Director: Marcelo Mosse

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Actualizado de Segunda a Sexta

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Eu penso que o grande problema dessa discussão sobre o xarope malgaxe que previne a Covid-19 não é a cientificidade do produto. Ou seja, a discussão não é sobre se o remédio é cientificamente provado ou não. O problema, quanto a mim, é aquele mesmo antigo: a ocidentalização do conhecimento. O problema é onde o remédio foi descoberto e quem descobriu e, acima de tudo, em que momento foi descoberto.
 
 
Se você entrar no Google e escrever "diabetes", "trombose", "hipertensão", "diarreia", "gengivite", etecetera, vão aparecer milhares e milhares de informações, entre causas, sintomas, prevenção e tratamento. Dentre as "prevenções" e "tratamentos" vão aparecer também os "caseiros". E, na verdade, quando você busca por tratamento na internet, você quer saber do tratamento caseiro, daquilo que você pode fazer em casa com aquilo que você tem em casa, que muitas vezes não está cientificamente aprovado.
 
 
É paradoxal um africano - particularmente um moçambicano - desacreditar numa cura não-científica quando no seu próprio país existe uma Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), uma agremiação de cidadãos que tratam doenças por meio do conhecimento empírico legalmente constituída e reconhecida. Uma prática do senso comum milenar e aceitável. É paradoxal! Aliás, a maior parte das curas científicas são desenvolvidas a partir das curas tradicionais já existentes. Os xaropes e bálsamos de eucalipto, da moringa - só pra citar - já eram usados pelos nossos antepassados antes dos europeus industrializaram e enviarem em bisnagas estampadas com marcas. 
 
 
Hoje, tem pó de moringa nas farmácias, mas os nossos tetravôs já usavam antes mesmo do primo Vasco chegar às ilha. Hoje, tem pasta dentífrica de "miswak" nas farmácias, mas o "miswak" é uma raíz que até o profeta Maomé usava para escovar os dentes, segundo os "hadithes" alcorânicos. Eu reconheço, porque vi, a cura da asma e da trombose a partir de plantas não testadas cientificamente. 
 
 
Então, eu acho que no fundo no fundo o problema da "Covid Organics" é por ter sido descoberto por um africano, em África (logo, numa ilhota mal afamada) num momento crucial como este de grandes concorrências de patentes da indústria farmacêutica. O problema desse xarope é tentar puxar o conhecimento do seu "merecido" e " inquestionável" lugar. O problema é tentar colocar o conhecimento na periferia. O problema não é a sua cientificidade. Até porque a verdadeira ciência reconhece o conhecimento empírico e o senso comum, tanto é que são matérias do seu estudo. A verdadeira ciência reconhece o lugar e o valor do conhecimento empírico e do senso comum. Sabe que é a partir dele [do não-científico] que ele [o científico existe] existe.
 
 
Podemos até duvidar do xarope do "Di-Djei" (é um direito), mas não devemos desacreditá-lo. Se não der 100 por cento certo não há problema. Pois, há "remédios científicos" que também não são 100 por cento eficazes, mas vão se estudando e melhorando aos poucos. Aliás, tem até remédios que foram descobertos acidentalmente em laboratórios, e hoje são celebrados com pompa no mundo inteiro. 
 
 
Eu penso que este pode ser a causa da fuga de cérebros africanos para a Europa: o descrédito das suas descobertas quando são feitas fora do Ocidente e até do Oriente. Eu duvido que teríamos a mesma dúvida se esse xarope tivesse sido produzido por um curandeiro japonês a partir de ervas aquáticas ou por um bruxo australiano a partir de fezes de canguru. Duvido! 
 
 
Para ser sincero, eu tenho muito medo da indústria farmacêutica que chega a matar mais do que a de armamento. É a pior que existe, infelizmente! 
 
 
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segunda-feira, 04 maio 2020 07:02

Celebrar Dhlakama aos prantos

Esperava eu, por estas alturas, que estivéssemos a celebrar o General Afonso Dhlakama com obras. Que estivéssemos a dizer que graças ao Líder fizemos isto e aquilo. Que estivéssemos a exibir os frutos dos seus ensinamentos. Que estivéssemos a mostrar o que dele e com ele aprendemos. 
 
 
No dia do seu funeral, há precisamente dois anos, eu dizia que "a um mentor não se chora". É "malavi" chorar-se um líder que partiu para o eterno repouso. É "massinguita" sair aos prantos chorando a merecida partida de um instrutor. É um insulto à sua mestria. É desmecerer a sua liderança. É um manguito à sua doutrina. Então, a sua vida e obra não terá válido "nhente". Os seus ensinamentos terão caído em solo árido. A sua semente terá sido estéril.
 
 
Recebi ontem um comunicado que se diz ter sido da RENAMO e assinado pelo seu presidente, Ossufo Momade. Uma lástima! Um festival de lamúrias e choros. Um desfile de sonhos e "quisências". Toneladas de nadas. Cobardia no seu mais alto nível.
 
 
No tal comunicado, Ossufo Momade está aos prantos, literalmente. A dado momento diz qualquer coisa como o sonho de Dhlakama de ver um Moçambique desenvolvido e igual para todos foi roubado pela FRELIMO. Diz também que a FRELIMO traiu o sonho de Dhlakama ao roubar votos dos seus candidatos a governadores. Ossufo Momade diz isso e não apresenta uma só linha de projecto para realizar o sonho do seu mestre. Diz ele que em 2024 vai conseguir eleger Administradores Distritais, mas, na prática, não se vê nada.
 
 
Ossufo Momade esqueceu-se de mencionar aqueles pupilos de Dhlakama, assim como ele, que quando têm oportunidade de realizar o sonho do seu mentor não o fazem. Falo daqueles que, quando chegam ao poder, simplesmente dormem. O senhor Paulo Vahanle, por exemplo. O pai da incompetência. 
 
 
Eu diria que ainda bem que Afonso Dhlakama não está vivo para ver esta vergonha. Se Dhlakama estivesse vivo, não estaria mais vivo. Teria morrido de vergonha e decepção. Teria notado a profundidade dos vossos estômagos. 
 
 
Continuem com os vossos prantos hipócritas! Continuem chorando da varanda das hospedarias da Sommershield! Continuem se encharcando em lágrimas postiças! Continuem esfaqueando Dhlakama! Continuem com o vosso teatro mal ensaiado! Um dia a cortina vai fechar! 
 
 
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quarta-feira, 29 abril 2020 07:24

O teorema de Petersburgo

 

Moçambique acaba de lançar oficialmente, nesta terça-feira, 28 de abril de 2020, mais uma descoberta científica na área das ciências sociais e humanas. O teorema de Petersburgo (em homenagem ao cientista) é um contributo 'suis generis' que irá acabar com o desemprego no mundo num futuro muito breve. Até, muito provavelmente, assim que estamos a dar esta notícia o desemprego já acabou, e essa notícia já não é boa nova e já perdeu interesse. 

 

Enquanto que o teorema de Pitágoras diz que "em qualquer triângulo retângulo, o quadrado do comprimento da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos", o teorema de Peter (como também é conhecido) defende que "o emprego é igual à soma de quaisquer rendimentos acima do salário mínimo, independentemente da sua proveniência". 

 

O princípio desta fórmula é de qualquer cidadão, onde quer que esteja, que tenha recebido num mês, no seu Eme-Pesa ou noutra plataforma, transferências monetárias num valor acima do salário mínimo nacional, então, já pode-se considerar um cidadão empregado. Isto quer dizer: aquele cidadão que transferir 4 mil meticais para a sua esposa ou amante para fazer rancho ou ir ao salão, então, automaticamente, essa cidadã é empregada a partir desse instante. Explicando melhor: aquele que, no intervalo de 30 dias, receber malta 4 mil e poucos, numa única tranche ou parcelada, já tem emprego, segundo esse teorema. 

 

O teorema de Burgo (na gíria académica, em homenagem à nova burguesia nacional) está a levantar várias reações. A primeira reação vem do juri do Prêmio Nobel que reuniu de emergência a noite e decidiu por unanimidade que, com essa descoberta, o cientista moçambicano Peter Esburgo vai ganhar todos os prêmios nóbeis possíveis (da literatura, da química, da física, da matemática, da filosofia, da geografia, do desenho, do empreendedorismo, do inglês, do francês, da agropecuária, da história, da educação física, da paz, da bebedeira, da mentira, do fuck-you, da cara-de-pau, etecetera, etecetera) nos próximos 5 anos. 

 

A NASA reuniu também de emergência e anunciou que vai fechar os escritórios por vergonha da sua equipa de cientista diplomados e renomados que nunca pensou em desenvolver uma fórmula importantíssima como esta. Quem vai fechar as portas também são as universidades de Harvard e Oxford por terem descoberto que depois disso não há mais nada por descobrir. O Vaticano decretou jejum de um ano e já anunciou o regressou de Cristo para os próximos dias. A Ametramo acaba de anunciar que a partir de amanhã vai começar a chover de baixo para cima. Enquanto isso, Dalai Lama, o líder espiritual do budismo tibetano, desmaiou. 

 

O teorema de Petersburgo é mesmo uma "granda" inovação. Só em Moçambique, na fase experimental, esta fórmula conseguiu criar mais de 48 mil empregos em apenas 100 dias. E era só teste! A ONU enviou para Moçambique uma equipa de alto nível de especialistas em encriptação de fórmulas matemáticas para que o teorema não seja roubado. Einstein ressuscitou e vem junto... não aguentou... dizem que disse "essa não perco por nada!", arrumou o caixão, saiu da tumba e embarcou.

 

Aguardamos ansiosamente a reação do Sindicato de Marandzas e Gigolos de Moçambique que convocou uma conferência de imprensa para hoje.

 

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terça-feira, 28 abril 2020 07:51

O anjo da guarda de Nyusi

No que diz respeito a falta de foco, o balanço dos 100 dias de governação do presidente Filipe Nyusi não bate, nem de longe, a conferência de imprensa de Ossufo Momade e, muito menos, a aparição de Paulo Vahanle no jardim Parque. O balanço de Nyusi tinha tudo para ser motivo de conversa, mas foi superado pelo discurso oco, falido, despreparado e arrogante de Ossufo Momade e pela incompetência e falta de criatividade de Paulo Vahanle. 
 
 
Se o balanço de Nyusi é um manancial de desejos, então, o que falar daquela conferência de imprensa convocada por Ossufo Momade. Repito: é inaceitável que aqueles quadros da RENAMO (que eu tenho tanto respeito e admiração) deixem que o seu presidente convide jornalistas para não dizer nada. Como é que meu professor Eduardo Namburete - exímio comunicólogo - permite que Ossufo Momade se transforme num palhaço de circo diante de jornalistas?! Por que é que a RENAMO não se prepara melhor (trazendo assunto, problema, proposta de solução, objetivos, resultados esperados, passos seguintes, etecetera)?! Por que é que a RENAMO não traz assuntos mais bem estudados, elaborados, desenvolvidos?! Por que é que não deixam um Manteigas ou um Venâncio falar?! Pessoas com retórica! Pessoas que têm a capacidade de iniciar uma ideia, desenvolvê-la e concluí-la sem se embrulharem tanto! Pessoas que quando falam chamam atenção!
 
 
Se o balanço de Nyusi é uma desgraça, então, o que falar de Paulo Vahanle, que não sabia que têm crianças brincando desprotegidas no jardim Parque, que fica há 100 metros do seu gabinete?! Um gajo que viu pela tê-vê que no jardim Parque há crianças que brincam desgovernadas, desprotegidas e correndo riscos sérios de saúde, carregou a sua equipa ao local e simplesmente fez ginástica ainda mais desprotegida com os petizes e foi-se embora! Um gajo que até hoje, quase um mês de Estado de Emergência, não sabe que a aglomeração de crianças num espaço daqueles devia ser proibida! Um gajo que não sabe se vai encerrar ou não o jardim infantil neste tempo de distanciamento social! Esse nível de incompetência devia ser considerado feitiçaria. Vahanle devia ser processado por prática deliberada de bruxaria pública. Não é normal!
 
 
Paulo Vahanle até hoje ainda não desenvolveu uma ação sequer digna desse nome no âmbito de mitigação dos impactos da Covid-19. Não consegue pedir baldes com torneiras nos Somalianos e ir fazer entrega num centro de saúde num desses bairros periféricos e mostrar isso na imprensa. Se não sabe gerir, faça, ao menos, política! Por falar em política, tenho de reconhecer a atitude do Secretário de Estado, Mety Gondola, que não quis assumir protagonismo em relação ao assunto do jardim Parque. Gondola aprendeu com o erro. Apercebeu-se que Vahanle acorda e ganha protagonismo quando ele (o Gondola) tenta intervir. Depois do assunto da ponteca, Vahanle voltou a dormir e só acordou agora com notícia da Esse-Tê-Vê sobre crianças desprotegidas no jardim ao lado do seu gabinete.
 
 
Okey! Dizia, é-me difícil falar do balanço feito pelo presidente Filipe Nyusi sem inserí-lo dentro do próprio contexto. Política é competição, e acontece que Nyusi e seu partido não estão a ver adversários que os pressionem a fazer mais e melhor. A nossa oposição não pressiona e, muito menos, impressiona! Momade se comporta como o anjo da guarda de Nyusi. Ontem era o dia de Nyusi, não fosse o anjo Momade que decidiu roubar toda a cena convocando inoportunamente uma conferência de imprensa mal parida. Arrisco em dizer que Nyusi tem mais "medo" de Azagaia do que de toda a oposição junta. 
 
 
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segunda-feira, 27 abril 2020 08:45

Os 100 dias de "governação" dos insurgentes

"Que balanço faz dos 100 dias da governação de Nyusi?". Se fizermos essa pergunta, hoje, a um refugiado de Muatide, Chitunda, Naunde, Namacande, Meangaleua, Ntchinga, Quitarejo, Chicuaia-Velha, Lukwamba, Litingina e outras já destruídas aldeias de Nangade, Muidumbe, Mocímboa, Macomia, Ibo, e etecetera, claramente que a resposta será uma pergunta: "quem é Nyusi?".
 
 
Não entendam mal essas pessoas! É que governar é fazer a agenda do país. Governar é dar as cartas... ficar com o trunfo... e ainda ter uma carta na manga. Governar é estar na vanguarda dos acontecimentos... é prever e antecipar-se. Governar é comunicar com os governados... é dizer o que está a fazer e o que vai fazer. Governar é dar a cara... mesmo que seja cara de bunda ou cara-de-pau. Governar é controlar... é tomar as rédeas, é tomar o remo do barco. Governar é saber onde vai... e ir. Governar é guiar. Governar é ser protagonista. Governar é dominar. Governar é criar confiança. 
 
 
Governar é PODER. E o Poder se tem ou por carisma (respeito) ou por força (medo). Nesses últimos 100 dias assistiu-se a um Poder instituído paulatinamente à força pelos insurgentes a ponto de serem aplaudidos e os soldados governamentais insultados pela população. Os insurgentes embaralharam as cartas e distribuíram-nas. Infelizmente, nesses 100 dias, o país andou a reboque desses energúnenos. Eles fizeram a agenda do país dentro e além fronteiras. Fizeram a nossa diplomacia. Não se sabe como não mandaram o seu representante à Breton Woods para negociar a nossa dívida. 
 
 
Na verdade, estamos a viver uma inércia de partilha de poder, que vem do quinquênio passado, entre o governo legalmente instituído e outros "governos sombra" que foram se impondo dentro dos circunstancialismos das circunstâncias. Temos a "governação" dos gatunos de estimação e do Efe-Eme-I que remonta desde a desocultação das dívidas ocultas cujo domínio é visível até os dias de hoje. Depois juntou-se a "governação" paralela do Nhongo e dos insurgentes cujo exercício iniciou nos meados do mandato passado e foi-se perpetuando e agudizando até hoje. 
 
 
De resto, podemos assumir que nos últimos anos, temos visto uma governação intermitente de Filipe Nyusi, com algumas acções esporádicas e pontuais. Mas, na prática, os primeiros 100 dias de governação, a contar da tomada de posse de Filipe Nyusi, a 15 de Janeiro, vimos apenas um Nyusi nomeador e empossador. As suas ações de governação dignas do nome foram marcadas por nomeações e empossamentos. O resto foram assobios para os ombros em relação aos problemas mais candentes do país, principalmente, aos ataques de Cabo Delgado. 
 
 
Nesse período, Nyusi nomeou e empossou toda a gente, tanto que nomeou e empossou pessoas que não conhecem os seus termos de referência. Uns estão a lutar para inaugurar pontecas, outros estão a dançar nos estádios, e ainda a quem está a empossar administradores de grupos de WhatsApp. Até nomeou e empossou a senhora que fica com as chaves do escritório da sua esposa. Provavelmente, mandar fechar escolas e barracas tenha sido o píncaro da sua governação desses primeiros três meses do calendário gregoriano.
 
 
Enfim, a César o que é dele. O primeiro trimestre foi dos insurgentes, hoje, terroristas. Foram eles que fizeram a pauta do país. Isso não é conspiração, nem vanglorização dos terroristas e, muito menos, celebração da violência ou, então, ejaculação com as mortes... é simplesmente o que se viu até agora. É o que se sente. Mas, o mandato ainda é uma criança! Avante, camarada Presidente! A nossa confiança em ti ainda não esgotou! Ainda temos muita esperança!
 
 
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quarta-feira, 22 abril 2020 07:37

O Tê-Pê-Cê

O exercício que está a matar os velhotes é uma equação quadrática do tipo ax²+bx+c=0. É esta equação polinomial de grau dois que está a fazer dançar os ministros. É um Tê-PêCê em grupo que o Efe-Eme-I deu aos velhotes para ver se recuperam aquela nota baixa que tiveram na prova das dívidas ocultas. 

 

Os velhotes não estão a ver "guemi". Estão a apalpar. Mandaram fazer uma calculadora científica por encomenda na "Maicrosofiti". Estão a fazer o exercício num papel "A1", com lápis "Aga-Bê". Borrachas já acabaram nas livrarias. Mas, o resultado não aparece.

 

Nem a variável, nem a incógnita. O eixo das abcissas está vazio. A parábola nem sonhar. Os cotas estão a testar fórmulas. Trocam as variáveis e as incógnitas. Até chegam a pensar que o professor errou ao passar o exercício. Mas nada!

 

É lápis para cá, é lápis para lá. É borracha para ali, é borracha para acolá. Estão a transpirar no ar condicionado Samsung de 24 mil Bê-Tê-Us em temperatura de dezasseis graus. Casacos e gravatas pesam. Máscaras escorregam, nem tapam o nariz. Tentaram usar os números do Idai e do Kenneth, e nada! Usaram mais-valias, e nada! Agora estão a tentar usar o Corona, mas também parece que não vai dar em nada. 

 

Bom, até porque o Corona era uma grande chance. Começaram com 700 e agora estão nos 34. Dizia, com esse Corona ia dar certo, se não fosse um grupo de miúdos que está a fazer rally no "Feicibuque" e a provocar muito barulho. Miúdos indisciplinados do bairro, aqueles que quando acordam - já que não estudam por causa do Estado de Emergência - só sabem fazer indisciplinices. Estão a atrapalhar, a desconcentrar, os mais velhos. Nem querem assistir aulas de Física na telescola da Tê-Vê-Eme. Os pais são irresponsáveis.

 

Falta pouco para intervalo maior. Chamaram o puto Samugudo para ver se ajudava. O puto disse que, se o valor da incógnita era o número da população moçambicana, então, a variável de 20 milhões de futuros doentes era o pior cenário. Portanto, o puto disse-lhes, em outras palavras, que "olha, cotas, vocês já chumbaram... não há saída aqui". 

 

Os ponteiros do relógio parecem pernas de Usain Bolt. Não há mais tempo. Ontem, pediram ao maza Tiago para ajudar a fazer a parábola da equação assim mesmo "manera-manera", como diria meu primo. O Tiago - que de burro não tem nada - disse-lhes que o arredondamento foi exagerado... com esse resultado inventado de 34 mil milhões a parábola terá a concavidade voltada para baixo, ou seja, o coeficiente é negativo. Não há maneira! Ou, então, apaguem e façam de novo. Ninguém sabe o que virá hoje! A única certeza é que esse Tê-Pê-Cê vai nos matar a todos.

 

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