O governo moçambicano reitera estar a trabalhar para pôr fim à greve dos médicos, iniciada a 10 de Julho último e com término agendado para 21 de Agosto corrente. A Associação Médica de Moçambique (AMM) decidiu, por unanimidade, prorrogar a greve, que já está na terceira fase, devido à alegada existência de um documento enviado à classe, dando conta da revisão do regulamento do estatuto dos médicos que “visa reduzir e eliminar os seus direitos”.
Outro facto está relacionado com as alegadas irregularidades no enquadramento dos profissionais na nova Tabela Salarial Única (TSU) aprovada pela Assembleia da República, o parlamento moçambicano. Segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC), Verónica Macamo, o governo está ciente dos problemas levantados pela classe e reitera que estão em curso mecanismos com vista a resolver a situação.
“Estamos a trabalhar com os médicos. O nosso desejo é que se continue a trabalhar para se chegar a bom porto. Quando há alguns problemas, o mais importante é encontrarmos soluções”, disse Macamo, na quarta-feira (10,) em Maputo, durante a submissão da candidatura dos cabeças-de-lista do partido Frelimo à Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Recentemente, o Ministério da Saúde (MISAU) informou que já havia entregue, à AMM, um ofício sobre a resolução de, pelo menos, quatro pontos de um total de cinco reivindicados.
No documento, o Ministério afirma ter resolvido os problemas de redução e falta de pagamento de salários, enquadramento sem observar o tempo de serviço e enquadramento inferior ao acordado, estes dois últimos pontos que constam ainda das queixas apresentadas pelos médicos.
Segundo o MISAU, o pagamento das horas extraordinárias em atraso, até 2020, é a última reivindicação ainda por resolver, sendo que já foram cumpridas em 73 por cento as reivindicações dos grevistas, tendo sido pagos até então 5.022 profissionais de saúde de um total de 7.862. O governo anunciou, recentemente, que está a equacionar contratar pelo menos 60 médicos para colmatar o défice desses profissionais no sector da saúde.
O facto foi avançado pelo porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suazi, num briefing à imprensa, no fim da 27ª sessão ordinária daquele órgão de soberania. Segundo o governante, os médicos a serem contratados estão devidamente preparados e inscritos na Ordem dos Médicos de Moçambique (OMM). (AIM)
A polícia moçambicana deteve uma mulher apanhada pela equipa de inspeção da Eletricidade de Moçambique (EDM) com quatro toneladas de fios cobre, material equivalente a 10 milhões de meticais (143 mil euros), informou fonte oficial.
“O cobre ora apreendido é fruto da vandalização de infraestruturas elétricas da EDM”, indica uma nota da empresa pública distribuída à comunicação social. A mulher foi detida com o material em sua residência, no bairro da Machava-sede, no município da Matola, na província de Maputo.
De acordo com a empresa pública, só nos primeiros seis meses deste ano, as equipas de inspeção registaram 72 casos de vandalização de material elétrico na província de Maputo. “Refira-se que, o combate à vandalização de infraestruturas elétricas tem sido um dos grandes desafios da EDM, por gerar grandes prejuízos não só para a empresa, mas principalmente para a população, que fica privada de energia elétrica”, lê-se na nota.
Em 2022, segundo dados da empresa avançados em dezembro, a EDM perdeu cerca de 41 milhões de meticais (584 mil euros) em resultado de 265 casos de vandalização de infraestruturas elétricas registados no país. De acordo com os mesmos dados, a empresa estatal também perdeu, naquele ano, cerca de 74 milhões de euros devido ao roubo de energia no país. (Lusa)
Os estabelecimentos penitenciários em Moçambique têm uma prevalência de HIV que se situa em 31.5 por cento em mulheres e 25.4 por cento em homens, segundo dados preliminares do Inquérito Biológico e Comportamental em Reclusos e Agentes Penitenciários no país. O Inquérito foi realizado em 2022, pelo Instituto Nacional de Saúde (INS), em parceria com o Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP).
Apresentado no passado dia 02 de agosto, o Inquérito visava apurar a prevalência do HIV, sífilis e supressão viral do HIV entre os reclusos e agentes penitenciários e avaliar o acesso e utilização dos serviços de prevenção, testagem e tratamento.
De acordo com o INS, os resultados indicam que a prevalência da sífilis se situa em 10.9 por cento em reclusos e 3.6 por cento em reclusas. Entretanto, os dados indicam ainda que 94 por cento deste grupo conhece o seu estado serológico, 84.1 por cento está em tratamento anti-retroviral e 76.3 por cento alcançou a supressão viral.
Falando durante a apresentação dos resultados, o Director-geral do INS, Eduardo Samo Gudo, disse que os dados mostram que o país precisa de continuar a monitorar a tendência do HIV e de outras doenças de Transmissão Sexual nesta camada.
Refira-se que este é o segundo inquérito bio-comportamental de género a realizar-se no país, sendo que o primeiro foi em 2011, cujos resultados indicavam para uma prevalência de HIV de 23.1 por cento em reclusos e 36 por cento em reclusas. (Marta Afonso)
Os governos do Quénia e de Moçambique acordaram ontem, em Maputo, trocar informação e cooperar em matéria de defesa e no combate ao terrorismo, que afeta ambos os países. “Um dos passos é exatamente este acordo que foi hoje [ontem] assinado, que não existia. Cria balizas concretas de como as coisas legalmente devem funcionar”, afirmou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, numa conferência de imprensa conjunta, na Presidência da República, com o homólogo do Quénia, William Ruto, que está em visita de Estado a Moçambique.
“Não é um problema limitado aos nossos dois países. É um desafio global, de todo o continente, e estamos orgulhosos da cooperação com os nossos parceiros em Moçambique”, destacou, por seu turno, o chefe de Estado queniano.
Os governos dos dois países assinaram ontem quatro memorandos de entendimento, em áreas como agricultura, pescas, energia e desenvolvimento de capacidades no setor público, bem como outros quatro acordos de cooperação, ao nível do reconhecimento mútuo e troca de cartas de condução, de transferência de pessoas condenadas, de assistência mútua legal em matéria penal e de cooperação no domínio da Defesa.
Após a assinatura destes instrumentos jurídicos, o Presidente moçambicano recordou que as forças de segurança do Quénia têm apoiado desde a primeira hora a formação de unidades militares moçambicanas que combatem há mais de cinco anos os terroristas no norte do país, associados aos grupo extremistas Al-Shabaab e ao Estado Islâmico, algo que ambos os países pretendem “prolongar”, com base nas linhas agora definidas.
Filipe Nyusi sublinhou que Moçambique tem a partilhar com o Quénia as informações sobre a forma de atuar do grupo terrorista que realizou ataques na província em Cabo Delgado, através deste novo mecanismo legal.
“Existe neste acordo a troca de informações. E essas informações são fundamentais. Saber que força está a agir em Moçambique, qual é a sua proveniência, se conseguirmos encontrar, quem os apoia. Sucessivamente vamos colaborar e fazer um trabalho conjunto. O problema do terrorismo é global, não só de Moçambique e do Quénia”, destacou Nyusi.
William Ruto afirmou que o Quénia está “satisfeito” por “contribuir na luta contra o terrorismo em Moçambique”, que pretende manter no futuro: “Podem contar com o apoio do Quénia na formação, na troca de informação e de capacidade”.
Os dois chefes de Estado, que se reuniram após a segunda sessão da Comissão Mista de Cooperação entre os dois países, que decorreu entre segunda e quarta-feira, em Maputo, assumiram que as relações entre ambos os países entram agora numa fase, nomeadamente em termos económicos.
O Presidente queniano anunciou a disponibilização de 100 mil bolsas de estudo para formandos moçambicanos no Quénia na área do turismo. "Temos capacidades que queremos partilhar", destacou William Ruto. (Lusa)
O Nedbank Moçambique apresentou esta terça-feira (08), em Maputo, um forte desempenho financeiro, com um resultado líquido de 402 milhões no primeiro semestre de 2023, um incremento de 19 por cento face ao período homólogo em que o banco comercial registou 338 milhões de Meticais.
Durante a apresentação dos resultados, o CEO do Nedbank Moçambique, Joel Rodrigues, afirmou: “apesar de uma conjuntura económica desafiante durante este primeiro semestre de 2023, estamos muito satisfeitos não só com os resultados alcançados, mas, sobretudo, com o ritmo de transformação, evolução e resiliência que o Nedbank Moçambique apresentou. Naturalmente, este desempenho só foi possível com o grande apoio e lealdade dos nossos clientes, bem como com o compromisso dos nossos colaboradores”.
A transformação em curso do modelo de negócio tem permitido assegurar maior rentabilidade e eficiência, suportado em inovação e foco no serviço ao cliente, aliado ao esforço contínuo de redução de custos com uma melhoria do rácio de eficiência, fixando-se em 57,6 por cento, contra 57,7 por cento registados em 2022, e de consistente aprimoramento do controlo do risco do Banco, reflectido no nível de crédito malparado (NPL, sigla em inglês), dos mais baixos do sistema financeiro.
Os resultados, que representam um novo marco histórico, foram impulsionados por um forte crescimento no produto bancário, que alcançou 1,7 bilião de Meticais, graças ao foco na rentabilização do balanço, no crescimento da carteira de depósitos em 13,7 por cento, e na manutenção dos níveis da carteira de crédito com um nível de NPL (6,39 por cento) que compara muito favoravelmente com o sector e uma cobertura de imparidade no crédito de 101 por cento.
O Banco apresenta uma carteira de crédito sólida, uma boa gestão de liquidez com níveis muito confortáveis, acima dos requisitos regulamentares, o que resultou em rácios de capital robustos, um rácio de solvabilidade de 20,8 por cento, confortavelmente acima do rácio regulamentar de 12,0 por cento, e uma rentabilidade dos capitais próprios que cresce para 16,8 por cento.
Ainda no primeiro semestre, o Nedbank Moçambique foi reconhecido pela prestigiada revista Global Finance com os prémios Top Innovations In Finance na categoria User Experience, melhor Banco na área de Trade Finance e Best Digital Corporate/Institutional Bank em Moçambique. Os serviços digitais do Banco foram igualmente reconhecidos pela Global Banking & Finance Review com o prémio Best Digital Bank de Moçambique, pela simplicidade e qualidade dos seus canais digitais para Clientes Particulares e Empresas.
Com a contribuição da sucursal de Moçambique, o Grupo Nedbank apresentou também um sólido desempenho financeiro a 30 de Junho de 2023, com os resultados líquidos a aumentarem em 10 por cento, para 7,3 biliões de Rands, no contexto de um ambiente macro-económico particularmente desafiante, e o retorno sobre o capital próprio para 14,2 por cento (1.º semestre de 2022: 13,6 por cento).
O aumento dos resultados líquidos foi sustentado por um forte crescimento das receitas (14 por cento), incluindo a receita das participadas, e uma gestão rigorosa de custos, permitindo um crescimento do lucro operacional pré-provisões de 22 por cento, ainda que impactado pelo aumento de 57 por cento no nível de imparidade, no segmento de banca de retalho na África do Sul.
O ambiente macro-económico no primeiro semestre foi muito mais desafiador do que o previsto inicialmente, disse o CEO do Nedbank, Mike Brown. “Além de uma economia global fraca e preços mais baixos das commodities, a actividade económica doméstica continuou a ser negativamente impactada por níveis muito altos de perda de electricidade, restrições logísticas, níveis de inflação acima do previsto e, como resultado, aumentos acima do previsto nas taxas de juros”, afirmou Brown.
O Grupo Nedbank é uma holding bancária cotada na Bolsa de Valores de Joanesburgo (JSE Limited), com uma capitalização de mercado de 112 biliões de Rands em 30 de Junho de 2023. O Nedbank é um dos maiores grupos bancários de África, com operações na África do Sul, Namíbia, E-swatini, Moçambique, Lesotho e Zimbabwe, e offshore na Ilha de Man e Jersey. Também possui escritórios de representação em outros países de África, incluindo Quénia, e possui importantes centros financeiros globais para fornecer serviços bancários internacionais para clientes multinacionais baseados na África do Sul e de elevado património líquido em Londres, Toronto e Dubai. (Carta)
A Comissão Nacional de Eleições poderá ser hoje o local mais concorrido pelos partidos políticos para a submissão de candidaturas às sextas eleições autárquicas de 11 de Outubro próximo. Até esta quinta-feira (10), apenas doze proponentes, dos 26 partidos políticos inscritos, haviam apresentado as suas candidaturas, enquanto cinco poderão apresentar hoje, último dia.
“Nós estamos de plantão e gostaríamos de encorajar aqueles proponentes que tenham intenção para que se apresentem até hoje às 15h30min″ - disse em exclusivo à ″Carta″, na noite desta quinta-feira, o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, Paulo Cuinica.
Cuinica avisou que não haverá prorrogação do processo, que termina esta sexta-feira. “Não há prorrogação possível, mesmo que quiséssemos, não temos como, o calendário já está fechado.”
A campanha eleitoral, recorde-se, inicia-se a 26 de Setembro e termina a 8 de Outubro. Os dois dias subsequentes estarão reservados para a reflexão, antes do dia da votação. Mais de 8,7 milhões de eleitores moçambicanos estão inscritos para votar nas sextas eleições autárquicas, abaixo da projecção inicial, de 9,8 milhões de votantes, segundo dados da CNE.
Os eleitores moçambicanos vão escolher 65 novos autarcas, incluindo em 12 novas autarquias, que se juntam às 53 já existentes. Nas eleições autárquicas de 2018, a FRELIMO venceu em 44 das 53 autarquias e a oposição em apenas nove, casos da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), com oito, e do MDM, com uma.
Referir que os três partidos com assento parlamentar, nomeadamente, Frelimo, Renamo e MDM (Movimento Democrático de Moçambique) submeteram as suas candidaturas nesta quarta-feira. As três formações políticas vão concorrer em todas 65 autarquias do país. (Carta)
Está de volta o debate acerca do número de refeições que são feitas diariamente pela população moçambicana. Depois de o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, ter garantido, em Março, que “90% da população tem alimentação segura, ou seja, já consegue ter três refeições por dia”, agora é a vez do Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentar a sua versão em torno do tema.
Dados do Inquérito sobre Orçamento Familiar (IOF 2022), divulgados na passada quarta-feira, confirmam o aumento do número de famílias que tem acesso a três ou mais refeições por dia no país, porém, numa proporção inferior a 50%.
Segundo o IOF 2022, o número de agregados familiares que fizeram três ou mais refeições à data da pesquisa aumentou de 27,8%, em 2019/20, para 30,1%, em 2022. A percentagem equivale a pouco mais de 2.079.613 agregados familiares, o correspondente a 9.566.223 pessoas. Já a proporção de agregados familiares que não fizeram nenhuma refeição reduziu de 0,9% para 0,7%, enquanto a número de agregados com uma refeição baixou de 12,2% para 11,7% e com duas refeições por dia reduziu 59,2% para 57,5%.
“Ao analisar os dados por área de residência, é possível observar que a proporção de agregados que não fizeram nenhuma refeição é maior na área rural em comparação com a área urbana em ambos os anos. Já a proporção de agregados que fizeram três ou mais refeições é maior na área urbana”, sublinha o documento, contrariando os dados do Governo.
O Inquérito sobre Orçamento Familiar de 2022 diz ainda haver grandes diferenças na distribuição do número de refeições consumidas, apontando factores socioeconómicos, culturais e geográficos de cada região como estando na origem destas diferenças. “Por exemplo, em Cabo Delgado, no IOF 2022, 31% dos agregados familiares fizeram apenas uma refeição no dia anterior, enquanto em Maputo Cidade essa proporção foi de apenas 9,9%. Em Nampula, no IOF 2022, 21,5% dos agregados familiares fizeram três ou mais refeições, enquanto em Cabo Delgado essa proporção foi de apenas 11,2%”, sublinha.
“No geral, houve uma pequena diminuição na prevalência da alimentação menos adequada no IOF 2022 em relação ao IOF 2019/20 [de 54,7% para 50,2%], com um aumento correspondente na prevalência da alimentação adequada [de 44,4% para 48,8%]. No entanto, a prevalência da alimentação mais que adequada permaneceu a mesma [1%]”, concluiu o Inquérito.
Refira-se que semanas depois de ter lançado a polémica, Celso Ismael Correia explicou que a sua afirmação teve como base o Relatório de Avaliação da Segurança Alimentar Pós-Colheita 2022, elaborado pelo SETSAN (Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional). O estudo abrangeu 151 distritos e teve como amostra 12.890 agregados familiares, o equivalente a 0,2% do total dos agregados familiares existentes no país. (A. Maolela)
O Presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB), Roque Sebastião, anunciou esta quinta-feira (10) que deixa o cargo à disposição, faltando cinco meses para o fim do seu mandato. Em conferência de imprensa, havida hoje em Maputo, o Presidente da FMB deu a entender que tomou a decisão por estar saturado da má gestão do desporto em geral, e do basquetebol em particular, por parte da Secretaria do Estado de Desporto (SED), dirigida por Gilberto Mendes.
“Algumas polémicas, de alguns processos não muito claros de gestão ao longo deste período, mas principalmente no fim do meu mandato, criaram condições para que eu tomasse essa decisão. É que essas polémicas começam a roçar um pouco na esfera social, até de saúde, onde para o bem da modalidade, do desporto a nível nacional, a melhor atitude da minha parte é mesmo essa de demissão”, afirmou o Presidente da FMB.
De entre várias polémicas, Sebastião destacou a mais recente, que surgiu na sequência da desastrosa preparação da selecção nacional de basquetebol sénior feminina, que participou no recente afro-basquete no Ruanda e quedou-se no quinto lugar. Sem condições apropriadas, o treinador Carlos Aik conseguiu convencer as jogadoras a abraçarem a bandeira nacional no meio de promessas de melhores condições e subsídios condignos por parte da entidade estatal que financia o desporto, o Fundo de Promoção Desportiva (FPD), tutelado pela SED, mas neste caso com fundos doados pela multinacional francesa TotalEnergies.
“O processo de gestão da selecção e, principalmente agora em Kigali, Ruanda, fez com que precipitasse um pouco mais a minha decisão”, precisou o Presidente da FMB, tendo lembrado que em princípios do ano, a selecção masculina foi desalojada num hotel em Zimbabwe por falta de apoio financeiro da SED.
Durante a conferência de imprensa em que a FMB reagia a última polémica, Sebastião deixou claro que a agremiação fez, com a devia antecedência, todo o trabalho de base, nomeadamente, elaborar um projecto e orçamento para a preparação e participação das atletas do afro-basquete, no Ruanda. Além disso, a fonte sublinhou que com a devida antecedência, apresentou, a 21 de Março de 2023 corrente, o orçamento avaliado em oito milhões de Meticais (125 mil USD) ao FPD em que a SED esteve representada.
Segundo Sebastião, o FPD assegurou na ocasião que ia custear as despesas, mas até Junho (altura em que a selecção deveria começar a preparar-se) não tinha financiamento. Chegados em Kigali, acrescentou a fonte, a FMB soube que algumas atletas não tinham recebido subsídios. O agravante é que, num conjunto de 25 pessoas, só viajaram as atletas (12), o treinador, entre outras, mas ficaram de fora oficiais e acima de tudo gestores da FMB.
O Presidente da FMB afirmou que os problemas relatados podem ter contribuíram para a derrota da selecção nacional diante do Ruanda. Contudo, perante a má-gestão, apelou aos gestores da SED para a maior transparência e prestação de contas como forma de preservar a confiança depositada pelo patrocinador, a TotalEnergies. (Evaristo Chilingue)
A iniciativa foi desenvolvida pela Escola Secundária de Nampaco, com vista a promover o gosto pela leitura.
A 12ª Edição das Olimpíadas Bancárias Millennium bim que decorreu em Nampula, teve a sua final e elegeu a Escola Secundária de Muatala como a vencedora, destacando-se pela qualidade da apresentação e aplicabilidade do Projecto “Um livro, mais conhecimento” iniciativa que tem como objectivo incentivar nos jovens o gosto pela Leitura. A escola vencedora defendeu que a leitura permite que o aluno tenha contacto com novas experiências, culturas e realidades. Os leitores terão acesso a livros de empreendedorismo e inovação fora do contexto escolar, com recurso a um tchova, que funcionará como biblioteca móvel. A Escola foi premiada com o valor de 100mil meticais, para a implementação do projecto “Um livro, mais conhecimento” e um kit composto por um telemóvel e material didático destinado a cada aluno que participou no projecto vencedor.
Em Segundo lugar, ficou a Escola Secundária de Muaparra, com um projecto que pretende envolver as raparigas no uso das ciências e tecnologias, como forma de melhorar o seu desempenho escolar, assim como o seu posicionamento e a tomada de decisão na escolha de carreiras profissionais e no combate e prevenção de uniões prematuras.
O Terceiro lugar coube à Escola Secundária Nampaco com o Projecto Ossoma – “Aprenda com facilidade”.
O objectivo deste projecto é incentivar aulas de estudo para ajudar a melhorar o nível de aproveitamento dos alunos com insucesso escolar, com recurso a aulas de reforço online, utilizando plataformas diversificadas e com muitas ferramentas de autoapoio ao aluno, com vista a melhorar o seu desempenho estudantil.
O Presidente da Comissão Executiva do Millennium bim, João Martins, referiu que “ao proporcionar experiências diferentes ao nível do desenvolvimento e capacitação dos alunos, pretendemos estimular uma maior autonomia criativa e o sentido de pertença na construção de projectos autossuficientes para a promoção de soluções para problemas do dia a dia”.
Participaram nesta edição, que decorreu em Nampula, as Escolas Secundárias de Anchilo, Cossore, Maparra, Maratane, Murrapaniua, Mutala, Nampaco, Nampula, Napipine, Namicopo, Teacane – Natikiri, da Barragem, 22 de Agosto, 12 de Outubro e Marcelino dos Santos, englobando neste panorama, cerca de 60 alunos que se classificaram para a final das Olimpíadas Bancárias de Nampula. Os alunos das escolas participantes receberam um diploma e um kit com material escolar.
As Olimpíadas Bancárias Millennium bim tiveram o seu arranque em 2010. Este projecto insere-se no Programa de Responsabilidade Social do Millennium bim, “Mais Moçambique pra mim”, com o intuito de promover a educação e formação dos jovens moçambicanos através da introdução de conceitos bancários e de gestão de finanças pessoais, que promovam a sua inclusão financeira na sociedade.
Começam a vir ao de cima alguns detalhes sobre a gestão ruinosa a que está entregue o desporto moçambicano, centrada no famigerado Fundo de Promoção Desportiva (FPD), dirigido pela antiga basquetebolista Amélia Cabral Chavana, cujo principal protector é o actual Secretário de Estado do sector (SED), o actor e encenador Gilberto Mendes.
A polêmica mais recente surgiu na sequência da desastrosa preparação da selecção nacional de basquetebol sénior feminina, que participou no recente afro-basquete no Ruanda e quedou-se no quinto lugar. Sem condições apropriadas, o treinador Carlos Aik conseguiu convencer as jogadoras a abraçarem a bandeira nacional no meio de promessas de melhores condições e subsídios condignos por parte da entidade estatal que financia o deporto, o FPD, tutelado pela SED, mas neste caso com fundos doados pela multinacional francesa TotalEnergies, que gere um dos consórcios que tenta monetizar o gás do Rovuma.
A selecção partiu para o Ruanda no dia 14 de Junho, observando um período de preparação em Kigali, tendo a competição iniciado a 28 de Junho. Mas as condições em Kigali não eram das melhores. Alguns amantes do desporto abriram os cordões à bolsa, suportando algumas despesas. Os dirigentes da Federação Moçambicana de Basquete não viajaram porque o FPD não os contemplou na deslocação.
Com condições precárias e sem subsídio prometido, as jogadoras quase que iniciaram uma greve. No dia 1 de Julho, um áudio do treinador Carlos Aik destapa o véu. Foi antes do jogo com a Costa do Marfim. Ele disse que corria o risco de não ter toda a equipa completa, pois, finalmente, algumas haviam recebido o subsídio prometido, mas outras não. Nessa noite, as jogadoras superaram largamente suas adversárias marfinenses.
O áudio de Carlos Aik causou algum mal-estar dentro da SED e do FPD. Informalmente, sabia-se que a TotalEnergies havia prometido financiar o basquetebol feminino. Onde estava o dinheiro? Ninguém sabia! Nunca ninguém falara que a TotalEnergies fizesse desembolso no quadro de um apoio ao basquete cujos detalhes contratuais nunca foram apresentados pelo FPD à Federação do Basquete.
Escrevendo num grupo de WhatsApp, Gilberto Mendes garantia que a TotalEnergies não desembolsou um centavo sequer “para esta campanha”.
No dia 2, “Carta de Moçambique”, através de um tweet do seu editor, revelou que a TotalEnergies desembolsara 18.5 milhões de Meticais, entre os finais de 2022 e princípios deste ano. Esta revelação não agradou aos dirigentes da SED e do FPD, mas foi esclarecedora para muitos desportistas desgastados com os constantes episódios de má gestão financeira no nosso desporto.
Zangado com a revelação, e também para contrariar Carlos Aik, Gilberto Mendes concedeu uma entrevista ao jornalista Adão Matimbe, da RM, tentando apagar a água na fervura.
Relativamente aos subsídios das atletas (32 mil Meticais), ele disse que o FPD tinha feito as transferências em devido tempo. “As atletas têm contas diferentes. Aquelas que tinham contas no banco donde iria sair a verba, que era o BIM, receberam o dinheiro no mesmo dia. Nos outros casos, levou 48 horas a reflectir-se nos outros bancos”. Esta entrevista foi concedida no dia 2, dia em que a selecção foi eliminada pela Nigéria nos quartos-de-final.
Gilberto Mendes, repetimos, disse que o pagamento dos subsídios para a competição de Kigali foi feito por transferência bancária. Ele não revelou a data da emissão dessas ordens de pagamento. Mas deixou a narrativa segundo a qual, um dia antes, no dia 1 (dia do desabafo de Aik), algumas atletas já haviam recebido nesse dia.
“Carta”, que está a investigar o financiamento estatal do desporto em Moçambique, apurou que Gilberto Mendes mentiu. O pagamento de subsídios às jogadoras em Kigali foi feito por via de depósito em numerário, nesse dia 1 de Agosto. Os talões de depósito que ilustram este artigo não mentem. Quem mentiu foi o nosso governante. (M.M.)