O candidato presidencial do MDM, Lutero Simango, acaba de ser entrevistado pela STV. Com um e outro corte na recepção do sinal, retive os seguintes Pontos Fortes e Fracos no seu discurso.
Pontos Fortes:
• A intenção de destapar o “dossier” da presença do Ruanda em Cabo Delgado, os “quid pro quos” envolvidos;
- O envolvimento de confissões religiosas na expansão do acesso à Educação;
- A utilização de parcelas do Fundo Soberano para financiar a Educação;
- A discriminação positiva para beneficiar os jovens de Cabo Delgado nos benefícios relativos à extrativas, concretizando o “Social” no novo paradigma de financiamento dessas indústrias;
- A urgência da tributação da mineração de pequena escala;
- O estabelecimento de um pacto de regime e diálogo inclusivo para a construção de uma verdadeira agenda e visão nacional;
- Ser for eleito, não vai “perseguir” elementos da Frelimo. (O jornalista não perguntou se isso implicava fazer vista grossa à investigação de alegações de corrupção envolvendo eventuais figuras do actual regime).
Pontos Fracos:
• A ideia de “um Estado para todos” não foi bem elaborada (não lhe ocorreu a perspectiva da redistribuição da riqueza); e gaguejou ao falar sobre despartidarização do Estado;
• Utilizou um conceito muito “naïf” sobre “partidarização” do Estado, restringindo os indicadores desse fenômeno à presença de células da Frelimo e ao favoritismo inerente nas carreiras do funcionalismo público.
Esqueceu-se da “despartidarização” dos negócios do Estado e da necessidade do incremento da transparência no “procurement” público;
• Foi parco e excessivamente tautológico na resposta sobre a renegociação dos contratos com as multinacionais, mostrando falta de preparação para a discussão do tema;
• Mostrou que percebe nada de anti-corrupção e promoção da ética e integridade na esfera social, nem busca aprendizado em organizações abalizadas ou a quem estudou a temática na academia;
Pontos ausentes no debate (atenção que tive pequenos cortes na transmissão):
• Tráfico de droga e monopólios de exportação de madeira não processada;
• Grande mineração de pedras preciosas e o futuro (que já é presente) da exploração do grafite em Cabo Delgado;
• Agricultura e comercialização;
• Indústria dos raptos;
• Binômio mineração versus turismo.
Ponto de Interrogação:
Lutero Simango insistiu na necessidade da redução dos encargos fiscais mas não foi muito claro quanto às alternativas de encaixe de receitas; falou vagamente do aumento da base tributária como consequência imediata da redução da carga fiscal. Apenas isso!
Nota Final:
Nota 5, de 0 a 10.