A Moçambique Telecom (Tmcel) estabeleceu, hoje, 18 de Março, através da rede fixa, as comunicações em toda a província de Tete e na cidade da Beira, província de Sofala, devastadas, recentemente, pelo ciclone Idai.
Entretanto, na cidade da Beira, as comunicações, através da rede fixa, ocorrem de forma intermitente, devido aos constantes cortes de energia eléctrica nas províncias de Sofala e Manica.
De acordo com Márcia Fenita, porta-voz desta operadora pública de telecomunicações, estão em curso ainda trabalhos, visando o restabelecimento das comunicações para as províncias do Centro e Norte, afectadas pelo corte registado na Beira.
”A maior preocupação da Tmcel no momento é recuperar as infraestruturas para a reposição das comunicações, pelo que estamos a actuar na medida que as condições no terreno permitem, nomeadamente a paragem das chuvas, escoamento das águas paradas, levantamento dos postes de energia derrubados, entre outros aspectos que têm condicionado a nossa intervenção”, indicou.
Todos os recursos da Tmcel, em termos de infraestruturas e pessoal, segundo destacou Márcia Fenita, estão a ser usados não só para a reposição dos serviços de comunicações, que a empresa fornece aos seus clientes, como também colocou-se à disposição para suporte na reposição de todas as infraestruturas públicas e de grande impacto na vida das pessoas, como o fornecimento de água, energia, serviços bancários, instituições do Estado e comunicações de um modo geral.
“A nossa base de apoio operacional no momento é a província de Manica. Entretanto, na sequência da intransitabilidade das vias de acesso terrestre usaremos as províncias de Inhambane e Zambézia como pontos de suporte logístico”, concluiu.(Carta)
Com a maioria das agências da banca comercial encerradas na Beira, regista-se uma autêntica corrida às contas bancárias. Os residentes da Beira precisam de dinheiro vivo para gastar na compra de víveres, nomeadamente água, pão, e também materiais de construção. Mas tem sido um transtorno.
Toda a Beira tinha até ao fim da tarde de hoje apenas 5 ATMs e 2 balcões do BCI a funcionarem, nomeadamente 1 balcão com 2 ATMs na estação dos CFM e 1 balcão com 3 ATMs na Praça do Município. Mas as filas eram enormes. Clientes doutros bancos usavam as máquinas do BCI para aceder às suas contas na rede SIMO.
O grosso das agências da banca comercial está destruído. De acordo com testemunhos recolhidos, o Barclays foi o que mais se precaveu, cobrindo com barricadas de madeira as partes expostas das suas agências, evitando a quebra de janelas. A banca foi apanhada em contrapé, sobretudo por causa da interrupção das telecomunicações e da falta generalizada de electricidade.
A Beira está aos poucos a acordar da tragédia. Mas é como se despertasse de um pesadelo para o outro. A cidade ainda tem frangos congelados, agora vendidos ao preço promocional de 70,00 Mts. Com a falta de energia, o comércio está a desfazer-se dos bens perecíveis. A luta por água e pão é enorme. E, a cada dia que passa depois do embate do IDAI, começa-se a ter uma ideia mais aprofundada sobre as feridas que o desastre causou, na destruição de edifícios dos mais representativos da cidade, como as instalações da Universidade Católica, o Hospital Provincial, etc. Há relatos de que no Porto da Beira, a cobertura de vários armazéns esvoaçou, prejudicando toneladas de produtos, e alguns tanques na terminal de combustíveis rolaram. (Carta)
Continuando a não dar ouvidos às críticas de que tem sido alvo por parte de economistas e do sector privado, alegadamente por emitir de forma desenfreada Bilhetes de Tesouro (BT) sem fazer qualquer referência aos objectivos pretendidos com tal medida, o Banco de Moçambique (BM) coloca esta segunda-feira (18) em leilão mais títulos da dívida pública.
Os ataques de insurgentes em Cabo Delgado ensombram o efeito positivo dos esforços políticos que têm vindo a ser desenvolvidos em Moçambique e dificultam uma evolução favorável das perspetivas (‘outlook’) para o país, segundo um analista de risco. As notícias relativas aos ataques de grupos armados na província de Cabo Delgado “não alteram significativamente o ‘outlook’ relativo de Moçambique, que já era de risco elevado”, mas comprometem a trajetória de evolução positiva que se vinha verificando, salientou João Mendonça, diretor comercial da Aon Portugal, uma multinacional especializada em análise e gestão de riscos.
“É difícil agravar mais os níveis de risco, porque já são muito altos”, mas estes incidentes “vêm atrasar um ‘outlook’ mais favorável do país”, afirmou.
O presidente executivo da ENI, Claudio Descalzi, disse esta sexta-feira que a produção de gás no campo petrolífero Mamba, no norte de Moçambique, deve começar até 2024, uma vez que a Exxon deverá tomar a Decisão Final de Investimento a seguir ao verão.
“O projeto Mamba [que integra a portuguesa Galp] é gerido pela Exxon [líder do consórcio], nós trabalhamos no upstream [distribuição de petróleo e gás] do projeto, e a Exxon deverá tomar a Decisão Final de Investimento a seguir ao verão”, disse Claudio Descalzi quando questionado pela sobre a revisão que o Governo de Moçambique está a fazer a este projeto offshore, na província de Cabo Delgado. Na conferência de imprensa que terminou a sessão de apresentação da estratégia da petrolífera para os próximos três anos, que decorreu esta sexta-feira em Milão, o presidente executivo da ENI disse esperar o início da produção até 2024. “Estamos a trabalhar na parte do financiamento e também na venda de gás, estamos a progredir bem, e se conseguirmos a Decisão Final de Investimento este ano estamos bem encaminhados para começar a produção até 2024”, acrescentou o líder da ENI.
Questionado sobre se os ataques no norte do país podem colocar em causa estes prazos, Descalzi mostrou-se otimista com a situação atual, considerando que a intervenção do Governo melhorou a situação. “Estamos claramente preocupados com os ataques, foi a primeira vez que foram tão fortes”, explicou.“Nós não estamos lá [nos locais em terra], mas estamos preocupados pelos nossos colegas da EXXON e Anadarko. O Governo tomou iniciativas fortes, também através do diálogo, para criar um ambiente mais pacífico, e não houve mais ataques”, apontou Descalzi.
“A situação está calma agora, mas claramente antes de irmos trabalhar tínhamos de ter a certeza de que nada ia acontecer porque a segurança das pessoas é a primeira prioridade”, explicou. O projeto Rovuma LNG, na jazida Mamba, é operado pela Mozambique Rovuma Venture, uma ‘joint venture’ cujos acionistas são a ExxonMobil, Eni e CNODC – China National Oil and Gas Exploration and Development Corporation, que, conjuntamente, detêm uma participação de 70% por cento na concessão da área 4, cabendo três parcelas de 10% à coreana Kogas, Galp Energia e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) de Moçambique. (Lusa)
Ao registar uma inflação mensal (desagregada) mais elevada, 0,32%, Beira foi a cidade mais cara do país durante Fevereiro último, seguindo-se Maputo (0,30%), e Nampula (0,29%). Comparativamente a Fevereiro de 2018, Maputo liderou a tendência do aumento de preços com 4,48%, enquanto a cidade da Beira ocupou a segunda posição (4,18%) e Nampula a terceira (1,90%). No geral, a nível nacional o aumento do nível de preços em Fevereiro deste ano foi na ordem de 0,30% face ao mês anterior.
De acordo com os dados do Índice de Preços no Consumidor (IPC) recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em Fevereiro passado nas três cidades (Maputo, Beira e Nampula), a divisão de produtos alimentares e bebidas não alcoólicas foi a que maior agravamento de preços registou, tendo contribuído para o total da inflação mensal (0,30%) com 0,16 pontos percentuais (pp) positivos.
O INE refere que “da análise da inflação mensal por produto destaca-se a subida dos preços do feijão manteiga (6,3%), peixe seco (1,9%), couve (6,4%), coco (4,5%), transporte ferroviário de passageiros (6,7%), hambúrgueres, pregos, bifanas cachorros e similares (2,9%) e capulana (1,2%), que no total da inflação mensal contribuíram com cerca de 0,21pp positivos”.
Relativamente a idêntico período (Fevereiro) de 2018, dados do INE indicam que o país registou uma subida de preços na ordem de 3,72%. As divisões de transportes e restaurantes, hotéis, cafés e similares, contribuíram para um maior agravamento de preços com 10,93% e 5,76%, respectivamente. Quanto à inflação acumulada (Janeiro e Fevereiro), dados do INE indicam que Beira foi a cidade onde houve maior agravamento do respectivo nível geral de preços, com 1,23%, seguindo-se Maputo (1,09%), e Nampula (0,47%). (Evaristo Chilingue)