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Economia e Negócios

O Governo, através da empresa CFM-Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, vai adquirir, ainda este ano, um total de 90 carruagens e cinco locomotivas adicionais, para o reforço do transporte de passageiros e mercadorias, nos sistemas ferroviários Sul e Centro. Esta informação foi revelada, na segunda-feira, 11 de Março, em Maputo, pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, à margem da 10ª Reunião Nacional das Autarquias Locais. Abordado por jornalistas, após dissertar sob o tema “mobilidade e acessibilidade urbanas”, Carlos Mesquita disse que a perspectiva é de que os referidos equipamentos estejam disponíveis e em circulação já no terceiro trimestre do ano em curso.

 

“Há três anos, fizemos um investimento nos sistemas ferroviários Sul e Centro, nomeadamente nas linhas férreas de Goba, Ressano Garcia, Chicualacuala, Sena e Marromeu, mas temos estado a notar que a procura ainda é muito elevada, o que é bom, pois reduz a pressão sobre as estradas, diminuindo, deste modo, o nível de acidentes rodoviários, para além de permitir que a população transporte maior quantidade de mercadorias a preços extremamente acessíveis”, referiu o governante.

 

Tendo em consideração estes factores, conforme indicou o ministro, o Governo decidiu avançar na aquisição de 90 carruagens e cinco locomotivas, para os sistemas Sul e Centro, num projecto executado em colaboração com o governo da Índia e enquadrado no âmbito do Programa Quinquenal e o Plano Económico Social  (PES) de 2019.

 

Muito recentemente foi feita a definição das especificações das referidas carruagens, que serão maioritariamente de terceira classe, com um número considerável de segunda e primeira classes, para conferir mais conforto e comodidade aos utentes. A propósito, Carlos Mesquita explicou que, do lote de 90 carruagens, constam algumas carruagens-restaurantes. A ideia é que cada comboio de passageiros passe a contar com uma carruagem-restaurante.

 

“Isso vai fazer com que todos os passageiros a bordo possam ter facilidades na aquisição de alimentos, devidamente, confeccionados, assim como a criação de condições para o aquecimento da água para a preparação do leite para os bebés, entre outras necessidades logísticas, uma vez que algumas viagens são longas e chegam a  durar, nalguns casos, acima de seis horas”, concluiu. (FDS)

Representado pela CTA, o sector privado manifestou-se ontem em Maputo contra uma medida imposta pelo Banco de Moçambique (BM) na semana passada, de aumentar em 900 pontos base o coeficiente das Reservas Obrigatórias (RO) em moeda estrangeira, que a partir do dia 07 deste Março passou a ser de 36%.  

 

Embora o BM justifique a sua decisão com o “agravamento da percepção dos riscos externos e consequente maior volatilidade do Dólar no mercado internacional”, a CTA entende que a medida não devia ter sido tomada. De acordo com o presidente do Pelouro de Política Financeira na CTA, Bernardo Cumaio, a decisão do BM vai influenciar a retirada da moeda externa do mercado, criando maior escassez de divisas. Na sequência disso, conforme adianta Cumaio, poderá haver uma tendência de depreciação cambial sistemática que, com o agravante do efeito das eleições gerais deste ano, teria efeitos irreversíveis a médio prazo. “O nosso principal receio em relação a esta medida é de a curto prazo o Metical depreciar-se rapidamente e de forma irreversível. Como agravante, o Metical teria a tendência de depreciar-se face ao Dólar, como tem acontecido ultimamente”, disse Cumaio. Ainda de acordo com Bernardo Cumaio não seria de descartar a hipótese de as reservas internacionais líquidas reduzirem, baixando da fasquia dos 2.878 USD em que se situavam até início de Fevereiro último, o que corresponderia a uma redução de 35 milhões de USD face ao fecho do ano de 2018.

 

O presidente do pelouro de Política Financeira na CTA referiu que o aumento da taxa de RO em moeda externa, na ordem de 900 pontos base, é bastante elevado, podendo representar um tremendo choque para o sector financeiro. Este, por sua vez, pode num período de tempo relativamente curto ser repassado para a área produtiva.

 

Na óptica do sector privado, o aumento do coeficiente das RO em moeda estrangeira poderia ter sido gradual e conjugado com outros instrumentos, para evitar uma depreciação cambial de proporções irreversíveis. É que a taxa de RO é um instrumento que não pode ser alterado com frequência, dado o efeito que tem na base monetária e para a oferta da moeda.

 

Perante a decisão tomada pelo Banco Central, o sector privado apela àquela instituição financeira para que “no âmbito da visível manutenção do cenário macroeconómico no país, e no contexto externo, implemente medidas que não causem choque e espanto no mercado, agravando o ambiente de negócios que está paulatinamente a melhorar”. (Evaristo Chilingue)

O Porto de Maputo conta com mais dois novos guindastes móveis, com capacidade máxima de 144 toneladas cada, adquiridos no âmbito de um amplo programa de investimento em curso, para a ampliação e modernização da maior infraestrutura portuária do País.

 

O equipamento, inaugurado na sexta-feira, 8 de Março, pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, representa um investimento de 19 milhões de dólares norte-americanos e vai conferir uma maior eficiência e competitividade ao porto, traduzida em aumento de volumes manuseados, mais receitas, empregos gerados à montante e à jusante, entre outros efeitos positivos para a economia.

 

Para o titular da pasta dos Transportes e Comunicações "não há dúvidas que o investimento realizado terá um efeito multiplicador, não só nas operações do Porto de Maputo, como também na economia nacional e regional".

 

Como resultado da implementação do Plano Director do Porto de Maputo, aprovado pelo Governo em 2010, segundo referiu Carlos Mesquita, foram materializados investimentos maciços que permitiram a dragagem, reabilitação de infra-estruturas e formação do capital humano especializado.

 

Num outro desenvolvimento, o governante explicou que, “seguindo a tendência de 2017, o manuseamento de carga pela via ferroviária voltou a crescer em cerca de 50 por cento, em 2018, consolidando os melhores resultados conseguidos em 2017 em que o volume ferroviário da principal carga manuseada pelo porto de Maputo cresceu em quase 100 por cento”.

 

Estes resultados, conforme enfatizou o ministro, representam um enorme ganho para a economia nacional se tivermos em linha de conta que a retirada das rodovias, de carga tradicionalmente ferroviária, incrementa a competitividade das nossas infra-estruturas, para além de melhorar a fluidez do trânsito na N4, melhoria da segurança rodoviária, entre outros ganhos.

 

Como resultado dos investimentos realizados para o retorno da carga tradicionalmente ferroviária, transportada por via rodoviária, o porto passou a manusear, desde Janeiro desde ano, 204 vagões por dia, contra os anteriores 120 vagões, um salto que permitiu a retirada da N4 de mais de 25 mil camiões por ano. 

 

Andreas Muller, director de vendas de guindastes móveis do porto da Liebherr-MCCtec, empresa alemã fornecedora do equipamento, referiu que as máquinas inauguradas no Porto de Maputo fazem parte do modelo com mais êxito no mundo, contando com mais de 200 unidades em vários portos internacionais.

 

"Faz agora três anos que vendemos as primeiras máquinas a Moçambique. Hoje em dia, existem cinco unidades no País, sendo que quatro funcionam no Porto de Maputo e uma no Porto de Nacala, na província de Nampula”, disse Andreas Muller.

 

Trata-se, segundo explicou de máquinas multi-uso, que podem manusear cargas pesadas e contentores e podem custar entre quatro a cinco milhões de euros dependendo do modo do seu transporte. (FDS)

A Conferência Anual do Sector Privado, que decorre quarta e quinta-feiras em Maputo, estará centrada no agro-negócio. O “lobby” empresarial moçambicano, arregimentado na CTA, juntamente com entidades do Governo e empresários de fora do país, pretende discutir, entre outros temas, os problemas que preocupam o sector da agricultura em Moçambique. O destaque vai para o Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC), que passou para o mesmo nível do dos restantes sectores da economia, ou seja, a agricultura, a partir de 1 de Janeiro 2016, passou a pagar 32% de IRPC. Os empresários da área afirmam que o imposto é sufocante.

 

Eles já operam sob um mar de dificuldades, com pequenas margens de lucro principalmente na produção de comida, e têm de competir com tantos produtos baratos vindos do estrangeiro. Neste contexto, insistem os operadores da área, uma carga de 32% sobre lucros diminui ainda mais a capacidade de as empresas fazerem o reinvestimento e expandirem a sua produção ou a sua actividade. A CTA pretende influenciar o Governo a criar condições para reduzir o IRPC no sector para 10%.  

 

Entretanto, o mau estado das vias de acesso aos locais de produção é outro problema que apoquenta os operadores agrários, para além da limitação da rede eléctrica que até agora só chega às capitais distritais e não aos locais de produção.  Alguns empresários acabam construindo as linhas de electricidade,  incluindo Postos Transformadores, custos que os agricultores são obrigados a incorrer e que reduzem a sua capacidade de competitividade.

 

Outro especto tem que ver com a grande vulnerabilidade do país em relação às cheias e à seca. As margens dos principais rios do país, locais de grande produção, não estão devidamente protegidas contra as cheias e quando chove as machambas são constantemente alagadas e perdem-se muitas culturas.

 

Em relação à seca, também não há reservatórios espalhados nas zonas de produção para captação de água de chuva ou mesmo nos períodos de inundação que podiam captar a água que depois seria utilizada pelos agricultores em períodos de seca. O país está completamente vulnerável a pragas e doenças, quer seja para as plantas assim como para os animais. Destaque vai para o “lagarto de funil” que entrou e dizimou milhares de hectares de milho e a febre aftosa para os animais. Face à estes problemas, os produtores sugerem ao Governo medidas concretas para a sanidade quer animal assim como vegetal no país.

 

Para além de discutir os desafios acima descritos, bem como propor soluções, a CTA criou condições para que na XVI CASP 2019, sejam assinados diversos memorandos de entendimento para desenvolver ainda mais o sector do agro-negócio em Moçambique.

 

Para a edição da CASP deste ano já estão confirmadas cerca de 10 Instituições Financeiras de Desenvolvimento, o caso do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), PROPARCO, Industrial Development Corporation (IDC), Development Bank of Southern Africa (DBSA) e a Trade Development Bank (TDB). Estas Instituições irão interagir com as empresas moçambicanas e outras, procurando concretizar projectos específicos, previamente seleccionados. (Evaristo Chilingue)

domingo, 10 março 2019 14:34

As contas vermelhas do “Moçambola”

A situação financeira da Liga Moçambicana de Futebol (LMF) continua caótica. Com efeito, cada vez mais prejuízos estão sendo acumulados pela entidade gestora do campeonato nacional de futebol para viabilizar a principal prova futebolística nacional (Moçambola).

 

De acordo com o Relatório das Actividades e Contas de 2018, aprovado na última quinta-feira em Maputo durante a XXIV Assembleia-Geral daquele órgão, até 30 de Novembro do ano transacto a LMF apresentava Fundos Próprios negativos no valor de 82.332.350,00 Mts. O valor correspondente ao excesso do passivo corrente sobre o activo (corrente) era 82.696.503,00 Mts. Comparando com o exercício económico anterior (2017), a situação representa um aumento de mais de 10 milhões de Mts, na medida em que os Fundos Próprios eram de 71.615.957 Mts negativos. Em 2016 a rubrica apresentava um valor negativo de 65.343.916,00 Mts.

 

O Relatório em causa, que os clubes declinaram discutir para se concentrarem no modelo da prova, refere que os activos tangíveis da LMF (mobiliário e equipamento administrativo, social, básico, e outros) decresceram de 417.675,00 Mts, em 2017, para 364.153,00 Mts no ano seguinte. Os activos financeiros subiram de 1.487.813,00 Mts, em 2017, para 3.389.889,00 Mts no ano a seguir, como resultado das dívidas que os clubes e algumas instituições têm com a LMF. Daquele montante, 3.083.114,00 Mts correspondem às dívidas dos clubes (referentes ao pagamento de multas e outras obrigações).

 

O valor das dívidas de outras instituições, incluindo a própria Federação Moçambicana de Futebol, é de 306.775,00 Mts. Aliás, a dívida dos clubes subiu de 1.314.813,00 Mts, em 2017, para 3.083.114,00 Mts no ano seguinte. O Desportivo de Nacala é o maior devedor, com uma dívida acumulada de 353.300,00 Mts.

 

Por sua vez, o saldo de caixa até 30 de Novembro de 2018 era de 7500,00 Mts, o mesmo que restou em 2017. Nos bancos comerciais, a LMF tinha um valor de 3.779.531,00 Mts, contra 912.103 Mts em 2017.Em relação às dívidas com os fornecedores, o Relatório aponta para um total acumulado de 78.589.064,00 Mts, contra 70.362.004,00 Mts de 2017. Do total da dívida, 51.881.720,00 Mts devem ser pagos à LAM (Linhas Aéreas de Moçambique), a companhia aérea responsável pelo transporte das caravanas desportivas.

 

Ainda de acordo com o Relatório das Actividades e Contas de 2018, que faz referência às actividades realizadas no ano passado e respectivos gastos financeiros, o passivo financeiro da LMF subiu de 4.095.924,00 Mts em 2017 para 11.153.232 Mts no ano a seguir, representando um aumento de aproximadamente 200%. Na rubrica “Outros Rendimentos e Gastos Operacionais”, onde são descriminadas receitas provenientes das transmissões televisivas e das obrigações financeiras dos clubes, assim como os gastos operacionais, o Relatório diz que a LMF rendeu no ano transacto 4.018.296,00 Mts, e gastou 15.888.063,00 Mts, tendo ficado com um saldo negativo de 11.869.787 Mts. Em 2017 aquela entidade tinha colectado 24.724.144,00 Mts, contra 13.485.873,00 Mts de gastos. Teve um saldo positivo de 11.236.271,00 Mts.

 

No documento em causa, o executivo liderado por Ananias Couane começa por defender que 2018 foi um “ano atípico” para todos os agentes económicos que actuam em Moçambique. Auto-intitulando-se uma das principais vítimas, a LMF destaca a possível interrupção da prova por falta de cabimento orçamental para o pagamento integral da factura da LAM. No entanto, para a prossecução do Moçambola contribuiu a pronta intervenção e patrocínio do Governo.

 

De acordo com o Relatório em questão, a LMF colectou em 2018, através de contratos de patrocínio, 137.306.295 Mts, contra os 107.452.507 Mts angariados em 2017, o que representou um aumento de 30 milhões de Meticais. Do valor colectado, 33.850.000 Mts foram injectados pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural através do seu Fundo de Desenvolvimento Sustentável, entidade que pagou o valor da Taxa de Combustível que era exigido pela LAM como condição primária para a deslocação aérea das equipas.

 

Por sua vez, a LAM desembolsou 50.974.050,00 Mts através de um desconto comercial na contratação de 3.980 passagens aéreas, enquanto a Aeroportos de Moçambique injectou 7.500 mil Mts que foram canalizados para o pagamento das taxas aeroportuárias e de embarque. Assim, dos 100.515.589,00 Mts gastos pelo transporte aéreo em 2018, só 49.980.600,00 Mts foram desembolsados pela LMF. Das transmissões televisivas, a LMF recebeu da ZAP 15.485.000,00 Mts, um valor abaixo do colectado no ano 2017, quando angariou 20 milhões de Meticais.

 

As discussões sobre a saúde financeira da LMF não são novas, mas anualmente o assunto tem sido colocado em segundo plano em virtude de a Direcção da LMF e os clubes priorizarem questões políticas e competitivas da prova, sem olhar para as condições em que a mesma decorre.

 

Há dois anos que a Direcção da LMF falava da necessidade de ajustar o campeonato nacional de futebol à realidade financeira da entidade, mas tanto por aquele órgão social como pelos clubes o assunto nunca foi levado seriamente. (Abílio Maolela)

domingo, 10 março 2019 11:44

Grupo UBA reforça presença no Reino Unido

Foi recentemente inaugurado oficialmente na cidade de Londres, no Reino Unido, o novo balcão do Banco Pan-Africano UBA, que com representações nos Estados Unidos da América (EUA) e França possui mais de 20 instituições em África. A inauguração do referido balcão na capital Britânica foi autorizada pela Produntial Regulation Authority (PRA) Financial Conduct Authoeity (FCA), autoridades reguladoras do sistema financeiro do Reino Unido, que permitiram à UBA e UK iniciar operações bancárias em pleno. Na cerimónia estiveram presentes gestores do sector público-privado da Europa e África.Segundo o PCA daquele Grupo financeiro, Tony Elumelu, a inauguração de um novo balcão consolida o posicionamento da UBA (United Bank for Africa) como um Banco Global africano e única instituição financeira da África Subsaariana com operações bancárias no Reino Unido e nos EUA. “A nossa presença no Reino Unido visa estimular e facilitar o comércio entre África e Europa, num contexto em que os britânicos e outros governos europeus procuram estreitar relações com os países africanos”, acrescentou Elumelu.

 

O CEO da UBA UK, Patrick Gutmann, disse que “estamos agora numa posição mais sólida, já que a autorização da PRA e da FCA permitem um modelo de negócios aprimorado que nos dá a oportunidade de aumentar o nosso capital e balanço”. Por sua vez, o CEO do Grupo, Kennedy Uzoka, referiu que a iniciativa vai satisfazer as necessidades do comércio dos clientes do UBA em África, que querem expor-se aos mercados europeus. 

 

O UBA é um banco comercial Pan-Africano com operações em 19 países Africanos e nas praças internacionais de Nova Iorque, Londres e Paris. Tendo iniciado as suas atividades em Moçambique no ano 2010, o UBA possui actualmente três Agências, em Maputo e Nampula, e tem um total de 100 colaboradores.

 

O Grupo financeiro UBA Plc, um dos maiores de África, possui  activos com um valor superior a USD 13,55 mil milhões, para além de fundos próprios estimados em USD 1,6 mil milhões, e um excesso de liquidez de aproximadamente 45%. No ano passado, o Grupo UBA plc gerou resultados líquidos acima de USD 1,5 mil milhões, como resultado do substancial crescimento da quota do mercado nos vários mercados em que opera. (Carta)