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Guy Mosse

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terça-feira, 30 julho 2019 04:32

AR prorroga mandato dos membros da CNE

Depois de muito “barulho” à volta do mandato dos membros da Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Assembleia da República decidiu, esta terça-feira, finalmente, mexer na Lei Orgânica daquele órgão de gestão eleitoral.

 

Na verdade, tratou-se de uma alteração pontual e que só foi conseguida graças aos votos das bancadas da Frelimo e do Movimento Democrático de Moçambique, por entenderem que a proposta tinha “mérito e era oportuna”, tendo em conta o tempo que nos separa da votação de 15 de Outubro próximo. A bancada da Renamo votou pela reprovação do instrumento.

 

O vandalismo, o roubo de materiais eléctricos e o roubo de electricidade causaram perdas de mais de 316.000 USD à empresa pública de electricidade de Moçambique, a EDM, nos primeiros seis meses deste ano. O chefe da segurança da EDM, Alberto Nhamue, disse ontem que essas perdas foram muito maiores que as do mesmo período de 2018, estimadas em pouco mais de 160.000 USD - uma indicação clara de que a situação de segurança da EDM está se deteriorando.

 

O vandalismo, normalmente toma a forma de sabotagem de postes de eletricidade, a fim de roubar peças metálicas, como cantoneiras, que são então derretidas e transformadas em utensílios domésticos, como panelas e frigideiras, ou para roubar cabos de cobre. Nhamue disse que esses crimes levaram à detenção de 25 pessoas neste ano.

 

Um megaprojeto de extração de carvão a sul do Parque Nacional Kruger (PNK, sigla em inglês), na África do Sul, ameaça afectar a maior reserva mundial de vida selvagem e contaminar o abastecimento de água ao vizinho Moçambique, alertaram este sábado proprietários locais e especialistas em conservação.

 

"O rio Crocodile está a ser submetido a enorme pressão com a captação de água por várias fontes, nomeadamente indústria, agricultura e uso doméstico, e introdução de mais um projeto mineiro neste sistema sob condições de stress hídrico terá consequências catastróficas não só para o ambiente como também para todos os habitantes na região e atividades económicas relacionadas", afirma John Davies, do Endangered Wildlife Trust, na edição deste sábado do semanário Saturday Star.

 

Os advogados de Armando Ndambi Guebuza e Maria Inês Moiane vieram hoje a público denunciar que a prisão preventiva dos seus constituintes já expirou. Na sua contagem, o prazo de prisão preventiva dos 11 arguidos detidos no âmbito do Processo nº 18/2019-C, relativo às “dívidas ocultas”, contraídas pelas empresas EMATUM, ProIndicus e MAM, terminou ontem.

 

 Alexandre Chivale e Isálcio Mahanjane revelaram que até as 23 horas e 59 minutos do dia 25 de Julho (ontem) ainda não tinham recebido o Despacho de Pronúncia da juíza Evandra Uamusse, da Sexta Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM), tal como eles esperavam. Socorrendo-se do número 2 do artigo 308 do Código de Processo Penal, os causídicos submeteram na manhã desta sexta-feira, junto do Tribunal Supremo, uma Providencia Extraordinária de Habeas Corpus por “excesso de prisão preventiva”.

 

A intenção da secreta moçambicana de fazer um mapeamento das mesquitas na capital moçambicana já está a desencadear um mal-estar no seio da comunidade muçulmana. O Sheik Aminuddin Muhammad, presidente do Conselho Islâmico de Moçambique e do Conselho das Religiões no país, alerta para as consequências de um maior escrutínio sem fundamentos sólidos: "Pode haver descontentamento. Nós estamos a viver num sistema democrático e se a população muçulmana estiver, de facto, a ser visada, pode perder boa parte da confiança no partido FRELIMO, o que pode afectar [o partido] nas próximas eleições, isso pode acontecer".

 

Uma avaliação preliminar feita por pesquisadores da Universidade Pedagógica de Maputo e Organizações da Sociedade Civil (OSC) detectou que alguns corais marinhos, sediados nas Ilhas Primeiras e Segundas, que se encontram ao longo da costa moçambicana, próximo ao distrito de Angoche, província de Nampula, haviam sido invadidos por empresas pesqueiras, sendo que algumas dessas ilhas não tinham peixe, de acordo com a última expedição marinha.

 

Esta preocupação foi manifestada pelo biólogo-marinho Benjamim Bandeira, falando, em Maputo, na última terça-feira (18 de Junho), durante o Fórum Sobre as Maravilhas e Desafios da Maior Área de Conservação de Moçambique, evento promovido pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e pelo Fundo Mundial Para a Natureza, em inglês, “World Wide Fund for Nature” (WWF).

 

Os pesquisadores trabalharam nas Ilhas Fogo, Casuarina, Moma e Epidendron, esta última, que, há seis anos, era tida como rica em recursos pesqueiros, mas que hoje se encontra sem nenhum peixe, devido à pesca desenfreada por pescadores de certas companhias pesqueiras, baseadas na província de Nampula.

 

Bandeira e sua equipa verificaram que os corais marinhos de Ilha Epidendron estavam vazios e dispersos, facto que lhes fez questionarem aos pescadores se não estavam a usar dinamites para destruí-los. Os visados negaram o facto, mesmo diante de tantas carapaças de tartarugas e outras espécies.

 

Um outro facto identificado nas Áreas de Conservação é a proliferação, nos últimos anos, de várias “mansões” nas Ilhas em questão, sendo que para a construção de algumas dessas “mansões”, deve-se destruir alguns recursos marinhos de vital importância, um acto que, nos anos anteriores, não acontecia, devido ao trabalho que era realizado por algumas Organizações Não Governamentais, como a CARE e a WWF.

 

Fortificando as preocupações acima mencionadas, Domingos Almeida, Presidente da Associação de Pescadores Artesanais de Pebane (APAPE), província da Zambézia, disse que a Ilha Epidendron se encontra sem peixe, porque as Organizações da Sociedade Civil tiveram limitações na sua actuação e, como as mesmas não tinham protecção do Estado moçambicano, facilitou que os “pescadores desonestos” invadissem os corais e pescassem tudo que lá existe.

 

Acrescentando, Domingos Almeida apelou aos Ministérios das Pescas, da Terra, Ambiente e dos Recursos Minerais a trabalharem em coordenação para estancar a situação que já atingiu a “seta vermelha”.

 

Almeida disse ainda que 85 por cento das Áreas de Conservação já foram invadidas pelas organizações que trabalham na área de mineração, sublinhando a necessidade de os estudos científicos serem contínuos e envolverem as comunidades locais.

 

Anabela Rodrigues, Directora Nacional da WWF, defende que esta situação só pode ser vencida se existir uma estratégia de conservação, porque, para aquela dirigente, enquanto não existir uma Estratégia de Conservação e Investigação, Moçambique vai continuar a ter situações de aproveitamento, que se têm detectado ao longo dos anos.

 

Rodrigues disse ainda que, em Moçambique, “continua a haver muita falta de respeito pela legislação das Áreas de Conservação”, porque é de Lei que a terra não se compra por ser pertença do Estado. Porém, “há privados que compram Ilhas e constroem “mansões” com pistas de aterragem e tudo”, denuncia.

 

A Directora da WWF, em Moçambique, vai mais longe ao afirmar que, no país, fala-se muito das Áreas de Conservação no papel, mas com défice na materialização das mesmas, apesar de reconhecer que o governo moçambicano tem tomado a dianteira na inovação de gestão daqueles locais.

 

No entanto, para responder a estas preocupações, a Administração Nacional de Áreas de Conservação (ANAC) criou um novo pelouro, denominado Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (APAIPS), liderado por Ricardina Matusse, que terá a responsabilidade de trabalhar na protecção e conservação eficaz das cinco ilhas existentes ao longo das províncias da Zambézia (Pebane) e Nampula (Angoche e Moma), que possuem recifes de coral com 15 géneros de corais moles, 45 de géneros corais duros e 194 espécies de peixe coral.

 

Refira-se que, no evento, a WWF-Moçambique anunciou que a Blue Action Fund (BAF), a WWF-Alemanha e os Estados Unidos de América (EUA) vão financiar projectos ao longo das Ilhas Primeiras e Segundas, estimados em 926 mil USD, a serem desenvolvidos durante 28 meses, ou seja, entre 2019 e 2021. (Omardine Omar)

segunda-feira, 17 junho 2019 13:41

Palestra / O Que é um artista?

O QUE É UM ARTISTA? O estatuto do artista ao longo do tempo e as novas tipologias que o modernismo (o artista como modo investigativo da expressão de si) e o pós-modernismo (o artista como alma polida e espelho do mercado) introduziram como paradigmas. Será a arte diferente do engenho? E afinal qual é a responsabilidade do artista, a sua dimensão ética, num mundo sem “marcas” de originalidade? Estas e outras questões serão discutidas na palestra a ser ministrada por António Cabrita.

 

(20 de Junho, às 18Hrs no Centro Cultural Brasil-Moçambique)

segunda-feira, 17 junho 2019 14:40

Tertúlia / Conversa para enganar o tempo

Tertúlia com a estilista Isis Mbanga "Conversa para enganar o Tempo".

 

Biografia da estilista:

 

Isilda da Conceição Ginote Mbanga é uma estilista criativa, apaixonada pela moda desde sempre. É autora da obra literária sobre moda em Moçambique, “Retalhos de Tecido e Arte” lançada em 2009. Com o seu DNA criativo diferenciado, levou o nome de Moçambique a vários cantos do mundo: EUA, Portugal, França, Bélgica, Níger, Congo, Botswana, Namíbia, África do Sul, Zimbabué e Suazilândia (actual Reino de Eswatini).

 

Participou em 6 edições do Mozambique Fashion Week e apresentou mais de 10 desfiles individuais. São mais de 13 anos retalhando um sonho. É Presidente da Associação Moçambicana de Estilistas – AME e foi membro de direcção da Sociedade Moçambicana de Autores – SOMAS. Com o Ministério da Cultura, colaborou em 4 edições do Festival Nacional de Cultura, como Chefe da Comissão de Moda. Fez a sua formação em moda em Paris, com o apoio da Cooperação Francesa. O seu maior sonho é ver a moda moçambicana verdadeiramente sustentável para os criadores.

 

(18 de Junho, às 18Hrs no Centro Cultural Brasil-Moçambique)

A Fundação Fernando Leite Couto (FFLC) entregou nesta quinta-feira (25), à Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), em Maputo, 3 milhões de Mts e 90 mil USD para a apoiar a reabilitação da Escola Primária Completa Heróis Moçambicanos, na cidade da Beira, e a Escola Primária Completa Monte Siluvo, no Distrito de Nhamatanda, que em conjunto albergam 2.500 crianças.

 

O valor foi desembolsado aquando da assinatura de um memorando de entendimento no qual a FFLC se comprometeu a junto dos seus parceiros e amigos em todo mundo, fazer a recolha de fundos para aliviar o sofrimento das vítimas do ciclone IDAI.

 

No memorando, a CVM assumiu o compromisso de empregar o valor para exclusivamente apoiar a reabilitação das referidas escolas. Na ocasião, o Secretário-geral da CVM, Alfredo Timóteo agradeceu o gesto, tendo realçado que com a iniciativa vai permitir que milhares de crianças voltem à escola e com as condições necessárias para a aquisição de mais conhecimentos.

 

“Louvamos este gesto e acreditamos que muitos irão seguir o exemplo da Fundação, pois as duas escolas são uma parte das várias que foram destruídas. Se todos contribuirmos, engradecemos o nosso país e a nossa solidariedade interna fica mais significante”, acrescentou Alfredo Timóteo.

 

Por sua vez, o Presidente do Conselho de Administração da FFLC, Fernando Amado Couto prestou o seu agradecimento aos diversos amigos e parceiros da Fundação que de modo individual ou colectivo, contribuíram na concretização desta iniciativa. Explicou que quando a CVM identificou aquelas escolas, de imediato a FFLC solidarizou-se. Contudo “nós não podemos ficar apenas pelas cidades. O país é grande e os moçambicanos, estejam onde estiverem, merecem o nosso apoio sem nenhum tipo de discriminação”, disse Fernando Couto. (Carta)

O lixo que, devido a uma aparente saturação da lixeira de Hulene, os camiões depositam quase ‘em cima’ da avenida Julius Nyerere, tem estado na origem de alguns acidentes e engarrafamentos que se registam naquela via de acesso à capital, sobretudo nas horas de ponta. Um dos catadores de lixo contactado pela nossa reportagem admitiu que, de facto, a lixeira de Hulene está saturada. Culpou a edilidade de Maputo por insistir em continuar a depositar os resíduos sólidos naquele local, e não pôs de lado a hipótese de se repetir a tragédia que há um ano, no mesmo sítio, matou mais de 17 pessoas.

 

De acordo com a nossa fonte, que declinou identificar-se, na avenida Julius Nyerere (em frente à lixeira de Hulene), os  acidentes de viação ocorrem com frequência porque automobilistas e peões disputam a estrada que se vai tornando cada vez mais pequena por causa do lixo que nela é acumulado. Outro catador de lixo com quem conversámos, que disse chamar-se Filipe Hussene, reconheceu que “estamos a colocar as nossas vidas em risco. O pior é que quando nos acontece alguma coisa enquanto organizamos o lixo, o município não se responsabiliza”.

 

Segundo a mesma fonte, “os carros ficam horas na fila para entrar na lixeira, à espera da indicação de um lugar para depositarem os resíduos, mas por causa da demora acabam por despejá-los do lado de fora”. Luiz Massango, que também se dedica àquela actividade, disse não ter dúvidas de que a intenção do município é encerrar a lixeira de Hulene o mais rapidamente possível, sublinhando, no entanto, ser necessário ter em conta que para muita gente a lixeira de Hulene é fonte de rendimento. “Trabalho aqui há mais de oito anos. Sou pai de três meninas, e a minha família depende daquilo que consigo com as actividades que desenvolvo neste local”, confessou Luiz Massango, visivelmente preocupado com o seu destino caso a lixeira seja encerrada “de um dia para o outro”.

 

‘Impossível’ não passar por cima do lixo

 

Alguns automobilistas por nós contactados na avenida Julius Nyerere (próximo da lixeira de Hulene) falaram da ‘ginástica’ a que são forçados diariamente para esquivar dos peões. “Até finais do ano passado era possível fazer ultrapassagens neste local, mas hoje em dia a guerra que travamos é encontrar pelo menos um lugar por onde passarmos sem que seja por cima do lixo, o que é praticamente impossível”, queixou-se Lourenço Macamo, motorista do‘chapa’ na rota Xipamanine/Magoanine. 

 

Para Maria Sinai, que vive em frente à lixeira de Hulene, é penosa a situação enfrentada diariamente pelos habitantes das redondezas daquele local, sobretudo ao anoitecer quando chegam os carros do Conselho Municipal e começam a depositar resíduos sólidos no meio da estrada. “Nem sempre isso é feito de propósito. É porque os próprios contentores vão transbordando, enquanto os automobilistas fazem a manobra”, afirmou Sinai.

 

Decorreram mais de quatro décadas desde que o lixo começou a ser acondicionado naquele sítio, não sendo por isso de estranhar que já esteja saturado, com todos os riscos para a saúde que daí resultam, principalmente na época chuvosa como neste período. De acordo com o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, é estimado em aproximadamente 89,3 milhões de meticais o valor necessário para custear as despesas relacionadas com o enceramento da lixeira de Hulene. Para um esclarecimento sobre a provável data de enceramento da lixeira de Hulene, a “Carta” contactou o Conselho Municipal de Maputo. Ficámos a saber que, neste momento, estão em curso intervenções pontuais visando tratar do lixo para que ainda neste semestre aquela lixeira seja transferida para o Aterro Sanitário de Matlemele. (Marta Afonso)

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