Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

Juma Aiuba

Juma Aiuba

quarta-feira, 25 novembro 2020 07:49

Então, quem não gosta de futebol?

Ahhhhh, porque moçambicano não tem autoestima!

Ahhhhh, porque moçambicano não gosta do que é verdadeiramente seu, idolatra o que é do estrangeiro!

Ahhhhh, porque moçambicano não apoia o desporto do seu país!

Ahhhhh, porque moçambicano não gosta do seu futebol!

Ahhhhh, porque moçambicano só gosta de malta Real Madrid!

Ahhhhh, porque moçambicano só compra camisolas de clubes europeus!

Ahhhhh, porque moçambicano não tem orgulho próprio! 

Ahhhhh, porque isto... ahhhhh, porque aquilo... ahhhhh, porque etecetera!

 

Palhaçada! É para gostarmos como do nosso futebol?! Aliás, onde está o tal futebol que devemos patrioticamente gostar a todo custo?! O tal futebol pelo qual devemos ficar nacionalisticamente apaixonados é este que se esconde da chuva?!

 

O futebol é o nosso paracetamol. Nós somos doentes de futebol e precisamos dele para viver. Padecemos de 'futebolicite', necessitamos de uma partida de futebol para o nosso coração voltar a bater. Queremos ver uma bola na trave, um remate acrobático, uma finta, uma bicicleta. Não queremos saber se é um jogo da África, da Ásia, da Europa, ou sei lá. Só queremos ver uma partida, só. Ao vivo no estádio ou na tê-vê. 

 

Nós só queremos ver uma partida de futebol para o nosso coração voltar a bater. E vocês não estão interessados em nos dar sequer uma partidazinha. Vocês são muito desorganizados e nós não podemos chupar por isso. 

 

O problema do nosso desporto é esse vosso dirigismo incompetente e intestinal. O vosso paraquedismo e o parasitismo. O problema não somos nós. O problema são vocês que tomam decisões pensando apenas nas vossas panças. Vocês são o coito interrompido do nosso futebol. O problema não somos nós. Nós estamos aqui para apoiarmos o apoiável, para aplaudirmos o aplaudível, para 'enjoyarmos' o 'enjoyável'. Não podemos amar uma coisa que não existe. Não nos viciem!

 

Aproveitem esse interregno para reflectirem se vocês merecem estar onde estão. Se vocês merecem o futebol que dirigem. Se vocês merecem este povo doente de futebol, este povo sedento de alegria. 

 

Cancelar um campeonato por causa de chuva mesmo!!! Mas isso é futebol ou tufu?! 

 

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segunda-feira, 23 novembro 2020 07:37

Estamos a combater o mesmo combate que Cardoso combateu

No 'feicibuki'. 

 

- Posso ter o teu contacto? 

 

Talvez ele estivesse a espera no 'inbox', mas eu lancei o meu 'voda' ali mesmo nos comentários num instante. Minutos depois o meu cell toca.

 

- Alô, Juma! Boa tarde! É o Marcelo deste lado... Marcelo Mosse. 

 

Como pode um ídolo se apresentar ao seu fã com tanta etiqueta? Nunca tinha falado com o Marcelo antes, e nem no sonho pensei que isso fosse possível. Aquele gaguejar era jazz e blues para os meus ouvidos. 

 

- Boa tarde, ilustre! É um prazer enorme. 

 

Era eu titubeantemente procurando uma intimidade que nunca existiu. Queria manter o colóquio ao nível do remetente. Não queria decepcionar. 

 

- Olha, mano, quero fazer uma parceria contigo. Estou a desenvolver um projecto e queria contar contigo. Vou lançar um jornal daqui a quase três meses, concretamente no dia 22 de Novembro, Dia Carlos Cardoso. 

 

Confesso que estou perdido. Confuso. Não estou a gostar. Mas, o que faria eu num jornal? E onde entro eu no Dia Carlos Cardoso? Não tenho tempo para ser correspondente de tablóides. Para piorar, já não me lembro da última vez que havia escrito e publicado um texto jornalístico num jornal. Mas, também, escrever notícia nunca foi o meu forte desde os tempos de faculdade. Se o Jornalismo fosse somente escrever notícias, eu acho que ainda estaria a fazer algumas cadeiras do primeiro semestre. Sempre achei a notícia - no conceito clássico - muito sem graça. 

 

- Okey! Mas o que queres que eu faça nesse projecto? 

 

- Quero que escrevas no meu jornal. Quero que assines um espaço, uma coluna. Quero-te como colunista. 

 

- Colunista, eu?!

 

- É isso aí, colunista. Eu não te conheço, mas alguém me referiu a ti, um amigo em comum. Vi alguns dos teus textos e acho que podemos avançar. 

 

- Mas, ilustre, eu só escrevo umas coisinhas no 'feicibuki'. Coisas sem interesse. Coisas do 'feicibuki' mesmo, sabe! Não tenho certeza que há quem queira ler aquelas coisas num jornal... um jornal sério.

 

- Pois é, mano! É exactamente aquilo que eu quero. Nada mais, nada menos. É assim que eu gostaria que escrevesses. Assim mesmo. Escreves como se estivesses a escrever para o 'feici' e nós publicamos. E blá blá blá.

 

Faz hoje dois anos que estamos a lançar mísseis terra-ar via 'Carta'. Quando o inimigo está perto demais, não gastamos munições; damos-lhe uma bofetadas retumbantes, asfixiantes e qualquerizantes. De resto, é uma luta que vinha travando informalmente com outros companheiros desde os tempos da blogosfera nos primórdios dos anos dois-mil, nos tempos da facul, do Parlamento Juvenil, do CEMO, etecetera. Uns tombaram em combate, outros desertaram das fileiras. Uns deram o peito às balas, outros deram repolho ao cérebro. Não há epopeias sem desertores e traidores. O que importa é que estamos aqui a continuar o combate do Cardoso, e está a ser um bom combate, diga-se. 

 

Estamos aqui neste combate que Cardoso combateu e tombou heroicamente há 20 anos. Não sei o que o Marcelo realmente viu em nós, mas ele podia muito bem ter lançado um concurso público para preenchimento de vagas com requisitos extravagantes: ter nível superior; ser antigo combatente; ter 10 anos de experiência em combates de guerrilha; ter pontaria afinada; rapidez comprovada em arremessar granadas; ter flexibilidade em aplicar coronhadas; etecetera. Mas, não! Talvez o Tenete-general Carlos Cardoso, antes de partir, teria dito ao comandante Marcelo Mosse que não é disso que esta guerra precisa. Talvez não são diplomas e certificados que combatem neste combate. Para esta luta, dois tomates bem maduros e bem colocados é suficiente. Não é para lançar os tomates para o inimigo e fugir. Não! É para tê-los bem contigo. É para conservá-los. Aqui come-se feijão. Muito feijão. Aqui ninguém tem CERELAC na língua.

 

Estamos aqui lutando a mesma luta que Cardoso lutou e foi martirizado há duas décadas. É uma luta arriscada, mas prazerosa. Uma luta sem quartel. Uma luta da qual só sairemos no dia da vitória, com bandeira em punho... a bandeira do povo. É o mesmo combate que o Cardoso combateu. Um dia alguém irá contar a história destas trincheiras inóspitas. Uma história vanguardista e patriótica. Uma história de coragem. A história do povo. Um dia alguém terá de esculpir as estátuas destes heróis e mártires e erguer no coração de cada cidadão. 

 

Acorde o Carlos Cardoso que vive em ti e venha combater este combate! 'Aqui trata-se um combatente; é duro, mas temos de vencer', é Samora esse.

 

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sexta-feira, 20 novembro 2020 07:06

Eleições na Cê-Tê-A: um campo inclinado

Quem me conhece sabe que eu sou apaixonado por eleições. Sei lá! Onde há processos eleitorais, eu estou lá a meter o bedelho. Então, nesse meu 'mete-mete' tenho estado a notar que as eleições na Cê-Tê-A de Dezembro próximo são mais do que eleições. Há muita poeira. Muita sujeira. Há quem quer impedir que os seus adversários concorram. A ideia é sujar social e politicamente os adversários. O objetivo é vencer antes das eleições; fora das urnas. Estão a tentar inclinar o campo do jogo. Perdeu-se a urbanidade. 

 

Mas, o que mais me preocupa é o envolvimento de uma nata jornalística nesse jogo sujo. Deliberadamente ou não, é visível que há certa imprensa fazendo consultoria ao candidato Agostinho Vuma, o atual presidente da Cê-Tê-A. O que é deveras preocupante. Quem quiser fazer assessoria que saia dos holofotes e venha cá para este lado. Que não se aproveite dos espaços nobres para se promover clientes. 

 

Ora, as manchetes desta semana são uma sentença contra o possível adversário do Vuma. Fora de serem parangonas especulativas são também condenatórias. Os jornais viraram tribunais contra o Álvaro Massinga com base em 'informações em nosso poder' e 'nossa fonte bem posicionada na Cê-Tê-A' sem a respeitada presunção de inocência. Hoje, o Massinga é o sujo e o Vuma, o menino bonito. Na verdade, ninguém conhece o Massinga, mas querem fazer de conta que é uma figura sobejamente conhecida no mundo da travessura. Agora só falta dizerem que o Álvaro não pode ser candidato porque roubou mangas da vizinha quando era criança. O Vuma é, hoje, a eterna vitima. O eterno coitado. Não sei como jornalistas que inspiraram gerações se deixam usar como ratoeiras. 

 

Está claro que uma das causas de perpetuação dos africanos no poder é a imprensa. Certa imprensa tem a mania de assumir apetites e dogmatizar pessoas. Uma imprensa idólatra. Uma imprensa mesquinha. Aquela entrevista ao Vuma na tê-vê, aquelas manchetes do 'Público' e do 'Zambeze' são uma autêntica sopa. Uma sopa de legumes geneticamente modificados. 'Tutu mafia!'

 

Recados e especulações deixem connosco que escrevemos coisas sem interesse! Vocês deviam se preocupar em escrever notícias e em informar com isenção e transparência. Deixem de ser acólitos do Vuma! Deixem que o Vuma vença por mérito próprio! Não inclinem o campo do jogo! Podem estar a criar um Trump.

 

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terça-feira, 17 novembro 2020 06:24

Então, é hoje que vamos conhecer o Salimo?

Quero desde já convidar o SERNIC a ver a entrevista de Agostinho Vuma, presidente da Cê-Tê-A, que vai passar nesta quarta-feira no programa 'Mais Negócios' do canal 'Mídia-Mais-Tê-Vê' a partir das 20 e meia. O camarada já sabe das coisas. Aos poucos a memória vai voltando. Quem fala como ele não é gago.

 

Pelo menos, pelo que se diz nos jornais e no trecho da entrevista, o Vuma agora já se lembra que o atentado contra a sua pessoa foi orquestrado dentro da Cê-Tê-A. Isto é, o maestro da intentona é um empresário que quer ser presidente da agremiação nas eleições deste Dezembro que vem. Ou seja, o Salimo é um dos empresários que está ali dentro. Para ser mais claro, é seu adversário. Quer dizer, ele já se lembra do Salimo, só não se lembra se terá dito 'Salimo, o que eu te fiz' duas vezes antes deste atirar. Lembra-se também de tudo o que aconteceu durante o tempo que ficou inconsciente (em coma), mas lembrar-se de ter gritado (ou não) o nome 'Salimo' antes de levar tiro, nada. Deve ser muito doloroso.

 

Mas, enfim... só de saber que o Salimo é um empresário já é um grande alívio. O pessoal operativo do SERNIC devia ver a entrevista dentro da sua viatura e com a chave na ignição para, logo depois do programa, sair para a casa do Salimo. A essas alturas a cela do Salimo já devia ter sido reservada e apetrechada. 

 

Neste momento, o bandido do Salimo está na sala onde está a decorrer a Assembleia Geral da Cê-Tê-A e deve estar a tremer. Para não nos deixar na ansiedade, o camarada Vuma podia muito bem acabar com esse suspense ainda hoje em plena reunião magna. É uma oportunidade soberba de se revelar a identidade do enigmático Salimo. Espero que ainda hoje, na Assembleia Geral, o Vuma vá ao Salimo e lhe pegue pelos colarinhos e diga 'eis aqui o Salimo!' para todo o mundo ouvir (e ver).

 

De resto, o deputado Agostinho Vuma assume claramente que a Cê-Tê-A é uma confederação criminosa constituída por gangues rivais. E, depois desta flagrante descoberta, ele ainda quer ser presidente dessa mesma associação de bandoleiros. Assim sendo, não sei se haverá melhor ocasião para o Governo acabar com essa agremiação de cangaceiros de fato e gravata antes que comecem a atirar contra os seus trabalhadores. 

 

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segunda-feira, 16 novembro 2020 06:29

O país das panelas

No país das panelas eram as panelas que definiam o 'status' do seu povo. Os que tinham panelas gigantes eram os mais temidos e respeitados. Depois haviam aqueles que tinham as panelas médias, que trabalhavam para os donos das panelas grandes. Haviam também os que tinham panelinhas, que andavam no desenrasque da vida. Por último haviam os sem-panela, esses eram apenas os enfeites demográficos e estatísticos. Na verdade os sem-panela eram o trunfo para os donos das panelas gigantes conseguirem mais panelões em forma de ajudas e donativos da comunidade internacional. 

 

Havia um adágio popular que dizia que 'no país das panelas quem tem panelão é rei'. Os reis, os proprietários das panelas gigantes eram os manda-chuva e não gostavam de críticas. Quem ousasse criticar ou pensar diferente era-lhe arrancada a panela, por mais pequena que fosse. Por isso, haviam milicianos que controlavam os gestos e as falas da população. Esses eram também conhecidos como 'lambe-panelas' ou 'lambe-botas' ou 'lambe-c*s'. Ou seja, esses eram 'lambe-qualquer-coisa'; para eles, o mais importante era lamber. Esses não tinham panelas próprias, não lhes interessava. Preferiam lamber caldeirões alheios a ter que cozinhar e lavar loiça. A preguiça de cozinhar era tanta que preferiram esconder repolho no lugar do cérebro.

 

Dizia eu que um dia o país das panelas viu-se mergulhada numa grande e devastadora confusão. Tudo começou quando um ano antes, Deus enviou um dilúvio sem precedentes à terra das panelas. O Idai, como era chamado, devastou áreas habitacionais e de cultivo destruindo tudo e todos. Fala-se de milhares de mortos e desaparecidos. Foi daí, então, que os reis emprestaram quatro das suas panelas gigantescas aos sem-panela que viviam num centro de acolhimento. Os caldeirões eram geridos pelo Excelentíssimo Senhor Administrador do distrito onde os sem-panela foram acolhidos. Os utensílios foram usados até os sem-panela retomarem a sua vida normal de não ter panela própria.

 

Reza a história que 600 dias depois, no tempo do confinamento compulsivo, dois panelões sumiram. Ou seja, não regressaram aos seus donos. As vasilhas foram procuradas, mas nunca achadas. Os reis enviaram ao administrador uma missiva de resgate das panelas grandes, e nada. O chefe do distrito nunca deu resposta, apenas o silêncio de confissão. Era praticamente uma declaração de guerra.

 

O SERNIC foi acionado para investigar o sumiço das caldeiras. O Parlamento foi forçado a criar uma comissão de inquérito para averiguar o caso. O comandante em chefe das Efe-Dê-Esse ordenou a retirada de todo o contingente militar que se encontrava em Cabo Delgado para fazer buscas na residência do administrador de Maringué, onde se supõe que as super-panelas estejam escondidas. O Chefe do Estado fazia discursos à nação a cada meio-dia. Uma comissão da Ó-Eme-Eme foi enviada para vasculhar as partes íntimas da primeira dama do distrito, ao mesmo tempo que os filhos do administrador estavam a ser interrogados na sede da Ó-Jota-Eme. 

 

Era o caos total. A SADC foi informada e milhares de soldados e especialistas em resgate de utensílios domésticos foram enviados. Uma força conjunta da União Africana já estava na despensa do administrador com ímanes. O Parlamento Europeu foi chamado a fazer o seu posicionamento. Os Capacetes Azuis da ONU já tinham montado as suas tendas no quintal do palácio distrital. A Ó-Eme-Esse falava da necessidade de observância de um intervalo mundial para a Covid-19 porque a preocupação flagrante e imperiosa eram as panelas gigantes do I-Ene-Gê-Cê. O Vaticano já tinha enviado o Bispo de Roma para benzer o quintal do palacete de Maringué.

 

Enquanto isso, os Estados Unidos acusavam a Rússia de ter desviado as caldeiras. A Rússia dizia que não iria mais aceitar essas acusações. O Conselho de Segurança da ONU falava de intromissão da Rússia e seus aliados em assuntos culinários alheios. 

 

Era tudo uma grande confusão. Um turbilhão. Não sei como isso acabou, só sei que o país continuou o mesmo... das panelas. Não era de surpreender: o camarada Administrador queria apenas se sentir rei.

 

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sexta-feira, 13 novembro 2020 07:37

Nada contra!

Surgiu um fora-da-lei na cidade da Beira, no bairro da Manga. Um bucéfalo-anácroto chamado Manuel - Parte Coco. Um daqueles bípedes que, em condições normais de temperatura e pressão, deveria estar na ala 'zê', das celas do lado Norte, da Cabeça-do-Velho ou da Bê-Ó há muito tempo. 

 

Esse tal é um capanga que cobrava impostos de palhota aos moradores do bairro da Manga para garantir segurança contra próprio. Um brutamontes que espancava toda a gente e até agentes da Lei e Ordem. Um arruaceiro que criava desordem de tal maneira que até os moradores prestavam vassalagem. Um gajo com nível de perigosidade 'Xis-Plus'. 

 

Hoje, estamos a tratar esse crápula com uma fama de bradar os céus. O país parou para apreciar os seus bíceps e tríceps. Fomos resgatar arquivos com vídeos de um certame de partir cocos com socos em que ele foi campeão e recordista. O Manuel - Parte Coco é a solução dos nossos problemas. Em tempos de crise e sofrimento como estes, esse 'efe-dê-pê' ficou mais importante que a Cruz Vermelha. 

 

Hoje, esse hominídeo conta com uma legião de fãs incrível. Já é um 'influencer'. Já vai começar a fazer 'laives' de como espancar cidadãos de bem até desmaiarem ou como bater polícias até perderem os sentidos. Agora as pessoas vão ao hospital para fazer selfies com ele. Até médicas e enfermeiras-estagiárias se dirigem à sua cama, na enfermaria, para tirarem fotos para a posteridade. É a treva! Mas, isso é trauma da guerra dos 16 anos ou o quê?! A vida nos traumatizou assim tanto que perdemos o discernimento do certo e do errado?! Nada contra. Deve ser a tal liberdade de expressão. Do tipo, 'no meu mural eu publico o que eu bem entender'. É o tal de 'eu faço piada como me apetece, o cell é meu, os megas comprei com meu dinheiro'.

 

Nada contra, ouviu, pessoal! Nada mesmo! Nhongos, Nhangumeles, insurgentes, Changs, Os-Que-Não-Comem, Anibalzinhos, Mandongas, gatunos, larápios & companhia limitada têm fãs aqui. E por quê não o Parte-Coco?! Ele também é filho de Deus. Que pecado cometeu?! Não foi ele que matou Jesus. Então, por quê não promover os seus feitos?! Por quê não torná-lo famoso?! O mais interessante é que alguns desses fãs e panfletistas desse asqueroso são os ativistas sociais e os acérrimos defensores dos Direitos Humanos. Os nossos 'humanos direitos'. Nada contra, gente!

 

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quarta-feira, 11 novembro 2020 06:47

Brincadeira tem hora!

Esta semana, a Pê-Gê-Ere enviou ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo uma acusação contra Manuel Chang e mais três antigos funcionários do Banco Central no âmbito das dívidas ocultas. Nos próximos dias o Tribunal deverá chamar os indiciados para ouví-los. Okey! Beleza!

 

Só não entendo por que é que o Ministério Público insiste em enviar esses processos aos Tribunais quando devia enviá-los ao Gungu ou Mutumbela Gogo. Não entendo por que é que essas peças sobre gatunos de estimação não são ensaiadas e exibidas no Cine Teatro Gilberto Mendes ou no Teatro Avenida. Por que é que a doutora Beatriz não negocia um horário com a direção do Gungu ou do Mutumbela Gogo para usarem aqueles espaços? É que só assim a Procuradoria teria mais público nas suas atuações. Só assim as suas peças seriam mais conhecidas. 

 

É que do jeito que a Pê-Gê-Ere está a proceder dá a impressão de estarmos perante um processo sério que vai dar num julgamento também sério. Eu acho que devíamos deixar os Tribunais fazerem o que de melhor sabem fazer: condenar pilha-galinhas e ouvir malta Matias Guente e Nuno Castel-Branco. Vamos deixar que os Tribunais cumpram com as suas atribuições. Essas brincadeiras de mau gosto de malta Beatriz e compadres dela deviam fazer em espaços próprios. 

 

Teatro no átrio do Tribunal não fica bem. Uma peça teatral precisa de ensaios, aplausos e gargalhadas. Por exemplo, o ator que vai fazer o papel de Manuel Chang deve ensaiar bem e o público precisa de estar a vontade para rir também a vontade. Quando o juiz estiver a fazer as perguntas, as pessoas vão soltar gases de tanto rir. Quando os advogados de Chang e desses outros três atores ex-funcionários do Banco de Moçambique estiverem a falar, de togas e sotainas, vai ser muito engraçado. E isso não fica bem numa sala de Tribunal. 

 

Doutora Beatriz, o povo precisa de ver essas peças! O povo precisa de se divertir a vontade. De resto, nos últimos anos, as vossas criações artísticas têm sido muito boas, mas pecam por estarem a levar muito a sério. Vocês é que estragam. Não sei como é que vocês podem pensar que uma peça teatral num Tribunal pode ter graça. 

 

Faxavor, não banalizem a arte! Enviem esses processos para o Gungu ou Mutumbela Gogo. Aliás, deixem malta Juju e Branquinho fazerem essa cena. E vocês voltem a dormir. Brincadeira tem hora, principalmente quando é de mau gosto.

 

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quarta-feira, 04 novembro 2020 09:22

Doutora Buchili, seja humilde!

Em Setembro último, a digníssima Pê-Gê-Ere doutora Beatriz Buchili enviou um grupo de procuradores para ouvirem o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, no âmbito de um Processo Autónomo em curso na Pê-Gê-Ere sobre a famigerada 'escandaleira' das dívidas ocultas. Em resposta, Guebuza disse simplesmente que não tinha apontamentos sobre essa matéria, que nunca tinha ouvido falar disso e que nem sabia de que disciplina se tratava. Por fim, Guebuza remeteu a Pê-Gê-Ere a falar com o antigo Ministro da Defesa que, segundo Guebuza, sabia de tudo. 

 

De lá a esta parte, a doutora Buchili ficou zwiiiiiii... num silêncio pós-orgasmico. A madame não apareceu mais. Não falou mais nada. Deve estar a suar para descobrir quem é esse antigo Ministro da Defesa, onde vive, onde trabalha. Até deve estar a pensar que o velho Tchembene lhe matrecou, do tipo 'xeee, se nós não tínhamos Ministro da Defesa no antigo governo!' Ou, então, deve estar a pensar que era Manuel Chang. Ya, do tipo Chang era o mega-ministro da Defesa e Finanças.

 

Peça ajuda, doutora! Se não conhece onde vive o antigo Ministro da Defesa, peça ajuda. Se não conhece onde é o seu atual gabinete, nós estamos aqui, como sempre. Nós conhecemos a geografia deste país como a palma da mão. Aquele velho hábito de se meter na vida alheia tem lá as suas vantagens. Podemos usá-lo a favor dos interesses do Estado.

 

Se a doutora já não se lembra do antigo Ministro da Defesa, é compreensível. A doutora trabalha maningue. É normal que se esqueça de algumas caras. Então, fale conosco, doutora! Nós estamos a monitorar essa cena. Não nos esquecemos das pessoas facilmente. É fofoca, sim; mas é para ajudar. Aquilo que em sociologia chamaríamos de fofoca ao serviço da verdade. A bisbilhotice a favor da unidade nacional. Só queremos facilitar as coisas. Contacte-nos! 

 

Este assunto está longo demais. É muita lerdice. Não podemos atrasar pôr pessoas na cadeia por causa de esquecimento. Quando o assunto é devolver dinheiro do povo não podemos gaguejar. Se a missão é pegar quem enfiou abacaxi na gente que sejamos céleres. Este filme está todo em câmera lenta. Não pode.

 

Não se acanhe, doutora! Um mês a procurar um antigo Ministro não é normal. Peça ajuda! Seja humilde! Nós já notamos que a doutora não faz ideia de quem seja a pessoa. Mas nós estamos aqui. Lance um anúncio 'procuro pessoas para me acompanharem à casa ou ao escritório do antigo Ministro da Defesa, de BORLA' e veja como o povo moçambicano é solidário. Lance uma campanha 'a fofoca ao serviço do Estado' e veja até onde vai a boa fé deste povo. Use e abuse.

 

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sexta-feira, 30 outubro 2020 06:29

Os fantasmas da Cê-Tê-A

Antes mesmo de nos dizer quem é Salimo, o camarada Agostinho Vuma já indicou o Pê-Cê-A do I-Ene-Esse-Esse e o governo já o empossou. Portanto, a partir desta semana, as nossas poupanças estão a ser geridas diretamente pelos amigos do Vuma do Cê-Tê-A. Repito em voz alta: ainda não conhecemos o Salimo nem o que o motivou a britar os maxilares do Vuma com recurso a fuzil. Inveja é que não foi. 

 

Estamos a falar daquela mesma Cê-Tê-A que, em 2014, protagonizou a novela da oferenda da Mercedes Benz, avaliada em 200 mil Euros, ao Chefe do Estado, estranhamente num momento em que a própria Cê-Tê-A recebia dinheiros do Estado para funcionar. 

 

Estamos a falar daquela mesma Cê-Tê-A cujo presidente, Agostinho Vuma, teve uma eleição extremamente problemática. Lembrando que o concorrente Quessanias Matsombe acusou a comissão eleitoral de ser ilegal e parcial a favor de Vuma. Dizia ele que Vuma entrou em conflito de interesse ao participar da deliberação da nomeação da comissão eleitoral.

 

Estamos a falar daquele mesmo Vuma que, desde que tomou posse como presidente da Cê-Tê-A, mandou um manguito para a malta. Lembrando que, em 2017, Vuma apareceu a atacar os trabalhadores, propondo ao governo o congelamento dos aumentos salarias, do décimo terceiro e das promoções nas carreiras dos agentes e funcionários do Estado. 

 

Temos motivos bastantes para estarmos preocupados com as nomeações da Cê-Tê-A. Estamos a falar daquela mesma Cê-Tê-A que enviou um dos seus amigos ao I-Ene-Esse-Esse para pagar viagens turísticas para a sua esposa com as nossas misérias poupanças. 

 

Então, é urgente que a Cê-Tê-A sente e faça uma introspecção profunda. Que avalie a sua missão, visão e valores. Que se organize. Que resgate a confiança dos trabalhadores. Que aproxime o máximo que puder o discurso à prática. Que a Cê-Tê-A se reconcilie com a moral e a ética... antes que o próprio Salimo assuma a presidência da agremiação. Porque esta Cê-Tê-A atual não é de fiar... é cheia de fantasmas. 

 

Aliás, mesmo a propósito da presidência, será que o camarada Vuma vai concorrer para um segundo mandato? Há vontade da sua parte? Que avaliação os membros fazem deste mandato? Para mim, vendo daqui de fora, parece que neste mandato o Vuma é quem foi o principal protagonista. O Vuma foi manchete mais do que a própria Cê-Tê-A. O único trabalho da Cê-Tê-A neste mandato foi limpar a imagem do Vuma. A Cê-Tê-A se transformou num estúdio de produção de filmes do ator Vuma. A maior parte dos comunicados e das conferências de imprensa foram sobre a vida pessoal do Vuma. Foi o que eu vi daqui... não sei daí dentro!

 

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segunda-feira, 26 outubro 2020 06:03

Chang 'foreva'!

A Esse-Tê-Vê perfilou, ontem, os momentos mais marcantes dos 18 anos da sua existência e Chang está lá. Chang está entre as piores coisas que fustigaram o país nessas últimas duas décadas. Está na lista das piores referências históricas deste país, a par das cheias, do ciclone Idai, da explosão do paiol de Maxlhazine, dos ataques xenófobos na África do Sul, dos ataques dos Al-Shabaab, entre outros. Se esticarmos o espaço temporal para 'desde a independência', Chang estará lá também como uma praga que assolou e marcou negativamente o país para todo o sempre. 

 

Olha, quando se chega a esse extremo, é para se lhe tirar o chapéu. Quando se coloca um ser humano ao lado de catástrofes naturais, como cheias e ciclones, é porque já não há mais nada de 'humano' no tal ser. Quando se atribui alguém a mesma quota que se dá à xenofobia e ao terrorismo, é porque já não se é mais 'alguém'. Quando se fala de uma pessoa como se fala da explosão de um armazém de armas, então, já não há alma nem espírito.

 

Ontem a Esse-Tê-Vê lembrou-nos, mais uma vez, que Chang é um marco histórico. É uma referência pejorativa incontornável da nossa história. Não podemos negar que Chang mudou os paradigmas de roubar, filosoficamente falando. Trouxe, literalmente, um novo protótipo de gatuno. Uma versão mais actualizada e moderna de carrasco. 

 

Mas também o povo moçambicano, no geral, devia ser uma referência histórica. Nós também somos um fenómeno a parte. Provavelmente, nós somos a pior calamidade que nos assolou nos últimos anos. Nós temos um prazer incrível pelo nosso próprio sofrimento. É mais do que simples masoquismo. Apesar de tudo, continuamos a gramar dos Changs. Continuamos a bater continências. Temos um prazer doentio de nos curvarmos aos Changs desta vida. Um caso de estudo. Somos uma espécie de uma gangue patriótica de Changs. Uma espécie de 'Chang 'foreva''. É síndrome de Estocolmo ou quê?!

 

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