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Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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O Banco de Moçambique prevê que a actividade económica do país continue a crescer, nos próximos dois anos, apesar dos riscos e incertezas, de natureza doméstica (crise pós-eleitoral, o terrorismo, impacto da época chuvosa e ciclónica) e externas (conflito no Médio-Oriente e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia). No segundo trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto expandiu em 4,5%, fundamentado pelo desempenho da indústria extractiva.

 

“Prevê-se que a actividade económica continue a crescer de forma moderada, estimulada, essencialmente, pela normalização da taxa MIMO e implementação de projectos em sectores-chave como os de energia, transporte e indústria extractiva”, defendeu o Governador do Banco Central, Rogério Zandamela.

 

No que toca à variação de preços, o Banco Central perspectiva para o mesmo horizonte, de curto e médio prazo, que a inflação continue estável, em torno de um dígito. A instituição perspectiva, igualmente, que as reservas internacionais líquidas do país se mantenham em níveis confortáveis para a cobertura das importações. A inflação anual manteve a tendência de desaceleração, fixando-se em 2,5%, em Setembro último, após 5%, em Dezembro de 2023.

 

Essas perspectivas foram apresentadas na semana passada, durante o 49º Conselho Consultivo do Banco de Moçambique, realizado na Cidade de Maputo. No que toca às realizações, Zandamela lembrou que este ano a instituição iniciou o ciclo de normalização da taxa de referência da política monetária, a taxa MIMO, que só nos primeiros nove meses do ano reduziu em 375 pontos base, para 13,50%.

 

“Deste modo, a Prime Rate, que é a taxa de juro de referência para o crédito, bem como as demais taxas de juro do mercado, têm igualmente reduzido, em linha com as decisões de política monetária e o crédito à economia começa a registar um modesto crescimento”, disse Zandamela.

 

Relativamente ao tópico das reformas, o Governador salientou que, com vista a tornar o sistema financeiro mais seguro, moderno e inclusivo, adoptou este ano a nova série de notas e moedas do Metical, com padrões modernos de design e de segurança, com o objectivo de conferir maior segurança e resistência das notas e moedas, bem como melhorar a identificação por parte das pessoas com deficiência visual.

 

“Através da introdução de novas tecnologias e da modernização das infra-estruturas de pagamentos, asseguramos a interoperabilidade entre as instituições de moeda electrónica e os bancos, resultando no aumento significativo da inclusão financeira, o que propiciou, em Setembro de 2024, o alcance de 99% da população adulta com contas nas instituições de moeda electrónica, após 69% em Dezembro de 2022”, acrescentou Zandamela.

 

Ainda no contexto das reformas, em Março do presente ano, o Banco de Moçambique aderiu à Network for Greening the Financial System, uma organização que congrega bancos centrais e supervisores financeiros do mundo inteiro, com o objectivo de acelerar a expansão das finanças verdes e desenvolver recomendações sobre a actuação dos bancos centrais no contexto das mudanças climáticas. (Carta)

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A tensão pós-eleitoral causou enormes prejuízos aos operadores do Corredor de Desenvolvimento de Maputo, desde o porto, importadores e exportadores, a Trans African Concession (TRAC), concessionária da Estrada Nacional Número Quatro (EN4), que liga Maputo e Pretória, até o Estado. Cálculos da “Carta da Semana” concluíram que no mínimo os prejuízos financeiros são de mais de cinco mil milhões de Meticais, valor suficiente para adquirir 539 camiões de carga, custando cada 9.4 milhões de Meticais.

 

Tudo começou na terça-feira (05) passada, quando durante uma marcha pacífica feita por moradores da fronteira de Ressano Garcia, um agente dos serviços de migração baleou mortalmente um cidadão. Em retaliação, os manifestantes incendiaram e destruíram as residências dos agentes da migração, viaturas (pelo menos nove foram incendiadas) e três escritórios por onde se faz o desembaraço aduaneiro dos camiões que entram em Moçambique, transportando minério. Diversos materiais de trabalho foram destruídos.

 

No mesmo dia, um dos camiões de grande tonelagem, que transportava uma quantidade não especificada de peixe, foi saqueado e posteriormente incendiado. Até quarta-feira, o referido camião bloqueava a entrada de outros veículos, dificultando a circulação de carros. Várias lojas nas proximidades também foram saqueadas e diversos produtos foram roubados.

 

Como consequência, na quarta, quinta e esta sexta-feira, nenhum importador ou exportador conseguiu atravessar a fronteira de Maputo para África do Sul ou vice-versa e a fronteira só viria a reabrir no sábado (09). Dos vários afectados, o destaque vai para os importadores de produtos sul-africanos, vulgo Mukheristas, que viram os seus camiões parqueados na zona de Doyana, na África do Sul.

 

Segundo o Presidente da Associação, Sudecar Novela, pelo menos 30 camiões com produtos destinados aos mercados moçambicanos ficaram retidos na África do Sul, onde por cada dia pagam 2500 Rands pelo parqueamento.

 

“As manifestações causaram-nos prejuízos. Temos 30 camiões estacionados na África do Sul à espera da reabertura da fronteira. São camiões de produtos perecíveis, como frutas protegidas por lonas e com esta temperatura já se estão a estragar porque os nossos camiões não têm condições frigoríficas”, queixou-se Novela.

 

Era cerca de meio-dia de sexta-feira, quando interagimos com o Presidente dos Mukheristas que acabava de participar de uma reunião no Ministério da Indústria e Comércio.

 

Para além dos Mukheristas, os impactos negativos do encerramento da fronteira de Ressano Garcia afectaram também o Porto de Maputo, bem como os agentes de carga nacionais e internacionais que viram as suas actividades paralisadas. Em contacto com o Director Executivo da Sociedade do Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), Osório Lucas, por conta do clima de tensão, a empresa suspendeu as operações, a partir de quarta-feira.

 

“Interrompemos a recepção de camiões por valorizar as vidas humanas. Neste momento, estamos a coordenar com as autoridades alfandegárias para ver quando podemos retomar”, disse Lucas, tendo lembrado que o Porto de Maputo recebe entre 1200 a 1300 camiões por dia, idos da África do Sul carregados de minérios, incluindo crómio, ferrocrómio magnetite e carvão mineral. Em média, cada camião carrega 35 toneladas.

 

Com base nos referidos dados, o Porto de Maputo perdeu em três dias no mínimo 3600 camiões e 120 mil toneladas de diversos minérios. A EN4 é o principal corredor desses camiões e não só. Dados da TRAC indicam que, até Julho passado, atravessavam a portagem da Moamba 2685 camiões por dia e 2297 camiões atravessavam a portagem de Maputo. Com a aproximação da quadra festiva, o número cresceu nos últimos meses, certamente.

 

O porta-voz da TRAC em Moçambique, Fenias Mazive, apontou danos na estrada, com a queima de pneus, arremesso de pedras, e bloqueios por parte dos manifestantes. Na conversa, Mazive não avançou prejuízos financeiros. Contudo, com base nos referidos dados, “Carta da Semana” calculou que na quinta-feira (07), em que não houve circulação de camiões de minérios, a TRAC perdeu pelo menos 4.8 milhões de Meticais só na portagem da Moamba, em que cada camião paga 1800 Meticais por travessia.

 

Já na portagem de Maputo, os prejuízos para TRAC naquele dia foram de 1.2 milhão de Meticais, tendo em conta que cada camião paga 550 Meticais por travessia. No global, a empresa perdeu no mínimo seis milhões de Meticais naquele dia. 

 

Informações dadas semana finda, à Agência de Informação de Moçambique (AIM), pelo porta-voz da Autoridade Tributária, Fernando Tinga, indicam que a Fronteira de Ressano Garcia gera, em média, 1,5 mil milhões de meticais diariamente. Assim, o total de prejuízos acumulados durante os últimos três dias de paralisação total das actividades soma cerca de 4,5 mil milhões de Meticais. Somando os prejuízos da TRAC, conclui-se que o prejuízo para os actores do Corredor é de pelo menos 5.1 mil milhões de Meticais, valor suficiente para comprar 539 camiões de carga, de custo mínimo no mercado de 9.4 milhões de Meticais. (Evaristo Chilingue)

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A maior parte da população das comunidades de Mandela, Mapate, Miangaleua, do centro de produção de Mankangonha e do Novo Cabo Delgado, em Macomia, abandonou, nos últimos dias, as suas aldeias devido à frequente circulação de terroristas. Essas comunidades estão localizadas nas proximidades do rio Messalo e, aproveitando as potencialidades da região, dedicavam-se às actividades agrícolas.

 

Residentes das aldeias do planalto de Muidumbe disseram à "Carta" que receberam várias famílias refugiadas dessas áreas devido à insegurança. “Havia muitas famílias em Muidumbe, especialmente em Mandela e Litapata, que residiam lá, mas acabaram saindo devido à circulação desses malfeitores. Aqui, em Matambalale, recebemos algumas dessas famílias", confirmou Zito Nchumali, avançando que outras famílias também estão abrigadas em Nampanha e Miteda.

 

Júlio Gomes, da sede do posto administrativo de Miteda, também acolheu famílias provenientes da zona baixa de Muidumbe. Gomes disse à "Carta" que a situação de segurança ao longo do rio Messalo é precária devido à presença dos terroristas.

 

“Na semana passada, foi em Miangalewa, incluindo Mapate e Mandela. O nosso grande problema é a ausência das forças de segurança. Estamos sozinhos aqui, não temos patrulhas como antes, porque não há uma presença constante de militares", lamentou.

 

Fontes secundaram que a escassez de patrulhas e a fraca presença das Forças de Defesa e Segurança no distrito de Muidumbe têm contribuído para as frequentes aparições de terroristas, muitas vezes à procura de alimentos.

 

“É muito difícil ver soldados do exército moçambicano, especialmente após a saída das tropas do Botswana no ano passado. Isso reduziu as patrulhas na área, o que acaba abrindo espaço para a maior circulação de terroristas em Muidumbe."

 

Refira-se que as tropas de Botswana estavam posicionadas em Muidumbe no âmbito da Missão Militar da SADC de apoio à Moçambique na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado. (Carta)

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A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) convocou uma cimeira extraordinária para o dia 20 deste mês, para abordar a crescente crise pós-eleitoral em Moçambique, à medida que os protestos mortais prosseguem no país, com a Polícia no epicentro das matanças a civis.

 

Grupos dos direitos humanos dizem que pelo menos quarenta pessoas foram mortas pela polícia desde que os protestos eclodiram após o anúncio dos resultados eleitorais pela CNE, considerados fraudulentos pela oposição.

 

A oposição que apoiou o candidato presidencial Venâncio Mondlane, que ficou em segundo lugar, atrás de Daniel Chapo, rejeitou o resultado, alegando fraude generalizada.

 

Zimbabwe, que lidera a organização regional, disse que os líderes regionais se reuniriam em Harare no próximo dia 20 de Novembro, com actos preparatórios a partir do dia 16 “para abordar questões de importância regional”.

 

“Espera-se que a cimeira seja informada sobre os eventos políticos na região, incluindo as recentes eleições em Moçambique e Botswana e as próximas na Namíbia”, disse a jornalistas, em Harare, o ministro da Informação, Juanfran Muswew.

 

A instabilidade em Moçambique é uma grande ameaça às economias dos países vizinhos sem litoral, como Zimbabwe, Zâmbia, Malawi e República Democrática do Congo, que dependem dos portos do país para suas importações e exportações.

 

Vários observadores eleitorais, incluindo a União Europeia, disseram que as eleições foram marcadas por falhas graves, com a Comissão Nacional de Eleições de Dom Carlos Matsinhe a ser acusada de manipulação para manter a FRELIMO no poder.

 

Zimbabwe assumiu a presidência rotativa anual do bloco regional em Agosto deste ano. Desde então, houve eleições em Moçambique, uma transição histórica de poder no Botswana e uma eleição geral nas Maurícias. A Namíbia também terá eleições gerais em 27 de Novembro. (The Citizen)

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Após uma curta pausa (que completa cinco dias hoje) das manifestações, com o encerramento da terceira fase, que terminou na última quinta-feira, com o saldo de três mortos, 66 feridos e centenas de detenções, Venâncio Mondlane garante que os protestos vão retornar às ruas, de forma “extremamente dolorosa”.

 

A quarta fase, que será anunciada esta segunda-feira, será, segundo Mondlane, a última fase de contestação nas ruas. Esta fase, segundo o político, será a favor da reposição da verdade eleitoral, da salvação da democracia e do compromisso nacional.

 

“Esta pausa foi para permitir que os moçambicanos pudessem 'apanhar ar', que alguns pudessem trabalhar e que pessoas que precisassem de tratamento médico o fizessem. Mas, na quarta fase, a economia de Moçambique será severamente afectada. As medidas serão duras, porque este regime não respeita o povo. Eles estão apenas para defender seus próprios interesses”, frisou Venâncio.

 

Numa transmissão ao vivo na sua página oficial do Facebook, enrolado por uma bandeira de Moçambique, a partir da parte incerta, Venâncio Mondlane afirmou que, nesta fase, vários partidos, como o PODEMOS, Renamo, MDM e CAD, estarão à frente do movimento popular para a salvação definitiva da democracia em Moçambique, no combate aos raptos e assassinatos de cidadãos moçambicanos.

 

“As medidas serão extremamente pesadas e duras, porque este regime não respeita o povo, ele quer fazer um braço-de-ferro com a população. Eles estão apenas para defender os seus próprios interesses e lucros”, destacou.

 

Importa destacar que na terceira fase das manifestações que terminou no dia 7 de Novembro, a maior unidade sanitária do país, Hospital Central de Maputo, registou 57 pacientes que sofreram lesões causadas por armas de fogo, quatro por queda, três por agressão física e dois feridos com armas brancas, sendo que quatro pacientes se encontram em estado grave.

 

Vale lembrar que, nas ruas de Maputo, a Polícia e os blindados permanecem em estado de prontidão após os recentes episódios de violência, com carros queimados, lojas destruídas e vários serviços paralisados. Aliás, a Polícia continua a invadir residências e hospitais para deter supostos manifestantes. (M.A.)

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Passam 33 dias desde que mais de 7.4 milhões de eleitores foram às urnas escolher o novo Presidente da República, os novos deputados, os novos Governadores e os novos membros das Assembleias Provinciais, no âmbito da realização das VII Eleições Gerais (Presidenciais e Legislativas) e IV das Assembleias Provinciais, de 09 de Outubro. No entanto, ainda não é conhecido o desfecho do processo, que já levou milhares de cidadãos às ruas em protesto contra os resultados oficiais, que dão vitória à Frelimo e seu candidato Daniel Chapo.

 

O Conselho Constitucional, órgão com competência para validar e proclamar os resultados eleitorais, ainda não definiu a data para a conclusão do processo eleitoral, considerado o mais fraudulento da história da democracia multipartidária do país. É que, contrariamente à Comissão Nacional de Eleições que tem 15 dias para contar os votos, os juízes do Conselho Constitucional não têm prazo para analisar e declarar válido ou inválido o processo.

 

Segundo a Presidente do Conselho Constitucional, a falta de uma previsão para validação e proclamação dos resultados deve-se à natureza e complexidade do processo, pois, a fase de validação só inicia após a conclusão dos processos do contencioso eleitoral (recursos eleitorais), provenientes dos apuramentos distrital, provincial e geral dos resultados.

 

Concluído este processo, inicia a fase da validação dos resultados, em que cada juiz tem um prazo de três dias para dar o seu “Visto”, antes do processo seguir para a Procuradora-Geral da República, que também tem três dias para o efeito. O Conselho Constitucional é composto por sete juízes (21 dias de análise do processo), pelo que esta fase dura até 24 dias.

 

“Visto” o processo, explica Lúcia Ribeiro, segue-se a fase de discussão (pelos juízes) dos factos vertidos nos documentos para, de seguida, indicar-se o respectivo Relator, que igualmente tem um determinado prazo para elaborar o Acórdão a ser discutido e aprovado pelos juízes daquele órgão.

 

Publicamente, não se sabe em que fase está o processo da validação dos resultados. Porém, na semana finda, a maior e principal instância de justiça eleitoral em Moçambique deu a entender que já estava na fase de validação dos resultados, ao divulgar um Acórdão no qual remete as reclamações da oposição (PODEMOS, PAHUMO e Renamo) exactamente àquela fase.

 

Aliás, o Conselho Constitucional já solicitou à Comissão Nacional de Eleições (CNE) as actas e os editais do apuramento parcial (feito nas Mesas de Voto) e distrital referente a sete províncias (Nampula, Zambézia, Tete, Inhambane, Gaza e província e cidade de Maputo) e explicações em torno das discrepâncias existentes entre o número de votantes nas três eleições.

 

Dados da CNE indicam que Daniel Francisco Chapo, Secretário-Geral da Frelimo, venceu a eleição presidencial com um total de 4.912.762 votos (70,67%). Em segundo lugar ficou Venâncio António Bila Mondlane, com um total de 1.412.517 votos (20,32%), enquanto Ossufo Momade ocupou a terceira posição, ao obter um total de 403.591 votos (5,81%). Lutero Chimbirombiro Simango ocupa o último lugar com 223.066 votos (3,21%).

 

Já a eleição legislativa foi ganha pela Frelimo, que conquistou 195 assentos na Assembleia da República, contra 31 do PODEMOS, 20 da Renamo e quatro do MDM, obtidos em Sofala (dois) e Nampula (dois).

 

A Frelimo foi, igualmente, anunciada vencedora das eleições provinciais, em todo o território nacional, renovando, desta forma, o mandato de governar 10 províncias do país, excepto a Cidade de Maputo, que dispõe de um estatuto especial. Nas Assembleias Provinciais, o partido no poder conquistou 731 lugares, em todo o país, contra 54 da Renamo e 27 do MDM. O PODEMOS tem 42 mandatos. No total, existem em todas as Assembleias Provinciais um total de 867 mandatos.

 

Refira-se que, neste intervalo de 33 dias, dois países realizaram eleições, tendo já concluído os seus processos eleitorais, nomeadamente, Botswana e Estados Unidos da América que, em menos de 48 horas, divulgaram os seus resultados, com a particularidade de os partidos no Governo (nos dois países) terem perdido as eleições e aceite os resultados.

 

Enquanto o Conselho Constitucional está fechado a contar e verificar os votos, Venâncio Mondlane, que reclama vitória, continua a mobilizar manifestações populares até à “reposição da verdade eleitoral”. (Carta)

domingo, 10 novembro 2024 11:44

Qatar Airways Aterra A350-1000 em Maputo

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A Qatar Airways realizou na manhã deste sábado, 9 de novembro de 2024, a primeira aterragem do Airbus A350-1000 no Aeroporto Internacional de Maputo, ampliando a gama de aeronaves que a infraestrutura pode receber.

 

A aeronave chegou com 347 passageiros e 19 tripulantes a bordo. O A350-1000 tem uma capacidade máxima de 410 passageiros e foi concebido para voos de longo curso, apresentando um consumo de combustível mais eficiente e níveis de ruído reduzidos em comparação com aeronaves de gerações anteriores.

 

A Qatar Airways, que mantém cinco voos semanais para Maputo (operando todos os dias excepto terças e quintas-feiras), demonstra assim confiança na infraestrutura aeroportuária modernizada do país. Este desenvolvimento surge na sequência dos investimentos realizados pelos Aeroportos de Moçambique na modernização de instalações essenciais, incluindo pistas, sistemas de navegação aérea e tecnologias de comunicação.

 

"A chegada do Airbus A350-1000 demonstra o estatuto emergente de Moçambique na aviação global", afirmou José Candrinho, Diretor de Operações dos Aeroportos de Moçambique. "Esta operação valida os nossos esforços de modernização e demonstra as nossas capacidades operacionais. A decisão da Qatar Airways em operar esta aeronave aqui reflecte a sua confiança nas nossas instalações".

 

A significativa capacidade de carga desta aeronave fortalece o posicionamento de Maputo como hub regional de aviação em crescimento, proporcionando maior conectividade e novas oportunidades comerciais. Este desenvolvimento representa um impulso importante para o sector da aviação no país e para o fortalecimento das relações comerciais internacionais, especialmente considerando o potencial de aumento no volume de exportações e importações por via aérea.

 

Nota: Aeroportos de Moçambique é a empresa pública responsável pela gestão dos aeroportos do país.

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Por Dick Gulela*

O engenheiro, o outro engenheiro, anunciou-se como empregado do povo. O senhor age como se fosse dono do povo. Fala dos moçambicanos como o “seu” povo. Fala do país como sendo “seu”. É assim que fazem os pastores nas suas igrejas perante o rebanho dos crentes. Mas um país não é uma igreja. Moçambique não é a “sua” igreja. E os moçambicanos não são um rebanho. 

 

A multidão que hoje enche as ruas em protestos responde a um apelo que resulta, sem dúvida, da sua indiscutível popularidade.  Mas o mérito não é apenas seu. O senhor engenheiro devia agradecer em primeiro lugar à FRELIMO. Foi a má governação de uma elite predadora que encheu de frustração e descontentamento os milhares de jovens que agora desfilam a gritar pelo seu nome. A FRELIMO criou e alimentou a sua própria oposição. O senhor ganhou de bandeja esse presente.

 

Contudo, não basta um discurso inflamado e cheio de iluminadas promessas e obscuras ameaças. Dar o exemplo é a primeira exigência de um verdadeiro líder. O senhor engenheiro VM7 devia marchar com esses jovens. Aliás, devia marchar à frente deles. Outros assim fizeram: Martin Luther King, Mao Tsé Tung, Malcom X, Gandhi, só para lembrar alguns. Também esses estavam sob a ameaça de prisão. Mas tiveram coragem e, assim, revelaram a sua grandeza humana. 

 

O senhor prometeu ao país inteiro que estaria à frente daquilo que chamou de “Grande Marcha”. Seriam, nas suas contas, quatro milhões caminhando de todas as províncias para “ocupar” Maputo. O senhor sabia que era impossível. Qualquer pessoa de bom senso percebia que esse apelo não passava de propaganda. De qualquer modo, o senhor prometeu que marcharia à frente desses imaginários quatro milhões. Caminharia de peito aberto, sem usar coletes à prova de balas. São palavras suas, caro engenheiro. São promessas feitas perante as televisões. O senhor não cumpriu. Não esteve à frente das manifestações. Esteve atrás. E mantém-se num lugar invisível, salvo dos perigos a que sujeita o “seu povo”. Está numa casa oculta propagandeando inflamadas “lives”. A sua mensagem é virtual. Mas o incêndio e o sangue nas ruas da cidade são bem reais. 

 

Os que precisam de trabalhar, os doentes que ficam por atender, as crianças que ficam por estudar, um país inteiro paralisado: todo esse sofrimento é para si o preço que devemos pagar pela “salvação” que virá da sua pessoa.  Mas o seu “programa de salvação” (que vai chegando como receitas avulso e em capítulos) não passa de uma lista de ameaças, de anúncio de mais “sofrimentos” (é esta a expressão que o senhor usa), sem que se entenda exactamente o que se deve fazer senão marchar. O povo marcha, concentra-se à frente da Presidência. E depois? Depois, meus amigos, depois é o caos. Depois, é a guerra. Depois, é uma nação partida pelo ódio, pelo medo e pelo desejo de vingança. O senhor engenheiro que não compareceu agora, continuará algures, em parte incerta, enquanto os moçambicanos inocentes serão condenados a um novo ciclo de miséria. 

 

Por isso, senhor engenheiro VM7, pare de nos enviar mensagens de ódio e de violência. É um crime esperar que as concentrações de pessoas não sejam aproveitadas por gente que apenas quer tirar proveito pessoal e criminoso. Os actos de vandalismo e a reacção desproporcionada da polícia são, assim, um peso que deve recair também na sua consciência. Não se fazem revoluções online, com um único líder sentado comodamente fazendo incendiárias “lives” à distância. 

 

O senhor já se chama a si mesmo de “Presidente”. Já organizou em sua casa a cerimónia de tomada de posse. Mas o desafio é simples: ganhou realmente o pleito eleitoral? Então, mostre as provas. Mostre as actas e editais. Não quer mostrar à CNE? Mostre à comunidade internacional. Não quer mostrar ao Conselho Constitucional? Mostre à Ordem dos Advogados. Deve haver alguém, neste mundo, que queira receber as “irrefutáveis” provas que você diz estarem em seu poder. Se não o fizer, ficaremos com a suspeita de que, você também, tenha medo da verdade, o mesmo medo que atribui aos seus adversários políticos. 

 

Lembra-se das anteriores eleições a Presidente do Município? O senhor prometeu, frente às câmaras de televisão, que publicaria nos órgãos de comunicação e nas redes sociais as actas “verdadeiras” que estavam em seu poder. O que aconteceu? Estamos ainda à espera dessa prova. 

 

Nessa outra campanha, o senhor anunciou que haveria uma marcha dos diplomatas para apoiarem a “verdade” da sua eleição. Sabia que era mentira. Sabia que nenhum diplomata estrangeiro se meteria a marchar nas ruas de Maputo. Mesmo assim, mais forte o impeliu a escolher a mentira. Peça a Deus que o ajude a entender essa pressa em chegar ao Poder, mesmo atropelando a verdade 

 

Todos os partidos da oposição, igualmente lesados pelas fraudes, adoptaram uma mesma atitude. Aguardam serenamente pelo fim do processo. Todos esses partidos têm as mesmas suspeitas sobre a seriedade desse desfecho. Mas nenhum deles deixou de agir em conformidade com a lei. A sua pressa, caro VM7, em provocar caos nestes dias pode ser vista como uma prova do seu medo. Do seu medo em seguir os passos que você também, enquanto candidato, deve trilhar: não basta ter uma sala secreta em que fez a sua contagem paralela. O senhor tem o mesmo dever de todos os outros candidatos: apresente essas provas perante uma entidade credível que comprove a validade dos resultados. Quem não tem medo da verdade não vai pegar fogo à casa e, assim, apagar as provas do crime que alegadamente foi cometido pelos outros. 

 

Na sua mais recente alocução, o senhor misturou medidas imediatas (a habitual lista de ameaças) com a promessa de construir 3 milhões de casas. Talvez o senhor não tenha reparado: a campanha eleitoral já terminou! E depois, senhor engenheiro, o senhor não está perante um povo de analfabetos. Peça a uma criança da nossa escola para fazer as contas. Para cumprir essa meta teriam de ser erguidas 1643 casas por dia durante o seu mandato. Nem a China consegue tal feito. O senhor pode ser profeta. Mas não é Deus. Se quer que os outros respeitem a verdade, comece o senhor mesmo a mostrar-se como um homem de palavra. 

 

E, sobretudo, seja corajoso. Demonstre a mesma coragem dos jovens a quem o senhor manda para a frente de batalha. Quer ser um líder? Dê o exemplo. E faça com que as suas manifestações sejam ordeiras, condene publicamente os excessos, deixe de incendiar ainda mais o que já está a arder. Colegas seus, que se opõem a este mesmo governo, organizaram manifestações que sucederam e sucedem sem desacatos. O caso de Quelimane é bem elucidativo. Ou se não quiser escutar ninguém, escute os conselhos divinos de um Deus que não confunde justiça com vingança. O vandalismo que leva ao assalto e destruição de bens públicos não são simples danos colaterais. Tudo isso, senhor engenheiro, é também da sua responsabilidade pessoal. 

 

Um candidato a presidente da República deve mostrar um comportamento de um homem de Estado. Pode e deve desobedecer ao governo. Mas não pode agir contra a constituição perante a qual, se tudo lhe correr bem, um dia terá de prestar juramento. E a constituição, caro engenheiro, tem leis que o senhor, queira ou não, deve respeitar. As manifestações e as greves são feitas com regras e procedimentos. Tudo isso está escrito na Constituição da República. Mas o senhor diz: este país é nosso. Fazemos o que “nós” queremos. E quando diz “nós”, você quer dizer “eu”. Não conhecemos ninguém da sua equipe, não se vê que estrutura organizativa você construiu à sua volta. Talvez o senhor ache que não precisa de uma equipa. Mas o povo não está a assistir a uma pregação propalada de um púlpito. E gostaria de conhecer a sua equipa e as soluções concretas que o senhor traz para sairmos desta profunda crise. Porque esse povo está cansado de milagres. Cansado de milagreiros que se esquecem de falsas e fáceis promessas. Um dia, esse mesmo “seu” povo marchará exigindo que o senhor cumpra aquilo que prometeu. O senhor que, tão bem conhece o texto bíblico, sabe do provérbio: quem semeia ventos, colhe tempestades. 

 

O hino nacional que todos cantamos diz: nenhum tirano nos irá escravizar. Muitos dos que ganharam eleições noutros países traziam uma sacola cheia de promessas. Alguns deles tornaram-se tiranos. Ou melhor, já eram antes de chegarem ao poder. Aconteceu, por exemplo, com Adolfo Hitler. Não queremos que aconteça no nosso país. Queremos mudança. E mudança radical. Mas não queremos saltar da frigideira para cair no fogo. 

 

Seja um homem à altura da sua palavra. Seja humano. Deixe de mandar os nossos filhos e irmãos para a frente de uma batalha em que o comandante está ausente. O seu paradeiro é incerto, mas o sofrimento dos que lutam em seu nome é mais do que certo. 

 

Um moçambicano cansado de guerra.

*Pseudónimo.

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A circulação de pessoas e bens ficou temporariamente paralisada na tarde da última quarta-feira (06) ao longo da estrada Nangade-Mueda, na sequência da movimentação de terroristas em aldeias ao longo daquela rodovia.

 

À "Carta", residentes de Nangade-sede relataram que os terroristas estão a circular em algumas comunidades daquele distrito há duas semanas, após a sua passagem pelas aldeias vizinhas de Mumu e Mitope, no distrito de Mocímboa da Praia.

 

"De manhã, alguns carros e até camiões transportando castanha [porque estamos ainda na época de comercialização] conseguiram sair da vila e outros chegaram de Mueda, mas esta tarde, por volta das 15h00, não se passava. Algumas pessoas notaram a presença dos insurgentes em Litingina", narrou Teodósio Teodoro, morador da vila de Nangade.

 

"Estava aqui um carro da Direcção Provincial de Educação a fazer monitoria sobre horas extras, e conseguiu chegar a Mueda, mas pouco depois ouvimos que aqui no meio havia uma situação, porque os terroristas estão perto", disse um funcionário do Serviço Distrital de Educação e Juventude e Tecnologia sob condição de anonimato.

 

No entanto, no princípio da noite, a trânsito de viaturas ao longo da referida estrada voltou a fluir depois da intervenção das Forças de Defesa e Segurança. Refira-se que, nos últimos dias, a circulação de viaturas ao nível do distrito de Nangade intensificou-se não só devido à movimentação da população para Mueda para acesso aos serviços bancários e ao comércio informal, mas também à campanha de comercialização de castanha de caju, que movimenta muitos agentes económicos de origem asiática. (Carta)

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Vários bairros da Autarquia da Matola amanheceram ontem relativamente calmos, enquanto na cidade de Maputo reinava um ambiente de violência sem precedentes, caracterizado por uma guerra sem quartel entre a Polícia e os manifestantes, que protestavam contra a mega-fraude eleitoral e a má-governação.

 

Tumultos, fumaça, tiroteios, vandalismo, saques e atropelamentos foi o cenário vivido ontem em Maputo. Vídeos amadores mostram a Polícia da República de Moçambique também envolvida no saque e pilhagem de estabelecimentos comerciais em plena luz do dia.

 

Durante as primeiras horas desta quinta-feira, o movimento de viaturas era quase inexistente em diversos pontos da cidade e havia também pouca movimentação de pessoas caminhando a pé, vindas de diferentes partes da Matola, devido à falta de transporte público.

 

No bairro da Matola Gare, no município da Matola, para além de incêndios, vários contentores foram saqueados em diversos pontos. Os transportadores e os motoristas que circulavam pela Estrada Circular de Maputo, concretamente entre a rotunda da Nova Coca-Cola e a rotunda de Matlemele, também no município da Matola, para além da portagem da REVIMO, também eram obrigados a pagar nas duas portagens improvisadas pelos manifestantes.

 

Na “portagem” instalada na ponte da Matola-Gare, os manifestantes cobravam entre 50 e 200 Meticais, um valor que era exigido também na “portagem” instalada poucos metros depois da Portagem da REVIMO em direcção ao Zimpeto. Quem se recusasse a pagar o valor, via os vidros do seu carro quebrados por pedras que eram arremessadas pelos supostos manifestantes.

 

Nos bairros de Tsalala e Machava, por exemplo, todos os estabelecimentos estavam fechados, incluindo instituições de ensino e bombas de combustível. Nessas áreas, era possível ver um grupo de jovens tentando organizar algumas marchas de forma pacífica, mas em todos os cantos era visível o movimento da Polícia e diversos carros blindados.

 

Já no início da tarde, um grupo de jovens vindos de diferentes bairros da Matola começou a criar alguma agitação, alegando querer chegar à cidade de Maputo para se juntar à “grande marcha”. Entretanto, enquanto tentavam entrar na cidade, eram atingidos com gás lacrimogéneo lançado pelos agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), posicionados juntos à Portagem de Maputo.

 

Entretanto, mesmo com um forte contingente militar circulando ao longo da Estrada Nacional Número 4, no fim da tarde, o cenário mudou quando um grupo de manifestantes decidiu invadir várias lojas localizadas no supermercado Malhampswene. Naquele ponto, várias lojas ficaram sem vidros e os manifestantes roubaram quase tudo, sob olhar impávido de alguns proprietários, com destaque para caixas de bebidas alcoólicas, electrodomésticos, vestuários, entre outros produtos. (Carta)

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