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quinta-feira, 20 agosto 2020 06:15

Nyusi mais predisposto a liderar

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Filipe Nyusi está a mudar positivamente seu estilo de governação. Apresenta-se mais líder e, em caso de fogo como o de Matalana, pegou na mangueira de bombeiro. Apresentou um relatório preliminar e prometeu responsabilização. Reconheceu deficiência nos processos de seleção e admissão de candidatos, mas alertou: Matalana não é uma ilha de improbidade mas o derradeiro reflexo de uma sociedade moralmente doente. O Presidente poderia ter sido mais incisivo se tivesse usado o conceito vexatório de assédio sexual para nomear as práticas identificadas dentro da Escola. Preferiu omitir.!
 
Seja como for, a abordagem de Nyusi foi um indicador da sua disponibilidade para prestar contas. Vamos lá ver se este é um registo que veio para ficar. Nyusi deve garantir que haja responsabilização. Mas também pode estender esta predisposição para as práticas de procurement público no quadro do Covid 19. Ele tem de se impor perante aqueles que, no Governo, insistem em sonegar informação detalhada sobre os concursos públicos em sectores onde tradicionalmente a colusão é apocalíptica, como no da Saúde.
 
Há três semanas, Nyusi introduziu um novo modelo de comunicação com a sociedade (Interessante como seus comentadores afiliados não tenham reparado neste novo estilo).
 
A cada viagem presidencial, ele fala à Nação, depois de cumprir sua agenda local. Numa recente visita à Manica, ele renovou seu apelo à diversificação da economia. Acabara de ver a pujança da agricultura local. Nunca era demais voltar a repisar o refrão duma velha cantiga. Em Manica, a produção agrícola mostrava que nem todos nos devemos agarrar ao gás.
 
No Niassa, há duas semanas, Nyusi anunciou uma boa-nova: o Governo irá desenvolver uma iniciativa presidencial de construção de aterros controlados de gestão de resíduos sólidos sendo nesta primeira fase um aterro por cada província”. Ele reconheceu que a iniciativa “é insignificante dada a vastidão de cada província de Moçambique”, mas o objetivo é “reduzir a deposição desregrada dos resíduos sólidos no território”. Na memória, a tragédia recente do Hulene, com dezenas de mortos e centenas de desalojados.
 
No início de Agosto, Nyusi esteve em Gaza e falou sobre a corrupção, de uma forma aberta como nunca. A delapidação do bem comum chegou a um nível insustentável. E mostrou que tem vindo a estudar sobre o assunto. Em Pemba, na semana passada quando se reuniu com o governo alargado ele introduziu a temática da corrupção nas discussões. Mas não teve interlocutor.
 
Em suma, registar estas mudanças é, mais do que tudo, um exercício metodológico. Vai levar tempo para se verificar se a hipótese de um líder em mutação positiva se confirma. E se o novo modelo de comunicação traz melhorias como um instrumento que também serve para prestação de contas, num estilo mais profícuo que o modo sisudo do Conselho de Ministros.

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