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quinta-feira, 02 julho 2020 07:03

O monólogo do apóstolo da desgraça

O Conselho Nacional da Juventude (Cê-Ene-Jota) recebeu cinco milhões de Meticais do Instituto Nacional da Juventude (I-Ene-Jota). 

 

- I-Ene-Jota: esperamos que este valor seja usado correctamente e de forma transparente e que a prestação de conta seja atempada.

 

- Cê-Ene-Jota: sim, sim, sim! Já ouvimos. Vamos usar esse dinheiro de forma muito transparente e vamos justificar logo logo. 

 

- I-Ene-Jota: uma parte desse dinheiro usem para realizar a vossa assembleia geral e a outra usem no que vocês bem entenderem.

 

- Cê-Ene-Jota: tá bom, tá bom! É isso aí! Falô, broder! 

 

Quando se diz "monólogo" é isso. Solilóquio. Na oratória ou no teatro, monólogo é um diálogo de um personagem consigo mesmo. Falar com o seu próprio "eu”. O monólogo é bonito e atraente quando é feito artisticamente. O melhor monólogo que já vi e me excitou bastante foi interpretado por Dadivo José. Não me lembro do título, mas é outro nível.  Já este monólogo que vi ontem é bastante enjoante. É que no fundo fundo, o Cê-Ene-Jota é o mesmo que o I-Ene-Jota. Não há diferença. Um é o outro e o outro é um. É a mão direita dando dinheiro a mão esquerda... da mesma pessoa. 

 

Na verdade, a questão é: o que é que estas duas instituições juvenis fazem em concreto em prol da juventude deste país? Fora os delírios, sonhos e burla de expectativas, o que fazem na vida real? Deixando de lado notícias do tipo "Cê-Ene-Jota realiza assembleia geral", "Cê-Ene-Jota elege novo presidente", "Cê-Ene-Jota satisfeito com desempenho do governo", "Cê-Ene-Jota condena os ataques no centro do país", Cê-Ene-Jota pensa em construir habitações para jovens", "Cê-Ene-Jota recebe 5 milhões do governo", "Cê-Ene-Jota e Ó-Jota-Eme unidos na mesma cama", etecetera, etecetera,... o que é que o Cê-Ene-Jota faz de concreto no seu dia-a-dia? Desculpa, a pergunta nem devia ser essa! Seria: o que é que o Cê-Ene-Jota já fez de palpável nessas quase três décadas de existência? Usar de forma transparente esses cinco milhões é como? 

 

E este tal de I-Ene-Jota o que é que faz na vida real? Fora entregar dinheiro ao Cê-Ene-Jota, o que mais fez antes? É uma instituição que sempre existiu ou foi criada ontem mesmo só para entregar dinheiro ao Conselho? Tem termos de referência? Tem plano? Tem orçamento? Tem funcionários? 

 

Como dizia, este foi o pior monólogo que já vi na vida. Convidar jornalistas para verem uma mão lavando a outra e as duas lavando a cara. Petersburgo esteve no Cê-Ene-Jota e não consigo ver algo de prático que tenha feito. Agora, é a vez do Formiga, que também não consigo ver nada de concreto, senão promessas de construir habitações que nunca se concretizam. Será que os jovens desta Pérola precisam mesmo dessas duas instituições? Muda alguma coisa, se elas não existirem? Ou estamos a gostar desses monólogos sem fim?

 

O que acabou de ler é um monólogo também... de um apóstolo da desgraça... para reflexão.

 

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sexta-feira, 26 junho 2020 07:21

Somos independentes assintomáticos*

Nessa pandemia chamada independência há os que não manifestam aqueles sintomas tradicionais esperados. Aqueles que não expressam características que levam a crer que são portadores dessa enfermidade. Indivíduos cujos signos patológicos da relação entre o significado e o significante da independência são arbitrários. E segundo o diagnóstico epidemiológico realizado ontem, 25 de Nyusi de 2020, os independentes assintomáticos rondam nos 99 por cento.

 

Por mera coincidência, são os mesmos assintomáticos que também não desenvolvem sintomatologias da pandemia de Cahora-Bassa. Indivíduos que não sentem aquelas febres próprias de quem é dono de uma das maiores hidroeléctricas da África. São proprietários assintomáticos da Cahora-Bassa. Existem também os patrões assintomáticos - gajos que não têm sintomas de ser patrões do Presidente Nyusi. São compatriotas nossos que, quando você olha para eles, não parecem ter um empregado que anda numa Mercedes preta, escoltado, com direito a sirene e ambulância. Ya, mas são patrões! Você encontra os gajos empinhados nos "mai-love" tipo são gajos quaisquer, mas nada... são "alguéns". É apenas a ausência de sintomas de patrono.

 

Dizia, somos muitos os independentes assintomáticos. Deve ser da extrema exposição à fome, à miséria, à pobreza, ao chamboco, aos campos de reeducação, ao espancamento na circular, aos esquadrões da morte, ao Gê-40, etecetera, que não desenvolvemos esses sintomas. Mas, em parte, isso é muito bom. Pelo menos estamos aqui a cumprir com o estado de emergência da independência nas nossas casas à nossa maneira. Pelo menos não estamos naquela lista codificada de sintomáticos de estimação que está na posse da dona Rosa Marlene da Pê-Gê-Ere cujo relatório de rastreio infecto-contagioso foi feito pela Ó-Eme-Esse da Kroll. Pelo menos não estamos em quarentena na Bê-Ó. É que desde 1975 que iniciou a transmissão comunitária da pandemia da independência, a lista de indivíduos em reclusão devido a sintomatologias graves da independência económica e social tem estado a subir. Até embaixadoras tiveram que regressar ao solo pátrio para cumprir com o isolamento. Mas, também, nessas coisas de pandemias e não-pandemias nunca faltam os casos diagnosticados na diáspora, tal é o caso de Chopstick; e os casos de indivíduos diagnosticados e com sintomatologia alta, mas que não querem ficar em quarentena, malta Newman. Gajos teimosos. Há quem diga que o primeiro caso foi do Mandinho, mas assim como Comiche, Mandinho foi curado sem nunca ter recebido os resultados dos testes e nem a confirmação do seu tratamento.

 

Mas é mesmo assim. É a vida! Por falar em vida, há famílias cuja sintomatologia da independência é muito elevada e bastante grave. São famílias onde pai, mãe, filha, genro, sobrinho, neto, bisneto, todos, estão contaminados com o vírus da independência e com sintomas de bem-estar muito graves. São pessoas que não cumprem com as medidas de prevenção. São muito descuidados. Apanham independência na rua e levam para casa, transmitem para toda a família e nem dizem a ninguém de fora. Quando se descobre, já é tarde... a febre independentista já atingiu a família toda. Não há maneira... quando é assim é só olhar até onde a sua independência vai-lhes levar.

 

Então, é isso, irmãos! Nosoutros somos independentes assintomáticos. E isso é bom! Nada de rebeldia! Então, vamos mudar de assunto! Vamos falar desse outro assintomático do Omardine Omar que foi levado à força pela famigerada Mahindra por incumprimento do estado de emergência da independência total e completa de Moçambique em vigor há quatro décadas e meia. 

 

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* Título "roubado" do Facebook com a devida vénia.

segunda-feira, 22 junho 2020 09:34

António Muchanga: o nosso paspalho de estimação

Os últimos programas do "Pontos de Vista" que vi foi nos tempos de malta Salema e Tomás Vieira Mário. Depois que se transformou aquele programa numa miniatura do parlamento perdeu interesse para mim. Mas isto não retira a importância do programa para o debate público, muito menos a qualidade dos comentadores e do apresentador e o respeito aos telespectadores. 

 

Por isso, como comentador residente, apresentar-se àquele espaço televisivo com álcool nos cornos é simplesmente um insulto à televisão que é patrona do programa, ao jornalista que apresenta o programa, aos colegas do painel e aos telespectadores que se interessam pelo programa. Mais do que isso, configura um "facki-yu" ao partido que o indicou e a todos os membros desse partido - da base ao topo. Mas, o mais triste, é um autêntico "futseke" ao seu próprio presidente do partido que, certamente, reserva o seu nobre tempo para ver o programa aos finais de cada domingo. 

 

Podemos brincar com a coisa, podemos fazer troça, podemos fazer memes, podemos fazer piadas, mas o facto é que António Muchanga insultou-nos a todos, como povo, como país e como nação. Um gajo acabadinho de ser re-desintegrado que daqui a mais quatro anos devemo-lo re-reintegrar com os nossos impostos de novo - mais uma vez - outra vez por ter-nos insultado publicamente. 

 

Pelo que, esse Muchanga é um problema nosso. Parimos o Muchanga de parto normal com os nossos votos, alimentamo-lo com os nossos impostos e mimamo-lo com os nossos aplausos a cada cagada que cometia. Há muito que esse "miúdo" anda embriagado de tanta imunidade parlamentar. A imunidade lhe subiu à cabeça. Perdeu o juízo. Já não sabe distinguir seriedades de brincadeiras. Não conhecemos seus termos de referência. Mas, mesmo assim, lhe passamos uns paninhos quentes. É o nosso paspalho de estimação. 

 

De resto, o bastão para pôr na linha o deputadíssimo António Muchanga está com o partido RENAMO e o seu presidente Ossufo Momade. A primeira medida seria retirar o Muchanga do programa "Pontos de Vista" e o partido fazer um comunicado pedindo desculpas ao povo. O partido RENAMO deve começar a distanciar-se das inconsequências do Muchanga. Deve começar a chamar o Muchanga à razão e à responsabilidade.

 

Parabéns aos matolenses que não aceitaram esse paspalho como seu edil! Foram muito inteligentes. Aqui em Nampula não podemos dizer o mesmo.

 

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sexta-feira, 19 junho 2020 08:10

O preço da nossa casmurrice colectiva

Fomos ao hospício, encontramos um maluco em tratamento, levamos o gajo à força contra a vontade do médico e sem nenhum laudo psicológico, enfiamos o gajo num fato e gravata da boutique "Extravagância", tiramos o gajo uma foto tipo passe, imprimimos em A-4 colorido e fotocopiamos aos milhares ali na papelaria "Académica", distribuímos por toda a província da Zambézia, gritamos aos quatro ventos para todo o mundo ouvir que aquele era o nosso candidato a Governador Provincial da Zambézia - o melhor de todos os zambezianos: o mais honesto, o mais inteligente, o mais prudente, o mais sisudo, o mais confiado, o mais sei-lá-quantos, e hoje estamos a chorar das suas maluquices! Hoje estamos a pedir que o maluco tenha dó. Queremos que o maluco tenha consternação. Definitivamente, somos muito complicados!

 

Hoje estamos a pedir àquele maluco que fomos levar no hospício sem ter tido alta oficial que não gaste dinheiro do povo com reabilitação do seu palácio. Estamos a pedir ao mesmo perturbado mental que avalie a situação. Que pondere, que seja prudente, que sinta pena. Estamos a pedir ao mesmo doído que analise a situação e abdique da reabilitação do seu pomposo palácio. Hoje estamos a dizer que meio milhão de dólares norte-americanos é exagerado para reabilitar uma casa. E queremos que um maluco que abandonou o tratamento tenha consciência disso. Vai entender!!!

 

Olha lá, aquele é um chanfrado. Saiu da presidência do município porque não estava bem da "head" e nunca nos disseram que já estava curado. É um paulado. Ele dele nem está a ver esse milhão dele como alguma coisa. Nem sabe que está a fazer algo de errado. Está nem aí! Nem sabe até que estão a falar com ele. Aquele está num mundo só dele e lá no mundo dele ele vive num palácio novo. Onde já viram um maluco que se importa com dinheiro. Não viram o gajo a lançar maços de dinheiro durante a campanha eleitoral?! Não viram?! Não deu para ver que o gajo é apenas um louco a viver a sua loucura?! 

 

Ele é apenas um maluco, pessoal! Não tem remorsos. Ele pensa que pode fazer o que quiser. E nós devíamos aceitar isso como o preço da nossa casmurrice colectiva. Ou então pegamos o gajo de volta ao hospital, dizemos ao médico-psiquiatra que o gajo tinha fugido e alertamos aos guardas para ficarem "txendjewa" com o gajo para não pular muro. Não sei se há outra ideia!

 

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quinta-feira, 18 junho 2020 07:40

2-3=-1: mais um caso apriorístico

Aqueles que estavam a dizer que a província de Gaza não pode ter 3 recuperados quando tinha somente 2 casos positivos de Covid-19 ainda estão por aqui? Será que não viram isso na matemática da oitava classe ou partiram caneta no "não tem solução"? Por via das dúvidas, seja "feiki-nhussi" ou não, vamos explicar.

 

É assim: aquilo chama-se progressão aritmética. É uma sequência numérica em que o próximo elemento da sequência é o número anterior somando a uma constante "r". Onde "r" é a razão da progressão aritmética. Para sabermos qual é a razão de uma progressão aritmética basta subtrair um elemento qualquer pelo seu antecessor. Por exemplo: (2, 4, 6, 8...) é uma progressão aritmética infinita crescente, onde "r" é igual a 2, pois qualquer número subtraído pelo antecessor é igual a 2. Assim: 8-6=2 ou 4-2=2; etecetera. Outro exemplo: (5, 4, 3, 2, 1...) é uma progressão aritmética infinita decrescente, onde "r" é igual a -1, pois 4-5=-1 ou 2-3=-1. Que é o caso de Gaza. Entenderam?! Alguma dúvida?! Não! Okey!

 

Então, ali em Gaza - matematicamente - estamos perante um caso de progressão aritmética infinita decrescente com "r" igual a -1. Não se esqueçam que "r" é a razão... e nós estamos aqui para isso - ter razão. A ideia é sempre ter razão seja como for... a todo custo! Este é mais um caso apriorístico de Gaza. Num lugar onde defuntos ressuscitam para votar não vai ser difícil recuperarem de uma doença. Se até em Maputo tem pessoas que recuperaram sem terem adoecido, vai custar em Gaza?!

 

Prontos! Não pensem que desta vez vamos enviar o doutor Apriorístico (aquele "titxa" com nome de bolinho frito e bigode de Hitler) para explicar isso na televisão. Não vamos arriscar mais. Aquele vosso puto Venâncio anda muito afiado ultimamente. Não vamos deixar o gajo "txaiar" o nosso doutor de novo.

 

Agora, quem quiser ser capim alto pode começar a fazer barulho... nós vamos cortar. Aí no INE tem mais alguém?! E aí na universidade?! Nada! Muito obrigado e...

 

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terça-feira, 16 junho 2020 07:47

O último trunfo de Mandinho Tchembene

"É que uma coisa é a independência e outra coisa é a libertação. Eles diziam ficam independentes, mas não ficam livres. É esta situação em que nos nos encontramos hoje. Conseguimos pela via armada  ou pela via de negociações sem pacíficas (SIC) alcançar a nossa independência, mas não querem que nós estejamos livres. E porquê? Exactamente porque eles nos colonizaram por causa dos nossos recursos. E enquanto exploravam os nossos recursos como colonizadores descobriram que não podiam viver sem eles. É por isso que fazem todo o esforço para não permitir que nós efectivamente nos libertamos. Temos a independência, temos a nossa bandeira, temos o nosso hino, mas não querem nos dar a nossa soberania. Há um problema de agendas. O Ocidente tenta forçar a África a seguir a sua agenda. Parte do princípio que os africanos não são capazes. Mas isso foi sempre assim. [...] Por isso, a nossa batalha é seguir uma agenda nossa. Uma agenda nossa. O que é difícil. E é difícil porquê? Porque muitas pessoas das nossas elites não reagiram criticamente àquilo que aprenderam... dos livros coloniais. Acreditam que tudo aquilo que aprenderam está correcto".

 

Estas palavras são do antigo Ministro da Administração Interna, antigo Ministro do Interior, antigo responsável do programa "Operação Produção", antigo comissário que investigou a morte do Presidente Samora Machel (que não chegou a qualquer conclusão), antigo chefe da delegação do governo na Comissão de Supervisão e Implementação do Acordo Geral de Paz para Moçambique, antigo secretário-geral da FRELIMO, antigo candidato da FRELIMO às eleições de 2004, antigo presidente da República de Moçambique durante 10 anos, agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal, Doutor Honoris Causa em Economia e Desenvolvimento pela Universidade Eduardo Mondlane, antigo comerciante de ovíparos vertebrados endotérmicos bicudos do tipo bípede-palmípede, empresário de sucesso por aquisição de empresas estatais, veterano da luta armada de libertação nacional, moçambicano de gema, pai de Boustani, tio de Nhangumele, amigo de Chopstick, comprador de barquinhos que não navegam, criador da EMATUM, ProÍndicus e MAM, padrinho das dívidas ocultas que deixaram o país com os colhões pendurados, proprietário do Gê-40, criticofóbico assumido e inimigo de estimação dos apóstolos da desgraça.

 

Aqui na rede já se ouvem os aplausos da plateia. Clarividente pra cá, clarividente pra lá. Visionário pra ali, visionário pra acolá. A primeira temporada começou assim mesmo com boas ladainhas. Lembro-me muito bem. Em 2022 há congresso. Pode estar em curso a preparação da segunda temporada. Este pode ser o último truque do Mandinho Tchembene. O trunfo da salvação.

 

Não contem comigo! Tou fora!

 

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