A Cidade de Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado, tem sido, nos últimos dias, o local preferido pelos deslocados dos ataques armados que vêm ocorrendo, há mais de dois anos. Depois de os malfeitores terem atacado as vilas-sedes dos distritos de Mocímboa da Praia e Quissanga, os residentes dos distritos vizinhos, como Macomia, Meluco e Palma, começaram a deslocar-se para diferentes pontos da província. Alguns regressaram aos Postos Administrativos de origem (para o caso dos que se tinham deslocado para as vilas-sedes em busca de protecção) e outros optaram em escalar a capital provincial, Pemba.
Actualmente, Pemba é, aparentemente, o local mais seguro da província, depois de nove distritos terem sido assolados pela barbárie, incluindo duas vilas-sedes. Alguns chegam àquela cidade de barco e outros de camiões, em busca de melhores condições de segurança, apesar da especulação de preços e dos riscos associados à viagem, devido ao excesso de carga e lotação (nas embarcações).
Por exemplo, para sair de Mocímboa da Praia até Mueda, o custo de transporte é avaliado em 500 Mts, contra os 200 Mts que eram pagos anteriormente.
No último domingo, “Carta” deslocou-se ao histórico bairro de Paquitequete, onde observou uma situação preocupante e de comover qualquer ser humano. Só entre as 10:00 e as 12:00 horas, “Carta” testemunhou a chegada de seis barcos, transportando um número superior a 200 pessoas, proveniente, na sua maioria de Mocímboa da Praia e Quissanga. Aliás, alguns garantiram à nossa reportagem que mais de oito barcos, provenientes de diferentes pontos da província, estavam a caminho daquele ponto da província de Cabo Delgado. A razão era a mesma: “estamos a fugir dos ataques”.
As autoridades marítimas marcaram presença no local para garantir a segurança dos deslocados, porém, devido à quantidade de barcos que iam atracando naquele bairro e de pessoas que iam desembarcando, as mesmas revelavam-se incapazes de contabilizar todos os indivíduos que iam chegando.
A propósito, a dada altura, as autoridades impediram o registo de imagens dos cidadãos que iam desembarcando naquele ponto da cidade de Pemba, porém, a “ordem” quase que não era acatada.
Alguns deslocados eram acolhidos pelas suas famílias, porém, alguns nem sabiam onde iam passar a sua primeira noite na terceira maior baia do mundo.
À “Carta”, A. Assumane disse que o desafio que tem é de onde foi acolhido não entender a sua situação financeira, uma vez que ainda não contribuiu nada para as despesas. “Eu fugi cinco vezes. Duas vezes nas aldeias de Nfunzi e Nambo e uma vez na aldeia Nacutuco. O grande desafio é a alimentação”, revelou a fonte, sublinhando o facto de não saber por onde começar.
Outro entrevistado pela “Carta” disse que saiu de Bilibiza, distrito de Quissanga, em Janeiro passado, onde perdeu sua casa. Conta que perdeu tudo no ataque levado a cabo pelos insurgentes àquela localidade, tendo conseguido salvar os documentos e pouca roupa. “Como as outras pessoas fugiram, ao avaliar o número de danos que fizeram, eu também saí com a família. Atravessamos o rio Montepuez até pegarmos carro que nos levou até Pemba”, narrou, sublinhando que foi acolhido pelo marido da sua sobrinha. (Carta)
As autoridades moçambicanas impediram ontem a entrada de 10 zimbabueanos na fronteira de Machipanda, Centro do país, por terem violado a quarentena que deviam respeitar, disse à Lusa fonte oficial.
O grupo tentou atravessar a principal fronteira terrestre entre Moçambique e o Zimbabué, depois de ter estado em regiões com casos confirmados de novo coronavírus na África do Sul nos últimos 10 dias.
“Sendo zimbabueanos e como não cumpriram com o tempo de quarentena, foram devolvidos” disse Jorge Machava, porta-voz dos serviços de migração em Manica, sustentando que a medida surge no âmbito de ações de resposta contra a pandemia de Covid-19.
A entrada foi negada após o processo de rastreio do novo coronavírus, que inclui a verificação do movimento migratório de estrangeiros nos últimos 14 dias, num posto de saúde improvisado numa tenda, junto ao posto de fronteira.
“Foram devolvidos para cumprir os 14 dias e só depois podem entrar em Moçambique”, acrescentou.
As autoridades migratórias, prosseguiu, reforçaram as medidas de controlo migratório depois de ter sido registado o segundo caso de coronavírus no Zimbabué.
No posto fronteiriço de Machipanda passam, em média, 1.500 pessoas por dia.
A travessia fica situada na província de Manica onde continuam em quarentena dois brasileiros, sendo que outros dois chineses já cumpriram o período de isolamento sem sintomas do novo coronavírus.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 já infetou mais de 194 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 7.800 morreram.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais 67 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos.
O Ministério da Saúde da África do Sul anunciou hoje 31 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, em menos de 24 horas, elevando para 116 o total de casos positivos no país.(Lusa)
A empresa sul-africana Tongaat Hulett necessitou de 500 milhões de Rands para reerguer as Açucareiras de Moçambique (vulgarmente conhecida por Mafambisse), na província de Sofala, e de Xinavane, no distrito da Manhiça, na província de Maputo. A informação tornou-se pública esta terça-feira (17), em Xinavane, através do Director-geral da companhia em Moçambique, Tendai Masau.
Falando à margem da visita da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) à Açucareira de Xinavane, que visava aferir o actual estágio operativo da companhia em Moçambique, Masau negou que as açucareiras irão fechar, pois, de fundos próprios, a Tongaat Hulett financiou-se para mantê-las em funcionamento.
Informações veiculadas, em finais do ano passado, apontavam que a Tongaat Hulett, principal investidor das açucareiras, pretendia abandonar os empreendimentos por se terem tornado inviáveis.
“As duas açucareiras não vão fechar. A partir do dia 07 de Abril, as fábricas vão arrancar as actividades para produzir 213 mil toneladas de açúcar, dos quais 175 mil toneladas pela açucareira de Xinavane e 38 toneladas pela indústria de Mafambisse”, afirmou o Director-geral da Tongaat Hulett, em Moçambique.
Para permitir o arranque das actividades das duas indústrias, Masau explicou que a companhia recorreu a fundos próprios. “Não há novos investidores que vieram para Tongaat Hulett. É a própria empresa que decidiu continuar e fazer novos investimentos. Queremos crescer e aumentar a nossa produção. Para reestruturar as indústrias necessitamos de 500 milhões de Rands”, acrescentou a fonte.
A Tongaat Hulett detém 85% da Açucareira de Mafambisse e o Estado controla 15%, através do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE). Em Xinavane, o grupo sul-africano controla 88%, enquanto o Estado moçambicano detém 12%.
Das duas indústrias, a Açucareira de Xinavane é a maior produtora de açúcar no país, com capacidade instalada de produzir 250 mil toneladas por ano. Dados facultados pelo gestor da Tongaat Hulett, em Moçambique, a companhia emprega, no país, 6 mil produtores de cana sacarina, cultivado em 18 mil hectares. (Evaristo Chilingue)
Um ano após a passagem do ciclone Idai, que afectou grande parte da população da cidade da Beira, cerca de 2.5 milhões de pessoas, em que quase a metade são crianças, ainda necessitam de ajuda humanitária.
De acordo com as projecções do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de 3.000 crianças abaixo de cinco anos de idade, que foram diagnosticadas com desnutrição aguda severa, são a prova de que as mudanças climáticas afectam principalmente os pobres e as crianças.
Segundo a organização, embora Moçambique dificilmente contribua para o aquecimento global, o país passou por vários eventos climáticos nos últimos 12 meses. A 14 de Março do ano anterior, o ciclone IDAI atingiu a cidade portuária da Beira e arredores nas províncias de Manica e Sofala, no centro do país, deixando áreas inteiras, incluindo terras agrícolas, sem água.
Seis semanas depois, o ciclone KENNETH atingiu a província de Cabo Delgado, no norte do país trazendo ventos de mais de 200 quilómetros por hora. Enquanto isso, a zona sul do país sofreu uma seca severa, com consequências terríveis para agricultura e a segurança alimentar. Todos estes eventos contribuíram para esgotar a resiliência das famílias moçambicanas e dizimar seus meios de subsistência. Nesta altura estima-se que 1,6 milhão de pessoas no país não tenham comida suficiente.
“Com um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano do mundo (número 180 entre 189 países) mais de 46 por cento da população em Moçambique vive abaixo da linha da pobreza. Esta profunda pobreza torna desafiador para as famílias contruírem a resiliência por conta própria e, cada ano, com choques novos e mais fortes, está a tornar-se cada vez mais difícil se recuperarem”.
Porém, os ciclones, as inundações e a seca comprometeram as infra-estruturas de água e saneamento e causaram doenças diarreicas, como cólera, às quais as crianças são particularmente vulneráveis. O UNICEF e os seus parceiros conseguiram conter o surto da cólera após os dois ciclones, vacinando mais de um milhão de pessoas e restaurando rapidamente vários sistemas de água urbanas e a construção de 80 novas fontes, para monitorar melhor a clorificação da água potável, a distribuição de 648.000 garrafas de produtos químicos, entre outros.
Refira-se que o ciclone IDAI fez-se sentir também nos países vizinhos como Malawi e Zimbabwe, onde as casas e os meios de subsistência ficaram destruídos. (Marta Afonso)
Mais um rombo financeiro abala as finanças públicas moçambicanas. A semana passada foi descoberta uma fraude massiva em curso no CEDSIF (Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças), cujos valores já ultrapassavam os 100 milhões de Meticais, soube “Carta” de fontes séniores do Ministério de Economia e Finanças (MEF).
A fraude estava ainda em curso, garantiu a fonte, anotando que, desta vez, trata-se de fundos do próprio CEDSIF, que faz a gestão do sistema de pagamentos do Tesouro. De acordo com fontes de “Carta”, tudo indica que a fraude em curso estava a ser desencadeada por uma rede interna de funcionários. O CEDSIF tem 390 funcionários em todo o país. O rombo ainda não foi confirmado oficialmente.
De tempos em tempos, CEDSIF tem sido alvo de fraudes, com intrusão nos seus sistemas informáticos de gestão financeira. Um dos mais recentes deu-se em Setembro de 2018, no valor de 8 milhões de Meticais. Os envolvidos foram julgados e condenados depois de uma tentativa gorada de não investigação por parte do SERNIC. Outras fraudes envolvendo o sistema de finanças públicas e a banca comercial são simplesmente abafadas, para não alarmar dos doadores. (Carta)
O Carnaval é uma tradicional festa popular realizada em diferentes locais do mundo, sendo a mais celebrada no Brasil. Apesar do forte secularismo presente no Carnaval, a festa é tradicionalmente ligada ao catolicismo, uma vez que sua celebração antecede a Quaresma. O Carnaval não é uma invenção brasileira, pois sua origem remonta à Antiguidade.
(22 de Fevereiro, às 14Hrs no Centro Cultural Brasil-Moçambique)
O grupo que “inferniza” a vida da população, nos distritos da zona centro e norte da província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, continua a ceifar vidas humanas, para além de destruir diverso património público e privado.
Vinte e quatro horas depois de o Governo ter-se reunido na cidade de Pemba, com os administradores e líderes mais influentes dos distritos afectados pelos ataques, com vista a buscar soluções para as atrocidades que se verificam naqueles distritos, o grupo, até aqui ainda não identificado, atacou duas aldeias (Chicuaia Nova e Litingina), do distrito de Nangade, norte daquela província.
De acordo com as nossas fontes, a primeira aldeia alvo dos ataques da quarta-feira foi a de Litingina, que terá sido atacada por volta das 22:00 horas. Do ataque, narra a fonte, resultou um óbito (uma cidadã) e dois feridos, porém, o mesmo durou pouco tempo, devido à “pronta-resposta” das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
De seguida, o grupo escalou a aldeia de Chicuaia Nova, que dista a menos de 1 Km da primeira. Aqui, confirmam as fontes, o grupo matou um idoso e incendiou palhotas, estabelecimentos comerciais locais, electrodomésticos, produtos alimentares e bicicletas.
As fontes garantem ainda que, nesta aldeia, também não aconteceu o pior devido à troca de tiros entre o grupo e as FDS, que despertou atenção dos residentes daquela aldeia, tendo-se refugiado nas matas.
Já no último sábado, 15 de Fevereiro, os insurgentes escalaram o distrito de Meluco, concretamente, a aldeia Nangololo, ao longo da Estrada Nacional nº 380, que liga a EN1 aos distritos da zona centro e norte da província. A aldeia está a menos de 20 Km do cruzamento de ADPP, onde os insurgentes fizeram vítimas humanas há dias.
À “Carta”, testemunhas afirmaram que a incursão iniciou por volta das 3:00 horas da madrugada de sábado. Do assalto, resultou a morte de uma pessoa (por decapitação) e o ferimento grave de outra, para além da destruição de dezenas de palhotas.
Devido à situação, fontes afirmaram que a circulação de viaturas de Macomia-sede à zona da ponte sobre o rio Montepuez ficou interrompida ao longo da manhã, após os condutores verem residências em chamas.
Refira-se que o Relatório do Governo Provincial de Cabo Delgado, apresentado hás dias, revelou que mais de 156 mil pessoas estão afectadas pelos ataques, para além da destruição de 76 escolas e vandalização de quatro centros de saúde. (Carta)
É pela terceira vez que os cabos que alimentam a iluminação que sinaliza a pista de aterragem do Aeroporto Internacional de Nacala (AIN) foram sabotados, desde a inauguração daquele “elefante branco”, em 2014. O dado foi confirmado pelos funcionários da empresa pública Aeroportos de Moçambique (AdM) e agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) afectos àquela cidade portuária, da província de Nampula.
De acordo com as fontes, nos primeiros dois actos de vandalismo, os meliantes terão cortado cabos das luzes de sinalização da pista, numa extensão de 500 a 3.000 metros, “longe” dos radares das duas unidades de segurança ali afectas: da PRM e da segurança privada.
Porém, a terceira foi de vez: quando “meliantes” voltaram a vandalizar os cabos de iluminação daquela infra-estrutura aeroportuária, numa extensão de 200 metros, a AdM conseguiu captar as imagens dos indivíduos envolvidos, tendo-se constatado que se tratava de agentes da PRM afectos àquele aeroporto.
Entretanto, fontes que avançaram o caso à “Carta” dizem que, devido às ligações existentes entre os agentes e os respectivos “chefes”, a nível de Nacala, o processo não vem andando. De acordo com as fontes, a acção visa sabotar a aterragem dos voos nocturnos, habitualmente usada pelos mercenários russos do Grupo Wagner, que desembarcam naquele local à noite, para fugir dos “holofotes”.
À “Carta”, a fonte garantiu que os agentes da Polícia envolvidos na sabotagem devem ter recebido orientações superiores, mas sem avançar os reais motivos. Sublinha que foi graças às camaras instaladas em alguns “pontos estratégicos”, que permitiram a identificação dos “vândalos”, porém, o processo não tem demonstrado avanços.
“Carta” procurou ouvir Emmanuel Chaves, PCA da empresa Aeroportos de Moçambique, porém, todos os esforços redundaram em fracasso. (Carta)
Venha passar a tarde connosco, numa sessão de cinema. Iremos mostrar o filme "South side with you", um filme que narra o romance de Barack e Michelle Obama.
(13 de Fevereiro, às 15Hrs no Centro Cultural Americano)
A economia moçambicana cresceu 2,03% no quatro trimestre de 2019, anunciou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE).
“O Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado apresentou uma variação positiva de 2.03% no IV Trimestre de 2019 comparado ao período homólogo”, lê-se no boletim sobre as contas nacionais.
“O desempenho da atividade económica no quarto trimestre de 2019 é atribuído, em primeiro lugar, ao setor terciário que cresceu em 1.5%, com maior destaque para o ramo de serviços financeiros com um crescimento na ordem de 5.6%”, refere o INE.
O documento indica ainda que o PIB do terceiro trimestre de 2019 foi revisto em alta em 0.02 pontos.
Assim, Moçambique fecha o ano com taxas de crescimento trimestral do PIB no intervalo entre 2% e 2,5%.
Trimestre - Taxa de crescimento do PIB
I - 2,5%
II - 2,3%
III - 2,01%
IV - 2,03%
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)
(Lusa)