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Actualizado de Segunda a Sexta

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Sociedade

Alguns munícipes saíram à rua nesta segunda-feira (11) meio tímidos, depois de a Renamo ter anunciado paralisar a cidade de Maputo, em repúdio aos resultados das eleições autárquicas de 11 de Outubro. Sob o lema “fique em casa”, aquele partido avançou que não se iria responsabilizar por qualquer impacto social, profissional ou pessoal decorrente da manifestação.

 

Esta segunda-feira, “Carta” foi à rua e interpelou alguns munícipes que decidiram arriscar e saíram das suas casas para cumprir com diversas obrigações do dia-a-dia. Escalamos primeiro a Praça dos Combatentes, vulgo “Xiquelene”, onde encontramos Carlos Senete, de 39 anos, residente no bairro das Mahotas. Ele disse que decidiu sair de casa porque trabalha para comer.

 

“Eu trabalho como sapateiro na cidade de Maputo e só vou de segunda a sábado. Aos domingos fico em casa a descansar. Então, se eu não saísse de casa hoje, os meus filhos não teriam o que comer. Eu arranjo sapatos e, quando termino o meu trabalho, compro algo para os meus filhos comerem no dia seguinte”, explicou.

 

Laura Namburete, de 53 anos de idade, trabalha como empregada doméstica no bairro da Coop. Contou que não podia ficar em casa porque a sua patroa ia descontar no seu salário se faltasse ao serviço.

 

“O Venâncio já está a perder a cabeça e o foco. Até quando ele pode paralisar as actividades e qual será o impacto disso. O povo não pode acatar essa decisão de ficar em casa e não sair para produzir. Neste país é cada um por si e Deus por todos. Se ficarmos em casa, a Renamo não nos vai trazer comida”, disse Namburete.

 

Para Laminia Macitela, vendedeira de roupa na baixa da cidade de Maputo, não tinha como ficar em casa mesmo com chuva. “Eu vivo de negócio de venda de roupa. Se a Renamo tivesse decidido se manifestar, eu ia arranjar um sítio e me esconder para evitar entrar nos tumultos, mas não podia deixar de sair de casa. São muitas lojas que até abriram as portas tarde aqui na baixa com receio dessa notícia, mas acabaram abrindo”.

 

Falando à nossa reportagem, um dos lojistas do mercado de Xipamanine, que preferiu anonimato, explicou que o negócio está a funcionar a meio gás e muitas lojas abriram muito tarde e com alguma timidez porque quando a confusão começa, são muitos oportunistas que vez de contestar os resultados das eleições, se aproveitam do negócio dos outros.

 

“Essas manifestações são um autêntico atentado à economia moçambicana. Se as pessoas não abrem as lojas, não fazem dinheiro. O país não pode depender da boa vontade de algum partido porque a pobreza só vai aumentar. As pessoas precisam de produzir para o país avançar”.

 

Refira-se que a paralisação da cidade de Maputo que havia sido marcada para esta segunda-feira não aconteceu e a Renamo não explicou o que teria acontecido. (M.A.)

O presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, comparou na sexta-feira o seu homólogo ruandês a Adolf Hitler, durante a campanha eleitoral no leste do país. O leste da RDC tem sido assolado por décadas de violência perpetrada por grupos rebeldes, incluindo o M23, liderado pelos tutsis, que ocupou algumas regiões desde o lançamento duma ofensiva no fim de 2021.

 

Kinshasa, bem como vários estados ocidentais, incluindo os Estados Unidos e a França, dizem que o M23 é apoiado por Ruanda, embora Kigali negue essa afirmação.

 

“Vou me dirigir ao presidente ruandês Paul Kagame e dizer-lhe o seguinte: já que ele quer-se comportar como Adolf Hitler, tendo objectivos expansionistas (na República Democrática do Congo), eu prometo que ele vai acabar como Adolf Hitler”, disse o líder congolês. Tshisekedi falava a uma multidão num comício em Bukavu, capital da província de Kivu do Sul.

 

Adolf Hitler foi um político alemão, ditador e grande líder do nazismo e instigador da Segunda Mundial e figura central do holocausto. Embora a maior parte da RDC tenha retornado à relativa estabilidade após duas grandes guerras nas décadas de 1990 e 2000, milícias e grupos rebeldes operam no leste do país, que faz fronteira com Uganda, Ruanda e Burundi.”

 

“Quando assumi o poder como presidente deste país, propus um plano para viver em paz com os nossos vizinhos, mas o problema é que os nossos vizinhos têm olhos maiores que o estômago e esse é o caso do meu colega Kagame”, disse.

 

Tshisekedi já descreveu Ruanda como um "vizinho horrível" e acusou-o de querer monopolizar a riqueza, particularmente a mineração, no leste da RDC.

 

“Mas desta vez, (Kagame) enganou-se ao se meter comigo, tendo em conta que eu como filho deste país estou determinado a proteger a RDC contra todos os tipos de agressão estrangeira”, disse o líder congolês durante seu discurso em Bukavu.

 

Tshisekedi assumiu o cargo em 2019 após uma eleição bastante disputada. Está a concorrer para o segundo mandato e prometeu melhorar a vida dos pobres, combater a corrupção e pacificar o leste devastado pelo conflito.

 

A eleição presidencial na RDC está marcada para o próximo dia 20 de Dezembro. Para o próximo ano, seis países da SADC realizam eleições gerais, nomeadamente, (Fevereiro de 2024), África do Sul (Maio de 2024), Moçambique e Botswana (Outubro de 2024) e Namíbia e Maurícias (Novembro de 2024).

 

Entre os seus críticos, Kagame está entre os líderes mais repressivos da África e frustrou as esperanças de tornar o Ruanda numa democracia na qual todos os cidadãos se podem orgulhar.

 

Líder do Ruanda desde 1994, Paul Kagame é também acusado de limitar a liberdade de expressão e de reprimir a oposição. Recorde-se que o presidente Nyusi pediu ao seu aliado Paul Kagame o envio de um contingente militar e policial do Ruanda para combater os grupos armados que têm protagonizado ataques desde 2017 na província de Cabo Delgado.

 

O Ruanda tornou-se assim o primeiro país estrangeiro a colocar tropas em Moçambique em Julho de 2021, sem data de retirada. O primeiro destacamento ruandês foi de mil militares e polícias com equipamento e armas para Cabo Delgado, a que se juntou depois a Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM).

 

As tropas da SADC retirar-se-ão gradualmente da província de Cabo Delgado a partir do dia 15 de Dezembro deste ano e a sua conclusão está prevista para 15 de Julho de 20124, mas os militares ruandeses permanecerão por tempo indeterminado. (Carta/AFP)

A onda de perseguição às lideranças comunitárias na aldeia Nacuca, localidade de Mararange, posto administrativo de Mirate, no distrito de Montepuez, a sul da província de Cabo Delgado, na última sexta-feira (9), resultou na morte de pelo menos quatro (4) elementos da estrutura comunitária e destruição das suas residências.

 

Fontes disseram à "Carta" que, devido à situação, foi destacada uma unidade da Polícia da República de Moçambique na mesma sexta-feira, mas, devido à fúria da população, não conseguiu estancar a desordem. Já no dia seguinte, sábado, foi enviado um reforço com vista a fazer face à manifestação que só terminou ao meio-dia.

 

“É verdade. Há tumultos na aldeia de Nacuca, localidade de Mararange, desde sexta-feira. Os populares destruíram habitações das estruturas locais, alegando que estão a propagar a cólera. Assim, a polícia já foi lá para amainar os ânimos, mas a situação é terrível”, disse Marcelino Saíde, falando no sábado, a partir da vila de Montepuez.

 

“A situação é complicada, eu creio que o líder nunca cometeu mal nenhum. Doença é doença. Então culpar os líderes, não faz sentido. Optar pela violência não ajuda em nada”, lamentou um outro residente, que alertou que nos últimos dias também se fala de trombose trazida por desconhecidos.

 

Um agente da PRM em Montepuez confirmou à “Carta” que os seus colegas foram destacados para a aldeia da localidade de Mararange, para conter a revolta contra as lideranças locais, alegadamente, porque estão a propagar a cólera.

 

Em menos de um mês, foram relatadas no distrito de Montepuez várias manifestações associadas à desinformação sobre a origem da cólera na aldeia Mavala e no bairro Migire. Situação idêntica foi reportada no distrito de Chiúre, onde houve registo de mortos.

 

Durante a semana finda, as autoridades sanitárias alertaram que outros cinco (5) distritos estão na iminência da eclosão da cólera, se não forem tomadas medidas urgentes.

 

Edson Fernando, médico chefe provincial em Cabo Delgado, disse que estão em risco os distritos de Pemba, Nangade, Ancuabe, Mocímboa da Praia e Palma, onde se regista o aumento de casos de diarreias agudas. Actualmente, a cólera afecta os distritos de Chiúre, Balama e Montepuez, com mais de 900 casos. (Carta)

Um grupo de terroristas atacou, na última quinta-feira (7), uma posição das forças moçambicanas localizada próximo de um centro pesqueiro denominado por Manhiça, nos arredores do lago Inguri, no distrito de Muidumbe, em Cabo Delgado, disseram várias fontes à "Carta de Moçambique".

 

"Ainda não temos a dimensão dos danos ou vítimas mortais, mas aqui em Miangalewa temos pessoas que fugiram de lá, deixaram tudo, incluindo nossos militares passaram aqui", disse Nkualembo José, residente em Miangalewa, cerca de 20 quilómetros do local que foi alvo do ataque.

 

Um residente do bairro Changane, na vila de Macomia, disse que, após a chegada da informação às autoridades, várias unidades foram destacadas de imediato. “Nós recebemos aqui militares com armas e outros sem armas depois de equipas de reforço terem avançado para lá, que se juntaram com as tropas ruandesas e do Botswana. Da informação que temos, perdemos cinco militares”.

 

“Muitos deles chegaram na estação, aqui na vila de Macomia, sem quase nada. Eles contam que foram atacados de surpresa por pessoas com lenços na cabeça”, secundou um outro residente no bairro Nanga “B” na vila de Macomia.

 

Entretanto, a agência pró-terroristas Amaq divulgou, na sexta-feira, um vídeo e fotos em que reivindicam a autoria de um ataque contra uma posição das FDS no qual morreram cinco militares, levando ainda à fuga da população.

 

O último relatório do projecto Cabo Ligado tinha alertado que os terroristas regressaram a uma das margens do rio Messalo e, provavelmente, poderiam efectuar incursões em alguns pontos dos distritos de Muidumbe e Macomia e em outros locais. (Carta)

Uma subvenção económica a ser concedida com a criação de uma banco da agricultura pode vir a ser um instrumento valioso para incremento da actividade agrícola. O repto foi lançado por agricultores que participaram do III Fórum de Agro-negócios, que teve lugar há dias, na cidade de Mocuba, província da Zambézia, com objectivo de refletir sobre estratégias de geração de emprego e resiliência climática.

 

Em causa estão as altas taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais para o sector agrícola, que acabam retraindo grande parte dos agricultores, sobretudo os pequenos e médios produtores. No entender dos agricultores da Zambézia, um banco da agricultura pode minimizar esta situação.

 

O evento, promovido pela Agência de Desenvolvimento Empreendedorismo, constituiu uma oportunidade para o sector privado, empreendedores, provedores de serviços, estudantes finalistas discutirem e remover as barreiras políticas e económicas que impendem a exploração do potencial de recursos existente, acesso fácil a sementes, mudas, insumos agrícola, comercialização e solucionar o crónico problema do acesso a mercados.

 

Intervindo na sessão de abertura, o governador da Zambézia, Pio Matos, congratulou a realização do evento na província, e recomendou os participantes a discutirem temas que impedem a boa comercialização, produção e geração de emprego e que as ideias a serem discutidas pelos vários actores sejam transformadas em planos de trabalhos concretos a fim de trazerem resultados tangíveis.

 

Para além de pedir um banco da agricultura, os agentes económicos, produtores, provedores de serviços e empreendedores defenderam a necessidade de a execução dos projectos integrados no II Compacto do Millennium Challeng Corporation (MCC), do porto de Macusse e da linha férrea Chitima-Macusse trazer e garantir oportunidade de negócios de prestação de serviços por parte dos locais e melhorias na vida da população, através de geração de emprego para os jovens.

 

Por outro lado, o director executivo da Agência de Desenvolvimento e Empreendedorismo falou das barreiras impostas pelo bancos comerciais devido a altas taxas de juro, restringindo o seu acesso ao financiamento, sobretudo para os jovens que pretenderem empreender.

 

A organização entende que muitos destes jovens, finalistas do Ensino Médio e Superior, têm projectos com planos de negócios bem concebidos, mas não têm garantias exigidas pelos bancos comerciais, por isso advoga por políticas mais arrojadas de incentivos para que o sector privado possa erguer-se. (Carta)

A Alemanha defende a consolidação dos avanços alcançados por vários actores que lutam para a reposição da paz efectiva em Cabo Delgado. Nos últimos seis anos, a província tem estado a sofrer incursões terroristas, que fizeram mais de quatro mil mortos. A posição da vice-ministra alemã das Relações Exteriores foi expressa em conferência de imprensa, na cidade de Pemba, na qual defendeu o envolvimento de vários actores, através de uma ampla coordenação para se alcançar o objectivo pretendido. 

 

Katja Keul trabalhou nesta quinta-feira em Cabo Delgado onde manteve uma reunião com chefias militares do Ruanda em Palma para se inteirar dos avanços na luta contra o terrorismo. No distrito de Palma, Katja Keul visitou também os projectos financiados pela Alemanha, nomeadamente, a construção de casas e infra-estruturas do governo. (Carta)

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