Por se encontrar fora do prazo, cimento da marca Cimpor embalado em 129 sacos, no valor unitário de 58.000 Meticais, foi retirado das bancas na província de Nampula pela Inspeção Nacional das Actividades Económicas (INAE).
A informação foi veiculada pelo porta-voz-substituto desta instituição, Ali Mussa, ontem em Maputo.
A apreensão de cimento fora do prazo em Nampul, estava inserida numa operação lançada entre 18 a 22 deste Fevereiro, durante a qual foram fiscalizados 40 estabelecimentos de venda daquele produto. De acordo com Mussa, nos locais abrangidos pela fiscalização, os fiscais constataram casos de comercialização do cimento sem a necessária licença. Foram igualmente constatadas situações da falta de higiene e limpeza nos lugares onde o cimento era vendido, na via pública. O porta-voz substituo da INAE referiu-se ainda a casos em que o cimento estava amontoado em cima de lonas, o que segundo ele não é recomendável uma vez que isso pode alterar a qualidade do produto.
Ali Mussa disse que a INAE tomou “medidas apelativas” para que os comerciantes de cimento passassem a vende-lo nos seus próprios armazéns. Verificou-se que muitos comerciantes guardam o cimento em lugares com boas condições de higiene e protecção, retirando-o para a rua quando chega a hora de vendê-lo. Durante a conferência de imprensa, a INAE facultou à nossa reportagem uma informação segundo a qual aquela instituição está a realizar uma campanha de recolha, a nível nacional, do livro de distribuição gratuita. Até aqui foi recolhida uma quantidade ainda não especificada do livro em causa, na avenida Guerra Popular em Maputo. (Marta Afonso)
A proposta da Lei de Conteúdo Nacional (ou Local), fundamental para enquadrar a participação de empresas de moçambicanos na indústria extractiva, está a ser debatida pelo Governo desde 2007, tendo já passado por vários Ministérios. Actualmente, a entidade responsável pela materialização da referida Lei é o Ministério da Economia e Finanças (MEF). A partir de 2017, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) assumiu um papel relevante no processo, tendo influenciado para a inclusão de 11 tópicos considerados essenciais para se alcançar o desiderato da lei. Mas...ninguém sabe quando é que a proposta será aprovada pelo Conselho de Ministros e enviada ao parlamento.
Para o presidente do pelouro de Conteúdo Local e Ligações Empresariais na CTA, Florival Mucave, a ausência da Lei de Conteúdo Nacional é um factor de exclusão das empresas nacionais na exploração do gás do Rovuma, criando espaço para benefício exclusivo de empresas de estrangeiros, que não têm qualquer intenção de investir no país a longo prazo. Como consequência disso, adianta Mucave, as empresas estrangeiras vão repatriar os capitais, continuando Moçambique a registar um défice fiscal.
Ainda na óptica de Florival Mucave, a ausência da Lei de Conteúdo Nacional vai, em última análise, trazer perdas para a economia do país. “É que sabemos que após a decisão financeira de investimento da Anadarko serão necessárias várias empresas para auxiliar na construção da fábrica de GNL mas, sem um instrumento que permita uma concorrência de igual para igual, os moçambicanos estarão sempre em desvantagem”, disse. O representante da CTA alerta o Governo para o facto de que, quanto maior for a participação dos empresários moçambicanos no processo de exploração do GNL, muitos serão os benefícios para o país uma vez que, com os lucros, a classe empresarial vai reinvestir em Moçambique, contribuindo assim na criação de empregos e pagamento de impostos.
Sobre o atraso na aprovação da Lei, Mucave acredita haver no seio da CTA um grupo de empresários que se dedica a ‘lobbies’, e que não tem muito interesse na aprovação daquele instrumento legal. Florival Mucave acrescenta que tal desinteresse não se verifica só dentro da CTA, mas também a nível do Governo, particularmente em alguns ministros. Seja como for, Mucave repisa que a aprovação da lei em causa é primordial porque, para além da Anadarko, a também norte-americana Exxon Mobil vai anunciar neste ano a sua decisão financeira de investimento. “E tal como a Anadarko, a Exxon vai igualmente contratar ou sub-contratar várias empresas para o fornecimento de serviços e bens. Sem um instrumento que abrigue o interesse do empresariado nacional, este terá muito poucas oportunidades de fazer negócios na operação”, explicou Florival Mucave. (Evaristo Chilingue)
Teve início, esta semana, a operacionalização da Linha de Crédito de Comercialização Agrícola (LCCA), lançada em Dezembro último, pelo Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) e pela Gapi.
Os primeiros créditos, num montante de cerca de 10.5 milhões de Meticais, já foram concedidos. As propostas de financiamento aprovadas são de empresas que operam em zonas rurais de Niassa, Tete e Nampula.
O Comité Directivo da LCCA está a priorizar as empresas actuando nas zonas fronteiriças, para que a produção nacional de alimentos permaneça em território nacional.
A comercialização de produtos alimentares, com destaque para milho e feijão e com impacto em comunidades rurais no distrito de Doa, em Tete, é uma das operações comerciais priorizadas pelo Comité da LCCA. Este financiamento vai beneficiar mais de 10 mil famílias, residentes em comunidades como Cachere, Mara, Michone, Sabgomba, Manoriza, Missocossa e Thapo no distrito de Doa. Outro beneficiário é uma empresa do Niassa, envolvida na indústria alimentar, que impulsiona a cadeia de comercialização de cereais no seio dos pequenos produtores naquela província, ajudando a criar uma rota para o mercado de seus produtos. A empresa possui uma fábrica de processamento de milho, com capacidade para processar duas toneladas por hora e que foi, recentemente, inaugurada pelo Chefe de Estado.
Com o crédito da LCCA, esta empresa acredita poder desenvolver um papel crucial na cadeia de valor de cereais do mercado local, sobretudo nos distritos de Lichinga, Mandimba, Maúa e Muembe, dado que “grande parte do milho processado e/ou transformado em farinha é comprado através de uma rede de comerciantes rurais que incentivam os produtores familiares a aumentarem a sua produção, visto que os mesmo passam a ter um mercado seguro para comercializar os seus produtos”.
Neste momento, a empresa encontra-se focada na ampliação do seu mercado, para assegurar a absorção de grande parte do grão que acaba saindo do País de forma clandestina. Para garantir um melhor armazenamento e conservação dos seus produtos, está a usar os silos da Bolsa de Mercadorias de Moçambique.
Em Nampula, a empresa beneficiada é uma pequena agroindústria que se dedica à compra, processamento Industrial e venda de farinha de milho e seus derivados. Esta empresa propõe-se cumprir com as normas governamentais, no âmbito da produção de alimentos enriquecidos, com base na farinha de milho e soja. “Com o financiamento, vamos dinamizar a produção, através de duas linhas de processamento, sendo uma para produção de farinha de milho fortificada com capacidade de 20 toneladas por dia e outra para produção de papas enriquecidas, com base nas farinhas mistas de milho e soja, com capacidade de 4 toneladas por dia” – garante Chissungue Haje António, representante da empresa.
José Farinha, gestor de uma das empresas beneficiárias destas primeiras operações da LCCA, vem desenvolvendo a actividade de comercialização há vários anos, mas, segundo conta “não conseguia comprar cereais, numa quantidade que me permitisse alavancar rapidamente a minha actividade e beneficiar as comunidades do meu distrito, porque não tinha dinheiro suficiente”.
Na sua opinião, o surgimento da LCCA vai dinamizar a actividade dos produtores que, muitas vezes, viam a sua produção apodrecer por falta de escoamento.
Além do financiamento à comercialização previsto na LCCA, o acordo entre o ICM e a Gapi contempla actividades de assistência técnica, com vista à criação e capacitação de operadores da comercialização agrícola e do agro-processamento de pequena e média dimensão. Estas actividades beneficiam de sinergias com programas como o ProMer, Agro-Investe, ProSul , entre outros que contam com a participação da Gapi e o apoio do Governo e de parceiros como o FIDA, BAD e Danida.(FDS)
O representante em Moçambique do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), Sun Gang Pep, disse no workshop “Moçambique-China que a China está interessada em continuar a aumentar os investimentos nas áreas de recursos naturais, nomeadamente petróleo e gás. “Os investimentos chineses podem vir a ascender a mais de 100 milhões de dólares norte-americanos” disse no encontro promovido pelo Standard Bank, em Maputo.
O responsável do ICBC recordou ainda que as trocas comerciais entre Moçambique e China registaram um aumento significativo em 2018, atingindo aproximadamente US$ 168 milhões, valor que representa um crescimento de 2,24% em comparação com igual período de 2017.
“O investimento chinês em Moçambique está a aumentar cada ano que passa. As trocas comerciais entre os dois países estão num ritmo satisfatório e nos próximos anos vão melhorar, ainda mais, com o incremento de investimento em diversas áreas”, disse.“Segundo os dados que temos, cerca de 70 por cento do investimento directo estrangeiro em Moçambique vai para os recursos naturais, principalmente para a área de petróleo e gás e nós, como banco comercial e industrial, vamos financiar projectos nessas áreas também”, garantiu.
Sun Gang Pep disse ainda que “Através da parceria estratégica com o Standard Bank, o ICBC vai explorar oportunidades com vista a expandir a cooperação para novas áreas de negócio e ajudar a comunidade empresarial chinesa em Moçambique.”O responsável do banco chinês disse ainda que Moçambique precisa de continuar com os esforços em curso para a melhoria do ambiente de negócios, e apontou a burocracia como principal entrave do processo. (Macauhub)
O país precisou no ano passado de 946 milhões de USD para importar 1 386 milhões Toneladas Métricas (TM) de combustíveis líquidos, designadamente Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), ou gás de cozinha, Jet, Gasóleo e Gasolina, mais 150 milhões de USD em comparação com 2017. Dados da Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO) indicam que 70% do valor total foi destinado a importação de um milhão de TM de Gasóleo. Do universo, 23 % foram gastos para a importação de 308 mil TM de Gasolina, 5% para 75 mil TM de Jet A1 e 2 % para importar 33 mil TM de GPL.
Para a importação destes combustíveis, a IMOPETRO precisou de contratar duas empresas. A suíça TRAFIGURA importou Jet, Gasóleo e Gasolina e a ADDAX Petroleum importou gás de cozinha. Findo o contrato com estas empresas, neste momento a IMOPETRO está a busca de novos fornecedores para o mesmo fim. Para evitar maiores custos, o país tem apostado em mercados considerados baratos no mundo, neste caso o Golfo Pérsico para a aquisição de Jet e Gasolina e, o mar Mediterrânea para a compra de gasolina. (Evaristo Chilingue).
A Compuscan, empresa líder em sistemas de informação de crédito (Bureau de Crédito) vai contribuir para facilitar o acesso ao crédito a particulares e empresas que procuram empréstimos em Moçambique. A garantia foi dada durante o lançamento da empresa numa sessão que juntou, em Maputo, no passado dia 19 de Fevereiro, os principais Bancos Comerciais e Instituições de Microcrédito (IMFs) a actuar no mercado moçambicano.
O lançamento da Compuscan surge na sequência da recentemente autorização, pelo Banco de Moçambique, a operar como primeira agência privada de sistema de informação de crédito no país. O evento contou com a presença da Compuscan, Remo Lenisa, CEO do Grupo, Frank Lenisa, Director de Mercados Internacioanis, Mike Malan, Director Executivo para África e Lara Cangi, representante da Compuscan em Moçambique. Contou ainda com a presença de Gertrudes Maculuve Tovela, Administradora do Pelouro de Estabilidade Financeira, em representação do Banco de Moçambique, Bernardo Cumaio, responsável pelo Pelouro de Política Financeira da CTA, Teotonio Comiche, Presidente da Associação Moçambicana de Bancos, e Ari Aisen, representante do Fundo Monetário Internacional.
A actividade da Compuscan levará todos os Bancos Comerciais e Instituições de Microfinanças a partilhar dados sobre empréstimos contraídos no mercado moçambicano, e poderá incluir outros fornecedores de crédito, como telecomunicações, retalhistas, serviços de utilidade pública, seguros, entre outros players do mercado. Este serviço, que responde à legislação introduzida em Moçambique em 2015, será supervisionado pelo Banco de Moçambique.
Os bureaus de crédito, tal como a Compuscan, são essenciais para o bom funcionamento dos mercados de crédito. Permitem que os credores avaliem e possam melhor gerir os riscos, ajudam os tomadores a obter acesso ao financiamento e contribuem para a redução do sobre-endividamento.
Os bureaus de crédito fornecem ao sector financeiro dados seguros e uma base de dados centralizada de informações sobre consumidores e empresas. Estes fornecem ainda produtos e serviços que ajudam a prever riscos e a reduzir fraudes, tais como relatórios de crédito, pontuações de crédito, verificações de identidade, avaliações de acessibilidade e de colectas. Os dados do bureau de crédito são altamente protegidos e o seu acesso é estritamente regulado por legislação. Os benefícios de compartilhar informação incluem um leque melhorado de tomadores de empréstimos, taxas de incumprimento reduzidas e, gradualmente, taxas de juro mais baixas.
Este novo serviço irá gerar informações detalhadas e confidenciais de relatórios de crédito que permitirão que se avalie os clientes segundo o seu bom e mau comportamento de pagamento de crédito. O rápido e fácil processo de análise de crédito facilitado pelo bureau de crédito, incentiva o consumidor a ter acesso a mais financiamentos, o que, por sua vez, contribui para a inclusão financeira e o crescimento económico. De acordo com Lara Cangi, responsável pelo negócio e gestão da Compuscan em Moçambique, “a empresa pretende contribuir para uma maior transparência e confiança no mercado de crédito, através de disponibilização de informação fiável e de qualidade sobre crédito em Moçambique e com isso contribuir para facilitar o acesso ao crédito tanto a particulares como a empresas. Queremos estar ao serviço dos objetivos financeiros e económicos do Governo e do Banco Central e assim contribuir para o desenvolvimento económico de Moçambique”, afirmou durante o evento de lançamento. (Carta)