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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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A Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) e o Alto-Comissariado do Canadá em Moçambique debatem esta sexta-feira (15) em torno do Investimento nas Mulheres. No debate, a ter lugar em Maputo, serão abordadas as alternativas e estratégias para impulsionar as formas flexíveis de acesso a recursos e investimentos por parte das mulheres e raparigas.

 

O evento de Alto Nível sobre o Investimento na Mulher contará com a presença da Presidente do Conselho de Administração da FDC, Graça Machel, e do Ministro do Desenvolvimento Internacional do Canadá, Ahmed Hussen.  

 

A interacção vai contar igualmente com a presença de funcionários seniores dos Ministérios da Educação e Desenvolvimento Humano, da Economia e Finanças, do Género, Criança e Acção Social e da Ciência e Tecnologia, para além de membros da Sociedade civil, Sector Privado, Académicos, entre outros. Para além do debate, o evento contará posteriormente com uma visita interactiva a uma exposição sobre empreendedorismo organizada por mulheres do sector privado, bancário e academia.

 

A decorrer no sistema híbrido, espera-se a participação de 120 pessoas de forma presencial e mais de 100 através da plataforma Zoom e Facebook. (Carta)

Cerca de um ano depois do início da reestruturação da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) pela Fly Modern Ark (FMA), o Governo diz que a companhia está a registar alguns progressos, mas que ainda não atingiram o nível satisfatório. As declarações foram feitas há dias pelo vice-ministro dos Transportes e Comunicações, Amilton Alissone.

 

Em Abril do ano passado, o Governo anunciou a decisão de, extraordinariamente, intervir na gestão da LAM, através da firma sul-africana, FMA. Na altura, o Executivo representado pelo Ministério dos Transportes e Comunicações explicou que a decisão visava estabilizar a companhia para evitar perdas progressivas, enquanto decorre melhor avaliação para uma decisão sobre o futuro da LAM, a longo prazo.

 

Até Abril de 2023, todos os indicadores de gestão da empresa apontavam para uma falência técnica. Entretanto, segundo o vice-ministro dos Transportes e Comunicações, como resultado do profundo trabalho desenvolvido com a FMA, volvido menos de um ano, a realidade da LAM mostra sinais de melhoria, transmitindo confiança de que a decisão tomada é a mais acertada.

 

Dos vários progressos, Alissone destacou aumento da frota de aeronaves, o que melhora a capacidade da empresa de responder à demanda do mercado; aumento de frequências domésticas, abertura de novas rotas e reabertura de outras, como Inhambane – Joanesburgo, Maputo - Zâmbia, Maputo - Cidade do Cabo, Maputo - Lisboa, entre outras.

 

O governante destacou também a redução das tarifas domésticas em 30%, facto que está a promover a melhoria do acesso ao serviço do transporte aéreo no País, dinamizando em consequência o turismo, entre outros ganhos; Redução do grau de endividamento da empresa, facto que permitiu reverter a situação para uma melhor viabilidade financeira”.

 

“Não obstante os bons resultados que estamos a conseguir, como resultado das reformas em curso na LAM, reconhecemos que a companhia ainda não atingiu o nível de eficiência desejado. Neste contexto, precisamos de continuar para atingir um maior cometimento e engajamento dos quadros e dirigentes da empresa, principal activo de todas as organizações”, afirmou Alissone.

 

Falando durante o lançamento do novo serviço da empresa exclusivamente dedicado ao transporte de carga, o governante sublinhou que a introdução deste novo serviço que abre uma nova frente no mercado de transporte aéreo de carga demonstra a materialização desta visão, conferindo alguma robustez à companhia para a diversificação dos serviços fornecidos ao mercado.

 

“Congratulamos os gestores da LAM por encararem com determinação o desafio lançado pelo Governo, no sentido de a companhia criar as necessárias condições para a diversificação dos serviços fornecidos, incluindo a exploração, de forma regular, do mercado de transporte aéreo de carga para todos os destinos do país”, afirmou Alissone.

 

Para o vice-ministro dos Transportes e Comunicações, o sucesso da nova operação contará muito com a reacção do empresariado e o suporte que este der. Nesta perspectiva, exortou a LAM para a prossecução do trabalho em curso, de modo a proceder à divulgação deste valioso serviço, com atenção aos ajustamentos que o mercado irá exigir.

 

Com o novo serviço, Alissone disse ao empresariado e demais actores económicos estarem criadas as condições que faltavam para o movimento flexível de carga frágil ou rapidamente perecível, incluindo operações de emergência, com destaque para produtos alimentares, medicamentos, material e equipamentos para a construção civil, electrodomésticos, peças de automóveis, entre outros bens. (E. Chilingue)

A tempestade tropical “Filipo” que atingiu a província de Maputo, na noite de terça-feira (12), mostra a fragilidade de várias infra-estruturas neste ponto do país.

 

Em alguns bairros como Infulene, as casas estão alagadas e muitas famílias dormem no meio da água e algumas ruas intransitáveis. No bairro Nkobe, outro que tem sofrido bastante em todas as épocas chuvosas, esta unidade territorial está praticamente isolada. Nenhum meio de transporte entra até lá e os autocarros encontram-se parqueados.

 

Na cidade da Matola, há relatos de famílias que tiveram que abandonar as suas residências devido às inundações, encontrando-se albergadas em alguns centros de abrigo. Centenas de casas continuam debaixo da água, principalmente nos bairros da Liberdade, Machava, entre outros.

 

Em Boane, a barragem dos Pequenos Libombos transbordou e abriu as comportas afectando o drift de Mazambanine. Deste modo, as autoridades apelam aos munícipes a tomarem medidas de precaução de modo a garantirem uma travessia segura.

 

Em Magude, Manhiça, Matutuine e Marracuene, as autoridades contabilizam a destruição parcial de infra-estruturas de educação e saúde e algumas vias de acesso interrompidas. A Electricidade de Maputo aponta que 17 postes tombaram, afectando mais de 60 famílias.

 

Na cidade de Maputo, as autoridades tiveram que encerrar uma vez mais o Centro de Saúde de Hulene que se encontra no meio da água. Seis centros de abrigo para acolher as famílias afectadas pelas inundações foram já criados e necessitam de perto de seis milhões de Mts.

 

A Escola Nacional de Dança também teve que ser encerrada e as aulas condicionadas numa altura em que a mesma preparava algumas defesas dos seus alunos. Várias escolas, como é o caso da Primária Unidade 30, no bairro 25 de Junho, entre outras, suspenderam as aulas por se encontrarem debaixo da água.

 

Entretanto, dados preliminares do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) indicam que a tempestade tropical severa “Filipo” afectou pelo menos 1.283 famílias, cerca de 6.311 pessoas, na região sul do país. O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) confirmou que a tempestade tropical “Filipo” já saiu do continente para o mar e está a afastar-se de forma gradual da terra firme.

 

Porém, espera-se que as chuvas continuem a cair com ventos de 90 quilómetros por hora, com rajadas de até 120 quilómetros por hora, para a zona costeira de Maputo e Gaza.

 

Por outro lado, a Administração Regional de Águas Sul emitiu um alerta no fim da tarde desta quinta-feira, para que não se faça a travessia dos rios Umbeluzi, Limpopo, Maputo e Incomati nas próximas 24 horas, por conta da corrente das águas causada pelos altos níveis de escoamento devido às chuvas fortes que caíram.

 

As chuvas que caíram incrementaram os níveis de água, o que causou fortes correntes nos leitos dos rios, tornando a sua travessia perigosa com recurso a qualquer embarcação. Contudo, a Administração Regional das Águas Sul diz que o cenário de altos níveis de água não significa cheias, mas apela à população a ficar mais atenta. (M.A)

Populares do distrito de Metuge, na província moçambicana de Cabo Delgado, denunciaram hoje o rapto de três camponeses, nos campos de produção de Nampipi, alegadamente por grupos de insurgentes que atacam na região.

 

Uma fonte local relatou à Lusa que na segunda-feira, nove pessoas deslocaram-se da sede de Metuge para os seus campos de produção agrícola, na zona de Nampipi, a 60 quilómetros. Contudo, ao final do dia, foram surpreendidos, dentro das cabanas, por homens armados que os levaram à força.

 

“Estavam em cabanas separadas, mas próximas por questões de precaução, quando de repente um grupo de homens armados chegou e lhes disse para seguirem com eles”, disse a fonte, a partir de Metuge.

 

Seis dos camponeses do grupo, acrescentou, escaparam, porque optaram por dormir na mata e não nas cabanas.

 

“Foram os terroristas, sim. Estive escondido, não muito distante, quando me apercebi que havia homens armados a levar os meus companheiros. Por medo não pude sair, mas doeu-me não ter ajudado”, lamentou um dos integrantes do grupo.

 

O grupo de camponeses, com idades entre 55 a 60 anos, tinha decidido ir ao campo, percorrendo uma longa distância pelo interior do distrito, mesmo contra a vontade de alguns familiares que temiam situações semelhantes ao ataque à vizinha aldeia de Pulo, onde em 06 de março morreram seis pessoas.

 

“Eu disse ao meu primo para não ir. Ele respondeu-me de que vive da produção, não tem outra alternativa se não produzir e que as pragas estão a acabar com a comida”, lamentou outra fonte, a partir de Metuge.

 

Habitantes estão a abandonar as aldeias de Walopwana e Muisse, também no distrito de Metuge, devido à movimentação de grupos terroristas.

 

Informações da comunidade local obtidas pela Lusa indicam que, em 09 de março, os terroristas capturaram uma pessoa nas matas de Nampipi, a quem pediram para localizar a comunidade de Walopwana, que supostamente seria a próxima a ser atacada.

 

“Os terroristas estão entre nós, aqui. Ainda não foram longe, capturaram o senhor João, vinha da machamba [campo agrícola] e disseram-lhe para mostrar a aldeia de Walopwana. Ele com medo fez, porque segundo lhe disseram seria o próximo ponto”, lamentou uma fonte de Metuge, que abandonou o campo agrícola na comunidade de Muisse.

 

“Eu, minha esposa e meus filhos estamos em Metuge desde quarta-feira, queríamos voltar, mas os bandidos estão ainda a chatear”, lamentou um morador, de 55 anos.

 

No domingo, um casal de idosos saiu de Metuge para ir a Nampipi, a mais de 60 quilómetros, onde tem um campo agrícola, mas teve de voltar após se deparar com populares de Walopwana e Muisse em fuga, face a rumores da presença dos terroristas.

 

“Nós saímos daqui de Metuge em direção a Nampipi, mas não prosseguimos. Encontrámos muitas pessoas de Muisse e Walopwana a fugir para Metuge”, disse o homem, de 67 anos.

 

O ataque a Metuge acontece numa altura em que as pragas estão a atacar as culturas, sobretudo na zona de Nampipi, o que pode comprometer a alimentação da população local.

 

“Há muita produção que se vai perder nos campos, porque os terroristas estão a circular exatamente nas zonas onde há muita comida”, lamentou a fonte.

 

Depois de vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.(Lusa)

Problemas de transitabilidade impedem há duas semanas o acesso à região norte da província de Cabo Delgado, ao longo da Estrada N380, concretamente no troço Macomia-Oasse.

 

"Carta" apurou que o problema, que já é do conhecimento das autoridades, está na ponte sobre o rio Messalo que separa os distritos de Muidumbe e Macomia. O rio transbordou e afectou uma parte da ponte, dificultando a passagem de viaturas sobretudo de mercadorias.

 

A situação está a complicar o abastecimento da zona norte de Cabo Delgado, nomeadamente, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Mueda, Nangade e Palma, que já se ressentem de falta de produtos básicos e de combustíveis.

 

Por exemplo, na vila de Mocímboa da Praia, um litro de combustível chega a custar 300 meticais. Segundo Bacar Salimo, motorista e residente na vila de Mocímboa da Praia, para além da especulação do combustível, o stock é bastante reduzido para a demanda dos restantes distritos como Mueda, Nangade e Palma.

 

Falando à Rádio Moçambique, emissora pública, o administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, confirmou a escassez de produtos alimentares no distrito, mas garantiu que agentes económicos da província foram mobilizados para usar a via marítima para abastecer a região.

 

"Também estamos com falta de combustível, problema que afecta os táxi-mota e as camionetas que fazem o transporte semi-colectivo interdistrital. Caso melhore a transitabilidade, acredito que vamos usar o sistema normal para trazer os produtos através da estrada", descreveu o administrador de Mocímboa da Praia.

 

Neste momento, para se chegar ao norte de Cabo Delgado via terrestre, recorre-se à estrada Montepuez-Mueda, descrita como sendo de difícil circulação sobretudo neste período de chuvas. (Carta)

Inicia na manhã de hoje, em todo o país, o recenseamento eleitoral para as VII Eleições Gerais, que se realizam a 09 de Outubro próximo. O registo, que decorre até ao dia 28 de Abril, abrange todos os cidadãos em idade eleitoral que não se puderam registar no ano passado.

 

De acordo com os dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), durante os próximos 45 dias, os órgãos eleitorais vão registar pouco mais de 7.7 milhões de eleitores, que se deverão juntar aos 8.7 milhões que foram recenseados em 2023, no âmbito das eleições autárquicas de 11 de Outubro.

 

Os órgãos eleitorais dizem esperar, nos postos de votação, um total de 16.497.501 potenciais eleitores, sendo que, destes, 279.685 encontram-se no estrangeiro. Refira-se que, no estrangeiro, o recenseamento inicia no dia 30 de Março e termina no dia 28 de Abril.

 

Ontem, o Presidente da CNE, o Bispo Carlos Matsinhe, voltou a exortar os potenciais eleitores a afluírem em massa aos Postos de Recenseamento Eleitoral, alegando que “o seu voto conta para o futuro de Moçambique”.

 

“Apelamos, igualmente, aos agentes de educação cívica eleitoral e aos brigadistas para também fazerem esforços de alcançar a todos os potenciais eleitores, com os serviços que estão sob a vossa responsabilidade. É necessária maior flexibilidade, colaboração entre os cidadãos, agentes de educação cívica eleitoral e brigadistas”, defendeu Matsinhe, que, em 2023, viu sua reputação jogada na sarjeta devido aos gritantes casos de fraude registados nas eleições autárquicas.

 

Segundo a CNE, o registo de eleitores será feito em 8.774 Postos de Recenseamento Eleitoral, a nível nacional, que serão auxiliados por 6.330 brigadas, enquanto no estrangeiro foram criados 391 postos de recenseamento eleitoral e 297 brigadas.

 

Para o caso da província de Cabo Delgado, onde o terrorismo continua a semear luto, os órgãos eleitorais afirmam que deverão recorrer ao transporte aéreo para alocar o material de registo e as respectivas brigadas de recenseamento eleitoral. Refira-se que a estratégia foi usada no ano passado durante o recenseamento dos eleitores, assim como no dia da votação.

 

Sublinhar que a CNE espera investir 19.9 mil milhões de Meticais nas Eleições Gerais deste ano, sendo que o Governo já desembolsou 6.5 mil milhões de Meticais, o correspondente a cerca de 33% do Orçamento. (Carta)

Os ataques terroristas que se verificam na província de Cabo Delgado desde Outubro de 2017, e que já atingiram as províncias de Nampula e Niassa, fizeram disparar as despesas dos sectores da defesa e segurança e ordem pública, tendo crescido na ordem de 5,4% desde o primeiro ano do terrorismo em Moçambique.

 

Contas feitas pela “Carta”, com base nos Relatórios da Conta Geral do Estado e no Relatório do Balanço do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado de 2023, indicam que as despesas com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) cresceram em 50.825,3 milhões de Meticais entre 2017 e 2023.

 

De acordo com a Conta Geral do Estado de 2017, o sector da defesa (Forças Armadas de Defesa de Moçambique) despendeu 8.333,6 milhões de Meticais, o equivalente a 3,4% do Orçamento executado pelo Governo naquele ano, que foi de 247.265,6 milhões de Meticais. Já o sector da segurança e ordem pública (que junta a Polícia da República de Moçambique e o Serviço de Informações e Segurança do Estado) gastou 21.068,7 milhões de Meticais, o correspondente a 8,5% do Orçamento. No total, os dois sectores consumiram, naquele ano, 29.402,3 milhões de Meticais, representando 11,9% do bolo consumido pelo Estado.

 

Por sua vez, em 2023, as FADM gastaram 25.812,8 milhões de Meticais, o equivalente a 5,6%, enquanto a PRM e o SISE aplicaram 54.414,8 milhões de Meticais, correspondente a 11,8%. Juntas, as três instituições despenderam 80.227,6 milhões de Meticais, equivalente a 17,3% da despesa geral do Estado, fixada em 460.014,0 milhões de Meticais.

 

O crescimento exponencial dos gastos do sector castrense começou no ano seguinte (em 2018), quando a despesa dos dois sectores subiu em 7.283 milhões de Meticais relativamente ao ano anterior: a despesa da defesa subiu para 11.855,2 milhões de Meticais (mais 3.521,6 milhões de Meticais que em 2017) e da segurança e ordem pública aumentou para 24.830,1 milhões de Meticais (mais 3.761,4 milhões de Meticais).

 

No entanto, de 2016 para 2017, a despesa do sector castrense registara uma ligeira subida, tendo sido de 2.878 milhões de Meticais. A despesa da defesa crescera em 507,7 milhões de Meticais e da segurança e ordem pública aumentara em 2.370,3 milhões de Meticais.

 

Em 2019, os sectores da defesa, segurança e ordem pública consumiram 13,7% do Orçamento daquele ano. A defesa gastou 12.629,7 milhões de Meticais (que teve um peso de 4% na execução do Orçamento do Estado) e a segurança e ordem pública despenderam 30.336,2 milhões de Meticais, totalizando 42.965,9 milhões de Meticais. Neste ano, sublinhe-se, a despesa do SISE e da PRM teve um crescimento de 5.506,1 milhões de Meticais, relativamente a 2018.

 

As despesas das FDS continuaram a crescer e, em 2020, a defesa despendeu 21.164,3 milhões de Meticais, enquanto a Polícia e os serviços secretos consumiram 40.677,6 milhões de Meticais. Ou seja, de 2019 para 2020, os gastos da defesa variaram em quase 9 mil milhões de Meticais e os da segurança e ordem pública em mais de 10,3 mil milhões de Meticais, tornando-se numa das maiores subidas orçamentais destes sectores em apenas um ano, desde a eclosão do terrorismo.

 

Recorde-se que 2020 foi o ano em que os insurgentes elevaram o seu nível de violência, atacando e conquistando vilas distritais de Cabo Delgado, com destaque para as vilas-sede de Macomia, Mocímboa da Praia (por duas vezes), Quissanga e Muidumbe. No caso de Muidumbe e Mocímboa da Praia, sublinhe-se, as vilas foram ocupadas pelos terroristas por mais de 12 meses.

 

Já em 2021, os sectores da defesa, segurança e ordem pública consumiram 18,9% do Orçamento do Estado, sendo que as FADM gastaram 21.813,3 milhões de Meticais, o que corresponde a 6% de todo o dinheiro gasto no ano passado pelo Estado, enquanto o sector da segurança e ordem pública gastou 46.688,5 milhões de Meticais, o equivalente a 12.9% da realização da despesa de 2021. No total, os dois sectores aplicaram 68.501,8 milhões de Meticais, dos 362.293,2 milhões gastos pelo Estado em 2021.

 

Por seu turno, em 2022, a Polícia e o SISE gastaram 50.663,4 milhões de Meticais, enquanto os militares despenderam 26.628,3 milhões de Meticais. No total, as FDS gastaram, naquele ano, 77.291,7 milhões de Meticais, correspondendo a 18% da despesa pública, que foi de 427.750,8 milhões de Meticais.

 

Para 2024, o Governo prevê baixar os gastos com o sector castrense. Com as FADM, prevê gastar 20,165.2 milhões de Meticais e 47,802.2 milhões de Meticais com a Polícia e o SISE, totalizando 67.967,4 milhões de Meticais, representando uma descida de 12.260,2 milhões de Meticais em relação aos gastos de 2023. No entanto, com o recrudescimento dos ataques terroristas; com a violência eleitoral a pairar pelo ar; e o “fantasma” do golpe de Estado a ensombrar o Palácio da Ponta Vermelha desde Março de 2023, é quase certo que a despesa das FDS poderá disparar este ano.

 

Refira-se que, tendo em conta o secretismo que caracteriza estes sectores, os relatórios da Conta Geral do Estado não apontam onde foi investido o valor, num contexto em que as FDS continuam a ressentir-se da falta de equipamento bélico, uniformes e mantimentos. Aliás, esta quarta-feira, o Ministro do Interior voltou a defender mais investimento neste sector para travar o terrorismo. (A. Maolela)

A empresa pública Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) procedeu, esta quarta-feira (13), ao lançamento de um novo serviço de carga. Para atender ao novo serviço, a companhia adquiriu uma nova aeronave, apresentada no evento. O acto foi orientado pelo Vice-Ministro dos Transportes e Comunicações, Amilton Alissone.

 

Intervindo na ocasião, Alissone disse que a nova aposta constitui um marco importante no processo de reestruturação da LAM, que inclui a melhoria e diversificação dos serviços prestados pela nossa companhia de bandeira, para atender à demanda do mercado nacional e regional.

 

“Celebramos esta importante conquista convictos de que, agora, o país e a região passam a dispor de um novo serviço para a melhoria da mobilidade de bens e expedição de carga, de forma rápida e segura. Estamos perante um novo serviço com uma característica diferente, agregando valor de ser mais célere com os bens que os cidadãos e empresas precisam de ter disponíveis de forma rápida para a satisfação das suas necessidades nos diversos destinos”, afirmou o governante.

 

Com este serviço, o Vice-ministro dos Transportes e Comunicações disse estarem criadas as condições necessárias para tornar apetecível o mercado de transporte aéreo de carga em Moçambique, com a melhoria de tarifas praticadas, considerando a economia de escala que será gerada com a entrada em operação do cargueiro.

 

Falando perante perto de uma centena de convidados, grande parte empresários, Alissone disse que o sucesso desta nova operação contará muito com a reacção do empresariado e o suporte que este der. Nesta perspectiva, o governante exortou a LAM para a prossecução do trabalho em curso, de modo a proceder à divulgação deste valioso serviço, atentos aos ajustamentos que o mercado for exigir.

 

“O mercado demanda serviços de transporte rápido de produtos alimentares, medicamentos, material e equipamentos para a construção civil, electrodomésticos, peças de automóveis, entre outros bens. Ao empresariado e demais actores económicos, eis aqui a resposta. Estão criadas as condições que faltavam para o movimento flexível de carga frágil ou rapidamente perecível, incluindo operações de emergência”, afirmou Alissone. (Evaristo Chilingue)

Residentes da vila de Macomia, em Cabo Delgado, denunciam situações de cobranças ilícitas, na calada da noite, protagonizadas por elementos das Forças de Defesa e Segurança, sobretudo os destacados para o patrulhamento nocturno em diversos bairros.

 

Segundo fontes: "as cobranças são feitas sob ameaça e em troca de liberdade, mas o pior é que mesmo famílias ou pessoas encontradas nas respectivas casas são alvos de extorsão, começou por lamentar um residente local.

 

Ao abrigo das ordens militares, o mercado deve fechar às 18h00, mas na eventualidade de os agentes escalados encontrarem pessoas na varanda, no quintal ou no balcão, são ameaçadas e obrigadas a transferir dinheiro para M-pesa ou E-mola para que não sejam incriminadas, disse Muarabu Francisco Abel.

 

"É verdade que foi decretado o recolher obrigatório, mas essa coisa de irem até à casa de alguém, não, está demais. Eles ameaçam e exigem valores monetários, e esses nossos militares e os agentes da UIR e PRM andam juntos" descreveu Zubair Momade, residente em Nanga B.

 

Outro residente do bairro Nanga A, na zona Nhamele, comentou que a situação está a inquietar as pessoas, sobretudo os comerciantes ou familiares que até esta quarta-feira (13) já foram alvos de extorsão por diversas vezes.

 

Sugeriu que o chefe do mercado ou os chefes dos bairros deveriam informar o governo sobre as arbitrariedades praticadas pelos elementos das FDS na vila de Macomia.

 

Nas últimas três semanas, as Forças de Defesa e Segurança estabeleceram o recolher obrigatório na vila de Macomia, como forma de controlar movimentos terroristas que há dias ameaçaram lançar um ataque. 

 

Desde essa altura, o alerta foi activado na vila de Macomia, no entanto, os alvos seriam os distritos de Quissanga e a ilha Quirimba, no Ibo, onde os terroristas permaneciam até quarta-feira. (Carta)

A tempestade tropical Severa “Filipo” causou destruição do tecido social e económico na província de Inhambane em geral e no distrito e cidade de Vilankulo, em particular. Dados facultados à “Carta” pelo Presidente da Associação de Turismo em Vilankulo, Yassin Amuji, indicam que a tempestade destruiu totalmente 15 estâncias turísticas e 135 parcialmente destruídas de um total de 150 afectadas.

 

Segundo Amuji, grande parte das infra-estruturas turísticas destruídas, completa ou parcialmente, encontram-se a escassos metros da orla marítima da Cidade de Vilankulo. Devido aos impactos causados pela tempestade, a fonte disse que há empreendimentos que precisam de três dias a uma semana para se reerguer. Contudo, as estâncias destruídas totalmente poderão levar mais tempo.


Numa perspectiva comparativa, o nosso entrevistado disse que a tempestade foi mais devastadora em relação aos outros eventos, com destaque para o ciclone Cheneso e Freddy, em Janeiro e Fevereiro de 2023, respectivamente. Entretanto, não superou o ciclone Fávio que sacudiu severamente o centro e sul do país, incluindo a cidade de Vilankulo em 2007.

 

“Esta tempestade afectou gravemente os empreendimentos turísticos porque parte considerável deles são construídos por material como paus e capim [bangalôs] e não de betão. Daí que, doravante, iremos desencadear uma reflexão para a mudança do tipo de construção. Olhando para a localização da cidade e o facto de a mesma ser propensa a ciclones, há necessidade de mudar esse tipo de construções para betão que é relativamente resiliente a tempestades”, disse Amuji.

 

A fonte acrescentou que, devido à fragilidade das construções, os operadores estão permanentemente a reconstruir os empreendimentos a cada ano que a cidade é devastada por tempestades, o que prejudica o negócio da classe.

 

Na cidade de Vilankulo, a tempestade “Filipo” afectou igualmente a rua da marginal,  a principal via que leva aos empreendimentos turísticos localizados próximo à orla marítima. Até à tarde da última terça-feira (12), a fonte disse que a via estava intransitável devido à fúria do vento e das ondas.

 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a tempestade entrou no país pelas 5h00, através do distrito de Vilankulo, tendo deixado um rasto de destruição. Dados avançados pelas autoridades indicam que a tempestade destruiu mais de cinco centenas de casas, afectando mais de 531 mil famílias, nas províncias de Inhambane e Sofala.

 

Os ventos que chegaram a atingir 120 km/h destruíram igualmente mais de 10 centros de saúde e cerca de 40 salas de aulas e tombaram mais de cinco dezenas de postes de energia, deixando parte da província de Inhambane e o distrito de Machanga em Sofala às escuras. Aliás, até terça-feira, apenas a cidade de Vilankulo e a vila de Inhassoro é que se encontram parcialmente iluminadas com energia da rede pública, enquanto as cidades de Inhambane e Maxixe estão parcialmente iluminadas, através de um gerador de emergência. (Evaristo Chilingue)

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