O comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, anotou que os elementos das Forças de Defesa e Segurança afectos ao Teatro Operacional de Afungi não têm contrapartidas extras, justificando que a missão de defender a pátria e suas riquezas é a mesma para todos, independentemente do ponto do país onde está destacado. Rafael falava na apresentação do vice-Comandante do Teatro Operacional Especial de Afungi, Ernesto Mandungue.
Mandungue foi nomeado na semana passada pelo ministro do Interior, Pascoal Ronda, e apresentado na segunda-feira (11) aos elementos com os quais vai trabalhar para a protecção do projecto de exploração do gás do Rovuma, no distrito de Palma, em Cabo Delgado.
O comissário da Polícia Ernesto Mandungue vai auxiliar o brigadeiro Carlos Mandongue, actual comandante do Teatro Operacional Especial de Afungi. Refira-se que as forças moçambicanas contam com as tropas do Ruanda na protecção do projecto de exploração de gás natural de Rovuma. (Carta)
O Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael, condenou a paralisação da cidade de Maputo, convocada pela Renamo, considerando que as manifestações prejudicam o tecido económico do país, apesar de reconhecer que se trata de um direito constitucional. Bernardino Rafael falava na vila de Palma, em Cabo Delgado.
“Paralisar a cidade de Maputo é paralisar o país. A cidade de Maputo recebe por dia doentes transferidos de todas as capitais provinciais, porque é onde existem hospitais especializados. Na cidade de Maputo, as pessoas têm que correr para os mercados. Então, paralisar é dizer aos munícipes que devem morrer a fome”, frisou o chefe máximo da PRM, apelando às pessoas para se fazerem à rua e aos postos de trabalho.
O Comandante-Geral garantiu a prontidão da corporação, a todos os níveis, para responder a qualquer situação susceptível de pôr em causa a ordem e tranquilidade públicas. Quanto à repetição da votação no último domingo, Rafael apontou que o processo foi ordeiro, não obstante as detenções nos municípios de Gurué, na Zambézia, e Marromeu na província de Sofala.
“Tivemos problemas no município de Gurué com a detenção de quatro pessoas, duas por ilícitos eleitorais e as restantes por perturbação e alteração da ordem pública. Tivemos também dois ilícitos eleitorais em Marromeu, para além de quatro grupos organizados que alteraram a ordem e segurança públicas”, disse Bernardino Rafael, garantindo que todos os casos serão encaminhados ao ministério público para responsabilização. (Carta)
A Plataforma de Observação Eleitoral conjunta "Sala da Paz" diz que a repetição de eleições que decorreu no último domingo (11), em quatro municípios, foi uma autêntica cópia do que aconteceu no passado dia 11 de Outubro, em termos de irregularidades e de algumas situações gravosas. A repetição de eleições teve lugar nos municípios de Marromeu, Gurué, Nacala-Porto e Milange.
Para a Sala da Paz, no Município de Marromeu, onde a repetição da votação foi na totalidade e na autarquia de Gurué, parcial, foram constatadas situações de violência, de uso de gás lacrimogéneo pela Polícia da República de Moçambique (PRM) e de tentativa de introdução de votos, entre outros actos que mancharam o processo.
"Vimos e acompanhamos situações de eleitores que não estavam inscritos ao nível de um determinado município, mas que, por orientação do Presidente de mesa, conseguiram votar. Também vimos boletins de votos que circulavam fora do circuito normal e presidentes que se recusaram a assinar actas”, refere a Sala da Paz.
A Plataforma de Observação Eleitoral constatou igualmente detenções de delegados e de eleitores, para além do impedimento de observação por parte dos observadores e actas com assinaturas incompletas, o que pode ter contribuído para que alguns resultados fossem considerados duvidosos.
Para os actvistas da sociedade civil, a repetição de eleições decorreu sem nenhum controlo e, aparentemente, sem direcção, o que representa um desrespeito ao Conselho Constitucional, aos moçambicanos e àqueles que acreditam na democracia.
"Verificamos uma situação de incapacidade ao nível dos órgãos de gestão eleitoral para conduzir um processo eleitoral".
A Plataforma verificou ainda, com alguma preocupação, que muitos actores que estavam envolvidos, particularmente, ao nível do Município de Marromeu, eram os mesmos das eleições do dia 11 de Outubro, consideradas fraudulentas. (M.A)
Alguns munícipes saíram à rua nesta segunda-feira (11) meio tímidos, depois de a Renamo ter anunciado paralisar a cidade de Maputo, em repúdio aos resultados das eleições autárquicas de 11 de Outubro. Sob o lema “fique em casa”, aquele partido avançou que não se iria responsabilizar por qualquer impacto social, profissional ou pessoal decorrente da manifestação.
Esta segunda-feira, “Carta” foi à rua e interpelou alguns munícipes que decidiram arriscar e saíram das suas casas para cumprir com diversas obrigações do dia-a-dia. Escalamos primeiro a Praça dos Combatentes, vulgo “Xiquelene”, onde encontramos Carlos Senete, de 39 anos, residente no bairro das Mahotas. Ele disse que decidiu sair de casa porque trabalha para comer.
“Eu trabalho como sapateiro na cidade de Maputo e só vou de segunda a sábado. Aos domingos fico em casa a descansar. Então, se eu não saísse de casa hoje, os meus filhos não teriam o que comer. Eu arranjo sapatos e, quando termino o meu trabalho, compro algo para os meus filhos comerem no dia seguinte”, explicou.
Laura Namburete, de 53 anos de idade, trabalha como empregada doméstica no bairro da Coop. Contou que não podia ficar em casa porque a sua patroa ia descontar no seu salário se faltasse ao serviço.
“O Venâncio já está a perder a cabeça e o foco. Até quando ele pode paralisar as actividades e qual será o impacto disso. O povo não pode acatar essa decisão de ficar em casa e não sair para produzir. Neste país é cada um por si e Deus por todos. Se ficarmos em casa, a Renamo não nos vai trazer comida”, disse Namburete.
Para Laminia Macitela, vendedeira de roupa na baixa da cidade de Maputo, não tinha como ficar em casa mesmo com chuva. “Eu vivo de negócio de venda de roupa. Se a Renamo tivesse decidido se manifestar, eu ia arranjar um sítio e me esconder para evitar entrar nos tumultos, mas não podia deixar de sair de casa. São muitas lojas que até abriram as portas tarde aqui na baixa com receio dessa notícia, mas acabaram abrindo”.
Falando à nossa reportagem, um dos lojistas do mercado de Xipamanine, que preferiu anonimato, explicou que o negócio está a funcionar a meio gás e muitas lojas abriram muito tarde e com alguma timidez porque quando a confusão começa, são muitos oportunistas que vez de contestar os resultados das eleições, se aproveitam do negócio dos outros.
“Essas manifestações são um autêntico atentado à economia moçambicana. Se as pessoas não abrem as lojas, não fazem dinheiro. O país não pode depender da boa vontade de algum partido porque a pobreza só vai aumentar. As pessoas precisam de produzir para o país avançar”.
Refira-se que a paralisação da cidade de Maputo que havia sido marcada para esta segunda-feira não aconteceu e a Renamo não explicou o que teria acontecido. (M.A.)
O presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, comparou na sexta-feira o seu homólogo ruandês a Adolf Hitler, durante a campanha eleitoral no leste do país. O leste da RDC tem sido assolado por décadas de violência perpetrada por grupos rebeldes, incluindo o M23, liderado pelos tutsis, que ocupou algumas regiões desde o lançamento duma ofensiva no fim de 2021.
Kinshasa, bem como vários estados ocidentais, incluindo os Estados Unidos e a França, dizem que o M23 é apoiado por Ruanda, embora Kigali negue essa afirmação.
“Vou me dirigir ao presidente ruandês Paul Kagame e dizer-lhe o seguinte: já que ele quer-se comportar como Adolf Hitler, tendo objectivos expansionistas (na República Democrática do Congo), eu prometo que ele vai acabar como Adolf Hitler”, disse o líder congolês. Tshisekedi falava a uma multidão num comício em Bukavu, capital da província de Kivu do Sul.
Adolf Hitler foi um político alemão, ditador e grande líder do nazismo e instigador da Segunda Mundial e figura central do holocausto. Embora a maior parte da RDC tenha retornado à relativa estabilidade após duas grandes guerras nas décadas de 1990 e 2000, milícias e grupos rebeldes operam no leste do país, que faz fronteira com Uganda, Ruanda e Burundi.”
“Quando assumi o poder como presidente deste país, propus um plano para viver em paz com os nossos vizinhos, mas o problema é que os nossos vizinhos têm olhos maiores que o estômago e esse é o caso do meu colega Kagame”, disse.
Tshisekedi já descreveu Ruanda como um "vizinho horrível" e acusou-o de querer monopolizar a riqueza, particularmente a mineração, no leste da RDC.
“Mas desta vez, (Kagame) enganou-se ao se meter comigo, tendo em conta que eu como filho deste país estou determinado a proteger a RDC contra todos os tipos de agressão estrangeira”, disse o líder congolês durante seu discurso em Bukavu.
Tshisekedi assumiu o cargo em 2019 após uma eleição bastante disputada. Está a concorrer para o segundo mandato e prometeu melhorar a vida dos pobres, combater a corrupção e pacificar o leste devastado pelo conflito.
A eleição presidencial na RDC está marcada para o próximo dia 20 de Dezembro. Para o próximo ano, seis países da SADC realizam eleições gerais, nomeadamente, (Fevereiro de 2024), África do Sul (Maio de 2024), Moçambique e Botswana (Outubro de 2024) e Namíbia e Maurícias (Novembro de 2024).
Entre os seus críticos, Kagame está entre os líderes mais repressivos da África e frustrou as esperanças de tornar o Ruanda numa democracia na qual todos os cidadãos se podem orgulhar.
Líder do Ruanda desde 1994, Paul Kagame é também acusado de limitar a liberdade de expressão e de reprimir a oposição. Recorde-se que o presidente Nyusi pediu ao seu aliado Paul Kagame o envio de um contingente militar e policial do Ruanda para combater os grupos armados que têm protagonizado ataques desde 2017 na província de Cabo Delgado.
O Ruanda tornou-se assim o primeiro país estrangeiro a colocar tropas em Moçambique em Julho de 2021, sem data de retirada. O primeiro destacamento ruandês foi de mil militares e polícias com equipamento e armas para Cabo Delgado, a que se juntou depois a Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM).
As tropas da SADC retirar-se-ão gradualmente da província de Cabo Delgado a partir do dia 15 de Dezembro deste ano e a sua conclusão está prevista para 15 de Julho de 20124, mas os militares ruandeses permanecerão por tempo indeterminado. (Carta/AFP)
A onda de perseguição às lideranças comunitárias na aldeia Nacuca, localidade de Mararange, posto administrativo de Mirate, no distrito de Montepuez, a sul da província de Cabo Delgado, na última sexta-feira (9), resultou na morte de pelo menos quatro (4) elementos da estrutura comunitária e destruição das suas residências.
Fontes disseram à "Carta" que, devido à situação, foi destacada uma unidade da Polícia da República de Moçambique na mesma sexta-feira, mas, devido à fúria da população, não conseguiu estancar a desordem. Já no dia seguinte, sábado, foi enviado um reforço com vista a fazer face à manifestação que só terminou ao meio-dia.
“É verdade. Há tumultos na aldeia de Nacuca, localidade de Mararange, desde sexta-feira. Os populares destruíram habitações das estruturas locais, alegando que estão a propagar a cólera. Assim, a polícia já foi lá para amainar os ânimos, mas a situação é terrível”, disse Marcelino Saíde, falando no sábado, a partir da vila de Montepuez.
“A situação é complicada, eu creio que o líder nunca cometeu mal nenhum. Doença é doença. Então culpar os líderes, não faz sentido. Optar pela violência não ajuda em nada”, lamentou um outro residente, que alertou que nos últimos dias também se fala de trombose trazida por desconhecidos.
Um agente da PRM em Montepuez confirmou à “Carta” que os seus colegas foram destacados para a aldeia da localidade de Mararange, para conter a revolta contra as lideranças locais, alegadamente, porque estão a propagar a cólera.
Em menos de um mês, foram relatadas no distrito de Montepuez várias manifestações associadas à desinformação sobre a origem da cólera na aldeia Mavala e no bairro Migire. Situação idêntica foi reportada no distrito de Chiúre, onde houve registo de mortos.
Durante a semana finda, as autoridades sanitárias alertaram que outros cinco (5) distritos estão na iminência da eclosão da cólera, se não forem tomadas medidas urgentes.
Edson Fernando, médico chefe provincial em Cabo Delgado, disse que estão em risco os distritos de Pemba, Nangade, Ancuabe, Mocímboa da Praia e Palma, onde se regista o aumento de casos de diarreias agudas. Actualmente, a cólera afecta os distritos de Chiúre, Balama e Montepuez, com mais de 900 casos. (Carta)