facebook com a devida vénia.

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