Há Matalane no quintal
Há Matalane no hospital
Há Matalane na escola
Há Matalane no ministério
Há Matalane no hospício
Matalane não é geografia
Matalane é uma filosofia
Matalane é uma forma de estar
Matalane é um estilo de vida
Matalane é resumir a vida numa simples f*da.
Matalane não é machismo
Matalane nem é feminismo
Matalane é simplesmente sexismo
Matalane é o pênis campeão
Matalane é a ejaculação
Matalane está nas nossas cabeças
... Ocas
Matalane está nos 'laives'
Matalane está no engolir sapos
Matalane está nos cargos
Vamos destruir os Matalanes que residem em nós. Os Matalanes não morrem com armas. Os Matalanes morrem com o resgatar da ética e dos valores morais.
Os Matalanes vão morrer no dia em que exonerarmos o senhor Pênis da função de assistente de Recursos Humanos. No dia em que este senhor parar de fazer relatórios de avaliação de desempenho das nossas colegas. No dia em que a dona Vagina parar de procurar emprego por nós. No dia em que descobrirmos que entrevista de emprego e Gillette não têm nada a ver.
Os Matalanes vão morrer no dia em que a meritocracia sobrepôr-se à sexocracia. No dia em que o tamanho do cérebro for mais importante que o tamanho da bunda. No dia em que ninguém terá que engolir sapos de ninguém para ser alguém.
Matalane é a sociedade. Matalane somos nós. O antigo governador de Nampula 'matalanizou' a sua secretária e nada aconteceu. Um ilustre camarada perdeu a sua esposa 'matalanizada' no congresso de Pemba e o partido avançou. Em Quelimane, um padre 'matalanizou' uma acólita, o marido encontrou e o juíz ilibou.
O mais importante é saber: quem de nós - na posição de instrutor - faria diferente? Quando é que vamos parar de nos aproveitar dos mais fracos?
- Co'licença!
Confesso que no passado andei a gastar a minha indignação à toa... de qualquer maneira. Qualquer coisa eu ficava indignado. Uma coisinha de nada eu corria logo para usar a minha indignação para repudiar. Praticamente, eu era um indignado compulsivo com tendência a viciado. Resultado: o meu stock que indignação baixou consideravelmente. Hoje, quando olho para o meu 'fundo indignatório', vejo que quase nada sobrou.
Uma porção significativa da minha indignação foi inutilmente gasta nos últimos anos aquando da desocultação das dívidas ocultas. Ali, sim, gastei a minha aversão e fúria. Aquilo era acordar furioso e ir à cama mais furioso ainda. Eu não poupava a minha revolta. Eu entrava com tudo. Mas quando o Parlamento pôs essas dívidas ocultas no orçamento do Estado; quando o Conselho Constitucional entrou na onda de resgatar o Chang; quando Nhangumele lançou a sua tabela química de gatunos mostrando cientificamente como eles reagem entre si; quando o governo enviou à Brooklyn um renomado advogado para fazer 'massagem' ao Boustani; quando o mesmo advogado foi pago com os nossos impostos para defender os assassinos do meu colega Matavele; quanto etecetera etecetera, a minha ficha simplesmente caiu.
Descobri da pior forma que gastei o meu tempo todo gastando a minha indignação toda à toa. Quando me dei conta, o meu tanque de indignação já estava laranja e a piscar. Descobri tarde que aqui o normal é o anormal. Descobri que, afinal de contas, há um projecto muito sério e bem financiado com o intuito de acabar com a paciência do povo moçambicano. O objectivo principal desse projecto oculto é matar o povo de A-Vê-Cê. A estratégia é o governo promover uma série de coisas estranhas e repudiáveis para o povo indignar-se excessivamente e morrer de enfarte agudo do miocárdio, vulgo ataque cardíaco.
Hoje em dia, ando muito cauteloso com o que me chatear e com a quantidade da chateação. Sou um autêntico desindignado. Estou a pensar seriamente em abrir uma consultoria sobre abstração ou talvez lançar um livro sobre como mandar um manguito e um f*da-se.
Estou a ver aqui meus amigos agastados com o facto de o Parlamento ter aprovado o relatório do Chefe de Estado sobre o Estado de Emergência. Alegam eles que o documento está ferido de vício formal e não justifica a medida de ajuste directo para o fornecimento de bens e serviços que consumiu cerca de 70 mil milhões de meticais. Dizem que a oposição tem razão em contestar o relatório. Confesso que, se fosse há uns 5 ou 10 anos, eu já estaria aqui todo estressado com esse relatório e com essas pessoas que o aprovaram. Já estaria aqui a debater os argumentos dos deputados da FRELIMO, dos da RENAMO e dos do Eme-Dê-Eme. Mas, agora que descobri que tudo isso não passa de um teatro de reintegrados mandei um manguito. O Parlamento já não me surpreende mais.
Estou aqui em Mocubela a beber água de côco numa 'wella'... a espera de algo que valha a minha indignação. É preciso poupar a indignação, principalmente quando estamos a andar na reserva.
- Co'licença!
É simples: se Filipe Nyusi ligar-me agora e dizer que quer-me nomear ao cargo de Reitor da U-É-Eme, eu vou recusar. Também vou recusar, se Gianni Infantino ligar-me e dizer que quer-me dar a Bola de Ouro 2020. Quem está a concorrer para isso é malta Lewandowski, Ronaldo, Messi, De Bruyne, Neymar, Mbapé, Mané e companhia. Não vou aceitar também, se, em Agosto do próximo ano, Thomas Bach disser que quer-me dar a medalha de melhor atleta olímpico 2021 de 100 metros com barreiras. A mim, só se for em olimpíadas contra Mahindras.
Então, sobre o assunto do Presidente da República nomear reitores sem respeitar as propostas dos 'Conselhos de Direcção', eu tenho a dizer o seguinte: a culpa não é do Presidente da República. Talvez ele esteja a tentar a salvaguardar os seus interesses escondendo-se por detrás da (ir)responsabilidade que a lei lhe confere. Mas, também, a culpa, não é da lei. A lei está a cumprir a vontade do legislador simplesmente. O 'culupado', quanto a mim, é o próprio nomeado. A culpa é do REItor-paraquedista que aceita ser coroado REItor de um reino sem a tradicional escolha espiritual e consanguínea. É como um Papa que aceita ser coroado sem o tradicional fumo branco do Conclave da Capela Sistina. É demoníaco!
O nomeado é quem deve ter a consciência e a humildade de dizer 'não!'. 'Excelência Senhor Presidente, não posso aceitar esta posição porque eu não concorri'. 'Senhor Presidente, sinto-me lisonjeado com a escolha a minha pessoa, mas, infelizmente, eu não posso aceitar porque eu sei que há pessoas que se candidataram a esta posição e estão a concorrer forte lá na universidade'. 'Excelência, por uma questão de respeito e consideração pelos candidatos, eu não posso aceitar esta posição'. 'Excelência, não seja assim... por acaso, o senhor iria gostar se o Conselho Constitucional declara-se Yaqub Sibindy ou João Massango vencedor das últimas eleições presidenciais?'. Tão simples quanto isso! É uma questão de boa educação, de coerência, de peso de consciência, de vergonha na cara e... 'má-nada'! E isso não precisa de Constituição da República... é berço.
Quem vence concursos são os legítimos concorrentes. Quem vence eleições são os legítimos candidatos. Eu falei disso aquando da nomeação do Professor Doutor Jorge Ferrão ao cargo de Reitor da U-Pé. Até hoje não consegui engolir. Nada contra a pessoa do Professor, muito pelo contrário. É uma figura que respeito e me curvo aos seus méritos... mas, não engoli o seu paraquedismo enquanto outros se digladiavam em eleições internas (renhidas, diga-se!). É muita humilhação!
Eu não entendo esta coragem que certas criaturas têm de acordar, tomar banho, pavimentar-se com creme, enfiar-se nuns ternos slim-fit, fundear uma gravata na goela e fumegar-se com 'Tom Ford - Lost Cherry' para ir receber uma medalha de um torneio que não participou. Para mim, esse indivíduo é um insurgente. É um golpista. É um traidor. É um gatuno. Devia estar na tabela de Téo. É um Chopstick académico.
Estou a ver que este assunto está a ser tratado de forma muito escolástica. O assunto está a ser discutido como uma equação quadrática, com régua, transferidor, compasso, tabuada e calculadora científica. Há excesso de diplomacia jurídica neste debate. Ser reitor de uma universidade, seja pública ou privada, transcende a própria academia, pelo que o seu debate transcende também o fórum académico. Os bois devem ser domados pelos cornos e chamados pelos próprios nomes. Vergonha na cara não é uma questão de lei, é bom senso. Um paraquedista académico é um energúmeno e... ponto final!
- Co'licença!
'Erimão',
É muito bom conversar e tirar fotos para a posteridade com os que estão em cima no momento. As estrelas de hoje. Os que estão em alta. É muito bom mesmo! Mas, é sempre melhor conversar também com os que já caíram. Os que já estiveram em cima e caíram. É estrategicamente melhor ouvir os dois lados da história, sendo que aos antigos famosos é estrategicamente melhor dar-lhes a mais devida atenção.
Não saias da capital da nação sem bater um papo recto com o cota Eme-Ci-Rodja. Este foi o primeiro cantor moçambicano a fazer vídeo com 'Moët & Chandon Rose'; o primeiro a fumar um charuto 'Cohiba Espléndido' cubano nos vídeos, o primeiro a importar Lamborghinis e Ferraris aos vídeos. Um patrão no verdadeiro sentido do termo! Deve ser o único cantor moçambicano que já esteve a menos de meio-metro da apresentadora Anna Hickmann; dos primeiros e poucos a cantar na Ponta Vermelha; o único a ter seu próprio passo de dança (zakaza). Um ícone! O músico mais grifado. Deve ser o único cantor do mundo que mais já cantou sobre o seu país; o homem que - por excesso de autoestima - ofereceu-nos terrenos na Guiné-Bissau. Literalmente, um avarento com a sua moçambicanidade. Um patriota inquestionável. Mas, hoje, o homem está aí com microfone dele no envelope a mendigar meia-hora de antena televisiva. Este senhor tem muita coisa a dizer sobre como pisar os degraus da fama... para ouvir e reter.
Não te esqueças, 'Erimão', de bater um papo 'manero' com malta Deni-Ó-Dji, Refilla Boy, Kastelo Bravo, Puto Júnior, Oliveri-Staili, Bob Love, Kekei, Doutor Mingos, Mista-Arsen, Digital-Eme-Ci, Djei, Edu, Swit e companhia. Gajos que já bateram. Verdadeiras bulas do estrelato. Também é muito bom ouvir aqueles cantores que foram mudando de nome durante a queda: malta Fill-Beibi que acabou como Fill, malta Rei Anaconda, que passou para Presidente Anaconda, e acabou como Anaconda somente. É preciso ouvir a história deles.
Não te esqueças nunca, mas nunca mesmo, de ouvir o mano Ivo Mahel, o homem que já passou a verdadeira tortura de amor platónico. O homem que esteve nos píncaros da fama por causa de cantar, trocou olhares com Beyoncé num elevador, abriu uma escola de música para um único aluno, e, hoje, é consultor motivacional de como defecar sem fazer muito esforço... como cagar sem gastar muita energia. O homem que diz, com todas as letras, que até o Papa Francisco caga... (pecado!) Depois de conversares com Doppaz, venha à Nampula para ouvir a versão do primo Ali Faqui, que está aqui a fazer serenatas para tio Vahanle.
Ouça a todos, 'Erimão'! Não fiques somente no linguajar dos lambe-botas do momento. Quem está em lua-de-mel não é dos melhores conselheiros matrimoniais. Procure quem já passou pela lua-de-mel, foi abandonado e hoje está a pagar ao banco a factura da festa. Procure ouvir a versão d'alguns fundadores do Gê-Quarentismo também. Os ex-acólitos do sistema. Os lambe-botas famosos que hoje estão na sarjeta... não são muitos que estão na m*rda, mas val'apena ouví-los. Procure 'Os Culupados' de outrora! Os que, hoje, vivem a derradeira tortura de amor. Aqueles compatriotas nossos que desanexaram o cérebro e descobriram da pior forma que nem toda a lua é de mel. Gajos que hoje estão a amarrar Movitel com borracha, como soi dizer-se. Gajos que, na bafagem da fama, insultaram até as suas próprias sombras. Há muito que aprender com eles. Faça tchin-tchin, tire fotos, agradeça, mas também busque conselhos! Não te esqueças do nosso Lugela e do nosso emanhawa!
- Co'licença!
Por questões de ignorância, eu nem devia entrar nesse debate sobre regravação, refilmagem e remix da música do Irmão Mbalua. Eu até que queria mesmo ficar calado no meu canto, mas fiquei curioso. Diz-se que o governo, concretamente a direcção provincial de Cultura e Turismo da Zambézia, vai regravar e vai dar um novo vídeo a música. Okey! A minha pergunta é: é essa a função do ministério da Cultura e Turismo? Regravar e fazer novos vídeoclipes para músicas mal gravadas e mal filmadas?
É só curiosidade mesmo. Só quero saber. É perguntando que a gente aprende. O trabalho da ministra é esse mesmo de pedicure, manicure e depilação de 'hits'? E, quando regravarem essa música 'O Culupado', vão ficar a fazer o quê? Vão ficar no 'feici' a espera que Irmão Mbalua lance outra música mal gravada para maquiarem? O que fazem quando não há música mal gravada na praça? Ficam a rezar no pastor Onório para que alguém desafine? Assim, os directores provinciais da Cultura e Turismo são uma espécie de olheiros, especialistas em 'hits' mal gravados? Tipo maqueiros de cantores lesionados? Assim, tipo 'breki-dawan' de 'hits' acidentados na autoestrada da fama?
É simples curiosidade. Não me levem a mal. É que nem sempre regravação e novo vídeo são a solução. As vezes regravar e remixar não costuma a acabar bem. Está aí Mahel que regravou, refilmou e remixou todas as músicas dele que bateram, mas nunca sai do lugar... hoje, está aí no 'feici' a dar aulas de cagar. Sei não!!!
- Co'licença!