Os Estados Unidos da América (EUA) admitem fornecer equipamento militar não letal a Moçambique, anunciou o líder do Comando dos EUA para África (Africom), general Michael Langley, “impressionado” pelos resultados do combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
“Estou aqui numa campanha de aprendizagem, porque Moçambique e os seus parceiros em toda a SADC, e também com alguns dos outros parceiros africanos, tem tido muito sucesso, especialmente em Cabo Delgado. E estamos a aprender com isso, com meios muito eficazes, e estamos muito impressionados. E foi sobre isso que trataram as discussões com o Presidente”, explicou o general norte-americano, após reunir-se com o chefe de Estado, em Maputo.
De acordo com o comandante do Africom, o encontro com o Presidente, Filipe Nyusi, serviu para discutir o apoio norte-americano à criação de “capacidade operacional” em Moçambique no combate ao terrorismo, “principalmente” através da componente de formação, mas também no fornecimento de equipamento.
“Não vou entrar em detalhes sobre o que o Presidente pediu, mas sei que, primeiro, provavelmente, será em termos de uniformes. Portanto, ajuda não letal neste momento”, explicou Michael Langley, após a reunião com o chefe de Estado moçambicano.
O general acrescentou que o fornecimento de equipamento às Forças de Segurança e Defesa (FDS) de Moçambique dependerá das negociações que serão feitas logo após o “pedido formal” que o Governo terá de apresentar.
“Portanto, não há programação para esse fornecimento, neste momento”, reconheceu.
Insistiu na prioridade que o Governo norte-americano está a dar a um plano de “incremento da parceria” com Moçambique e para “aumentar a capacidade” local.
“Começa com treino, mas vai progredindo para o possível. O que podemos fazer é ajudar a equipar”, apontou ainda, recordando que nos últimos anos o Africom já tem desenvolvido programas de apoio às Forças Armadas de Moçambique, que terão continuidade.
A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novos ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto Comissariado das Nações Unidas para pós Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
O grupo extremista Estado Islâmico reclamou na semana passada a autoria de um ataque à base Kathupa, interior do distrito de Macomia, província moçambicana de Cabo Delgado, afirmando que foram mortos 10 militares das FDS de Moçambique.
O ataque, em 08 de agosto, foi reivindicado através de um comunicado divulgado pela agência Amaq, do grupo fundamentalista, referindo que outros sete soldados das FDS ficaram feridos, e que incluía uma fotografia de vítimas e material apreendido, cuja autenticidade não foi possível atestar.
As autoridades moçambicanas não confirmaram até agora a ocorrência deste incidente.
Tratou-se, aparentemente, de uma tentativa de recuperar aquela base, capturada aos terroristas pelas FDS desde o ano passado.
O Presidente da República moçambicana afirmou em 10 de agosto passado que as FDS expulsaram os terroristas de todos os distritos que ocupavam na província de Cabo Delgado, norte do país.
“As nossas Forças de Defesa e Segurança, também assistidas pela força local, continuam a perseguir sem tréguas os terroristas, tendo-os desalojado de todos os distritos que até 2021 ocupavam”, afirmou Filipe Nyusi, em Maputo, numa receção ao homólogo queniano, William Ruto, em visita de Estado ao país.
“Prosseguem os esforços de luta contra os terroristas que atacam alguns distritos da província de Cabo Delgado, conjugando a cooperação multilateral e a bilateral, da SADC, através da SAMIM [Missão Militar da África Austral], e do Ruanda, respetivamente”, detalhou o Presidente moçambicano.(Lusa)
O maior sistema de cabos submarinos do mundo, o 2Africa, foi lançado oficialmente ontem, 15 de Agosto, na cidade de Nacala-Porto, província de Nampula. Um data center ao qual o cabo de fibra óptica está conectado também foi inaugurado oficialmente na mesma cidade, pelo parceiro do projecto, Master Power Technologies.
Este é o primeiro cabo submarino a aterrar no norte do país, depois de ter aterrado em Maputo em Fevereiro, com a promessa de maior capacidade de internet e conectividade acelerada para os clientes da Vodacom, apoiando a crescente economia digital em Moçambique.
Através desta infraestrutura de cabo de fibra óptica submarina, a Vodacom fornecerá uma saída internacional directa para serviços de internet mais rápidos e confiáveis no país.
O consórcio 2Africa inclui oito parceiros internacionais: China Mobile International; Meta; Bayobab (anteriormente MTN GlobalConnect); Laranja; Centro3; Telecom Egipto; Grupo Vodafone (empresa-mãe da Vodacom); e WIOCC. Essas empresas associaram-se para construir a 2Africa. Lançado em Maio de 2020, o projecto do cabo submarino visa aumentar significativamente a capacidade, qualidade e disponibilidade de conectividade de internet entre a África e o resto do mundo.
A Vodacom é o parceiro designado para a aterragem em Moçambique, fornecendo infraestrutura para a instalação de cabos nos locais existentes na área do porto de Maputo e no porto de Nacala.
“A aterragem do cabo submarino 2Africa reafirma o compromisso da Vodacom em potenciar a inclusão digital em Moçambique e no continente africano, aumentando o acesso a serviços de internet de qualidade e investindo em infraestruturas de rede para o suportar. Este é um desafio ambicioso para o qual não podemos alcançar resultados sozinhos. A colaboração entre outros players da indústria e do sector público é fundamental, para permitir a ligação de mais cidadãos no país e em todo o continente”, revelou José Mendes da Vodacom.
A partir dessa infraestrutura, os provedores de serviços poderão obter capacidade de forma justa e equitativa, incentivando e apoiando o desenvolvimento de um ecossistema saudável de serviços de internet. A conectividade internacional directa pode então ser fornecida a centros de dados, empresas e clientes distribuidores. Assim que o sistema do cabo de fibra óptica for implantado, empresas e consumidores beneficiarão de melhor qualidade, confiabilidade e menor latência para serviços de Internet, incluindo teletrabalho, streaming de vídeo de alta definição, bem como aplicativos avançados de multimídia e vídeo móvel.
A chegada do sistema de cabo de fibra óptica também oferece potencial para a tão necessária criação de empregos regionais em sectores que dependem de conectividade internacional directa, como data centers, call centers e desenvolvimento de software. Esta oportunidade de emprego pode ajudar a contribuir para o desenvolvimento socioeconómico local e nacional.
O projecto 2Africa apoia um maior crescimento do 4G, 5G e acesso à banda larga fixa, proporcionando melhor conectividade para áreas rurais e carentes, bem como resiliência de rede. Como porta de entrada para a conectividade internacional, a aterrissagem do cabo de fibra óptica ajudará a desenvolver redes de telecomunicações em todas as províncias do país.
Os sistemas de cabos submarinos que fornecem redes internacionais entre continentes e países são parte integrante da cadeia de valor da conectividade e aumentam a capacidade da Internet de atender às demandas actuais e futuras da crescente digitalização de África, ao mesmo tempo em que catalisa o crescimento económico. Um estudo da RTI indicou que se espera que o cabo 2Africa estimule um impacto económico de US$ 26,2-36,9 bilhões, equivalente a 0,42-0,58% do PIB de África, dentro de dois a três anos após seu comissionamento.
A Alcatel Submarine Networks é responsável pela fabricação e instalação do cabo 2Africa, cuja conclusão está prevista para 2024. O sistema de cabos tem 45.000 quilómetros de extensão e uma capacidade projectada de 180 Terabits por segundo. Ele conectará a Europa (a leste via Egipto), o Oriente Médio (via Arábia Saudita) e a África. Essencialmente, o projecto the2Africa conectará 19 países na África e 33 no total.
O sistema de cabo submarino de fibra óptica permite que mais comunidades acessem recursos online transformadores, desde educação e saúde até empregos e serviços financeiros, e experimentem os benefícios económicos e sociais da conectividade contínua.(Carta)
O Governo moçambicano prometeu ontem concluir o pagamento dos salários em atraso das Forças de Defesa e Segurança até ao final do mês, avançando que os casos pendentes já foram verificados.
“Todos os esforços estão a ser feitos para que concluamos o pagamento dos salários em atraso das Forças de Defesa e Segurança. Os valores estão disponíveis e está a decorrer neste momento o processo de transferência dos montantes para as contas dos funcionários”, disse vice-ministro da Economia e Finanças, Amílcar Timane, momentos após uma reunião do Conselho de Ministros em Maputo.
Em causa está uma ordem do chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, dada na sexta-feira, para que o pagamento de elementos das Forças de Defesa e Segurança, com cerca de dois meses de atraso salarial, voltasse a ser feito pelas plataformas anteriores, até que os problemas de “inconformidade detetados” na aplicação da nova tabela salarial sejam ultrapassados.
“Enquanto a plataforma para os salários especiais não estiver ainda concluída, os remanescentes membros das forças de segurança deverão ser pagos usando o processo anterior, a partir de segunda-feira. (…) Se não conseguiu introduzir esses na base de dados, paga no sistema anterior. Depois, quando terminar, embarque”, afirmou Nyusi, ao discursar na Presidência da República.
Segundo o vice-ministro da Economia e Finanças, o pagamento começou no fim-de-semana, mas o principal objetivo continua a ser migrar para a nova tabela salarial. “Nós estamos a caminhar para uma reforma e devemos focar-nos nestes objetivos. Nós acreditamos que até ao final de agosto vamos proceder ao exercício de cadastro dos funcionários remanescentes”, disse Amílcar Timane, avançando que está em curso também uma auditoria feita pelo Ministério da Economia e Finanças que vai facilitar o processo de migração para o novo modelo.
De acordo com informação anterior do Ministério da Economia e Finanças, os atrasos no pagamento de salários das Forças de Defesa e Segurança devem-se a problemas de cadastro no novo sistema de pagamento, tendo em conta a migração para o sistema único iniciada em junho, sendo que antes era feito através dos ministérios do Interior e da Defesa.
Durante o seu discurso na sexta-feira, Filipe Nyusi admitiu que o país atravessa um “momento bastante sensível”, face aos atrasos que a aplicação do novo sistema e respetivas ferramentas eletrónicas para conciliar dados está a provocar no pagamento de salários na administração pública, apesar de o Ministério da Economia e Finanças já ter garantido que 99% dos trabalhadores foram pagos.
“O Governo, de forma incessante, deve procurar estabilizar e devolver a justiça salarial. A partir deste pódio, pedimos a todos os funcionários e a todos os moçambicanos para caminharmos juntos nesta marcha corajosa, procurando resolver o problema dos que garantem o funcionamento do Estado. Precisamos de corrigir as injustiças e/ou as discrepâncias salariais, introduzindo métodos capazes de reduzir irregularidades que por vezes propiciam a corrupção ou criam desigualdades dentro das carreiras profissionais equivalentes ou entre elas”, pediu Filipe Nyusi.
A implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, que realizam uma greve há um mês, prestando apenas serviços mínimos.
A nova tabela salarial foi aprovada em 2022 por forma a eliminar assimetrias e manter a massa salarial do Estado sob controlo a médio prazo, mas o arranque fez disparar os salários em cerca de 36%, de 11,6 mil milhões de meticais/mês (169 milhões de euros/mês) para 15,8 mil milhões de meticais/mês (231 milhões de euros/mês).
A nova matriz salarial no Estado tem 21 níveis, entre 8.756 e 165.758 meticais (entre 134 e 2.580 euros), em vez de 103 escalões, como ocorria anteriormente. (Lusa)
Um número considerável de terroristas localmente designados por "mababus" foi visto a atravessar esta terça-feira (15) a estrada EN380, concretamente no troço entre a aldeia Nova Zambézia e V Congresso, no posto administrativo de Chai, distrito de Macomia, em Cabo Delgado.
Fontes disseram à "Carta" que o grupo era composto por homens, mulheres e crianças e tudo indica que a fuga visa evitar confrontos com as Forças de Defesa e Segurança e seus parceiros que na segunda-feira escalaram a zona costeira do distrito de Macomia.
“Esta manhã, os ‘mababus’ passaram ali perto de Quinto, foram para esse lado do poente, não sabemos se é Muidumbe ou Meluco, mas foram para lá e não condicionaram a circulação dos carros, passaram normalmente. Eles não têm nada a ver com a população por esses dias”, contou Assane Momade, morador do bairro Nanga B, na vila de Macomia.
Motoristas de transporte semi-colectivo de passageiros no troço Macomia-Mucojo disseram terem visto, na manhã de segunda-feira, mais de 20 viaturas militares devidamente equipadas a caminho daquela zona, antevendo-se uma operação em resposta ao recente ataque à base das FDS em Kathupa.
Refira-se que, nos últimos dias, os terroristas têm escalado com frequência a sede da localidade Pangane, para aquisição de diversos produtos alimentares. Há uma semana, os terroristas escalaram a aldeia Pangane e compraram vários produtos transportados em duas embarcações em direcção à aldeia Pequeué. (Carta)
O Presidente Filipe Nyusi apelou segunda-feira a uma solução urgente para o dramático congestionamento na auto-estrada N4 entre Maputo e a cidade sul-africana de Witbank. O congestionamento é do lado sul-africano da fronteira, com enormes filas de camiões, a maioria transportando minérios, à espera para se dirigirem ao porto de Maputo.
Nyusi disse que os principais intervenientes no sector dos transportes devem elaborar planos para acabar com o congestionamento, que está a ter sérios impactos tanto na economia moçambicana como na sul-africana. O presidente da República fez esta exigência em Maputo na cerimónia de lançamento das comemorações dos 120 anos do porto de Maputo.
“A situação é preocupante porque o trânsito não anda. Discutam isso e encontrem uma solução”, exortou o Presidente. “O ser humano foi feito para pensar e eu acredito que vocês podem fazer isso”.
Os moçambicanos e sul-africanos, e a comunidade internacional em geral, acrescentou, aguardam com expectativa “soluções criativas” que assegurem agilidade no transporte de pessoas e mercadorias entre os dois países.
A solução óbvia é que a maior parte da carga com destino ao porto de Maputo seja feita por via férrea. O facto pode não estar a acontecer devido ao enorme poder exercido pelo lobby do transporte rodoviário de cargas.
Nyusi defendeu que o desenvolvimento do complexo portuário e ferroviário de Maputo deve assentar num “maior equilíbrio” entre o transporte rodoviário e ferroviário. Tal permitiria mitigar o impacto na N4 do crescimento da exploração do porto.
Instruiu os gestores portuários e o Ministério dos Transportes e Comunicações a encontrarem soluções para que o crescimento da economia moçambicana ocorra em sintonia com o bem-estar da população e, em particular, dos utentes da N4.
A propósito das comemorações dos 120 anos do porto, Nyusi referiu que, ao fim de 20 anos de parceria público-privada na gestão do porto, os resultados dos investimentos realizados são visíveis para todos, garantindo segurança e eficiência operacional, mas também o tornando um dos portos mais competitivos da região.
Em 20 anos, a Maputo Port Development Company (MPDC) investiu cerca de 800 milhões de dólares no porto. O conhecimento e o capital trazidos pela concessão da MPDC, disse Nyusi, “permitiram um salto na capacidade de movimentação de carga, de cinco milhões de toneladas em 2003 para 27 milhões de toneladas em 2022.
O Director-geral da MPDC, Osório Lucas, disse que a redução do congestionamento na N4 não deve ser feita em detrimento da redução da actividade portuária, atendendo aos benefícios do porto para a economia e para a criação de emprego. Lucas acredita que o caminho a seguir é transferir a carga da N4 para a ferrovia África do Sul-Maputo.
“O que queremos é encontrar uma equação equilibrada entre o aumento do volume do transporte ferroviário e o aumento contínuo do transporte rodoviário, mas o transporte rodoviário deve ser fora do horário de pico”, disse Lucas.
Acrescentou que a MPDC e a empresa pública portuária e ferroviária CFM “estão a trabalhar na integração dos sistemas digitais para facilitar a comunicação". A movimentação de vagões no porto também ficará mais facilitada”.
Entre as medidas tomadas pelos CFM e MPDC para minimizar o congestionamento da N4 está a construção de um parque de camiões em Pessene, orçado em três milhões de dólares americanos. A segunda fase deste projecto poderá trazer algumas inovações, podendo algumas actividades comerciais e de processamento portuário ser transferidas de Maputo para Pessene. (AIM)
O Centro de Saúde do Alto-Maé, na cidade de Maputo, debate-se com falta de medicamentos para o tratamento de pacientes dependentes de drogas (toxicodependentes) provenientes de vários bairros. Os pacientes dizem que a situação dura há mais de uma semana.
Esta é a terceira vez que Emídio Macamo (nome fictício), consumidor da heroína há três anos, se dirige ao Centro de Saúde do Alto-Maé para tomar a metadona (medicamento que está em falta), mas sem sucesso.
“Não há seriedade por parte do hospital, eles sabem muito bem que por falta deste medicamento estamos a perder alguns colegas. A falta de consumo deste remédio mesmo que seja por um dia está a deixar-nos mal e isso está a levar outros pacientes a recorrerem às drogas como método de substituição”, explicou Macamo.
Outro paciente que conversou com a “Carta” explicou que o hospital não tem metadona há uma semana e, como alternativa, os médicos dão outro medicamento, mas que não está a surtir o efeito desejado.
“Quando procuramos saber do hospital quando é que o medicamento estará disponível, eles não dão uma resposta clara, dizem que também não sabem, por isso acredito que vamos morrer”.
Devido à gravidade da situação, quase todos os pacientes estão em pânico. “Desde quinta-feira da semana passada estão a mandar-me voltar para casa. Não estou em condições de fazer muita coisa porque sinto muito calor e frio ao mesmo tempo e fico a tremer o dia todo e muito agitado, tenho medo até do que pode acontecer comigo se eu continuar mais dias sem medicar”.
Solicitado a reagir sobre a falta de metadona, o sector de tratamento dos toxicodependentes disse que não podia dar nenhuma informação sem autorização da Direcção de Saúde da cidade, para além de ter exigido um pedido por escrito.
“Carta” soube que se estima em 60 o número de pacientes que fazem o tratamento através daquele medicamento no Centro de Saúde do Alto-Maé.
A metadona é um narcótico utilizado principalmente no tratamento dos toxicodependentes de heroína e outros opióides. O medicamento é praticamente idêntico nas suas propriedades à morfina e é destinado ainda para o alívio da dor aguda e crónica. (Marta Afonso)
O Governo diz que pode dispensar 80 médicos que se aliaram aos grevistas por estes não possuírem ainda nomeação definitiva e estarem a desempenhar mal o seu trabalho. A informação foi partilhada nesta terça-feira (15), pelo vice-Ministro da Administração Estatal e Função Pública e porta-voz da 29ª Sessão do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa.
"Os médicos que não estão a trabalhar por conta da greve que decorre há mais de um mês poderão ficar sem os seus respectivos salários", frisou aquele dirigente. Impissa comunicou que já foram contratados os 60 médicos anunciados numa das sessões do Conselho de Ministros e já estão a ser alocados nos hospitais do país.
Ele garantiu que a contratação do grupo teve um carácter de urgência devido ao cenário que se vive em diferentes unidades sanitárias nacionais, na sequência da greve dos médicos, mas explicou que os contratados vão apoiar e não substituir os grevistas.
Lembre-se que o Ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, disse recentemente que o Governo tem fundos suficientes para o pagamento dos recentes médicos contratados. (Carta)
As autoridades da Zâmbia anunciaram, esta terça-feira (15), a apreensão de um avião particular carregando U$ 5,7 milhões em dinheiro, 602 peças de barras de ouro suspeitas e cinco pistolas com 126 cartuchos de munições. A Comissão Anti-drogas diz que 10 pessoas foram detidas e o dinheiro colocado no Banco da Zâmbia. Trata-se de um zambiano, seis egípcios, um holandês e um espanhol, detidos em conexão com o caso para mais investigações. As suas identidades não foram divulgadas.
O director-geral da Comissão Anti-Drogas, Nason Banda, disse em conferência de imprensa na capital Lusaka que a aeronave fretada partiu do Cairo, Egipto, transportando “mercadorias perigosas”, e pousou no Aeroporto Internacional Kenneth Kaunda, em Lusaka, por volta das 19h00, hora local (1700GMT), na segunda-feira (14). A tripulação é egípcia.
Banda revelou que a aeronave apreendida, com o cognome Global Express T7-WW, escondia um stock impressionante de dinheiro vivo de US$ 5.697.700, cinco armas de fogo, ou seja, pistolas, 126 cartuchos de munições, 602 peças de ouro suspeito, pesando 127,2 kg.
Acredita-se que os proprietários do contrabando sejam proprietários de uma das empresas de comercialização de petróleo que opera na Zâmbia. "Com base nessas informações, nós, juntamente com vários órgãos da lei e ordem, conduzimos uma operação que resultou na apreensão de US$ 5,7 milhões, cinco pistolas, 126 cartuchos de munições, 602 peças de ouro pesando 127,2 kg (280 libras) e equipamentos de medição de ouro”, explicou Banda.
Referiu ainda que o avião em que os itens foram encontrados e outra aeronave pertencente a uma companhia aérea local foram apreendidos e que o dinheiro foi colocado sob custódia do Banco da Zâmbia enquanto as investigações sobre o assunto continuam.
Outras informações dão conta de que funcionários do Banco da Zâmbia (BOZ) foram chamados para ajudar a conferir o dinheiro e o total contabilizado é de US$ 11,6 milhões.
O director-geral da Comissão Anti-Drogas, Nason Banda, disse ter trabalhado em colaboração com outras agências de aplicação da lei para reprimir um avião que pousou ilegalmente no país.
No entanto, menos de 24 horas depois que a Comissão de Repressão às Drogas (DEC) anunciou a apreensão de mais de 100 quilos do que muitos acreditavam ser ouro no Aeroporto Internacional Kenneth Kaunda, o ministro das Minas Paul Kabuswe provou o velho “adágio que diz nem tudo o que reluz é ouro”.
Kabuswe disse ontem que as 602 peças de ouro suspeitas descobertas num avião particular apreendido no Aeroporto de Lusaka são outros metais revestidos de ouro.
O governante zambiano explicou que as barras preciosas apreendidas eram na verdade cobre, níquel, estanho e zinco revestidos em invólucros de ouro. Em conferência de imprensa, Kabuswe disse que depois que a Comissão Anti-Drogas informou o seu ministério sobre o caso, especialistas foram levados ao local para examinar o material.
"Especialistas do ministério juntaram-se à Comissão de Repressão às Drogas (DEC) e passaram quase cinco horas examinando os metais. O ministério enviou uma delegação composta por geólogos, metalúrgicos e funcionários de pesquisas geológicas para garantir uma investigação completa. A análise abrangente foi realmente feita nos nossos laboratórios. Portanto, as descobertas foram compartilhadas com a agência de aplicação da lei neste caso, DEC", disse Kabuswe.
Lubinda Linyama, advogada dos 10 acusados detidos, disse que os seus clientes esperam para ver o resultado da investigação antes de decidir se irão contestar o caso. (Zambian Observer)
A agência de notação financeira Fitch, com sede em Nova Iorque (Estados Unidos da América) e Londres (Reino Unido), prevê um forte crescimento económico em Moçambique, com um crescimento real do PIB previsto para este ano de 6,4 por cento e uma média de 4,9 por cento em 2024 e 2025. Este é um aumento significativo em relação à taxa de crescimento de 4,2 por cento observada no ano passado.
Numa análise divulgada na sexta-feira, a Fitch afirma que este crescimento reflete principalmente “um aumento liderado pelo Gás Natural Liquefeito na produção do sector extractivo, uma vez que a capacidade de produção da plataforma flutuante de GNL da Coral Sul da Eni aumentou para 70 por cento com tendência para 90 por cento em 2023 e 2024, respectivamente”.
No entanto, a Fitch manteve a sua principal classificação de risco de inadimplência de emissor em moeda estrangeira (IDR) de longo prazo para o país em CCC+ devido ao que chama de “risco de crédito substancial”, reflectindo “níveis elevados de dívida do governo, deficits fiscais persistentes, fraqueza de gestão das finanças públicas, baixo PIB per capita, fracos indicadores de governação e uma situação de segurança desafiadora”.
Apesar disso, a Fitch saúda “o acordo de uma Linha de Crédito Alargada de 456 milhões de dólares americanos com prazo de três anos, alcançado com o Fundo Monetário Internacional em 2022, o impulso positivo no desenvolvimento do sector de gás natural liquefeito e medidas para lidar com a derrapagem fiscal de 2022” que, observa, “fornecem algum suporte à qualidade de crédito”.
A agência de notação destaca ainda o efeito positivo na economia da “retoma da construção do projecto de Gás Natural Liquefeito da Total, no valor de 20 mil milhões de dólares, que terá início no primeiro trimestre de 2024, dadas as melhorias nas condições de segurança em Cabo Delgado ao longo de 2023”.
De acordo com a análise da Fitch, a relação dívida/PIB diminuirá como resultado do forte crescimento económico. Além disso, nota que a moeda moçambicana, o metical, tem estado estável face ao dólar norte-americano, embora alerte que “novas pressões externas poderão levar a depreciações significativas da taxa de câmbio”.
A Fitch espera que as reservas internacionais de Moçambique aumentem de 2,7 mil milhões de dólares americanos em 2022 para três mil milhões de dólares este ano e 3,5 mil milhões de dólares até ao fim de 2025. Isto será impulsionado por menores custos de importação de alimentos e combustíveis, uma contribuição marginal das exportações de GNL e a retoma do projecto Área 1 da Bacia do Rovuma da Total, em que 12,5 por cento do investimento total terá de ser contratado internamente.
A Fitch é uma das três principais agências de classificação de crédito (as outras são Moody's e Standard and Poor's). (AIM)
Subiu para 26 o número de membros do partido Frelimo arrastados para justiça por Caifadine Manasse, no âmbito da queixa-crime submetida pelo deputado e antigo porta-voz do partido no poder à Procuradoria-Geral da República (PGR). As informações foram avançadas pelo queixoso, minutos depois de ser ouvido ontem pelo Ministério Público, numa sessão que durou quase 09 horas (iniciou às 09h00 horas e terminou perto das 17h30min).
“Nós avançamos com um número de 23, mas submetemos mais alguns nomes (três pessoas) para fazerem parte deste dossier muito complexo”, revelou, sem avançar nomes e suas posições políticas dos novos arrolados, garantindo apenas se tratar de deputados e outros membros do partido no poder.
Naquele que é conhecido como o primeiro processo político-judicial movido por um membro da Frelimo contra os seus “camaradas”, Manasse justifica o recurso às instituições de justiça com a necessidade de “limpar” o seu “bom nome”, pois, entende que o mesmo foi colocado em causa. Defende que, na qualidade de antigo porta-voz da Frelimo, função desempenhada entre 2017 e 2022, os seus “camaradas” deviam ter usado outras vias para o atingir.
“Vi cá para lavar o meu bom nome, trazer o que aconteceu neste processo todo até chegar onde chegou. Sou membro do partido Frelimo e fiz participação contra cidadãos que tentaram contra a minha imagem, integridade e o meu bom nome e contra o meu partido, pois, sendo alguém que foi porta-voz do partido Frelimo não se podia pôr em causa a imagem desta pessoa, dever-se-ia, se calhar, ter usado outra forma para pôr em causa o meu nome”, defendeu.
Por essa razão, o deputado da Frelimo não tem dúvidas de que está a ser vítima de uma cabala, que está a ser levada a cabo por “camaradas” seus. Garante ainda estar disposto a levar o caso até ao julgamento, caso os implicados não se arrependam dos seus actos.
“Eu vim à Procuradoria-Geral da República à busca de justiça e, se justiça é ir até ao julgamento, então, o processo irá até ao julgamento. Não tenho que avançar com negociações porque, na verdade, é uma cabala que envolve camaradas, irmãos, e se eles sentirem que, de facto, fizeram mal, podem procurar-me para negociar. Se sentirem que não fizeram mal, então vão trazer as provas das acusações que fizeram”, assegurou.
Caifadine Manasse, que foi expulso do Comité Provincial da Frelimo, na província da Zambézia, alegadamente por ter propalado boatos a associar o deputado Hélder Injojo (vice-Presidente da Assembleia da República) ao narcotráfico, afirma que o processo não vai trazer fricções internas, na medida em que é movido contra “cidadãos normais que, mesmo pelas posições que ocupam, têm a responsabilidade de serem íntegros e não criarem injúria ou ataque a qualquer cidadão”.
“Tendo servido o partido, não posso ser alguém cuja imagem está a ser posta em causa e eu ficar apenas a olhar”, reiterou o antigo Secretário de Mobilização e Propaganda, garantindo estar a receber muito carinho dentro do seu partido e que “o ambiente, neste momento, é bom”.
O advogado de Caifadine Manasse, Custódio Duma, defende estar-se perante um processo complexo, pelo que não consegue estimar o tempo que o mesmo levará em fase de instrução. Sublinha, aliás, que os implicados são deputados com residência fora da Cidade de Maputo, sobretudo na província da Zambézia.
O antigo Presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos garante ainda possuir alguns elementos de prova que sustentam a queixa-crime e que serão submetidos ainda esta semana.
Lembre-se que Caifadine Manasse acusa os 26 membros da Frelimo, dos quais 23 deputados, de terem ofendido a sua honra e o seu bom nome, depois destes terem imputado a si, de forma pública e consciente, as alegações do envolvimento de um deputado (Hélder Injojo, Primeiro vice-Presidente da Assembleia da República) no tráfico de drogas, na província da Zambézia.
A acusação, submetida à PGR no passado dia 31 de Maio, baseia-se no Informe dos deputados da Frelimo, eleitos pelo Círculo Eleitoral da Zambézia, apresentado no decurso da IIª Sessão Ordinária do Comité Provincial da Zambézia.
O documento diz: “no decurso da VI Sessão Ordinária da Assembleia da República, o Círculo Eleitoral constatou com tristeza a tentativa de assassinato de carácter, imagem e bom nome do Camarada Hélder Injojo, vice-Presidente da Assembleia da República, ao ser associado ao narcotráfico. Sobre esta matéria, o Círculo Eleitoral tem evidências de que o Camarada Caifadine Manasse foi o autor do conluio, facto que fez com que o Círculo Eleitoral submetesse o seu desapontamento à Direcção do Partido na Província”. (Abílio Maolela)