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terça-feira, 17 março 2020 03:48

Um ano após o ciclone IDAI, 2.5 milhões de moçambicanos ainda necessitam de ajuda humanitária

Um ano após a passagem do ciclone Idai, que afectou grande parte da população da cidade da Beira, cerca de 2.5 milhões de pessoas, em que quase a metade são crianças, ainda necessitam de ajuda humanitária.

 

De acordo com as projecções do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de 3.000 crianças abaixo de cinco anos de idade, que foram diagnosticadas com desnutrição aguda severa, são a prova de que as mudanças climáticas afectam principalmente os pobres e as crianças.

 

Segundo a organização, embora Moçambique dificilmente contribua para o aquecimento global, o país passou por vários eventos climáticos nos últimos 12 meses. A 14 de Março do ano anterior, o ciclone IDAI atingiu a cidade portuária da Beira e arredores nas províncias de Manica e Sofala, no centro do país, deixando áreas inteiras, incluindo terras agrícolas, sem água.

 

Seis semanas depois, o ciclone KENNETH atingiu a província de Cabo Delgado, no norte do país trazendo ventos de mais de 200 quilómetros por hora. Enquanto isso, a zona sul do país sofreu uma seca severa, com consequências terríveis para agricultura e a segurança alimentar. Todos estes eventos contribuíram para esgotar a resiliência das famílias moçambicanas e dizimar seus meios de subsistência. Nesta altura estima-se que 1,6 milhão de pessoas no país não tenham comida suficiente.

 

“Com um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano do mundo (número 180 entre 189 países) mais de 46 por cento da população em Moçambique vive abaixo da linha da pobreza. Esta profunda pobreza torna desafiador para as famílias contruírem a resiliência por conta própria e, cada ano, com choques novos e mais fortes, está a tornar-se cada vez mais difícil se recuperarem”.

 

Porém, os ciclones, as inundações e a seca comprometeram as infra-estruturas de água e saneamento e causaram doenças diarreicas, como cólera, às quais as crianças são particularmente vulneráveis. O UNICEF e os seus parceiros conseguiram conter o surto da cólera após os dois ciclones, vacinando mais de um milhão de pessoas e restaurando rapidamente vários sistemas de água urbanas e a construção de 80 novas fontes, para monitorar melhor a clorificação da água potável, a distribuição de 648.000 garrafas de produtos químicos, entre outros.

 

Refira-se que o ciclone IDAI fez-se sentir também nos países vizinhos como Malawi e Zimbabwe, onde as casas e os meios de subsistência ficaram destruídos. (Marta Afonso)

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